As pesquisas do Ibope e do DataIlha sobre as tendências do eleitorado na corrida para o Governo do Maranhão divulgadas ontem funcionaram, juntas, como uma poderosa injeção de ânimo na candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB) à reeleição, e como uma forte ducha de água fria na candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Primeiro porque confirmou, com toda ênfase, o favoritismo do governador, reforçando a possibilidade de a eleição ser resolvida em turno único, e depois porque reduziu drasticamente as chances de a candidata emedebista alimentar o projeto de chegar a um segundo turno e, com ele, disputar “uma nova eleição”. As duas pesquisas depositaram ainda mais algumas pás de barro no projeto do senador Roberto Rocha (PSDB) de pelo menos se consolidar como uma “terceira via”, agora que parece ter sido definitivamente atropelado pela ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSL). Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU) não pontuaram, mas eles são na verdade anticandidatos, estando mais preocupados em aproveitar as brechas da propaganda para disseminar suas ideias contra a “democracia burguesa”.
Os 49% apurados pelo Ibope e os 52% do DataIIha para o governador Flávio Dino refletem com precisão a soma de uma série de fatores que o favorecem claramente: Governo sério e transparente, bons programas sociais, avaliação altamente positiva, posicionamento político ao mesmo tempo coerente e pragmático – sem qualquer escorregão até aqui -, e uma campanha bem armada, que o mostra como o líder de um processo, e não como um “salvador da pátria”. Os percentuais informam também a aprovação da mudança proposta em 2014 e que foi confirmada nos últimos anos pelo cumprimento da quase totalidade dos compromissos de campanha, segundo informações levantadas por organizações insuspeitas como o portal G1, do Sistema Globo. Mais do que isso, revelam que para a maioria, o governador Flávio Dino tem cacife para não precisar lançar mão de recursos como o uso excessivo da sua relação com o ex-presidente Lula da Silva (PT).
Os 32% da pesquisa do Ibope e os 27% do levantamento do DataIlha representam, antes de qualquer coisa, o tamanho atual do poder de fogo político e eleitoral da ex-governadora Roseana Sarney e, ao mesmo tempo, o provável teto a que pode chegar o Grupo Sarney nessa disputa. E a explicação é uma só: o Grupo concebeu e jogou uma grande e decisiva cartada confiando exclusivamente no cacife da sua única estrela, sem se dar conta de que esse tipo de astro, depois de 24 anos eclipsando todos ao seu redor, 14 deles governando com super poderes, acaba fadigando e perdendo o brilho e poder de atração. Além disso, o comando do Grupo Sarney vem cometendo um erro primário: tentar atirar o governador Flávio Dino na vala comum dos maus políticos, não se dando conta de que atacá-lo por má gestão e por desvios não cola. Difícil, quase impossível, portanto, reverter essa tendência nas próximas duas semanas, mesmo levando em conta a máxima segundo a qual no Maranhão político até boi voa.
Os 5% do Ibope e os 3% do DataIlha encontrados em favor da candidata Maura Jorge têm tudo a ver com a sua aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a corrida pelo voto também no Maranhão. Mas o que está deixando observadores boquiabertos é a vantagem da ex-prefeita de Lago da Pedra sobre o candidato do PSDB a governador, Roberto Rocha, que tem 2% das intenções de voto, segundo o Ibope, e 1,41%, conforme o DataIlha. Maura Jorge, que não tem partido, estrutura, militantes, dinheiro nem tempo de Rádio e TV, bate um candidato que é senador da República, comanda um partido forte, tem recursos para a campanha e dispõe de quase 1 minuto e meio no Rádio e na TV, desperdiçados com uma campanha esteticamente inovadora mas nem um pouco inteligente. Em resumo: os dois parecem irremediavelmente fora da disputa, limitando-se a fazer figuração.
O dado final das duas pesquisas amarra a vantagem incontestável do governador Flávio Dino: transformados em votos válidos – sem brancos e nulos (5% do Ibope e 5,76% do DataIlha) e não sabe nem respondeu (7% do Ibope e 9,88% do DataIlha) – ele alcança o patamar dos 60% de votos válidos, o que, se confirmado, tudo acabará no dia 7 de Outubro. Por outro lado, vale registrar que a prudência política sempre lembra que eleições só se ganha com o anúncio do resultado.
Em Tempo: A pesquisa do Ibope ouviu 1.008 pessoas entre os dias 16 e 18 de Setembro, tem margem de erro de três pontos percentuais e está registrada no TSE sob o protocolo 07474/2018. A pesquisa DataIlha ouviu 2.412 eleitores entre os dias 15 e 18 de Setembro, tem margem de erro de três pontos percentuais e está registrada no TSE sob o protocolo MA-07779/2018.
PONTO & CONTRAPONTO
Alexandre Almeida mantém intrigante ataque a Edison Lobão, que segue nos trilhos do equilíbrio
Por mais que o deputado Alexandre Almeida (PDSB) afirme que o seu virulento ataque ao senador Edison Lobão (MDB) seja apenas um ato de campanha para expor sua visão política e, claro, tentar reverter a sua colocação em último lugar no pelotão dos seis candidatos que de fato disputam as duas vagas no Senado, a impressão dominante é a de que a estratégia do parlamentar é fruto de uma “parceria” com algum outro interessado na vaga. De cara, as primeiras suspeitas recaíram sobre o comitê central da campanha do deputado federal Sarney Filho (PV). Aliados do ex-ministro do Meio Ambiente, porém, apressaram-se para desmanchar tal suspeita, afirmando que Sarney Filho faz uma campanha correta e limpa, sem atacar nenhum dos concorrentes. Tudo bem. Mas o fato de o senador Edison Lobão liderar a corrida por várias semanas, fazer uma campanha com base na sua longa e vitoriosa trajetória, enquanto Sarney Filho apresenta desempenho menor expressivo e de a candidata ao Governo Roseana Sarney (MDB) investir forte e isoladamente na candidatura do irmão no horário eleitoral gratuito, sem dizer uma palavra de incentivo à campanha do senador tem deixado muitos observadores intrigados, estimulando também o surgimento de rumores de uma “guerra” entre a família Lobão e a família Sarney. A Coluna ouviu fontes confiáveis com trânsito no Grupo Sarney e ouviu delas que existe, de fato, um clima de tensão entre as duas correntes, mas nada que possa ter levado algum sarneysista desastrado a tramar, sem o aval da cúpula, e bancar o ataque virulento do deputado Alexandre Almeida ao senador Edison Lobão. O fato é que a pancadaria de Alexandre Almeida contra Edison Lobão continua na TV e no Rádio, enquanto o senador, do alto da sua experiência e usando suas reconhecidas sobriedade pessoal e sabedoria política, mantém sua campanha nos trilhos do equilíbrio.
Edivaldo Jr. barra na Justiça tentativa de empresários de usar reajuste de salários para aumentar tarifas
O prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) desativou na Justiça uma bomba contra a população: conseguiu barrar a tentativa das empresas de transportes coletivos de São Luís de garantir que as tarifas pagas pela população fossem aumentadas todas as vezes em que elas aumentassem os salário dos seus motoristas, cobradores, fiscais e funcionários em geral. A vitória do prefeito de São Luís foi consolidada ontem, quando a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) aplicou entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para confirmar decisão de primeira instância, que não concordou com a vinculação do aumento salarial de funcionários de empresas de ônibus à obrigação de reajuste da tarifa cobrada dos passageiros do transporte coletivo de São Luís. A ação foi ajuizada pela Prefeitura de São Luís para impedir o aumento abusivo para usuário, sob o argumento óbvio: se os salários são reajustados todos os anos, o impacto na passagem seria drástico para o usuário.
A vitória do prefeito Edivaldo Holanda Jr. foi desenhada no voto do desembargador-relator Jaime Ferreira de Araújo (relator), que concordou com o entendimento do Juízo de origem, de acordo com o STJ, de que a ocorrência de movimento grevista de empregados das empresas concedentes do serviço público, do qual possa eventualmente resultar aumento/reajuste salarial, não configura situação imprevisível capaz de vulnerar a cláusula que prevê um período mínimo de 12 meses para reajuste do contrato. Traduzindo: o preço das tarifas nos coletivos não pode estar vinculado aumento salarial dos funcionários das empresas. Os desembargadores Marcelino Everton e Luiz Gonzaga acompanharam o voto do relator.
São Luís, 19 de Setembro de 2018.