Como estava escrito nas estrelas, a pesquisa Ipec/TV Mirante divulgada na terça-feira mostrando a ampliação da liderança do governador Carlos Brandão (PSB), a indiscutível inércia do senador Weverton Rocha (PDT), a estancada do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC) e a derrocada do ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), desencadeou uma forte agitação entre os candidatos ao Governo do Estado. Houve comemoração discreta, mas empolgada, por parte de Carlos Brandão. Weverton Rocha falou mal da pesquisa, que foi chamada de falsa por integrantes do seu staf de campanha. Edivaldo Holanda Jr. reagiu com uma nota agressiva em que chama o governador de “incompetente” e acusa o ex-governador Flávio Dino de querer ser “o dono do Maranhão”. Lahesio Bonfim, por incrível que pareça, foi o mais comedido. Essa agitação, que pode ganhar mais tempero e fermento, poderá ser o tom dominante até o final da campanha.
De acordo com fontes com trânsito fácil no Palácio dos Leões, o governador Carlos Brandão comemorou o resultado da pesquisa, segundo a qual ele caminha para vencer a disputa já no primeiro turno, mas se for para um segundo turno, a previsão é que ele vença qualquer um dos candidatos com chance de ser o seu adversário na última rodada. O governador decidiu não tomar conhecimento das provocações de Weverton Rocha, preferindo prosseguir com sua agenda de campanha no interior. A mesma posição foi adotada em relação aos ataques do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., que na opinião de um dos chefes da campanha, está apenas “querendo chamar a atenção”. Carlos Brandão foi sensato, uma vez que as pancadas que recebeu tiveram exatamente o objetivo de atraí-lo para o confronto aberto.
O ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. apostou todas as suas fichas na nota curta e grossa com que tentou desqualificar a pesquisa Ipec/TV Mirante e atacou duramente o governador Carlos Brandão e o ex-governador Flávio Dino. Está mais que claro que foi uma atitude calculada com o objetivo de ser puxado para o epicentro da disputa, de onde fora tirado pelo fraco desempenho nas pesquisas. A começar pelo fato de que o confronto aberto não é da natureza dele, cuja postura é sempre avessa â pancadarias verbal. O teor ácido da nota tem muito a ver com o discurso oposicionista do presidente do PSD, deputado federal Edilázio Jr., e com o pai do ex-prefeito, deputado estadual Edivaldo Holanda (PSC), conhecido pelo pavio curto. A nota perdeu muito do seu teor ofensivo ao ser ignorada por Carlos Brandão e Flávio Dino.
Lahesio Bonfim ensaiou crítica à pesquisa Ipec/TV Mirante, mas logo se deu conta de que perderia tempo e poderia sofrer desgastes com a iniciativa. Para ele, os números do levantamento lhe são favoráveis, à pedida que o apontam como tecnicamente empatado com Weverton Rocha, situação que pode levá-lo a um segundo turno, caso Carlos Brandão não liquide a fatura já na primeira rodada. Não é sem razão que apoiadores do candidato do PDT estão disparando munição farta contra o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes. Cercado que está de “conselheiros” tarimbados, como o vereador Gutemberg Araújo (PSC), seu vice, Lahesio Bonfim tem colocado freio na língua, que já foi bem mais solta.
Os 10 dias que faltam para a corrida às urnas prometem tornar mais quentes e ácidas as falas dos candidatos que apostaram alto na eleição, mas a viram fugir aos seus radares. Sabem, no entanto, que a essas alturas do campeonato, caneladas e cotoveladas prejudicam mais a quem as desfere do que aos atingidos. E a julgar pelos números do Ipec, o governador Carlos Brandão e o ex-governador Flávio Dino, os mais atacados até aqui, avançam firmes para vencer a corrida para o Governo do Estado e para o Senado da República.
PONTO & CONTRAPONTO
Simplício Araújo radicalizou
Poucas vezes uma disputa para o Governo do Maranhão teve a participação de um integrante tão controverso como Simplício Araújo (Solidariedade). Atual primeiro suplente de deputado federal e um dos integrantes mais ativos do Governo Flávio Dino como secretário de Estado da Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo, que preside o Solidariedade no Maranhão, surpreendeu meio mundo quando anunciou sua candidatura ao Governo do Maranhão. Com a atitude, abriu uma fissura importante na aliança articulada pelo ex-governador e candidato ao Senado em torno da candidatura do seu vice Carlos Brandão aos Leões. Todas as tentativas de fazê-lo optar por uma candidatura à Câmara Federal foram infrutíferas. Ele bateu pé e manteve o projeto de disputar o Governo sabendo que não poderia contar com Flávio Dino. Inicialmente fez uma campanha com os pés no chão, com propostas a serem levadas em conta, mas em seguida, ao perceber que não chegaria a lugar algum, decidiu alterar sua campanha, até então propositiva, e apelar para a agressão e atacar o governador Carlos Brandão, a quem comparou a “um poste”. E foi além incluindo Flávio Dino na alça da sua mira. Errou feio.
Disputa renhida na corrida à Câmara Federal
Uma disputa está se desenhando na corrida à Câmara Federal, de longe a mais ferrenha dessas eleições. Nos bastidores partidários, corre que três agremiações podem sair das urnas com quatro deputados federais eleitos: PSB, MDB e PL. Com a força de ser o partido do governador Carlos Brandão e do ex-governador Flávio Dino, o PSB tem o deputado estadual Duarte Jr. como um dos puxadores de voto. Já o MDB aposta suas fichas na força eleitoral da ex-governadora Roseana Sarney, seu principal nome na disputa federal. E o PL tem sua principal base nas candidaturas do casal Josimar de Maranhãozinho/Detinha, que resolveram morar juntos em Brasília.
São Luís, 22 de Setembro de 2022.