No cenário de instabilidade que dominou fortemente o meio político em 2018, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB) foi, de longe, o que alcançou a vitória mais contundente e completa no Maranhão. Na condição de 1º vice-presidente do Poder Legislativo, ele foi alçado à presidência da Assembleia Legislativa na primeira semana de Janeiro e foi confirmado no cargo em eleição quase unânime, foi para a guerra eleitoral e dela saiu com o mandato renovado com a quarta maior votação e caminha para continuar presidente na próxima Legislatura, que será iniciada em fevereiro, quando começa o novo mandato presidencial. O presidente deve ser confirmado, a julgar pelas declarações dadas pela maioria dos deputados eleitos e reeleitos que comporão o parlamento estadual. Essa sucessão de eventos políticos e eleitorais teve o deputado Othelino Neto como destacado protagonista, que lhe deu o peso dos que chegam no topo, e o status de “raposa”.
A reviravolta provocada pela morte do então presidente Humberto Coutinho (PDT), em Janeiro de 2018, fez com que o deputado Othelino Neto, até ali um atuante membro da base do Governo, se transformasse no chefe de Poder Legislativo que, um ano após a posse, revelou-se eficiente e equilibrado e que conseguiu o respeitado e apoio até dos seus adversários.
Quem acompanha sua trajetória desde que começou como militante do movimento estudantil, e depois do Partido Verde, no início dos anos 90, então uma agremiação em processo de formação e da qual saiu para militar no PSDB, no PDT e finalmente no PCdoB, percebeu que a ascensão do economista e jornalista Othelino Neto era apenas uma questão de tempo. Organizado, bem articulado e com faro apurado, soube se colocar nas horas e nos lugares certos, como o período em que foi secretário de Estado de Meio Ambiente no Governo de José Reinaldo Tavares, e no suporte que deu aos primeiros momentos da gestão do ex-governador João Castelo (PSDB) na Prefeitura de São Luís em 2009. Desembarcou na Assembleia Legislativa com a soma dessas experiências, para se tornar um parlamentar com futuro aberto.
Bom tribuno, com discurso forte, inteligente e sempre bem fundamentado, que não desperdiça uma frase solta e com o qual defende o Governo e bate nos adversários com o mesmo vigor, o deputado Othelino Neto usou todas as suas habilidades para ocupar o espaço que domina hoje no cenário político estadual. Muitos duvidaram de que ele seria 1º vice da Casa, de que seria presidente e de que se manteria. No cargo, conseguiu separar posição partidária da ação presidencial, dedicando tratamento igualitário aos deputados, não distinguindo governista de oposicionista, o que lhe valeu rasgados elogios de membros da Oposição, como um dos mais destacados deles, o deputado Adriano Sarney (PV), que vem pregando enfaticamente sua eleição para novo mandato presidencial. Torpedeou assim todas as dúvidas e hoje é o comandante inconteste do Poder Legislativo, reunindo as condições políticas para continuar no comando na legislatura que será iniciada no dia 1º de Fevereiro de 2019.
O segredo do político Othelino Neto é a noção exata que ele tem da realidade na qual se movimenta e das suas possibilidades e dos seus limites. Sabe perfeitamente que o cargo que ocupa é sonho colorido de todos os deputados e tem plena consciência de que, tanto na Situação quanto na Oposição, alguns deles trabalham diuturnamente para um dia despachar no cobiçado gabinete presidencial. O presidente da Assembleia Legislativa sabe que, confirmada sua eleição para novo mandato presidencial e dependendo do seu desempenho político, sua posição ganhará importância imensurável nas decisões que vierem a ser tomadas para montar a equação sucessória do governador Flávio Dino em 2022.
O bom desempenho como presidente do Poder Legislativo, sua reeleição indiscutível e a praticamente certa eleição para novo mandato presidencial fizeram com que o deputado Othelino Neto chegasse ao final de 2018 com o um vencedor incontestável.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha estaria disposto a disputar a Prefeitura de São Luís. Será?!
Se, de fato, estiver mesmo pretendendo disputar a Prefeitura de São Luís daqui a 21 meses, o senador Roberto Rocha (PSDB) jogará uma cartada que o afastará da beira do abismo em que se encontra ou resultará na colocação de uma pá de cal sobre sua carreira política. É saudável que o senador tucano se mostre já recuperado do tombo monumental que levou na sua tentativa de chegar ao Governo do Estado em Outubro deste ano. Mas não parece politicamente prudente que três meses após ele sinalize com a possibilidade de entrar na briga pela sucessão do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de quem foi vice e com quem está rompido. Até onde é possível observar, o senador Roberto Rocha, por berço e por experiências já vividas, sabe tudo de política, daí não parecer razoável que ele não perceba que depois das eleições deste ano, na qual o seu partido foi destroçado nas urnas, sua carreira está por um fio. A menos que tenha concebido uma estratégia que contrarie a lógica, a iniciativa do senador, se for mesmo o caso, parece surreal. Isso porque, mesmo que deixe o PSDB e atrele seu mandato ao Governo de Jair Bolsonaro (PSL), suas chances numa disputa dessas, contra um Eduardo Braide (PMN) e um Bira do Pindaré (PSB), são rigorosamente inexistentes, como parecem ser também numa disputa senatorial como governador Flávio Dino em 2022. O bom senso recomenda que o senador Roberto Rocha avalie bem seu próximo passo, sob pena de ser mandado para casa.
Famem ainda examina decisão judicial contra verba carnavalesca para 157 municípios
Repousa sobre a mesa do presidente da Famem, Cleomar Tema (PSB), a sentença do juiz Douglas Martins, da Vara de Direitos Difusos e Coletivos, que recomenda ao Palácio dos Leões a não liberação de recursos para festas carnavalescas a 157 municípios que ainda não fazem parte do Sistema Nacional de Trânsito. A decisão tomada atendendo ao pedido do Ministério Público, está baseada no argumento de que milhões de reais são gastos anualmente com assistência médica a acidentados do trânsito, principalmente motoqueiros. Para o MP, o fato de esses municípios não adotarem regras severas para o trânsito urbano leva o País a gastar milhões e milhões anualmente, deixando de investir em programas fundamentais, como o da saúde básica. Há sinais de que o Governo do Estado poderá cumprir a sentença. Resta saber como a Famem, cujo presidente, Cleomar Tema é médico e sabe tudo sobre o assunto, vai reagir.
São Luís, 29 de Dezembro de 2018.