Posições políticas de Flávio Dino preocupam aliados, mas o governador parece saber exatamente o que está fazendo

 

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Flávio Dino discursa no Palácio do Planalto em defesa da Dilma Rousseff

Aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) começam a colocá-lo numa espécie de berlinda, questionando o seu posicionamento na crise política que pode resultar no impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT), de quem tem se mostrado aliado incondicional, e na instalação de um governo comandado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB), em relação a quem tem se manifestado como adversário de proa. Esses aliados, entre os quais se inclui o comando do Jornal Pequeno, têm criticado, em linha positiva, a atuação política do governador maranhense, por entender que o alinhamento, total e incondicional, dele à presidente Dilma Rousseff, o coloca numa situação de elevado risco político, com efeitos danosos na vida econômica e social do estado. Eles têm como certa a derrubada da presidente e a ascensão do vice, e temem que se esse roteiro vier a se confirmar, como está sendo desenhado, Flávio Dino, que hoje é uma personalidade política respeitada em todo o país, poderá sofrer um revés político violento, com muitos e severos danos para o Maranhão sob seu comando. Mas, em meio a uma esmagadora maioria silenciosa, há quem veja exageros nessa preocupação, com base no fato de que em política a regra saudável é ter um lado, e fazer as concessões possíveis quando o interesse público estiver em jogo.

O governador Flávio Dino tem um lado político e ideológico. Sempre se declarou um militante de esquerda, pertence aos quadros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), fez todas as suas campanhas com um discurso progressista no campo sócio-econômico, e não há registro de que tenha arredado desse campo ao longo da sua caminhada. Seu esquerdismo não almeja uma sociedade fechada, de viés stalinista ou coisa parecida, mas o aperfeiçoamento do conceito ocidental de democracia, dando à sociedade instrumentos que a torne mais justa e menos desigual. E foi assumindo o compromisso de tornar o Maranhão uma sociedade com índices bem menores de desigualdade.  Durante a campanha eleitoral, o candidato Flávio Dino propagou sua candidatura exatamente com o compromisso de realizar um governo com foco social. E desde que assumiu não se desviou um milímetro do rumo traçado, colocando em marcha programas cujo objetivo é levar assistência aos mais necessitados, injetando os recursos possíveis nas ações levadas a cabo por pastas como a pasta de Direitos Humanos e Mobilização Social, que leva assistência direta às comunidades mais pobres num esforço para melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); a de Desenvolvimento Social, que está multiplicando os restaurante populares, que já oferecem duas refeições por dia a R$ 1,00 por cabeça; e, agora, a da Articulação de Políticas Públicas, que visa dar um ordenamento mais produtivo a essas políticas no Maranhão.

No campo político, dificilmente Flávio Dino poderia estar fazendo jogo duplo, defendendo a presidente Dilma Rousseff durante o dia e conspirando durante a noite, como têm feito muitos medalhões nacionais, a começar pelo próprio vice-presidente, Michel Temer, que conspira às claras, jogando o jogo bruto, direto. O que os maranhenses estão assistindo é um político determinado, que prefere seguir a regra de ter um lado e se manter nele independentemente do preço político que lhe venha a ser cobrado num cenário pós-impeachment, se o pior, de fato, vier a se abater sobre a presidente Dilma Rousseff. Assistem também a um  bem articulado jogo entre de decência com coerência políticas, que por ser raro, parece precipitação.

Não parece razoável que o governador do Maranhão não tenha noção clara do que está fazendo, dos riscos políticos que está correndo e dos desdobramentos que pode atrair para o estado se ganhar ou perder a aposta.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Impeachment: bancada no Senado começa a se definir
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Roberto Rocha seria a favor, João Alberto contra e só Lobão permaneceria indecisos em relação ao impeachment

Levantamento publicado na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que os senadores do Maranhão, que até meados da semana eram apontados como indecisos, começaram a decidir em relação a impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na relação do Estadão, o senador Roberto Rocha (PSB) está entre os que votarão para derrubar a presidente da República, quando os senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB, aparecem em campos diferentes. O primeiro integra o grupo contrário ao impeachment, enquanto o segundo está incluído no grupo dos indecisos. Roberto Rocha dificilmente sairá do grupo que votará pela queda da presidente, a começar pelo fato de que essa é a posição do seu partido, embora outros senadores socialistas, como João Capiberibe (AP), por exemplo, estejam em campanha aberta contra o impedimento da presidente. João Alberto poderá votar contra a admissão do processo, mas, se o processo prosseguir, votar pelo impeachment na fase final, pressionado pelo PMDB. O mesmo pode acontecer com Edison Lobão.

 

Agora como homem de bem, Zuleido volta à cena
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Zuleido agora revela que Lula receberia dinheiro da OAS

O explosivo empreiteiro baiano Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama e fisgado em 2007 na famosa Operação Navalha, por meio da qual a Polícia Federal desmontou uma suposta rede de corrupção em nove estados e em Brasília, voltou ao cenário , segundo a revista Veja atraído pela Operação Lava Jato, agora como homem de bem, já que no início do ano o Superior Tribunal de Justiça anulou as provas contra ele por terem sido colhidas de maneira ilegal. Zuleido agora revela que Lula e outras figuras do PT sempre foram financiados pela empreiteira baiana OAS. Zuleido Veras fala com autoridade de quem foi diretor da OAS e, após juntar o suficiente, deixou o conforto para montar o próprio negócio, a Gautama, que movida por uma estratégia agressiva de ganhar obras públicas onde fosse possível, ganhou estatura de império, que, porém, desmoronou levando junto, de maneira justa e injusta, muitas reputações, algumas do Maranhão, nas revelações da Operação Navalha. Mesmo tendo sido uma operação ruidosa, que envolveu dezenas de empresários e servidores públicos de todos os degraus e quilates, seguiu quase toda para o arquivo morto, pois a Justiça entendeu que o Ministério Público e a Polícia Federal meteram os pés pelas mãos, pisaram feio na bola e jogaram tudo fora.

 

São uís, 02 de Maio de 2016.

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