Bolsonarista apoia proposta de Edilázio Jr. sobre visita ao Itaqui, mas ataca Família Sarney e sarneysistas não reagem

 

Carla Zambelli associou a Família Sarney a corrupção e Edilázio Jr. não reagiu

A pancada verbal que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), bolsonarista de primeira linha, deu na Família Sarney, associando-a a suspeitas de corrupção, ao declarar apoio à proposta do deputado federal Edilázio Jr. (PSD) de que o Porto do Itaqui, administrado pela Emap sob a responsabilidade do Governo Flávio Dino, seja alvo de uma visita técnica por missão parlamentar, desenhou uma situação inusitada. Primeiro porque, provavelmente desavisada, Carla Zambelli atacou a Família Sarney exatamente ao apoiar proposta de Edilázio Jr., um dos seus mais jovens e fiéis integrantes e hoje a única voz do clã no Congresso Nacional, mas que também é bolsonarista assumido e de carteirinha. E depois, a deputada paulista reforçou a impressão de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus seguidores não querem aproximação com os Sarney, que dificilmente assumirão uma postura clara de Oposição, como também é pouco provável que venham declarar apoio ao Governo do PSL. E nessa roleta, o grande atingido foi o deputado Edilázio Jr., que certamente passou por um baita constrangimento diante das declarações da parlamentar bolsonarista.

Quando se referiu à família liderada pelo ex-presidente José Sarney, associando-a a suspeitas de corrupção no Maranhão, a deputada Carla Zambelli falou por alto, causando a impressão de que se referia mais a uma imagem deixada por um poder político dominante e longevo dos Sarney no Maranhão, do que a fatos concretos, sugerindo a existência de investigações sobre os Sarney. Disse ela: “O Estado do Maranhão tem todo um histórico de corrupção, famílias ali que se perpetuam por décadas, e são nesses casos que a gente pode pegar pequenas ordens de corrupção para descobrir grandes ordens de corrupção”. E foi mais longe: “A gente tem que tentar buscar a verdade acima de qualquer coisa. A gente sabe que a família Sarney realmente tem aí muitas investigações, mas nunca se conseguiu pegar nada. E há que se pensar: sim, a gente não pode ser hipócrita, em pensar com a família Sarney sempre esteve presente, claramente pode haver um problema de fiscalização do estado”.

Com as declarações, pouco objetivas, mas contundentes, a deputada Carla Zambelli evidenciou com clareza o juízo que ela faz da Família Sarney, indicando que essa pode ser a impressão dominante nas correntes do PSL que orbitam o Palácio do Planalto. E não será surpresa se as impressões da deputada paulista expressarem o posicionamento da cúpula do Governo Bolsonaro, a começar pelo próprio presidente da República. Em algumas ocasiões, Jair Bolsonaro fez resgados elogios ao ex-presidente José Sarney (MDB), mas em outros momentos, criticou duramente o fundador da Nova República. José Sarney, por sua vez, faz um jogo de raposa experiente quando se refere ao presidente Jair Bolsonaro e seu Governo, demonstrando que pelo andar da carruagem, o Brasil corre o risco de ser tragado por uma crise política e institucional tão grave como a que derrubou a presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, por meio do impeachment, que até hoje a esquerda denuncia como golpe.

Apesar do incômodo que devem ter causado no ex-presidente José Sarney e na ex-governadora Roseana Sarney (MDB), é altamente improvável que as duras declarações da deputada Carla Zambelli sobre a Família Sarney causem uma reação igualmente dura por parte de algum dos seus membros, que estão mergulhados na discrição desde a pancada das urnas de 2018 e certamente não têm interesse numa confrontação direta com vozes bolsonaristas influentes. Mais improvável ainda é que os petardos verbais afastem o deputado Edilázio Jr. do terreiro bolsonarista em Brasília. Já talhado por dois mandatos de deputado estadual e com planos de ganhar estatura para ser a principal voz de contraponto ao governador Flávio Dino (PCdoB), o parlamentar sarneysista não tem qualquer interesse uma vez que sem espaço na seara governista, que ele vem buscando com insistência desde que se instalou na Câmara Baixa.

Não será, portanto, precipitado afirmar que as declarações da deputada federal Carla Zambelli ficarão por isso mesmo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Ambientalista militante, Othelino Neto avisa que Brasil vive retrocesso no campo ambiental

Ambientalista militante, Othelino Neto vê retrocesso no Brasil 

O Brasil vive um grave e perigoso retrocesso em gestão ambiental e em conservação dos recursos naturais. Depois de muitos anos o desmatamento na Amazônia voltou a crescer, a legislação ambiental – uma das mais avançadas do mundo – está sendo desrespeitada. De maneira arrogante, o atual Governo Federal estimula o retrocesso e precisa ser contido. Essas preocupações foram manifestadas pelo presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), numa fala em que saudou o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado ontem em todo o planeta, mas com muita preocupação no Brasil.

Com a autoridade e a experiência de quem foi um dos primeiros quadros ativos do Partido Verde (PV) no Maranhão e foi Secretário de Estado do Meio Ambiente nos Governos de José Reinaldo Tavares e Jackson Lago (PDT), além de ser um militante verde, identificado sempre com as causas ambientais e conservacionistas, o deputado Othelino Neto chamou a atenção da Assembleia Legislativa para os problemas que identifica nesse campo:  “É triste ver o presidente da República promover retrocessos tão grandes em tão pouco tempo. Nós, depois de muitos anos, percebemos, por exemplo, que o desmatamento na Amazônia voltou a crescer acima da média. E isto, senhores deputados, senhoras deputadas, não é uma questão de um governo de esquerda, de um governo de centro, ou de um governo mais conservador”.

Othelino Neto comemorou, por exemplo, a medida provisória que foi editada no começo do Governo Bolsonaro e que perdeu a validade agora, “porque o Congresso Nacional, muito sabiamente, não apreciou e não converteu aquela medida provisória em lei, porque ela premiaria aqueles que infringiram a legislação ambiental, aqueles que cometeram crime ambiental”. E criticou fortemente decreto do presidente da República, que retira a participação popular do Conselho Nacional de Meio Ambiente, criado pela Constituição de 88 e que foi ampliado nos governos que sucederam desde a volta do regime democrático. “E, agora, vejo diversas investidas do Governo Federal contra o meio ambiente”, assinalou.

O presidente da Assembleia Legislativa concluiu: “Finalizo minhas palavras deixando essa preocupação que deve ser de todos nós para que, num futuro próximo, nós não tenhamos muitos problemas em razão desses retrocessos. Lembrando que, para corrigir retrocessos na gestão ambiental, serão necessárias décadas e décadas. Então, por isso, precisamos conter mais esse impulso arrogante do Governo Federal, que tenta retroceder em algo tão caro e sagrado, como é a defesa do meio ambiente”.

 

“Grupo dos 7” de Vitória do Mearim caiu na armadilha montada por um tarimbado promotor de Justiça aposentado

Almir Coelho: promotor de Justiça aposentado desmontou golpe de vereadores em Vitória do Mearim

A operação de desmonte da bandalha tramada por sete vereadores de Vitória do Mearim, que pretendiam roubar R$ 2,2 milhões – royalties pagos pela Vale -, por meio de chantagem e corrupção, foi ação exemplar do Ministério Público do Maranhão, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), e da Polícia Civil, por meio da Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor). Foram apanhados e estão temporariamente na cadeia, sob a acusação de crime de corrupção e associação criminosa os vereadores George Maciel da Paz (PTC), presidente da Câmara Municipal, Hélio Silva (Solidariedade), Oziel Gomes (PT), Marcelo Brito (PRTB), Mauro Rogério (PMB), José Mourão (PPL) e Nonato do Chelo (PPL). Além destes, o vereador Benoa Pacheco (PP) não está preso, mas encontra-se sob investigação por suspeita de corrupção passiva.

Provavelmente achando-se geniais e intocáveis, os sete acusados de banditismo político armaram um plano primário, facílimo de ser desmascarado: criaram uma situação em que colocaram a prefeita Dídima Coelho (MDB) sob ameaça de CPI na Câmara Municipal, condicionando o fim da pressão à partilha entre os sete “gênios” de R$ 2,2 milhões recebidos pelo município como royalties mineral pago pela Vale. Chegaram ao ponto de aprovar um procedimento que permitiria o afastamento da prefeita, para que o vice-prefeito assumisse, sacasse a dinheirama e entregasse aos “abençoados”.

Estavam tão convencidos de que a armação daria certo que não se deram conta de que o seu interlocutor, Almir Coelho Filho, marido da prefeita e secretário-chefe de Gabinete, um experiente promotor de Justiça aposentado, estava preparando a armadilha, gravando as conversas sobre a extorsão, reunindo documentos e evidências da tentativa de golpe em curso, atuando de acordo com o Gaeco. As gravações comprovam que os meliantes políticos vitorienses pretendiam, cada um, receber R$ 320 mil para não instalar CPI contra a prefeita Dídima Coelho.

O desfecho da trama: o “Grupo dos 7” foram apanhados e mandados para uma curta temporada no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, inicialmente pelo prazo de cinco dias, mas com toda a ponta de que esse período inicial é apenas um estágio para uma temporada muito maior que eles curtirão ali.

São Luís, 06 de Junho de 2019.

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