Camarão ganha o PSB, sai do isolamento e volta ao eixo da corrida aos Leões com o aval da cúpula nacional do PT

Felipe Camarão ganhou fôlego
com o apoio declarado do PSB

Depois de um período razoável de quase isolamento, sem contar com o lastro de um só partido, incluindo o PT, ao qual é filiado, fomentando rumores de que de que estaria, de fato, isolado, sem condições de competitividade na disputa pelo Governo do Estado, o vice-governador Felipe Camarão terminou a última semana numa situação bem diferente. Nos últimos dias, ele ganhou o apoio do PSB, que saiu da área de controle do governador Carlos Brandão, e obteve da direção nacional do PT o compromisso de que no Maranhão a legenda apoiará o seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões. Mesmo não se sabendo qual será o tamanho e o peso eleitoral do PSB sem o grupo liderado pelo governador Carlos Brandão, nem como se posicionará o PT em relação à corrida sucessória, à medida que expressivas forças petistas tendem a se manter na base governista e apoiar a pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), o fato é que o vice-governador deu fortes sinais de reação.

“Foi uma semana do Camarão”, avaliou para a Coluna um parlamentar da base governista e que apoia Orleans Brandão. Para ele, o vice-governador saiu de uma zona cinzenta e voltou o leito da pista que leva do Palácio dos Leões, ainda que, segundo as pesquisas mais recentes, lideradas pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que ainda não declarou se será candidato, seguido do secretário Orleans Brandão, o petista apareça ora em terceiro, ora em quarto lugar, medindo força com o pré-candidato do Novo, Lahesio Bonfim. Felipe Camarão permaneceu nesse período sem baixar a guarda e reafirmando ostensivamente o seu projeto de candidatura. Isso ficou evidenciado mesmo em momentos considerados críticos para ele, em que muitas vozes apontaram sua fragilidade e até mesmo a impossibilidade de ele reagir. Isso quando todas as atenções estavam voltadas para a confirmação da pré-candidatura de Orleans Brandão, que ganhou peso gigantesco com a decisão do governador Carlos Brandão de permanecer no cargo até o final do seu mandato, num aviso claro de que vai jogar pesado para concretizar o seu projeto político.

Em meio a esse ambiente totalmente desfavorável, no qual circulou a informação falsa de que iria renunciar à vice-governança para ser deputado federal, saindo da corrida aos Leões, Felipe Camarão iniciou uma ampla e visível contraofensiva. E sua munição mais pesada foi a reviravolta no PSB, agora presidido pela senadora Ana Paula Lobato, que deixou o PDT e vai redirecionar o partido para o grupo que o apoia. Na mesma toada, Felipe Camarão foi à Brasília e de lá retornou comemorando a virada do PSB para apoiá-lo, e declarações pública da cúpula petista nacional apoiando enfaticamente o seu projeto de candidatura, numa indicação de que vai colocar o PT nessa direção, tirando o partido da órbita do governador Carlos Brandão.

Para chegar a esse momento, Felipe Camarão mergulhou na cautela, evitou provocações e reafirmou a todo momento o seu projeto de candidatura, sem abrir confronto com os pré-candidatos já assumidos. Nesse contexto, tem afirmado categoricamente que não renunciará ao cargo de vice-governadora, baseando sua decisão no argumento segundo o qual a condição de vice-governador lhe permite disputar qualquer cargo eletivo, de vereador a presidente da República, sem precisar renunciar. Mesmo diante do que já é tido como fato consumado, ele se movimenta como quem ainda acredita da possibilidade de vir a assumir o Governo e concorrer à reeleição, tendo o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado.

No conjunto da sua reação, que incluiu conversas com a senadora Ana Paula Lobato (PSB) e até com a deputada federal Roseana Sarney (MDB), o vice-governador Felipe Camarão revelou estar conversando também com o prefeito Eduardo Braide (PSD), a quem teria oferecido a vaga de vice numa aliança que muitos consideram viável e outros não veem qualquer futuro.

O fato é que o vice-governador saiu da zona de isolamento e retornou ao cenário principal da corrida, no qual Orleans Brandão e Lahesio Bonfim avançaram bem, segundo as pesquisas mais recentes.

PONTO & CONTRAPONTO

Marcus Brandão revela em vídeo motivos que teriam causado o rompimento de governador com dinistas

Marcus Brandão relaciona causas do rompimento

Causou forte impacto no meio político o vídeo em que o empresário Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão e presidente estadual do MDB faz uma série de revelações e reclamações em tom de denúncia contra o chamado Grupo Dinista, a começar pelo vice-governador Felipe Camarão (PT). Ele começou afirmando que “nós procuramos, de todas as maneiras, que não houvesse esse rompimento”. E debitou na conta do vice o fato de ele não haver evitado “essa coisa pessoal contra o Brandão, essa revolta, esse instinto de perseguição. Mas infelizmente ele não teve voz ativa para controlar esse grupo”.

Marcus Brandão afirma que “no decorrer dessas ameaças, onde chegam só falam em prisão do Marcus, prisão do Carlos Brandão, uma família que durante toda a vida nunca teve um problema jurídico”.

Na sua fala, o irmão do e conselheiro político do governador – sem cargo no Governo, vale anotar -, contou que depois do Carnaval foi procurado por um “ansioso” deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) informando que o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) lhe teria dito que a “paciência com Brandão chegou ao fim”, e que se o governador não anunciasse “o nosso candidato, nós vamos afastá-lo por 90 dias, depois a gerente consegue outro ministro para afastar por mais 90 dias”. Ele teria reagido indagando ao parlamentar como seria possível isso contra um governador “sem nada de concreto”, que tem quase 65% de aprovação do seu Governo e quase 100% das promessas de campanha cumpridas?” O deputado Pedro Lucas teria lhe dito que o achava muito tranquilo e que o parlamentar teria dito: “Eu tenho medo”.

Marcus Brandão revelou que inicialmente, Carlos Brandão tinha o projeto de ser senador, e que Orleans Brandão queria ser deputado federal. E que, “mesmo sob coação”, tentaram “ver se a gente consegue unir, porque nunca foi nosso propósito a separação”. E continuou: “Mas, olhamos que ficou muito claro. O Othelino, o grupo não controla”, citando também uma advogada mineira que seria envolvida com 11 mil clientes do INSS”. E reforçou: “Então, as maldades deles não diminuíram, aumentaram. Então, chegou ao ponto que eu vi claramente que todos eles estavam combinados”.

Marcus Brandão relatou também que foi procurado por Felipe Camarão, “apavorado”, o procurou para falar da ação da deputada Mical Damasceno (PSD), que teria sido ofendida pelo vice-governador em conversa com um blogueiro, o que ele nega. “Ele fez tudo com as próprias mãos e agora está querendo parar o inquérito”.

O presidente do MDB citou também o caso envolvendo um procurador que assessora o ministro Flávio Dino, que de posse de uma senha, em um só dia acessou 130 vezes o computador do estado e foi denunciado pelo procurador geral do Estado Valdênio Caminha, que reagiu e denunciou o caso à Justiça.

Com o depoimento, Marcus Brandão surpreendeu o mundo político, à medida que ele justificou a posição e as decisões do governador Carlos Brandão em relação vice-governador Felipe Camarão e ao Grupo Dinista, que na sua interpretação, foi o causador dessa crise sem volta.

Mudança no PSB afeta seis vereadores de São Luís, que devem seguir o rumo que Paulo Victor tomar

Paulo Victor lidera PSB
na Câmara de São Luís

A mudança de comando no PSB teve impacto forte na Câmara Municipal, onde o partido tem uma bancada de seis vereadores – um quinto da composição da Casa -, que tem no presidente Paulo Victor a sua principal referência.

Para começar, esse grupo integra a base aliada do governador Carlos Brandão e já havia declarado apoio à pré-candidatura do secretário estadual de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB).

Agora que, sob o comando da senadora Ana Paula Lobato, que integra a corrente dinista da política estadual, o PSB vai apoiar o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), o que coloca os seis vereadores ludovicenses da legenda socialista numa situação de desconforto.

Até onde é possível antever, o presidente Paulo Victor tem sintonia fina com o governador Carlos Brandão e dificilmente dará meia-volta em relação à pré-candidatura de Orleans Brandão. O caminho natural é o de que os vereadores Concita Pinto, Marcelo Poeta, Marlon Botão. Nato Jr. e Otávio sigam o caminho que o presidente do parlamento ludovicense vier a tomar.

Poderá haver uma ou outra dissidência no grupo, com um ou outro deixando o grupo e continuando no partido para apoiar a candidatura do vice-governador Felipe Camarão. Mas a julgar pela liderança do presidente Paulo Victor, a tendência é que pelo menos quatro vereadores o siga.

Com a experiência que já acumulou e com a habilidade que tem demonstrado desde que chegou à Câmara Municipal, o presidente Paulo Victor tende a trabalhar para manter o grupo na base de apoio de Orleans Brandão, conservando a aliança com o governador Carlos Brandão.

São Luís, 10 de Agosto de 2025.

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