No artigo que publicou terça-feira (4) no Jornal Pequeno, o deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), anunciou uma espécie de “lava-mãos” em relação à sua proposta de Pacto pelo Maranhão, anunciada há três semanas e que obteve grande repercussão no meio político e fora dele. O ex-governador avisou que a ideia continua posta, que não retira uma vírgula do que escreveu e defendeu em entrevistas, e avaliou que a iniciativa faz todo sentido por entender que faz uma leitura correta do atual e do futuro ambiente político do Maranhão e do Brasil. “Creio que, com o aprofundamento da crise política e econômica, teremos momentos difíceis pela frente e o Maranhão precisas encontrar uma saída com urgência”, diz, para arrematar: “A ideia está aí. Vamos ver”.
Para lembrar: José Reinaldo Tavares propôs que o pacto em favor do desenvolvimento do Maranhão envolva todas as forças políticas, a começar pelas lideradas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e as comandadas pelo ex-presidente José Sarney. Dino por estar no comando do Estado e enfrentar os desafios de superar os problemas já postos e os que vêm por aí. Sarney por ser ainda um dos políticos mais influentes da República, dispondo, portanto, de força e prestígio para contribuir para a viabilização dos projetos a serem elencados por consenso. Isso sem que nenhum abra mão das suas posições, de modo que a trégua só se daria em torno dos projetos.
A Coluna fez uma rápida sondagem no meio político e fora dele a respeito da proposta do ex-governador José Reinaldo. Todas as vozes que se manifestaram favoráveis à articulação de um pacto em torno de grandes projetos capazes embalar o desenvolvimento econômico e, por via de desdobramento, social do estado. Mas quase todas expressaram desânimo em relação à sua concretização, lembrando o fosso que separa as forças políticas que teriam de ser envolvidas. Ou seja, todos querem, mas ninguém acredita que a má vontade política permita sua viabilidade.
O pessimismo dos observadores vem sendo reforçado por várias situações, sendo a principal delas o silêncio sepulcral do governador Flávio Dino e do ex-presidente José Sarney a respeito do assunto. O governador se manteve distante do de bate e deixou a cargo de vozes a ele ligadas a tarefa de comentar a proposta com comentários evasivos. Já Sarney manteve total indiferença, com o se nada tivesse sido dito e sendo comentado. Com a atitude, deu uma clara demonstração de desinteresse pela proposta. Assim, o silêncio dos dois principais possíveis avalistas da iniciativa foi por todos interpretado como estridente “não”.
Nas duas semanas que se seguiram à publicação da proposta, No seu espaço na capa da edição domingueira de O Estado do Maranhão, onde costuma dizer o que pensa sobre na política do Maranhão, Sarney quebrou a série de pancadas no governador Flávio Dino, para falar dos mistérios do Universo, revelando, com certa candura, o seu interesses pelas entranhas do cosmos, e depois, para revelar certa amargura em relação à velhice, censurando duramente quem a define como “terceira idade” e “melhor idade”. Ninguém que leu identificou qualquer impressão em relação à proposta do ex-aliado e hoje inimigo político.
Isso não significa uma afirmação definitiva de que a proposta do ex-governador esteja morta e sepultada. A política tem seus caprichos, principalmente no Maranhão, onde, segundo o folclore político, boi voa, até de asa quebrada. Esse traço da cultura política local tem nos ensinado que nem Sarney, com todo o seu poder e perspicácia, fecha todas as portas ao adversário político. Mantém sempre uma fresta pela qual será possível abrir janelas e até portas. Assim, no momento parece impossível um pacto proposto por José Reinaldo envolvendo Flávio Dino e José Sarney. Mas quem imaginou que José Reinaldo romperia com Sarney e se uniria a Jackson Lago (PDT), ou que depois do rompimento Ricardo Murad voltaria a se juntar a Sarney e Roseana, ou ainda que Sarney se juntaria a Epitácio Cafeteira? O tempo vai responder, com pacto ou sem pacto.
PONTOS & CONTRAPONTOS
De cabeça erguida
Ninguém foi surpreendido pela saída da jornalista e professora universitária Ester Marques do comando da Secretaria de Estado da Cultura. Desde que foi escolhida – mesmo antes de ser nomeada -, ela enfrentou resistência de segmentos ao seu estilo de comandar o processo cultural do Maranhão. Primeiro teve pela frente ninguém menos que a deputada federal Eliziane Gama, que tentou montar uma gestão paralela na pasta, com gente de sua inteira confiança. Se deu bem, pois conseguiu afastar a pressão de Gama e sua turma, ao custo de uma pequena crise. Ester Marques também tentou desatar algumas amarras que travam a evolução do segmento cultural, mas foi vitimada pela guerra miúda, sorrateira e subterrânea dos chefes dos terreiros que ela tentou desarmar. Saiu de cabeça erguida e sem acionar a metralhadora giratória. Ao contrário, vai continuar colaborando como governo, no qual acredita. Para o cargo o governador Flávio Dino nomeou Felipe Camarão, que vinha comandando a Secretaria de Gestão e Previdência.
São Luís, 05 de Agosto de 2015.
cabeça erguida? me compre um bode!!!
Meu caro “repórter fora do tempo” a doutora Éster não tinha preparo e tão pouco traquejo para comandar um pasta como está. Ela tem outra visão sobre cultura, que não é a nossa. Nós preservarmos e temos a nossa própria identidade, somos nativos, e assim seguiremos com o nosso conjunto, sem ser apoteótico e nem menos brilhantes. A cultura e democrática, sem imposições mirabolante, e do povo… Inté, nunca mais!