Mesclada com a presença de políticos experimentados e influentes – entre eles dois ex-governadores -, a nova representação maranhense na Câmara Federal surpreendeu pela atuação individual dos seus integrantes e pelas ações em bloco, quando situações exigiram mobilização. Como acontece nas representações políticas colegiadas, houve destaques aqui, manifestações importantes ali, atuações acanhadas acolá, mas, de um modo geral, o desempenho da bancada maranhense eleita em 2014, se não correspondeu inteiramente às expectativas, foi positivo o suficiente para causar no eleitor a sensação de que não jogou seu voto fora.
Dois deputados de primeiro mandato federal têm se destacado na bancada: Eliziane Gama (PPS) e Hildo Rocha (PMDB). A deputada desembarcou em Brasília decidida a ocupar espaço. Caiu nas graças das raposas do PPS, principalmente do líder Rubens Bueno, que lhe abriu as portas e a escalou para a CPI da Petrobras, aonde vem usando toda sua habilidade verbal para se destacar. Além disso, tem feito oposição ao governo nas votações do ajuste fiscal, e votou contra a redução da maioridade penal. Na mesma linha atuou o pemedebista Hildo Rocha, que dividiu o foco da sua atuação parlamentar entre proposições, participação em comissões e votações na reforma política – votou pela redução da maioridade penal – e fez duras críticas ao governador Flávio Dino (PCdoB). Terminou o semestre destacado como coadjuvante no episódio do rompimento do presidente Eduardo Cunha (PMDB) com o governo da presidente Dilma Rousseff.
De partidos e orientações políticas diferentes, os deputados João Castelo (PSDB) e José Reinaldo (PSB) se movimentaram com desenvoltura nos bastidores e participaram efetivamente de todas as grandes decisões tomadas pela Câmara Baixa, principalmente no que diz respeito às votações do ajuste fiscal. Castelo seguiu a orientação do PSDB na maioria das votações, mas assumiu posição independente quando não fechou com a posição partidária. Por exemplo: votou a favor da redução da maioridade penal. E na reforma política se manteve em defesa da reeleição e do mandato de quatro anos. Castelo se uniu à bancada em assuntos de interesse do Maranhão.
O deputado José Reinaldo Tavares fechou questão com as principais posições do seu partido, tanto nas matérias do ajuste fiscal quanto na reforma política. Mas em relação a temas de interesse público, votou com independência, a favor da redução da menoridade penal, por exemplo. Tavares criticou os principais aspectos da reforma política, considerando que ela foi periférica e superficial, quando deveria ter sido mais substancial. Além da ação parlamentar, José Reinaldo tem usado sua experiência de ex-diretor geral do DNOS, ex-presidente da Novacap e ex-ministro dos Transportes para fazer um trabalho importante garimpando recursos e investimentos para o Maranhão em sintonia com o governador Flávio Dino (PCdoB).
Com a experiência de vários mandatos, os deputados Sarney Filho (PV), Pedro Fernandes (PTB) e Cléber Verde (PR) são referências na bancada. Um dos cardeais da Câmara – está lá desde 1983 -, Sarney Filho está atuando de maneira diferenciada nesta legislatura: tem tido participação efetiva nos debates de plenário, expõe as posições do PV e participou das votações mais importantes – votou contra a redução da maioridade penal, apoiou as medidas do ajuste fiscal e da reforma política. Pedro Fernandes, que também faz parte do cardinalato da Casa, realiza um mandato na linha de sempre: atuante, propositivo e duramente crítico quando necessário. Se posicionou contra alguns itens do ajuste fiscal relacionados com perdas para trabalhadores, votou contra a redução da maioridade penal e tem criticado fortemente a reforma política, afirmando que “a montanha pariu um rato”. E o deputado Cléber Verde, que também já é cardeal, além de participar ativamente das decisões do plenário – votou pela redução da maioridade penal -, foi nomeado diretor de Comunicação da Câmara, assumindo o controle de toda a máquina de divulgação da Casa, como TV, rádio, portais, etc..
O deputado Weverton Rocha (PDT) foi atuante nos debates da reforma política e da redução da maioridade penal – ele foi contra. Bem articulado e integrante da base governista, Rocha chegou a “peitar” o todo-poderoso presidente Eduardo Cunha, na sessão em que, por meio de uma artimanha regimental, ele colocou em pauta novamente matéria derrotada na sessão do dia anterior. O deputado Rubens Jr. (PCdoB) atuou rigorosamente alinhado à bancada do seu partido na Câmara, votando sempre com o governo no ajuste fiscal e com o partido na reforma política – votou contra a redução da maioridade penal. Waldir Maranhão (PP) só se destacou porque foi eleito 1º vice-presidente da Casa, o que lhe dá o poder de assumir o comando se o presidente Eduardo Cunha se afastar – votou contra a redução da maioridade penal à noite e na votação do dia seguinte mudou o voto, aprovando a mudança. Alberto Filho (PMDB) participou de todas as votações, fez discursos sobre Bacabal e votou pela redução da maioridade penal.
Entre os novatos na Casa, João Marcelo (PMDB), André Fufuca (PEN), Aloísio Mendes (PSDC), Juscelino Filho (PRP), José Carlos (PT) e Victor Mendes (PV) deram seus recados. João Marcelo assumiu a identidade de pemedebista e se posicionou sempre sob orientação partidária, tanto nas votações do ajuste fiscal quanto nas decisões da reforma política, mas assumiu posição própria contra a redução da maioridade penal. André Fufuca foi comedido nas manifestações de plenário, mas atuou fortemente nos bastidores, tendo sido relator da CPI das Próteses. Aloísio Mendes tem sido uma referência em assuntos de segurança – votou pela redução da maioridade penal – e está atuando com certa desenvoltura na CPI da Petrobras. José Carlos participou das votações mais importantes da Casa – foi contra a redução da maioridade penal – e Victor Mendes se destacou com uma série de pronunciamentos que fez defendendo melhorias para o Maranhão e, especialmente, para a região da Baixada Ocidental. Júnior Marreca (PEN) também fez pronunciamentos defendo melhorias para o estado e, em especial, para a região de Itapecuru Mirim, sua base eleitoal.
Em resumo: tanto em bloco como individualmente, os deputados federais do Maranhão fizeram a sua parte numa Câmara que surpreendeu o país sob o comando do controvertido pemedebista Eduardo Cunha.
São Luís, 18 de Julho de 2015.