Carta-bomba, manifesto pró-Dilma, votações na Câmara e maranhenses nos centros de decisão

 

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Flávio Dino , José Sarney, Eliziane gama e André Fufuca no jogo do impeachment

Foi um dos dias mais agitados de Brasília nos últimos tempos. A carta-bomba do vice-presidente Michel Temer (PMDB) para a presidente Dilma Rousseff (PT), a audiência em que a presidente da República recebeu o apoio de 16 governadores, incluindo nove do Nordeste, a reunião do Conselho de Ética, que mais uma vez não conseguiu dar andamento ao processo de cassação do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, mais importante, 242 deputados federais derrubaram a chapa dos líderes para a Comissão Especial que analisará o pedido de impeachment e elegeram chapa com oposicionistas e dissidentes governistas, na primeira grande derrota do governo nesse processo.  Nesse contexto conturbado, que elevou a temperatura do cenário em que se desenrola a crise política, políticos maranhenses se movimentaram com intensidade, colocando o estado no epicentro dos acontecimentos.

A carta-bomba do vice-presidente Michel Temer, que causou perplexidade no país, gerou manifestações de apoio ao Número 2 do comando da República, mas também foi vista como um erro político por outros observadores, para os quais o vice se apequenou e diminuiu o poder de fogo do PMDB dentro do governo. O ex-presidente José Sarney foi um dos que demonstrou insatisfação com a carta do vice-presidente. Sarney avaliou que a iniciativa de Temer poderia ter sido noutro tom e não poderia ter sido de natureza pessoal, mas sim partidária. Sarney teria avaliado que em vez de melhorar as coisas, a carta só aprofundou o fosso que atualmente separa o Palácio do Planalto do Palácio do Jaburu, além de ter contribuído seriamente para a divisão que vem fragilizando o PMDB.

A audiência que levou 16 governadores ao Palácio do Planalto para declarar apoio político à presidente Dilma Rousseff foi articulada pelo maranhense Flávio Dino (PCdoB). Ele iniciou o movimento há uma semana, quando o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, anunciou que havia acolhido o pedido de impeachment formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr.. De imediato, o governador do Maranhão criticou o ato do presidente da Câmara pelas redes sociais e em seguida redigiu e submeteu aos seus colegas nordestinos uma nota de protesto, que deu origem à nota e a audiência de ontem. Flávio Dino só não convenceu o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que entrou em rota de colisão com o Palácio do Planalto quando era ainda integrante da equipe do então governador pernambucano Eduardo Campos, morto numa tragédia aérea na pré-campanha de 2014.  Flávio Dino ocupa, assim, espaço no primeiro time da política nacional.

Enquanto José Sarney se manifestava incomodado com a carta de Michel Temer e Flávio Dino articulava governadores para declarar apoio à presidente Dilma, os deputados federais André Fufuca (PEN) e Eliziane gama (Rede) exerciam papéis diferentes na agitada reunião do Conselho de Ética da Câmara Federal, onde está em curso processo que deve resultar na cassação do mandato do presidente da Casa, deputado Eduardo Campos (PMDB-RJ). Ali, o deputado André Fufuca se movimentou intensamente como partidário do presidente Eduardo Campos, agindo para retardar a votação que decidirá se o processo será ou não levado em frente. Já a deputada Eliziane Gama fez coro no grupo adversário de Eduardo Cunha, atuando fortemente para que sessão fosse agilizada e a votação acontecesse ontem mesmo, como estava previsto. André Fufuca se deu bem porque a votação foi adiada para hoje. Eliziane auferiu ganho porque, apesar das maquinações protelatórias de André Fufuca e demais aliados de Cunha, o processo avançou e não há razão para que a admissibilidade ou não seja decidida na sessão que será iniciada hoje às 13h30, hora de Brasília.

No principal item da pauta do dia, a criação da Comissão Especial que examinará o pedido de impeachment, o grande vencedor foi o deputado André Fufuca. Enquanto Sarney Filho (PV), Pedro Fernandes (PTB), Júnior Marreca (PEN) e Hildo Rocha (PMDB) foram escalados para a chapa 1, com maioria governista, Fufuca seguiu a orientação de Eduardo Cunha e, como seu soldado, entrou na chapa 2. Acertou em cheio e saiu do plenário como um dos protagonistas da primeira da oposição contra o governo no roteiro que pode resultar na destituição da presidente Dilma Rousseff.

Numa avaliação fria, no dia de ontem a oposição se deu melhor que o governo.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Apoio firme no Nordeste

Os nove governadores do Nordeste assinaram ontem mais um manifesto de apoio à presidente Dilma Rousseff e com duras críticas ao movimento pró-impeachment. O governador Flavio Dino (PCdoB) foi o principal articulador do movimento, que ganhou o apoio dos governadores Camilo Santana (PT–CE), Flávio Dino (PCdoB–MA), Jackson Barreto (PMDB–SE), Paulo Câmara (PSB–PE), Renan Filho (PMDB–AL) Robinson Farias (PSD–RN), Ricardo Coutinho (PSB–PB), Rui Costa (PT–BA) e Wellington Dias (PT–PI). A íntegra do manifesto é a seguinte:

Diante da decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de abrir processo de impeachment contra a Exma. Presidenta da República, Dilma Rousseff, os Governadores do Nordeste manifestam seu repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional. Gerações lutaram para que tivéssemos plena democracia política, com eleições livres e periódicas, que devem ser respeitadas. O processo de impeachment, por sua excepcionalidade, depende da caracterização de crime de responsabilidade tipificado na Constituição, praticado dolosamente pelo Presidente da República. Isso inexiste no atual momento brasileiro. Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda.

 

Padilha recebe homenagem do PMDB do Maranhão

roberto padilhaAs atenções do mundo político maranhense se dividirão hoje entre o plenário da Câmara Federal e o da Assembleia Legislativa. Em Brasília terão prosseguimento o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com a complementação da Comissão Especial, e a votação no Conselho de Ética. Já o plenário da Alema receberá hoje, no final da manhã, ninguém menos que o ex-ministro da Aviação, Eliseu Padilha, que deverá assumir a secretaria geral do PMDB nacional. Padilha virá a São Luís para receber a Medalha do Mérito Manoel Bequimão, a mais alta comenda do poder |legislativo Maranhense. A homenagem foi proposta pelo deputado estadual Roberto Costa, presidente do PMDB de São Luís, em reconhecimento ao trabalhado do ex-deputado federa e atual vice-presidente da Fundação Ulisses Guimarães, o centro de estudos do PMDB, em favor do partido como um todo, mas especialmente as ações dedicadas à juventude pemedebista. Eliseu Padilha chega a São Luís depois de ter acirrado os ânimos nas relações do PMDB com o Palácio do Planalto aa pedir demissão do cargo de ministro da Aviação alegando falta de apoio e desprestígio no exercício do cargo. Ligado ao vice-presidente Michel temer, Padilha é um dos mais importantes articuladores do governo e, segundo observadores, estaria trabalhando por um eventual governo pemedebista.

 

São Luís, 08 de Dezembro de 2015.

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