O PT realiza neste Domingo a primeira das três etapas do seu conhecido Processo de Eleição Direta (PED), por meio do qual seus 2,1 milhões de filiados em todo o País, distribuídos num emaranhado de correntes e tendências, escolherão delegados que elegerão dirigentes municipais, que em outubro escolherão os comandos estaduais e que em novembro dirão quem serão os seus dirigentes maiores no País, a começar pelo presidente nacional do partido. No Maranhão, um exército de 38 mil petistas regularmente filiados participará da eleição direta em 196 municípios onde o PT está devidamente organizado. A disputa mais dura ocorrerá em São Luís, onde a sigla tem cerca de oito mil filiados, divididos em várias correntes. A maior e mais forte delas é a Construindo um Novo Brasil (CNB), que comanda o partido atualmente, tem o ex-presidente Lula da Silva como líder máximo e lançou o jornalista e ex-vereador Kléber Gomes como candidato a presidente municipal pela chapa “Unidade Petista – Por Lula Livre”. No contrapeso está a Resistência Socialista, que é uma espécie de dissidência do CNB, e que tem como candidato a presidente o vereador Honorato Fernandes, que encabeça a chapa “Resistindo”.
O PT vai para as suas eleições internas marcado pela divisão, mas também com muita disposição para encontrar um caminho que una todas as suas correntes em torno de um projeto comum. O partido ainda sofre na pele as consequências do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, das acusações de desvio às suas principais lideranças e da controversa condenação e prisão do ex-presidente Lula da Silva. Tanto que a principal bandeira da tendência CNB é conseguir a liberdade do líder maior, de modo a que ele reassuma efetivamente o comando político da agremiação e seja candidato a presidente da República em 2022. Outras correntes do partido também pregam o “Lula Livre”, mas defendem que o PT tenha uma agenda mais aberta, que inclua o enfrentamento direto com o Governo Bolsonaro, de modo a devolver ao partido a condição de protagonista maior do campo oposicionista no Brasil.
Em São luís, o PT perdeu muito espaço político e força eleitoral depois que, orientado pelos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, rompeu com seus aliados tradicionais e se juntou com o Grupo Sarney durante 13 anos. Nas eleições de 2014, o PT rachou no Maranhão, ficando a corrente lulista, comandada por Raimundo Monteiro, com o Grupo Sarney e apoiando Edinho Lobão (MDB), e outra, que reuniu Domingos Dutra, Bira do Pindaré e Chico Gonçalves, entre outros, e se aliou ao candidato do PCdoB, Flávio Dino. O divórcio aconteceu em 2016, quando o Grupo Sarney apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em apoio ao vice-presidente Michel Temer, que deu o comando da República ao MDB.
Depois de muito tempo afastado dos seus parceiros tradicionais no Maranhão, por isso perdendo quadros de grande importância, como o ex-deputado federal e atual prefeito de Paço do Lumiar Domingos Dutra e o deputado federal Bira do Pindaré, que migrou para o PSB, o PT voltou às origens em 2018, agora com as correntes todas aliadas a Flávio Dino, mas com profundas divisões internas, que se evidenciam agora no Processo de Eleição Direta. O deputado estadual Zé Inácio prega a unidade do partido pelo CNB, enquanto o deputado federal Zé Carlos da Caixa faz o mesmo pela Resistência Socialista. As correntes, porém, alimentam muitas e graves diferenças.
As eleições internas, que além das lideranças municipais elegerão os dirigentes estaduais, definirão, por exemplo, como o partido participará das eleições para prefeito e vereador no pleito do ano que vem. Em São Luís, não será surpresa se o partido apoiar o candidato do PCdoB, podendo também, por outro lado, apoiar um candidato do PDT, ou ainda partir para carreira solo lançando candidato próprio. “Tudo vai depender do resultado do PED”, diz um experiente petista, que aposta numa aliança com o PCdoB indicando o vice, mas que também não descarta qualquer outra equação, incluindo a candidatura própria.
PONTO & CONTRAPONTO
MDB aposta no juiz federal José Carlos Madeira para disputar a Prefeitura de São Luís
Depois de ter descartado, por razões diversas, o lançamento da sua liderança mais forte, a ex-governadora Roseana Sarney, de alguns dos seus medalhões, como o ex-suplente de senador Lobão Filho e o deputado estadual Roberto Costa, de flertar com nomes reluzentes como a arquiteta Kátia Bogea, presidente do Iphan, de incentivar possibilidades o ex-deputado federal Victor Mendes e de não levar a sério investidas como a do vereador Astro de Ogum, o MDB começa a se posicionar com mais firmeza e objetividade na escolha de um candidato a prefeito de São Luís. O nome da vez é o juiz federal José Carlos Madeira, que tem aposentadoria programada para novembro deste ano. O magistrado está sendo de fato considerado pelo comando emedebista, e não como uma mera possibilidade, mas como um nome ideal para representar a agremiação na corrida para a sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). O comando emedebista já teria tido conversas prévias com José Carlos Madeira, e nelas ele teria admitido interesse no projeto no projeto do MDB de conquistar o Palácio de la Ravardière em 2020. Ludovicense, estudante do Liceu maranhense, formado em Direito pela UFMA e juiz federal que exerceu a maior parte do da sua correta trajetória no Maranhão, José Carlos Madeira é nome respeitado dentro e fora da magistratura, detentor, portanto, de todas as credenciais para, uma vez aposentado, ingressar na vida política e disputar qualquer cargo eletivo. Uma fonte a ele ligada informou à Coluna que ele só falará de política depois de novembro. O comando do MDB está contando os dias para que p magistrado aposente a toga e diga sim ao partido.
PSB bate martelo: Bira do Pindaré será candidato à sucessão de Edivaldo Holanda Jr.
O PSB bateu martelo: o partido vai disputar a Prefeitura de São Luís e o candidato será o deputado federal Bira do Pindaré. A decisão foi tomada em reunião da cúpula partidária realizada na quinta-feira (05), e deverá ser confirmada oficialmente a qualquer momento. A posição do comando socialista não surpreendeu, uma vez que a candidatura do parlamentar ganhou a condição de fato consumado depois que ele ingressou no PSB, assumindo o controle do partido em São Luís, e se consolidou ainda mais com a sua eleição para a Câmara Federal. Bira do Pindaré alimenta o projeto de concorrer ao Palácio de la Ravardière desde 2008, quando ainda era um dos quadros importantes do PT, pelo qual concorrera ao Senado em 2006 contra o mito Epitácio Cafeteira a quem venceu em São Luís, principal reduto cafeteirista. Tentou viabilizar a candidatura em 2012, mas não conseguiu, por questões partidárias, o mesmo acontecendo em 2016. Agora, que tem o controle do PSB na Capital, e tendo demonstrado que base política e viabilidade eleitoral em São Luís, está determinado a encarar o desafio de testar o seu prestígio numa disputa que se desenha complicada. A começar pelo fato de que terá como adversários o deputado federal Eduardo Braide pelo Podemos, o deputado federal Rubens Jr. ou o deputado estadual Duarte Jr. pelo PCdoB, o deputado estadual Neto Evangelista pelo DEM, e o deputado estadual Dr. Yglésio ou o vereador Osmar Filho, presidente da Câmara Municipal, pelo PDT, entre outros aspirantes.
São Luís – agora mais garbosa e orgulhosa com 407 anos -, 08 de Setembro de 2019.