Independente do fato de que o comando do PMDB só se voltará para a escolha do candidato a prefeito de São Luís após o desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em curso no Senado da República, uma luta aberta está sendo travada dentro do partido pelos dois pretendentes à vaga de candidato, a deputada Andrea Murad e o vereador Fábio Câmara. Os dois medem força dentro do partido e agora parecem dispostos a ganhar as ruas, onde pretendem encontrar suporte aos seus projetos de candidatura. Querem chegar ao Dia D, que deve ocorrer em meados de junho, em condições de brigar efetivamente pela vaga de candidato pemedebista, ganhando o apoio interno e externo para seguir em frente na disputa pela Prefeitura de São Luís. A deputada Andrea Murad sai de uma posição de cautela para jogar o seu projeto de candidatura nas ruas, enquanto o vereador Fábio Câmara tenta se cercar de todos os instrumentos – entre eles a presidência municipal do PMDB – para consolidar sua pretensão.
A luta que terminará com a escolha do candidato do PMDB a prefeito de São Luís não será fácil. Os aspirantes Andrea Murad e Fábio Câmara vão se desdobrar para ganhar a vaga, e terão o ex-deputado Ricardo Murad e o senador João Alberto medindo forças nos bastidores. Andrea Murad tem forte ligação política com o pai e não vai abrir mão da sua influência e experiência no embate. Fábio Câmara está certo de que contará com o apoio do presidente do PMDB. A deputada teria o aval do ex-presidente José Sarney e da ex-governadora Roseana Sarney, enquanto o vereador ouviu dos dois também palavras de estímulo para seguir em frente, o que para ele também funciona como aval ao seu projeto de candidatura.
Até aqui se movendo timidamente como pré-candidata a prefeita, a deputada Andrea Murad iniciou uma guinada na sua postura quando, na semana passada, decidiu montar uma intensa programação visitas a meios de comunicação, organizações civis, entidades de classe e, principalmente, os bairros de São Luís, com o objetivo de conversar com o eleitorado e reunir informações para montar uma plataforma de Governo. Ao mesmo tempo, a incursão pelos diferentes segmentos da sociedade para fazer contato direto com os mais interessados na eleição, deverá servir de base para avaliar a receptividade do seu projeto de candidatura pelo eleitorado. Andrea Murad sabe que o mundo dos bairros, das dificuldades, dos problemas é bem diferente do que ela vivencia diariamente no plenário da Assembleia Legislativa, onde faz oposição cerrada ao Governo do Estado e às vezes à gestão na Prefeitura de São Luís. Na vida parlamentar, o embate é verbal e não tem consequências, mas na corrida pelo voto a realidade é bem mais complexa, e a deputada sabe disso, pois acumula experiência de quem já disputou a Prefeitura de Coroatá (2004). Bonita, elegante, com porte de miss e com formação na área de publicidade, a deputada Andrea Murad tem potencial para fazer uma campanha produtiva.
Por seu turno, o vereador Fábio Câmara, que tem hoje o comando – mas não tem o controle – do partido em São Luís tem perfil radicalmente diferente do da sua concorrente no PMDB. Vereador, negro e com vivência nas bases que alimenta em bairros tradicionais e regiões periféricas, e dono de visível habilidade para se relacionar com pessoas, Fábio Câmara vive um dia a dia do contato direto com a população, aproveitando todas as oportunidades para metralhar verbalmente contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que está em segundo lutar nas pesquisas, mas visto por muitos como favorito na corrida eleitoral. Câmara conquistou parte da nata do PMDB, já viveu momentos de altos e baixos com a sua pré-candidatura; enfrenta na estrutura partidária adversários ferozes do seu projeto, mas de uns dias para cá tem mostrado fôlego, dando a entender que acredita piamente que será o escolhido do partido a prefeito de São Luís.
Não será uma disputa fácil, principalmente pelo poder de fogo de quem comanda a retaguarda de cada. Mas ninguém duvida que essa medição de força interna será saldável para o PMDB, principalmente se a presidente Dilma Rousseff for afastada, pois nesse cada o partido vai ganhar musculatura para entrar com peso na corrida ao Palácio de la Ravardière.
PONTO & CONTRAPONTO
Fazendo Justiça
João Alberto comanda reunião do Conselho de Ética que pediu a cassação do senador Delcídio do Amaral
O senador João Alberto (PMDB) viveu ontem um dos dias historicamente mais importantes na presidência do Conselho de Ética do Senado da Republica. Ele comandou a sessão em que o colegiado que julga desvios de conduta dos senadores aprovou o relatório em que o senador-relator Telmário Miranda (PDT) pediu a cassação do senador Delcídio do Amaral, ex-PT e atualmente sem partido. O senador maranhense já tinha dito que, mesmo estando no quinto mandato consecutivo na presidência do Conselho de Ética, não convivia bem com a ideia de que, cedo ou tarde, presidiria uma sessão em que os senadores-conselheiros votariam pela cassação de um senador. Foi o que aconteceu, e em grande parte porque Delcídio do Amaral criou todas as condições e ofereceu todos os argumentos para fundamentar o pedido de cassação. Para quem não se lembra, o senador Delcídio do Amaral, que era nome destacado no Senado como líder do Governo e por sua capacidade de articulação, se transformou num dos maiores vilões da historia da Câmara Alta ao ser pilhado, por meio de gravação, numa conversa inacreditável com Nestor Cerveró, o corrupto ex-diretor da Área Internacional da Petrobras. Gravada pelo filho do corrupto, a conversa mostra Delcídio tentando garantir o silêncio de Cerveró oferecendo-lhe dinheiro e até um plano de fuga do país. A gravação, que contém detalhes sórdidos, vazou, estarreceu o país e fez história: Delcídio do Amaral foi o primeiro senador preso no exercício do mandato por quebra de decoro. E suas declarações jogaram muita água suja na mangueira da Operação Lava Jato. Denunciado ao Conselho de Ética do Senado, o presidente do órgão cumpriu à risca todo o cronograma previsto no regimento senatorial, dando a Delcídio todos os direitos, prazos e concessões possíveis, para que ele mesmo se explicasse aos senadores. Certamente envergonhado, sem condições de encarar os colegas que o tinham em altíssima conta, e provavelmente consciente de que nenhuma explicação evitaria a degola do mandato, Delcídio do Amaral não foi ao Conselho, preferindo ser representado por advogados. De nada adiantou: o parecer do relator recomenda sua cassação, que deverá ser confirmada pela Comissão de Constituição e Justiça, e, quase certa também, sua confirmação pelo plenário daqui a duas semanas, no máximo. “Foi feito o que tinha de ser feito”, disse João Alberta, que comandou todo o processo sem o menor atropelo.
Limites territoriais
Humberto Coutinho reúne especialista e promete apoio para resolver distorções nas fronteiras municipais
O problema fronteiriço dos municípios maranhenses poderá finalmente ser resolvido. O caminho para a solução ganhou forma em reunião comandada ontem pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), com a participação do presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Adriano Sarney (PV), e do líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB), que receberam o gerente nacional de Divisão Territorial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), José Henrique da Silva, e o diretor de Estudos Ambientais e Cartográficos do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), Josiel Ferreira, para discutir a problemática que envolve os imprecisos e – em alguns casos – indefinidos limites territoriais dos municípios maranhenses.
A correção dos limites territoriais no Maranhão, com a definição exata da área e das suas fronteiras, resolverá muotos problemas, não apenas de natureza territorial, mas também de natureza polpiti.ca. O caso mais grave está nos quatro municípios da Ilha de São Luís, cuja imprecisão fronteiriça causa vários danos, principalmente aos menores. No interior há problemas graves, que a cada decisão judicial altera população de um e de outro.
Durante a reunião, o gerente nacional de Divisão Territorial do IBGE apresentou um modelo aplicado na Bahia, que delimitou os limites territoriais daquele estado, que ocupava o primeiro lugar nacional em matéria de imprecisão na demarcação dos limites dos municípios. O projeto tem como base o apoio do Legislativo, Executivo Estadual e IBGE, por meio de um convênio, dando maior eficiência e agilidade ao processo. “Essa é uma questão extremamente confusa. Apresentamos o trabalho que realizamos na Bahia e que pode ser implantado no Maranhão. Já temos um convênio há algum tempo com o Executivo através do IMESC, mas precisamos avançar para que seja feito também um convênio com o Legislativo, para dar um suporte político ao projeto”, explicou José Henrique da Silva. O deputado Adriano Sarney destacou que esse é um problema que existe em quase todos os municípios do Maranhão, problema que poderá ser resolvido se o projeto receber total suporte para trazer o modelo que já foi implantado na Bahia para o Maranhão.
“Queremos trazer esse modelo de parceria, pois temos problemas em quase todos os municípios do estado. A intenção é que façamos esse convênio para que possamos resolver essa distorção”, assinalou o presidente da Comissão de Assuntos Municipais. O presidente Humberto Coutinho declarou que o projeto é bem vindo e tem total apoio da Casa ressaltou o compromisso da Casa em apoiar essa parceria. “Nós sabemos que os municípios maranhenses têm problemas fronteiriços. A Assembleia vai dar total apoio nessa discussão, para que juntos possamos definir esses limites territoriais”, garantiu o chefe do Poder Legislativo.
São Luís, 03 de Maio de 2016.