Com dois ministros e muito poder, bancada na Câmara Federal teve algumas atuações destacadas

André Fufuca e Juscelino Filho firmes nos ministério, e Rubens Jr., Pedro Lucas
e Duarte Jr. atuaram de maneira destacada na Câmara Federal

Mesmo quando deputados maranhenses ocuparam a presidência da Câmara Federal, como Waldir Maranhão (PP) em 2016, no conturbado período que marcou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), e André Fufuca (PP), no ano seguinte, em circunstância menos traumática, em nenhum momento da sua história recente a bancada maranhense ocupou espaço de poder tão largo como agora, com dois dos seus membros trabalhando na Esplanada dos Ministérios: André Fufuca, como ministro do Esporte, e Juscelino Filho (UB), como  ministro das Comunicações. O fato de as suas indicações nada terem a ver com arranjos da política maranhense, mas serem frutos de decisões internas dos seus partidos, valoriza ainda mais a estatura política dos dois parlamentares. Além dos ministros, foram destaques ao longo de 2024 os deputados Rubens Jr. (PT), Pedro Lucas Fernandes (UB) e Duarte Jr. (PSB), tendo os demais feito a sua parte, ainda que de maneira mais discreta.

Aos 35 anos, e já com um lastro de quatro mandatos parlamentares – um de deputado estadual e três de deputado federal – e um ano no cargo ministerial, o deputado federal André Fufuca foi, de longe, o nome mais destacado da bancada. Ao longo do ano, ele foi um ministro ativo, entrando de cabeça na complexa e disputada seara esportiva nacional, tendo inclusive participado das Olimpíadas de Paris como chefe da delegação brasileira. André Fufuca tem atuado em todas as áreas dos esportes no Brasil, do futebol ao atletismo, implantando programas de incentivo à prática dos esportes. Um desses programas é a implantação de arenas esportivas nos municípios, destinadas à prática de esportes por crianças. O seu desempenho na função ministerial tem agradado ao presidente Lula da Silva (PT), que vê no auxiliar um dos que têm atuação aprovada. No campo político, André Fufuca, que tem trabalhado em sintonia com o governador Carlos Brandão, mantendo-se distante da crise que vem afetando a base governista, foi um dos líderes partidários mais vitoriosos, tendo o seu partido elegido 29 prefeitos, entre eles o de Imperatriz, Rildo Amaral, e o de Caxias, Gentil Neto. O seu desempenho político o transformou num dos nomes mais fortes para disputar uma das vagas de senador em 2026, projeto que está sendo delineado, devendo ser confirmado ao longo do próximo ano.

O ministro Juscelino Filho, que comanda a pasta das Comunicações, responsável pelo controle do sistema nacional de comunicações – telefonia, transmissões de TV, internet, etc. – teve uma trajetória conturbada, com a volta à tona de denúncias contra ele relacionadas com o destino de emendas parlamentares. O ministro encarou os fatos, negou com veemência as acusações, teve o apoio do seu partido e ganhou a confiança do presidente Lula da Silva, que decidiu mantê-lo na equipe. Como ministro, trouxe vários programas para o Maranhão, entre eles o que vai melhorar a conectividade da internet em todas as regiões do estado. Politicamente, Juscelino Filho protagonizou uma das disputas municipais que mais chamaram a atenção, a de Vitorino Freire, sua principal base eleitoral, onde o candidato dele e da irmã, a prefeita Luanna Rezende (UB), impôs uma derrota fragorosa ao candidato apoiado pelo candidato do tio, ex-deputado Stênio Rezende (PSB). Além disso, o seu partido elegeu 26 prefeitos, que o torna um forte candidato à reeleição.

Atuando na bancada propriamente dita, o deputado mais destacado foi Rubens Jr., que mergulhou nas articulações, participando dos debates em plenário, defendendo as propostas do Governo Lula, assim como nas comissões técnicas, especialmente a de Constituição e Justiça, da qual é membro titular. Foi relator de diversas matérias importantes. Mais recentemente, entrou forte no jogo político estadual, defendo, como advogado constitucionalista, a eleição da presidente Iracema Vale, da Assembleia Legislativa, contrapondo-se à ação do Solidariedade, que tenta anulá-la.

O deputado Pedro Lucas Fernandes revê uma atuação muito produtiva. A sua ação mais destacada foi a criação da Frente de defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial, colocando-se em confronto com o Ministério do Meio Ambiente, que é contra. Ele conseguiu transformar sua iniciativa num movimento que ganhou o apoio da maioria dos membros do Governo Federal. Pedro Lucas Fernandes foi muito atuante na corrida eleitoral nos municípios, tendo sido responsável por boa parte dos prefeitos eleitos pelo seu partido, o União Brasil. Tem defendido com firmeza a reeleição da presidente da Assembleia Legislativa. Há quem diga que sua reeleição será tranquila.

O deputado Duarte Jr. dividiu o seu ano político com atuações fortes na Câmara Federal e como candidato para a Prefeitura de São Luís. Na Câmara, defendeu vários projetos importantes, inclusive na área de Educação, que tem defendido com veemência. Mais recentemente, se colocou contra algumas medidas propostas pelo Governo no pacote fiscal, e entrou na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa apoiando enfaticamente a validade da eleição da presidente Iracema Vale.

Os demais deputados federais atuaram de maneira mais discreta.

PONTO & CONTRAPONTO

A tragédia no Rio Tocantins estava anunciada, mas o Ministério dos Transportes não viu

Ponte Juscelino Kubitschek: desgaste
visível antes e após a tragédia

O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, sobre o Rio Tocantins, que liga o Maranhão ao Tocantins, que resultou no desaparecimento – até ontem – de 16 pessoas e interrompeu uma via muito importante para a economia dos dois estados e do próprio Brasil como um todo, é um caso típico da incapacidade que o Poder Público federal brasileiro vem demonstrando de manter em pleno funcionamento a já precária infraestrutura rodoviária do País.

Não precisa ser engenheiro civil para perceber que o desabamento tem uma causa óbvia: a falta de manutenção. As imagens do que sobrou da estrutura nos dois lados revelam isso com clareza solar. Elas mostram que as bases de concreto armado ruíram por causa do desgaste de uma estrutura por onde passam dezenas, centenas de caminhões trucados transportando grãos produzidos pelo chamado “agro”, que lucra bilhões e pouco ou nada faz para manter a malha viária em forma.

Há segmentos interessados em culpar os governadores do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), e do Tocantins, Wanderlei Barbosa, pela tragédia. Mas na verdade, o grande responsável é o Governo da União, que por razões diversas não cuida bem da infraestrutura rodoviária do País, e a classe política em geral, que não faz a pressão necessária sobre a máquina federal para resolver problemas como esse.

Vale lembrar, por exemplo, que quando foi deputado federal, Carlos Brandão foi uma das vozes mais insistentes na para a duplicação da BR-135. Ele e o então deputado federal Pedro Fernandes (PTB), atual prefeito de Estreito, batalharam intensamente para solução do problema, colocando a então direção do DNIT contra a parede. A pressão acabou mobilizando toda a bancada federal, que atuou uníssona.

Outro exemplo de pressão foi dado em 2012 pelo então deputado estadual Carlos Alberto Milhomem. Ao sair de São Luís para uma incursão política no interior, ele “deu um estalo” e resolveu “dar” uma olhada” na velha ponte de concreto do Estreito dos Mosquitos – a nova estava sendo construída em câmara lenta – e percebeu rachaduras que certamente levariam ao desabamento em pouco tempo. Carlos Alberto Milhomem chamou a imprensa e denunciou a situação em tom de escândalo, fazendo com que horas depois o então ministro dos Transportes desembarcasse de em São Luís e fosse ao Estreito dos Mosquitos ver a situação de perto. Lá mesmo, anunciou obras de manutenção para a ponte velha e a agilização da ponte nova. E assim foi evitada uma tragédia semelhante à de segunda-feira em Estreito.

Ontem, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou uma perícia técnica para identificar as causas do desabamento e os responsáveis. Ele, porém, já sabe qual foi a causa e quem é o culpado.

São Luís, 24 de Dezembro de 2024.

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