Bolsonaro toma PL Mulher de Detinha e prepara bote para expulsar Maranhãozinho do partido

Troca no comando do PL Mulher de Detinha
por Flávia Berthier é a primeira investida de Jair
Bolsonaro contra Josimar de Maranhãozinho

Se alguém duvidava de que está em marcha um plano engendrado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para expulsar o deputado federal Josimar de Maranhãozinho e seu grupo do PL, tomar o controle do partido e repassa-lo a alguém da sua confiança, essa dúvida chegou ao fim ontem. Veio com a notícia de que a chefe nacional do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, destituiu a deputada federal Detinha do comando da ala feminina do partido no Maranhão e a entregou à vereadora eleita por São Luís Flávia Berthier (PL). Muito mais que uma mudança de rotina, a ação de Michele Bolsonaro se deu na forma de atropelamento e confirmou a guerra que o marido dela deflagrou contra o chefe do PL no Maranhão, que tem o controle total do partido.

Para se constatar claramente a contundência da medida e perceber que ela não faz muito sentido, basta medir o poder de fogo da deputada Detinha e o da vereadora eleita Flávia Berthier. A medição remete sem desvio para a conclusão de que a medida foi um recado duro em que Jair Bolsonaro avisa a Josimar de Maranhãozinho que ele está de fato determinado a expurga-lo do partido, juntamente com seu grupo, sem levar em conta a relação de proximidade que o chefe do PL no Maranhão mantém com o presidente nacional do partido, Waldemar Costa Neto, que já foi até chamado de “pai” por Josimar de Maranhãozinho. Daí a surpresa causada pela troca de comando do PL Mulher no Maranhão, com a destituição de Detinha e a entronização de Flávia Berthier.

A deputada federal Detinha foi a candidata mais votada em 2022, tendo saído das urnas com mais de 180 mil votos, vencendo inclusive o marido, que teve alguns milhares de voto a menos. Como em outras eleições, Detinha teve papel importante na construção da robusta vitória do PL nas urnas com a eleição de 41 prefeitos, alguns vices e uma grande penca de vereadores em todas as regiões do estado. Quando foi deputada estadual, tendo sido também a mais votada de 2018, ela comandou a bancada do PL na Assembleia Legislativa, fazendo a ponte com o marido deputado federal. A mudança na direção do PL Mulher no Maranhão foi uma decisão “natural” do comando nacional do partido. E com um dado: Detinha sempre foi fiel ao PL, mas nunca se declarou bolsonarista.

No contrapeso, Flávia Berthier é uma professora e praticamente desconhecida no meio político e cuja existência no espaço partidário de São Luís só veio à tona com a sua eleição para a Câmara Municipal de São Luís com 4.857 votos. Até agora, só se sabe da existência política da vereadora eleita por algumas declarações por meio das quais se apresentou como bolsonarista de ponta.

A mudança no comando do PL Mulher no Maranhão foi, portanto, o primeiro movimento prático para afastar Josimar de Maranhãozinho do PL do Maranhão, como também um passo no sentido de dar cara ao bolsonarismo no Maranhão. Isso porque está mais que claro que a força do partido no estado se deve à ação política de Josimar de Maranhãozinho, que, como é sabido, não reza no missal do bolsonarismo. A reação indignada da prefeita de Zé Doca, Josinha Cunha (PL) à troca de comando no PL Mulher no Maranhão, dá bem a medida da distância que está separando o grupo liderado por Josimar de Maranhãozinho da banda bolsonarista do PL.

Nos bastidores do PL a informação corrente é que o próximo passo será a expulsão – ou a saída voluntária – de Josimar de Maranhãozinho e seu grupo. E com um dado a mais: se ele sair do PL, levará junto os deputados federais Detinha, Júnior Lourenço, Pastor Gildenemir, três deputados estaduais e pelo menos 35 dos 41 prefeitos que ajudou a eleger. Ou seja, tem poder de fogo para deixar o PL maranhense transformado num partido nanico.

PONTO & CONTRAPONTO

Assembleia reforma estrutura, cria regra contra nepotismo e vai eleger nova Mesa Diretora

Plenário da Assembleia Legislativa confirmou as mudanças na
estrutura e na eleição para Mesa Diretora

A Assembleia Legislativa tem nova estrutura administrativa e só depende de uma manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) para realizar a eleição da nova Mesa Diretora, que assumirá o comando da Casa a partir de 1º de fevereiro. Essa nova realidade do Poder Legislativo ganhou feição definitiva ontem com a promulgação da Emenda Constitucional nº 101/2024, que acrescente o Artigo 28-C à Constituição do Estado do Maranhão.

O novo Artigo estabelece que a Direção Superior da Assembleia Legislativa será composta de Diretorias e Procuradoria-Geral. E define que cabe à Mesa Diretora a prerrogativa intransferível de gerir a administração da Casa e ordenar despesas em todos os âmbitos do Poder Legislativo.

De acordo com informações divulgadas pela Diretoria de Comunicação do parlamento estadual, “a medida visa garantir uma organização mais estruturada e eficiente na execução das decisões administrativas, políticas, fiscais e financeiras da Assembleia”. Além disso, “a nova estrutura administrativa atribui aos ocupantes dos cargos da Direção Superior encargos, responsabilidades e direitos relacionados à execução das determinações da Mesa Diretora, conforme o Art. 70 da Constituição do Estado do Maranhão e outras legislações pertinentes”.

E finalmente, uma medida forte destinada a combater o nepotismo nos quadros do Poder Legislativo: “Os membros da Direção Superior deverão observar os impedimentos previstos na Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que trata sobre nepotismo no serviço público”.

Para realizar a eleição da Mesa Diretora que comandará a Casa no biênio 2025/2026 será realizada tão logo o STF der aval às mudanças feitas sob o comando da presidente Iracema Valer (PSB).

Paulo Victor já tem votos suficientes para garantir presidência no próximo biênio

André Campos declara apoio à candidatura
de Paulo Victor para presidente

Se a eleição para a presidência da Câmara Municipal de São Luís fosse realizada agora, o presidente Paulo Victor (PSB) ganharia novo mandato presidencial, se não por aclamação, por maioria avassaladora dos 31 votos da Casa, dos quais ele teria pelo menos 27.

O presidente do parlamento ludovicense deu uma forte demonstração de habilidade política ao deflagrar sua campanha para presidir a Casa no próximo biênio ainda no calor dos números das eleições. Sua ação rápida e abrangente lhe deu pelo menos 15 votos nos primeiros movimentos.

Os dias seguintes elevaram esse cacife para 25 votos, de modo que ontem, segundo uma fonte ligado ao presidente, ele já teria 27 votos, para se eleger com folga. E a aclamação poderá acontecer se na sessão em que se fará a eleição da Mesa faltarem os quatro ou cinco vereadores que não lhe declararam apoio.

O fato é que não há mais dúvidas de que o vereador Paulo Victor será presidente também no primeiro biênio da nova legislatura.

São Luís, 07 de Novembro de 2024.

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