A corrida eleitoral entra na sua fase decisiva, a campanha eleitoral propriamente dita, amanhã, terça-feira, dia 16. Serão 45 dias nos quais os candidatos ao Palácio dos Leões apresentarão ao eleitorado os seus programas de governo, com ou sem relação com os candidatos a presidente da República, e tendo ou não candidatos ao Senado, mas contando com o suporte de chapas às 42 cadeiras da Assembleia Legislativa e às 18 da Câmara Federal. Como é previsível e esperado, os candidatos a governador tentarão mostrar que são melhores do que os seus concorrentes. Até aqui, a disputa pelo Palácio dos Leões se desenrolou mais efetivamente no campo político, com a montagem das chapas e das alianças, movimentos que desaguaram nas convenções partidárias, que validaram as candidaturas majoritárias e proporcionais. Em meio a esses movimentos de pré-campanha, cerca de duas dezenas de pesquisas revelaram as inclinações do eleitorado em relação aos candidatos a governador, por exemplo. A última, do instituto Econométrica, mostrou o governador Carlos Brandão (PSB) liderando com alguma folga, seguido pelos demais candidatos na seguinte ordem: Weverton Rocha (PDT), Lahesio Bonfim (PSC), Edivaldo Holanda Jr. (PSD), Simplício Araújo (SD), Enilton Rodrigues (PSOL), Hertz Dias (PSTU), Joás Moraes (DC) e Frankle Costa (PCB) – os dois últimos não têm ainda posição no ranking.
Com base nas oportunas sabatinas e entrevistas que os órgãos do Sistema Mirante realizaram com os candidatos ao Governo, o governador Carlos Brandão, que busca a reeleição, mesmo tendo perdido um mês e meio de pré-campanha, por conta de uma cirurgia nos rins, chega ao início da campanha como o mais bem situado no eleitorado e com um discurso de maior densidade, principalmente no que diz respeito a propostas de governo. E a explicação é simples: o governador apresenta como eixo do seu projeto a manutenção, ajustes e ampliação os programas sociais, que formam a espinha dorsal dos sete anos e meio do Governo comandado pelo governador Flávio Dino (PSB), de quem foi vice atuante. Na entrevista e na sabatina da semana passada, ele foi de longe o candidato com o discurso mais consistente, também porque acrescentou alguns compromissos, principalmente no campo econômico. Vai para a reta final liderando a coligação “O Maranhão não pode parar” apoiado por uma dezena de partidos, o que lhe dará inclusive mais tempo de rádio e de TV. Lidera a base de apoio da campanha do petista Lula da Silva no estado.
O senador Weverton Rocha chega à reta decisiva como o candidato que mais se movimentou na busca do apoio do eleitorado, realizando uma pré-campanha sem precedentes nas corridas aos Leões, mas sem conseguir sair da posição inicial, sendo ultrapassado por Carlos Brandão e agora ameaçado por Lahesio Bonfim. O candidato do PDT iniciou a fase prévia com slogan definido (Por um Maranhão mais feliz) e uma estrutura gigantesca, deixando claro que não tinha tempo a perder. Até agora, seu discurso se sustenta em promessas de criação de emprego e renda, usando sua própria história de bem-sucedido de origem humilde como referência. Foi o que aconteceu na sabatina e entrevistas da semana passada, nas quais nada disse de essencial e de novo em relação ao que fazer se chegar lá. Sabe que atacar o Governo Flávio Dino é faca de dois gumes afiadíssima e provavelmente embalará sua campanha com um discurso forte e personalista. A começar pelo fato de que não deixou seu partido lançar candidato a senador. Lidera, junto com o senador Roberto Rocha (PTB) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), as forças bolsonaristas no estado.
O ex-prefeito de São Pedro dos Crentes e candidato do PSC Lahesio Bonfim – cujo partido não lançou candidato a senador – vem tentando convencer o eleitorado de que duas décadas de medicina básica e 52 meses de gestão num município de quatro mil habitantes, tudo isso “doirado” num discurso de viés populista, o credenciam a governar o Maranhão. Durante a sabatina e as entrevistas, não apresentou uma só proposta original, limitando-se a criticar o Governo superficialmente. Suas investidas, principalmente em São Luís, o colocaram no campo dos que estão disputando os Leões para valer. Integra a base do bolsonarismo no Maranhão. No mesmo campo, um pouco mais distante do epicentro da disputa, o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. chega à pré-campanha sem candidato a senador e com um discurso vago em matéria de propostas. Aos órgãos do Sistema Mirante que o entrevistaram, ele bateu com insistência na tecla do “trabalho”, buscando, sem sucesso, densidade no resultado dos oito anos à frente de São Luís, procurando soluções para problemas relacionados com 1,2 milhão de habitantes. Colocado na quarta posição, segundo a última pesquisa, tentará virar o jogo na campanha que começa nesta terça-feira. Não tem até aqui candidato a senador nem a presidente.
Na sequência encontram-se cinco candidatos que tentarão sair da faixa inicial. Simplício Araújo se mantém na disputa com um forte discurso desenvolvimentista, que deverá incrementar na campanha, na qual, muitos acreditam que ele teria mais chances se concorresse à Câmara Federal – vota com Flávio Dino para o Senado e apoia o petista Lula da Silva. Enilton Rodrigues, Hertz Dias e Frankle Costa, que em princípio não têm a menor chance nessa disputa, farão campanha com viés fortemente ideológico, como sinalizaram claramente em todas as suas manifestações até aqui. Também nesse time aparece Joás Moraes, professor universitário, vai para a campanha com discurso denso e de centro, como mostrou de maneira surpreendente nas entrevistas ao Sistema Mirante.
É, como muitos dizem, a hora do tudo ou nada.
PONTO & CONTRAPONTO
Senado: Dino inicia campanha como franco favorito na disputa com Rocha
Tida como tão importante quanto a dos candidatos a governador, a disputa para a única vaga no Senado, que neste ano renova apenas um 1/3 das suas 81 cadeiras, coloca frente a frente o ex-governador Flávio Dino (PSB) e o senador Roberto Rocha (PTB), eleito em 2014 com o apoio decisivo do hoje adversário. Linha de frente no apoio à candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), Flávio Dino, que migrou do PCdoB para o PSB, vai para a campanha oficial como uma das mais duras e importantes na oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Roberto Rocha, por sua vez tenta renovar o mandato, que conseguiu filiado ao PSB, agora como porta-voz assumido do bolsonarismo e membro do PTB, hoje o mais extremado braço da direita radical que dá sustentação ao presidente Jair Bolsonaro. Além dos dois, disputam o Senado o servidor federal Saulo Arcangeli (PSTU) e a professora universitária Antônia Coriongo (PSOL).
As duas dezenas de pesquisas feitas até aqui apontaram a liderança disparada do ex-governador Flávio Dino, com uma vantagem média superior a 25 pontos percentuais sobre o senador Roberto Rocha. E a explicação para essas posições está no fato de que Flávio Dino encerrou um Governo de sete anos e três meses vitorioso nas áreas de educação, saúde – especialmente na luta contra o novo coronavírus -, infraestrutura e segurança pública, para destacar apenas as áreas de ponta, além de uma política fiscal rigorosa e eficiente, além de ser considerado o Governo estadual mais transparente do País. Nos bastidores da política é corrente a especulação segundo a qual, se for eleito, como está prenunciado, e na hipótese da eleição de Lula da Silva, Flávio Dino terá papel importante na formação da base política do governo, com possibilidade concreta de fazer parte do ministério.
O senador Roberto Rocha vai para a campanha oficial embalado pelas alianças bolsonaristas e motivado por um discurso desenvolvimentista, que se sustentas em dois pilares: os recursos de emendas parlamentares e a implantação de uma Zona de Processamento e Exportação do Maranhão, já há muito conhecida como Zema, cujo projeto está encalhado e bombardeado no Senado por lobbies poderosos encabeçados pelos representantes da Zona Franca de Manaus. Roberto Rocha está alinhado à candidatura do senador Weverton Rocha, que rompeu com Flávio Dino por não ter sido o escolhido para sucedê-lo, tendo também o apoio de Lahesio Bonfim, e ainda do PSD, mas sem o aval do candidato do partido ao Governo, Edivaldo Holanda Jr.. Pelo menos até aqui não há qualquer elemento, fato ou situação que preveja sua reeleição.
A campanha que começa amanhã pode consolidar ou alterar o quadro do momento, inteiramente favorável ao ex-governador Flávio Dino.
Campanha poderá confirmar ou inverter tendência em relação à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal
A campanha que começa neste 16 de Agosto será também decisiva para as disputas para as Assembleia Legislativa e para a Câmara Federal. Até agora, todas as especulações e avaliações feitas por políticos experientes indicam que, grosso modo, a eleição renovará o plenário da Assembleia Legislativa entre 50% e 60%, o que é mais ou menos o resultado das últimas eleições. Já em relação à bancada maranhense na Câmara Federal, a expectativa é a de que será a mais dura de todas as eleições com a entrada na ex-governadora Roseana Sarney (MDB) e do deputado estadual Duarte Jr. (PSB) na disputa. A campanha poderá confirmar ou inverter essa tendência.
São Luís, 15 de Agosto de 2022.