Dino sai na frente e assume a bandeira de Dilma contra impeachment; PMDB mantém silêncio

 

dino pdt
Constituição em punho, Flávio Dino é ouvido por Ciro Gomes e Carlos Lupi

A aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) vem mobilizando grupos políticos contrários e favoráveis à destituição dela em todos os recantos do país. No Maranhão os fatos registram que o governador Flávio Dino (PCdoB) e seus aliados do PDT saíram na frente, assumindo a condição de pontas de lança nessa guerra que se trava no Congresso Nacional e fora dele. Dino foi rápido no twitter e no facebook, se posicionando contrário à iniciativa na noite de quarta-feira,  imediatamente após o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),  haver deflagrado o processo acolhendo o pedido formulado pelos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo. E logo nas primeiras horas do dia seguinte, o governador do Maranhão redigiu e propôs aos seus colegas da região Nordeste, uma nota de repúdio ao impeachment e de apoio à presidente da República e chamando de golpe a tentativa de destituí-la, tendo obtido o aval de sete dos nove governadores.  E para selar a condição de vanguarda pró-Dilma no Maranhão e na região, Dino reuniu, na manhã de domingo, no Palácio dos Leões, os ex-ministros Carlos Lupi e Ciro Gomes, respectivamente presidente nacional do PDT e provável candidato presidencial do partido em 2018, junto com quem anunciou um movimento de apoio à presidente Dilma na internet.

O governador Flávio Dino ocupou sem perda de tempo o espaço que, em princípio, esperava-se que fosse ocupado pelo Grupo Sarney e pelo PT. Mas nem o ex-presidente José Sarney (PMDB) – que se manifestou contra o impeachment quando a proposta ainda estava sendo formulada – nem a ex-governadora Roseana Sarney – que foi colega de ministério de Dilma Rousseff no Governo Lula e recebeu expressivo apoio da presidente durante o seu governo, incluído aí o empréstimo bilionário do BNDES – também não se manifestou sobre o tema. E, estranhamente, o PT também não se manifestou até agora, salvo por um discurso sem grande repercussão feito pelo deputado Zé Inácio na quinta-feira, ameaçando “ir lutar nas ruas”.

O fato é que o governador do Maranhão saiu na frente e encampou a bandeira do Palácio do Planalto. E não o fez com uma mera declaração, mas com várias declarações e a deflagração de movimento político regional, com abrangência e repercussão nacionais. E a isso se soma o fato de que o governador não é um a mais na base de apoio a Dilma Rousseff; ao contrário, ele lidera o movimento, assumindo todos os riscos de uma empreitada política dessa envergadura e natureza. E o faz de maneira enfática, chamando a responsabilidade para si com discurso bem definido e sem nenhum gesto que possa levantar dúvidas quanto à sua sinceridade política. Dino poderia fazer jogo duplo, ensaiar apoio à presidente, sem agir corretamente. Mas preferiu entrar de cabeça na guerra, usando todos os recursos políticos ao seu alcance para fortalecer a base de sustentação da presidente. Joga, portanto, todo o peso da sua influência e prestígio contra o impeachment.

No plano das minúcias, Flávio Dino tem conversado com juristas de alto quilate, tem trocado impressões com a tropa que dá suporte à presidente nesse campo e tem orientado os deputados federais a ele ligados – a começar por Rubens Júnior (PCdoB) – e, segundo anunciou informalmente a assessoria palaciana, ele deve se reunir com a bancada maranhense para dizer o que pensa e pedir o apoio dos 18 deputados, independente da sua cor política e orientação partidária. Além disso, despachou o presidente do PCdoB no Maranhão, secretário Márcio Jerry, para reunião do partido em São Paulo, destinada a tratar exatamente de como o partido vai se movimentar nas fases do processo. Dino tem sido cuidadoso ao apontar os responsáveis pelo que ele chama de golpe. Tem evitado fazer qualquer tipo de acusação ao PMDB, deixando de lado o vice-presidente Michel Temer, que, para oito entre 10 congressistas, estaria conspirando a favor do impeachment, suspeita reforçada pelo silêncio de pemedebistas de peso, como o ex-presidente José Sarney, por exemplo.

Todas as avaliações feitas sobre a sua movimentação nessa crise levam à mesma conclusão: o governador Flávio Dino comprou a briga, entrou no campo de batalha inteiramente comprometido com a presidente Dilma Rousseff. Isso significa dizer que se a presidente se safar da degola, Dino será apontado como um dos generais e poderá se tornar um dos homens-fortes da República. A derrota será um golpe duro no seu projeto de governo e na sua caminhada política para além das fronteiras do Maranhão.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Coutinho prepara volta ao batente

humberto 9O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), deve retornar ao batente no Palácio Manoel Bequimão na próxima segunda-feira (14),l depois de duas semanas recuperando-se de uma cirurgia para a retirada de uma lesão cancerígena. É esse o seu roteiro cujo primeiro passo deve ser a alta hospitalar prevista para amanhã. Se confirmada, ele deixará o Hospital Sírio Libanês, seguirá para um hotel e embarcará para São Luís na sexta-feira, para descansar no fim de semana e retomar as atividades de chefe do Poder Legislativo logo na manhã de segunda-feira. Ele informou à coluna que, apesar dos incômodos como dores, o pós-operatório “foi excelente”, o que o deixou mais confiante a cada dia. Além da recuperação animadora, contribuiu para melhorar o seu estado de ânimo as inúmeras visitas que recebeu nesse período. Lá estiveram o governador Flávio Dino, desembargador Jamil Gedeon, o conselheiro do Tribunal de Contas Edmar Cutrim, o deputado federal Weverton Rocha (PDT) e vários deputados estaduais, entre eles Roberto Costa (PMDB), Marco Aurélio (PCdoB) e Rigo Teles (PV), com os quais conversou muito sobre política. Médico por formação, Coutinho sabe como poucos a importância de uma convalescença feita rigorosamente dentro das regras. Mas sabe também que é desanimador ficar longe do trabalho, principalmente quando alguém que, como ele, faz o que mais gosta, que é articulação política.

 

Roberto Costa estreita relações com Bacabal

roberto 3O deputado Roberto Costa (PMDB) passou o fim de semana em Bacabal, onde estreitou mais ainda seus laços com a cidade e as pessoas que nela vivem. Filho de São Luís, onde iniciou sua carreira, Roberto Costa entrou em Bacabal pelas mãos do senador João Alberto (PMDB) e ali criou uma relação que, reforçada ao longo do tempo, faz com que ele se sinta em casa e leva os bacabalenses a vê-lo como um dos seus. E foi essa relação que levou o deputado a tomar uma atitude ao mesmo tempo radical e corajosa: transferir o seu domicílio eleitoral, que era em São Luís, para Bacabal, para disputar a cadeira de prefeito da cidade. Amigos e correligionários inicialmente tentaram fazer com que ele voltasse atrás e arquivasse o projeto, avaliando até que ele poderia ser o candidato do PMDB a prefeito de São Luís, mas perderam tempo. Roberto Costa está tão determinado a dar uma guinada de muitos graus em Bacabal, já que conhece pelo direito e pelo avesso todos os bairros, vilas e povoados do município e está decidido a colocar o mais importante cidade do Médio Mearim no patamar das melhores para se viver no Maranhão. Para tanto, o pemedebista colocou Bacabal como tema central dos seus discursos e vem brigando por benefícios para ela, já que pretende comandá-la como prefeito a partir de janeiro de 2017.

 

São Luís, 07 de Dezembro de 2015.

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