Em meio a tantas questões postas e ainda sem respostas no olho do furacão causado pelo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em curso na Câmara Federal, uma curiosidade começa a movimentar a classe política do Maranhão: como votarão os 18 deputados federais maranhenses em relação ao processo? As especulações começam a povoar o imaginário de quem frequenta os bastidores políticos do estado, principalmente nos rincões partidários, que é onde as conversas mais decisivas estão sendo travadas com o objetivo de definir caminhos. Mas na bolsa das especulações todos apostam alto de que a presidente Dilma ganhará de goleada na bancada maranhense, podendo ter pelo menos 12 dos 18 votos a seu favor. Há, porém, quem avalie que o posicionamento dos integrantes da bancada maranhense poderá se ajustar à situação que estiver posta, ou seja: se o processo correr rapidamente, como quer o Palácio do Planalto, a maioria votará contra o impeachment; mas se o processo for demorado, alguns governistas de agora poderão mudar de lado se for esboçada uma tendência favorável à destituição dela do comando do país.
Uma sondagem informal feita pela Coluna, ouvindo fontes que conhecem o caminho das pedras, concluiu que neste exato momento, posição dos integrantes da bancada é a seguinte: nove votos contra o impeachment, três votos a favor e sete votos indefinidos. O posicionamento de cada um é o seguinte, lembrando que existem tendências hoje sujeitas a alterações:
Eliziane Gama (Rede) – Em princípio vota pelo impeachment, confirmando uma posição oposicionista agressiva enquanto esteve filiada ao PPS. Mas o seu ingresso na Rede poderá condicionar seu voto à posição que o partido de Marina Silva tomar.
Hildo Rocha (PMDB) – São fortes as avaliações que apontam a posição do parlamentar como indefinida. Em princípio, Rocha poderia seguir a linha do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas os escândalos que o envolvem podem fazer o pemedebista reavaliar a relação. Por outro lado, ninguém duvida que Rocha consultará a ex-governadora Roseana Sarney, de quem é liderado.
Rubens Júnior (PCdoB) – Vai votar contra o impeachment e, mais do que isso, é um dos integrantes da tropa de choque do Palácio do Planalto para desarmar a bomba no plenário da Câmara Federal. Segue técnica e politicamente a orientação do governador Flávio Dino e está inteiramente afinado com o comando nacional do PCdoB e com as lideranças do partido no Congresso Nacional. É voto aberto e imutável.
Cléber Verde (PRB) – Embora seu partido integre a base do governo na Câmara Federal, Verde tem forte ligação com Eduardo Cunha, que o nomeou diretor de Comunicação Social da Casa. Verde conversa muito com o grupo mineiro do ex-vice-presidente José Alencar. Seu voto, portanto, vai depender dessa composição. No momento, é indefinido.
Sarney Filho (PV) – Um dos parlamentares mais experientes da Câmara Federal, Sarney Filho é tido como voto certo contra o impeachment. Ele teria convicção pessoal nesse sentido e estaria de acordo com o PV. Sua decisão final deve também passar por consulta a José Sarney, que é um dos oráculos do PMDB e da República.
José Carlos (PT) – Voto fechado a favor da presidente Dilma Rousseff. Não há qualquer traço de dúvida quanto a isso.
José Reinaldo (PSB) – Tem sido crítico duro do governo, mas tem dado alguns votos a favor do Palácio do Planalto no ajuste fiscal. Seu partido tem se afastado sistematicamente do governo do PT e o governador de Pernambuco, que preside o PSB, se recusou a assinar a nota de apoio à presidente articulada quinta-feira pelo governador Flávio Dino. Em princípio, vota a favor.
Pedro Fernandes (PTB) – Por todas as declarações e comentários que vem fazendo, tudo indica que o coordenador da bancada maranhense no Congresso Nacional votará a favor da presidente Dilma.
Victor Mendes (PV) – O parlamentar pinheirense provavelmente seguirá a orientação do seu partido e deverá votar contra o impeachment.
Juscelino Filho (PRP migrando para o DEM) – É uma incógnita. Se se consolidar no DEM, será cobrado fortemente para votar pelo impeachment. Mas tem interesses no governo e certamente não quer correr o risco de perdê-los. Deve se decidir ao longo da semana.
João Marcelo (PMDB) – Tem trabalhado a favor do Palácio do Planalto, mas milita num segmento do PMDB muito ligado ao vice-presidente Michel Temer. Em princípio votará contra o impeachment.
Waldir Maranhão (PP) – O vice-presidente da Câmara Federal é muito ligado ao presidente Eduardo Cunha e não tem uma relação muito estreita com o governo, de quem se afastou mais ainda ao ser apanhado na operação Lava Jato. É, no momento, uma incógnita.
Alberto Filho (PMDB) – Se aproximou muito de Eduardo Cunha, que facilitou a sua posse no mandato depois de vencer uma guerra difícil contra o ex-prefeito de Porto Franco, Deoclídes Macedo. É uma incógnita até aqui.
Rosângela Curado (PDT) – Todos os sinais sugerem que votará contra o impeachment – vale lembrar, porém, que o titular do mandato, deputado Weverton Rocha, integra a bancada governista e, se retornar a tempo de votar, rejeitará o pedido.
André Fufuca (PEN) – Aproximou-se muito de Eduardo Cunha, tendo sido apontado como integrante da sua “bancada”. Mas os desdobramentos da crise política o afastaram do presidente, e por isso é apontado como uma incógnita.
João Castelo (PSDB) – Se seguir a orientação do seu partido, votará pelo impeachment da presidente Dilma. E tudo indica que o fará, pois caso contrário aprofundará mais ainda o fosso que o separa da cúpula partidária. Castelo tem gratidão pelo apoio que recebeu da presidente durante sua gestão na Prefeitura de São Luís.
Júnior Marreca (PEN) – As fontes ouvidas pela Coluna avaliam que ele votará contra o impeachment.
Aluísio Mendes (PSDC) – Integra a base do governo e deve votar contra o impedimento da presidente.
Esse é o primeiro cenário, que será total ou parcialmente confirmado se a votação para decidir se a Câmara autorizar o Senado da República a abrir o processo e julgar a presidente Dilma Rousseff. No Brasil atual, no entanto, as marchas e contramarchas políticas estão acontecendo com muita velocidade, o que sugere que algumas dessas posições sejam mudadas ao longo das próximas semanas.
PONTO & CONTRAPONTO
Vazamentos: ninguém sabe, ninguém viu
Desde que foram iniciadas as grandes operações reunindo Polícia Federal, Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União para desmontar esquemas de corrupção, o Brasil tomou conhecimento de um crime cometido por agentes da lei, que às vezes chamam atenção, quando o atingido esperneia, mas que de um modo geral virou regra, apesar da sua gravidade. Trata-se do vazamento seletivo de partes dos inquéritos que poderiam vir a público. Foi assim na Operação Navalha, na qual o inquérito vazou por inteiro; na Operação Facktor; na Operação Lava Jato, na qual trechos inteiros chegaram à imprensa e entornaram mais ainda o caldo. No Maranhão, o conteúdo das investigações da Operação Sermão aos Peixes está aos poucos chegando ao público por vazamentos seletivos, todos incriminando gravemente o ex-deputado e ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, sobre quem pesam graves acusações de desvio, a ponto de ser ele acusado de ser chefe de quadrilha. O vazamento mais recente revela conversas telefônicas entre o então secretário e auxiliares. Se essas gravações forem autênticas, eles ficarão numa situação de extrema gravidade.
Perplexidade e impotência
Duas imagens publicadas ontem na 1ª página de O Estado do Maranhão registrando o estado de destruição deixado por bandidos nas agências bancárias no Alto do Turu, em São Luís, e em Mirinzal, na Baixada Maranhense, são chocantes. O sentimento que elas causam é de perplexidade e, ao mesmo tempo, de impotência. Primeiro por saber que nunca foi tão fácil para essa turma conseguir bananas de dinamite. E depois pela maneira insana com que as quadrilhas agem nessas localidades, destruindo o patrimônio alheio, sem se preocupar que estilhaços podem ferir e até tirar a vida de cidadãos que nada têm a ver com o quadro. Mais do que isso, a verdade incômoda é a impotência da Polícia no combate a essa turma.
São Luís, 05 de Dezembro de 2015.