Os segmentos políticos e partidários que integram o chamado Grupo Sarney, formado por PMDB, DEM, PV, PSC, PTdoB, entre outros, vivem uma forte expectativa em relação ao retorno da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que deve acontecer até o final deste mês, quando ela colocará ponto final no período sabático que passa em Miami (EUA), onde, na companhia de familiares, reforça, desde dezembro passado, seus conhecimentos de inglês, economia e ciências políticas, segundo versão de fonte do seu círculo de convivência. A forte expectativa quanto ao retorno se dá por conta das decisões que precisam ser tomadas em duas frentes, uma relacionada com a investigação de denúncia na qual ela foi citada na Operação Lava Jato e no caso do precatório de R$ 120 milhões, pago pelo Governo dela à Constran. A outra diz respeito ao que fazer para que seu grupo se prepare para a corrida eleitoral do ano que vem nos municípios, a começar por São Luís.
No que respeita à Operação Lava Jato, na qual foi denunciada ao Supremo Tribunal Federal (STF), juntamente com 31 políticos supostamente beneficiados com esquema de corrupção na Petrobras, entre eles o senador Edison Lobão (PMDB), Roseana Sarney já tenta, por meio do advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, se livrar da acusação de ter recebido R$ 2 milhões do doleiro Alberto Yousseff para a campanha eleitoral de 2010, por inconsistência e falta de provas. Já no que respeita ao pagamento do precatório, a suspeita é a de que integrantes graduados do seu governo teriam recebido propina para liberar o pagamento. Nos dois casos, nenhuma prova concreta de envolvimento direto da ex-governadora nos desvios, e, segundo seu advogado, a inconsistência da denúncia certamente a livrará da suspeita. Situação parecida com o Caso Lunus, no qual ela foi acusada, execrada nacionalmente, mas riu por último.
No plano político, o retorno de Roseana Sarney ao Maranhão atiçará as legendas que formam o grupo por ela ainda liderado. O primeiro ponto a ser resolvido depende de uma resposta sua, definitiva, à seguinte indagação: tem ela a intenção de se candidatar à Prefeitura de São Luís? Se a resposta for positiva, os líderes do grupo querem sinal verde para começar a trabalhar. Se for negativa – o que é o mais provável, segundo aliados e adversários -, o grupo quer se movimentar para definir o melhor caminho na briga pela sucessão do prefeito Edivaldo Jr. (PTC), que é candidatíssimo à reeleição, num projeto fortemente ameaçado pela pré-candidatura da deputada federal Eliziane Gama (PPS). Caberá à ex-governadora coordenar a escolha de um candidato do grupo, que pode ser o suplente de senador Lobão Filho (PMDB) ou o deputado Edilázio Jr., ou liderar o grupo no sentido de apoiar um candidato de outra corrente, numa aliança formal ou informal.
Mesmo sem mandato e sem poder, situação que nunca viveu – quando perdeu para Jackson Lago em 2006 era senadora da República com muito poder de fogo em Brasília -, Roseana Sarney é ainda o nome politicamente mais forte do seu grupo. Antenada e com um sólido lastro de experiência, a ex-governadora tem plena consciência de que o seu grupo vive um momento de muita fragilidade, mas sabe também que essa condição é momentânea e vai depender do desempenho do Governo Flávio Dino (PCdoB). Se o atual governo for bem sucedido, o Grupo Sarney afundará ainda mais; mas se Flávio Dino frustrar as expectativas, o grupo poderá transformar-se em Fênix e renascer das cinzas em duas etapas, uma em 2016 e outra em 2018.
O fato é que no momento tudo é desfavorável à ex-governadora e ao grupo que ela lidera: ela e o senador Edison Lobão enfrentam denúncias de corrupção, sua representação federal é agora menor, sua base na Assembleia Legislativa foi esmagada, o número de prefeitos e vereadores aliados diminui a cada semana. E para completar, o governo da presidente Dilma, de quem é aliada de primeira hora, luta ferozmente contra inflação alta, caixa vazio e falta de apoio popular.
É nesse cenário que a ex-governadora Roseana Sarney encontrará a sua base política.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Sarney, Tancredo e transição
Há exatos 30 anos, morria o presidente eleito do Brasil Tancredo Neves. A perda, que abalou a nação, resultou na confirmação de José Sarney como presidente titular do país. Agora presidente de fato e não apenas um vice que guardava o lugar do titular com problemas de saúde, o ex-deputado federal, ex-governador e ex-senador maranhense recebeu daquele acaso trágico a tarefa de fazer a transição da ditadura ara a democracia eliminando qualquer risco de retrocesso. Queiram ou não seus adversários, ele fez a sua parte, pagou preço altíssimo, mas entregou ao seu sucessor um país redemocratizado, garantido pelo estado de direito pleno. E por maior que tenha sido, o seu insucesso na economia e outros problemas do seu governo não arranharam sua estatura política.
Ajuste e reforma
O deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) avalia a situação do Brasil como complicada e acredita que esse cenário só será revertido se o Congresso Nacional aprovar o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy e iniciar imediatamente os debates e as votações da reforma política. Uma coisa parece não ter nada com a outra, mas tem sim. Para José Reinaldo, o ajuste fiscal deve levar o Brasil a estabilizar a economia e as contas públicas, enquanto a reforma política apontará o caminho para a normalidade institucional.
Castelo contra
Informação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo: proposta de impeachment racha o PSDB. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP) não aprovam a iniciativa do senador Aécio Neves (MG) de propor a deposição da presidente Dilma Rousseff (PT). O deputado federal João Castelo se situa exatamente do lado de Serra e FHC, contra a proposta de impeachment da presidente. FHC e Serra acham a iniciativa precipitada e sem base, enquanto Castelo, além de corroborar com os dois, não ficará contra a presidente, que apoiou sua gestão na prefeitura de São Luís.
Cara nova
O jornalista Marco Aurélio D`Eça brinda seus leitores na WEB com uma ousada e inteligente reforma no seu bem informado e prestigiado blog. Parabéns.
São Luís, 21 de Abril de 2015.
Meu caro comandante Corrêa,
passo para agradecer ao simpático comentário a respeito das mudanças da minha páina na net. É uma honra poder ouvir isso de vc.
Abraços, e parabéns pelo blog, sempre analítico e bem informado.
Marco Aurélio D’Eça