“Os ratos da política do Maranhão estão tentando tomar o partido no estado”. O desabafo, que pareceu ao mesmo tempo um alerta e um pedido de socorro, foi feito pelo presidente do PSL no Maranhão, vareador Chico Carvalho, confirmando que está enfrentando um cerco, cada vez mais forte e apertado, de um grupo de “líderes” que querem tomar-lhe o controle do partido. Sem rodeios, Chico Carvalho apontou a ex-prefeita Maura Jorge, o ex-vereador Fábio Câmara e o médico Alan Garcez como os principais interessados em derrubá-lo da presidência e assumir o comando do PSL no Maranhão. A guerra pelo controle do PSL maranhense está se dando em Brasília, onde os interessados no posto, exercido há mais de duas décadas pelo vereador Chico Carvalho, tentam se articular com cardeais bolsonaristas. Um dos políticos mais tarimbados em atividade no Maranhão, Chico Carvalho, que já presidiu a Câmara Municipal de São Luís por dois mandatos, admitiu que está fragilizado, mas avisou que não vai entregar o “ouro” facilmente.
Chico Carvalho fez o seu desabafo numa conversa franca com o jornalista e blogueiro Jorge Vieira, a quem confirmou, com todas as letras, o que já vinha ocorrendo a olhos vistos nos bastidores do, difuso e sem comando, movimento bolsonarista no Maranhão. O ainda presidente do PSL revelou que além dos três “ratos” aos quais deu nome, há grupos mais poderosos, com representação no Congresso Nacional, que ele não identificou, interessados no comando do partido. Isso quer dizer que a atual direção do PSL no Maranhão está por um fio, à medida que ele dificilmente terá condições para segurar o controle do partido diante da pressão de tais forças.
Dos três nomes interessados no controle do PSL apontados por Chico Carvalho, o que reúne alguma condição de ser ungido ao comando do partido pelos bolsonarista de alto coturno de Brasília é Maura Jorge. Pelo fato de que levantou a bandeira do candidato, recebeu-o em São Luís – num ato no Aeroporto do Tirirical no qual declarou que ela era sua representante no Maranhão. Nesse embalo, lançou-se candidata ao Governo do Estado adotando o discurso de extrema direita do candidato presidencial, sofreu pressões do Grupo Sarney para desistir, fez uma campanha praticamente sem recursos e ainda conseguiu a 3ª colocação, vencendo o candidato do PSDB, senador Roberto Rocha, que ficou em 4º lugar. Além disso, montou acampamento em Brasília, de onde faz uma ativa vigília aguardando as ordens do ex-capitão. Fábio Câmara não parece ser uma ameaça. Alan Garcez não tem traquejo para liderar um movimento político numa seara tão minada de raposas como o Maranhão.
Os outros políticos de peso a quais Chico Carvalho se refere são o senador Roberto Rocha e o deputado federal reeleito Aluísio Mendes, até agora os políticos maranhenses que mais se aproximaram do presidente eleito e seu grupo. Roberto Rocha realmente parece interessado em integrar a base do Governo de Jair Bolsonaro no Senado, e para isso vem articulando com o próprio presidente eleito e com o filho dele, Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio de Janeiro, com quem tem conversado com frequência. Aluísio Mendes chegou a Jair Bolsonaro por intermédio do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, como o representante maranhense, é policial federal.
Não há dúvida de que, ao assumir a presidência da República, Jair Bolsonaro tentará consolidar seu poder político entrando nos estados em que foi derrotado nas urnas. E é quase certo de que tentará fincar estacas políticas em território maranhense. Primeiro porque já teria demonstrado a vários interlocutores que não engoliu a fragorosa derrota que sofreu para o petista Fernando Haddad no Maranhão no 1º e no 2º turno da eleição presidencial. E depois porque tem interesse em fortalecer um grupo que lhe seja fiel para medir forças com o governador Flávio Dino (PCdoB). E pelo que revelou Chico Carvalho a Jorge Vieira, o projeto do comando do PSL para o Maranhão é tão arrojado que começa com a intenção de lançar candidatos a prefeito em todos os municípios maranhenses.
Resta aguardar o que vem por aí.
PONTO & CONTRAPONTO
Justiça Eleitoral diploma eleitos em Outubro; Flávio Dino anuncia que educação será foco do novo mandato
Os eleitos no pleito de Outubro deste ano no Maranhão foram diplomados ontem pela Justiça Eleitoral. Com a diplomação, o governador Flávio Dino (PCdoB), o vice-governador Carlos Brandão (PRB), os senadores Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT), os 18 deputados federais e 42 deputados estaduais estão aptos a serem empossados, os dois primeiros no dia 1º de Janeiro e os demais no dia 1º de Fevereiro como manda a regra. Realizado no auditório do Multicenter Sebrae, o ato formal foi conduzido pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Ricardo Duailibe. O clima foi de fresta, dada a euforia de boa parte dos diplomados, que não conseguiram conter sua alegria com o fato de terem conquistado mandatos nas urnas. O próprio governador Flávio Dino, que se reelegeu no 1º turno com quase 60% dos votos, expressou seu contentamento ao ser diplomado para comandar o Estado num segundo mandato consecutivo. “Essa diplomação é ainda mais especial do que a primeira porque tem a marca da aprovação dos primeiros quatro anos de mandato. Temos programas hoje que são reconhecidos por toda a população, como o Escola Digna”, disse Flávio Dino, que anunciou, em entrevista, que que o foco do próximo mandato será a educação: “Vamos continuar com a melhoria da infraestrutura e elevar ainda mais a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica”, declarou, acrescentando que firmará com os prefeitos o Pacto Estadual pela Aprendizagem.
Tema propõe ao Governo ajustes tributários e sugere a criação de Conselho Municipalista
O presidente da Famem, Cleomar Tema (PSB), encaminhou ontem ao governador Flávio Dino ofícios nos quais pleiteia a análise, por parte do Governo do Estado, de projetos que visam executar a efetiva arrecadação do ISSQN, imposto de competência municipal que não está sendo recolhido em muitos municípios, assim como a edição de decreto estadual instituindo a obrigatoriedade de apresentação de certidão negativa de débitos municipais para serem firmados convênios, contratos ou similares com o Estado, suas autarquias e fundações, antes do pagamento de qualquer parcela desses ajustes. O presidente da Famem propôs ainda a assinatura de convênio entre Município e Estado para que este atue como substituto tributário em relação ao ISS, como prevê lei complementar nº 116/2003, artigo 6º, de forma a reter o referido imposto devido pelos contribuintes que firmarem contrato com o Estado, depositando-o nas contas cadastradas das prefeituras. E finalmente a criação do Conselho Municipalista do Maranhão (CMUM), que será organizado nos mesmos moldes dos formados por entidades empresariais, para ser ferramenta de planejamento e execução de políticas públicas direcionadas aos municípios na busca pelo crescimento econômico e social das cidades. O Conselho deverá ser presidido pelo próprio governador, tendo como membros prefeitos e secretários estaduais, que se reunirão para traçar estratégias de desenvolvimento, implementar programas e firmar parcerias institucionais. “A ideia de criar o Conselho objetiva debater diretamente com o govenador e seus secretários estaduais as problemáticas dos municípios e respectivas soluções para as mesmas. Além disso, visa aproximar, ainda mais, a municipalidade do governo do estado”, comentou Tema.
São Luís, 19 de Dezembro de 2018.