O cenário político da Ilha de Upaon Açu vai pegar fogo na guerra eleitoral do ano que vem. Se em São Luís estão em movimento pelo menos 14 aspirantes à cadeira principal do Palácio de la Ravardière, a começar pelo prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que se prepara para brigar por mais um mandato, nos municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa o desenho do cenário pré-eleitoral indica movimentação intensa. Nesses três municípios, que reúnem uma população de 310 mil pessoas e dentro dela 150 mil eleitores, preparam-se pelo menos cinco candidatos para cada Prefeitura, desenhando a expectativa de disputas muito acirradas. Os que querem governar a comunidade ribamarense terão de brigar pela maioria dos seus 81 mil eleitores; os querem governar Paço do Lumiar brigarão pela maioria dos seus 53 mil eleitores, os aspirantes a prefeito de Raposa tentarão conquistar os 16 mil eleitores raposenses.
Não há novidades políticas nesses três municípios. As suas prefeituras serão disputadas por políticos conhecidos, parte dos quais já encarou as urnas, o que dá aos eleitores bons elementos para avaliar as propostas e, a partir daí, escolher os seus candidatos. Entre os três cenários há nomes que entram na corrida com larga vantagem, enquanto que há cenários de disputa muito equilibrada e também uma situação em que é difícil antevê o desfecho.
Em São José de Ribamar, que é a quinta maior cidade do Maranhão, estão na disputa, até aqui, o ex-prefeito Luis Fernando Silva (PSDB), o ex-prefeito Júlio Matos (PMDB) e o advogado Arnaldo Colaço (PSB). No meio político ninguém duvida de que Luis Fernando Silva voltará ao comando do município na esteira de uma votação maciça, apoiado inclusive pelo partido do governador Flávio Dino (PCdoB). Mas há também – são bem poucos – os que acreditam que o médico Júlio Matos pode ganhar força, embora não haja indícios de que ele venha a ter condições de reverter a tendência pró-Luis Fernando. Arnaldo Colaço, na opinião geral, entrará para cumprir um ritual, já que, para observadores que conhecem a política ribamarense, ele não tem condições de fazer alguma diferença na disputa.
Em Paço do Lumiar, o prefeito Josemar Sobreiro tentará renovar o mandato numa guerra eleitoral em que três correntes medirão forças, o que torna o resultado rigorosamente imprevisível. A primeira é comandada pelo prefeito, que tem ao seu lado uma série de aliados. A segunda reunirá o poder de fogo da família Aroso, que poderá se unir em torno do ex-prefeito Gilberto Aroso (PMDB) ou de Caetano Jorge (PMDB), que tem como principal incentivador o vereador Tiago Aroso, filho da ex-prefeita Bia Venâncio e do ex-prefeito Nacor Aroso. E a terceira força será liderada pelo ex-deputado federal Domingos Dutra (Solidariedade), que tem militância na área, principalmente na região do Maiobão, devendo contar com o apoio do PCdoB e, por via de consequência, como a simpatia do governador. Em faixa própria, se movimentam ainda José Moraes, que está em busca de um partido, e o Pastor Mota, também à procura de um abrigo partidário. No meio político de Paço do Lumiar é forte a expectativa em relação à posição que tomará o PV, liderado pelo deputado estadual Adriano Sarney, que tem forte influência no município.
A corrida eleitoral em Raposa reúne um plantel de pré-candidatos e sugere uma boa disputa, mas os conhecedores das filigranas locais avisam que o embate de verdade se dará entre dois grupos que há anos vêm marcando fortemente a política daquele município, que se situa entre os 10 maiores do estado. Um deles é liderado pelo ex-prefeito Paraíba, que deve lançar a filha dele, Ociléia Fernandes (PRB); o outro será liderado por Talita Laci (PCdoB), que foi segunda colocada em 2012, conta com o apoio do pai, José Laci, ex-prefeito de Paço do Lumiar e com o aval do Palácio dos Leões. O prefeito Clodomir Santos (PRTB) já avisou que não será candidato, mas apoiará a candidatura do vereador Eudes Barros (PR), atual presidente da Câmara, o que pode desequilibrar a briga entre os grupos de Paraíba e Laci. Além destes, correm em faixa própria Sílvia Godinho (PTB) e Félix Moreira (PV).
A Coluna apurou que, mesmo faltando um ano para as eleições, esses cenários dificilmente mudarão nos três municípios que, junto com São Luís, formam a região metropolitana da Ilha de Upaon Açu.
PONTOS & CONTRAPONTOs
Com um pé na disputa
O prefeito Clodomir Santos (PRTB) desistiu de disputar a reeleição em Raposa. Foi motivado a recolher as armas eleitorais diante dos números negativos de avaliação de sua administração e pela pressão judicial que o tirou do cargo duas vezes, quando teve de ceder sua cadeira para Talita Laci, que agora desponta como favorita para sucedê-lo. Santos, no entanto, decidiu não sair do processo pela porta dos fundos e o caminho que encontrou para manter um pé no cenário eleitoral foi apoiar a candidatura do presidente da Câmara Municipal, vereador Eudes Barros. Para o prefeito, o objetivo maior é impedir a eleição de Talita Laci, mesmo sabendo que além da candidata e do grupo que a apoia, enfrentará também a força do Palácio dos Leões, cujo inquilino principal a quer no cargo.
Guerra de pais
A corrida eleitoral em Raposa terá dois pais medindo força nos bastidores da campanha. Talita Laci terá o suporte pessoal e político do pai, José Laci, que foi prefeito de Paço do Lumiar e que lidera um grupo expressivo em Raposa. Do outro lado estará Paraíba, ex-prefeito e líder forte no município, que vai de desdobrar para ajudar a eleger a filha, Ociléia Fernandes, que está na briga para medir forças com Talita Laci. A guerra de pais deverá ser o diferencial da corrida naquele município, onde os grupos têm força e muitos seguidores, o que às vezes eleva a tensão durante a campanha eleitoral.
Prudência não faz mal a ninguém
Em todas as rodas em que o assunto é a disputa para a Prefeitura de São José de Ribamar, é via de regra unânime a expectativa de que a eleição do ex-prefeito Luis Fernando Silva são favas contadas, e com larga vantagem numérica. Luis Fernando Silva, porém, é um político já experiente e que se move pela prudência. Sabe que tem todas as chances de vencer o pleito, mas não descuida um só milímetro da linha segundo a qual eleição é eleição e ninguém deve considerar-se eleito antes da contagem dos votos.
São Luís, 12 de Setembro de 2015.
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