O deputado federal André Fufuca é um político muito mais hábil e eficiente do que se pode imaginar. Quando muitos esperavam que, na hipótese que ganha forma de o presidente Jair Bolsonaro se filiar ao seu partido, o PP, abrindo caminho para que o senador Roberto Rocha tentasse assumir o controle da agremiação no estado, o jovem parlamentar, que poderia perder força na provável queda de braço, dava um salto muito mais alto em Brasília. Ali, em meio aos preparativos para o desembarque do presidente do PP, senador Ciro Nogueira, na Casa Civil da presidência da República, André Fufuca se tornava nada menos que presidente nacional do partido, devendo permanecer no cargo pelo tempo que o aliado se mantiver no comando da articulação política do Palácio do Planalto. Com a guinada, viabilizada numa articulação que envolveu Ciro Nogueira e o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), o parlamentar maranhense multiplica algumas vezes o seu poder de fogo no partido, o que lhe permitirá continuar dando as cartas no braço maranhense do PP sem qualquer réstia de preocupação com o senador Roberto Rocha, se filie ele ou não na agremiação.
Aos 31 anos e no terceiro mandato parlamentar – foi deputado estadual e está no segundo mandato federal -, André Fufuca tem se revelado um político centrado, com aguçada e ampla visão de contexto e surpreendente senso de oportunidade. Chegou à Câmara Federal em 2014 eleito com 50 mil votos pelo modesto PEN, assumindo mais tarde o comando do braço maranhense do PP com a derrocada do então deputado federal e presidente estadual do partido Waldir Maranhão. Ainda no primeiro mandato comandou a CPI da Prótese, ganhando projeção nacional por sua atuação, facilitado por sua formação em Medicina. Em seguida, elegeu-se 1º vice-presidente da Câmara, tendo comandado a Casa em momentos grave da crise política de então. Tornou-se próximo do então líder do MDB e depois presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que o colocou definitivamente no jogo político de Brasília. Em 2018 dobrou a votação, alcançando 105 mil votos.
Formado na escola política do pai, Fufuca Dantas, ex-deputado estadual e atual prefeito (pela quarta vez) de Alto Alegre do Pindaré, André Fufuca é pouco afeito a tribuna, atua fortemente nos bastidores, já sendo reconhecido como um dos “cardeais” do Alto Clero da Câmara Federal, com trânsito fácil nas diversas correntes da Casa e participando efetivamente das grandes articulações. Sua chegada à presidência do PP revelou seu cacife, e mostrou que ele é o terceiro na hierarquia do partido, e como tal, um dos mandas-chuvas do Centrão.
Com seu desempenho político, o deputado federal André Fufuca se consolida como membro destacado de uma geração que caminha célere para comandar o Maranhão, dando sequência ao ciclo iniciado pelo governador Flávio Dino (PSB) e cuja primeira etapa se completará com o seu sucessor. Além de André Fufuca, fazem parte desse grupo de elite da política maranhense os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania), o prefeito de São Luís Eduardo Braide (Podemos), os deputados federais Rubens Jr. (PCdoB), Juscelino Filho (DEM) e Pedro Lucas Fernandes (PSL), os deputados estaduais Othelino Neto (PCdoB) e Duarte Jr. (PSB), o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (a caminho do PSD), e revelações como o secretário de Educação Felipe Camarão, recém filiado ao PT.
André Fufuca tem mostrado habilidade ao manter o seu partido e o seu grupo político na aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino, inclusive com responsabilidades no Governo estadual, sem deixar que suas posições no plano nacional interfiram na relação política local. Ciente de que decisões políticas muito antecipadas guardam riscos, ele declarou apoio ao projeto de candidatura do senador Weverton Rocha, mas com a ressalva de que essa posição poderá ser revista no futuro. Uma prova cabal de que já conhece o caminho das pedras e sabe exatamente onde quer e pode chegar.
PONTO & CONTRAPONTO
João Marcelo e Hildo Rocha querem enterrar a PEC do voto impresso
Ao retomar suas atividades na semana que vem, a Câmara Federal retomará a discussão sobre a PEC 135-21, que prevê a implantação do voto impresso, um jabuti inventado pelo presidente Jair Bolsonaro com o único objetivo de criar caso, já que ele caminha para levar uma tremenda surra nas urnas. A PEC, que já corria riscos, ganhou morte anunciada depois do recado do ministro da Defesa, Braga Netto, de que sem voto impresso não haverá eleição.
Se depender dos deputados maranhenses João Marcelo e Hildo Rocha, ambos do MDB, membros da Comissão Especial que avalia a PEC 135-21, a PEC será fulminada na primeira reunião da Comissão, sem seus restos mandados para o arquivo morto.
Em declarações ao Correio Braziliense, os dois parlamentares reagiram indignados à ameaça fajuta do ministro da Defesa.
O deputado João Marcelo concitou o Congresso Nacional a não se deixe intimidar: “Temos de peitar o Executivo, no sentido de que cabe a nós resolver o que é de ordem do Legislativo. Não podemos nos deixar levar pela forma açodada como estão querendo nos tratar”. E completou: “Qualquer opinião do Executivo sobre se vai ter ou não eleição, com ou sem voto impresso, é inválida no regime democrático. Vai depender de o Congresso Nacional decidir”.
Por sua vez, o deputado Hildo Rocha, por sua vez, foi direto: “Acho que ela (PEC) vai ser enterrada. Vai ser arquivada. Ele (Braga Netto) jogou uma pá de terra na PEC. Já estava difícil ser aprovada. Com essa mensagem do Braga Netto ficou impossível”.
É isso aí.
Juscelino Filho reafirma apoio a Weverton, mas DEM está dividido
A declaração do deputado federal Juscelino Filho de que ele, sua irmã, Luana Rezende, prefeita de Vitorino Freire, e seu pai, o ex-deputado estadual Juscelino Rezende estão fechados com a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), pode ser uma sinalização de que o DEM, que ele preside, pode marchar dividido para a eleição de governador. A começar pelo fato de que o tio dele, ex-deputado estadual Stênio Rezende, que foi o principal articulador para que ele assumisse o comando do DEM no Maranhão, declarou apoio ao vice-governador Carlos Brandão (PSDB), o que significa que a deputada estadual Andrei a Rezende, sua mulher, também seguirá o vice Governador. O racha, portanto, começa na própria família Rezende. Mas vai muito além. A deputada Daniella Tema, que integra o partido, é linha de frente na base de apoio do vice-governador, que tem no ex-prefeito de Tuntum, Cleomar Tema (PSB), um dos principais articuladores. Há rumores de que os deputados estaduais Antônio Pereira e Paulo Neto, que integram a bancada do DEM na Assembleia Legislativa, estariam inclinados para a candidatura do vice-governador.
Ou seja, no momento o grupo representado pelo presidente Juscelino Filho, sua irmã e seu pai está em minoria dentro do partido.
São Luís, 29 de Julho de 2021.