O surpreendente e traumático rompimento dos laços políticos que ligavam ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido) e o governador Flávio Dino (PCdoB) está, de fato, consumado, e tudo indica que não haverá retorno, pelo menos no que diz respeito ao processo eleitoral em curso. A iniciativa de romper partiu do ex-governador, insatisfeito por não ter já sido escolhido para uma das duas vagas de candidato a senador na chapa a ser liderada pelo governador. Foi o resultado de meses de “disse-me-disse”, “vai, não vai”, “será ou não será?”, numa maratona desgastante, que acabou drenando o que havia de politicamente saudável nas relações dos dois aliados, e levando o primeiro a jogar a toalha e chutar o balde, e o segundo a aceitar o desfecho, mas decidido a não mudar o modus operandi para a escolha de candidato acertado dentro da aliança.
O Palácio dos Leões já aguardava esse desfecho, mas o governador Flávio Dino acreditava que o ex-governador José Reinaldo, mesmo insatisfeito, cuidaria para definir sua posição partidária e, sem esse problema, buscar apoio dentro dos partidos da aliança governista, o que certamente o levaria à outra vaga. Um assessor político governista argumenta que a escolha do deputado federal Weverton Rocha (PDT) para uma das vagas não foi um ato isolado do governador Flávio Dino. Ao contrário, ele foi escolhido porque criou as condições políticas e partidárias para tornar sua escolha irreversível, e quando isso aconteceu, o governador referendou-a. O ex-governador José Reinaldo, por sua vez, não cuidou de criar essas condições, mesmo tendo sido alertado para isso. Tinha todas as condições de criar um movimento político-partidário para viabilizar seu pleito, mas chegou a sete meses das eleições sem filiação partidária, travando uma queda de braço com a direção local do DEM, podendo ou não ingressar no partido, uma situação complicada para um candidato a pleito majoritário.
O rompimento, claro, terá desdobramentos. Isso porque, por mais distante que esteja nos campos ideológico e programático, José Reinaldo Tavares é um quadro diferenciado, com enorme cacife, por ter feito um governo com forte conotação política, por ter respaldado a arrancada política e eleitoral de Flávio Dino e, principalmente, por ter sido o avalista-mor do movimento que tirou o Grupo Sarney do poder em 2006, com a eleição de Jackson Lago (PDT) e em 2014, com a eleição do atual governador. Sua saída abre um rombo considerável na aliança liderada pelo governador Flávio Dino, e levará para o grupo que o acolher a possibilidade concreta de se eleger senador. No contrapeso, abre caminho para que a escolha do segundo nome na chapa do governador Flávio Dino seja feita sem maiores problemas, podendo recair sobre a deputada federal Eliziane Gama (PPS, mas podendo migrar para o DEM), que tem se destacado nas pesquisas.
No campo pessoal, o rompimento está causando estragos nos dois lados. Mesmo dono de um temperamento forte, corre entre seus amigos que ele está emocionalmente abalado por se afastar do grupo, mas ao mesmo tempo mais decidido do que nunca a não votar atrás. Já o governador Flávio Dino está agastado com o episódio e pelo afastamento de um amigo que muito considera, independente das diferenças políticas, que são abissais. Os dois, no entanto, acostumados com duros reveses, estão determinados a seguir em frente, tornando praticamente impossível uma eventual reconciliação.
Agora sem compromisso com o governador, José Reinaldo Tavares inicia uma frenética série de articulações para definir o partido ao qual vai se filiar até o dia 7 de março, quando termina a janela partidária para as eleições de outubro. Rumores fortes indicam que seu destino mais provável é mesmo o DEM, hoje controlado no estado pelo deputado federal Juscelino Filho e pelo tio dele, deputado estadual Stênio Rezende. Se esse ingresso se confirmar, será na verdade um retorno do ex-governador à suas origens partidárias. Nesse caso, o DEM deve sair da aliança governista, o que será uma perda respeitável para o governador Flávio Dino em matéria de tempo no rádio e na TV durante a campanha.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto diz a presidente da Fiema que manterá Legislativo em diálogo permanente com setores produtivos
Sempre que tiver em pauta matéria que envolva o setor produtivo, a Assembleia Legislativa estará aberta a ter como interlocutora a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), por entender que a indústria, além ser braço chave do setor produtivo, tem na Fiema um interlocutor credenciado para dialogar com o Poder Legislativo. Trata-se de entendimento firmado pelo presidente da Assemblei Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), externado ontem, durante a visita da cúpula da Fiema, liderada pelo presidente Edilson Baldez, ao Poder Legislativo. Os dirigentes do segmento industrial, a começar pelo presidente da Fiema, não esconderam seu entusiasmo para com o presidente da Assembleia Legislativa, principalmente por se tratar de um político jovem e militante de esquerda.
Na conversa com os líderes do setor terciário maranhense, o presidente Othelino Neto foi enfático ao destacar a importância da manutenção do diálogo permanente da classe empresarial com o Poder Legislativo. “Para nós, é um prazer receber aqui a visita da diretoria da Fiema, liderada por Edilson Baldez. Tivemos uma conversa produtiva sobre o cenário econômico do país, mais especialmente sobre a conjuntura de nosso Estado, de modo que pudemos trocar informações sobre problemas e desafios do Maranhão, em face das mudanças que estão ocorrendo na vida econômica do Brasil”, assinalou o presidente do Poder Legislativo.
Othelino Neto foi mais longe ao acrescentar que é da importância capital para a economia do estado seja fundada em bases sólidas, entendendo ser da maior relevância que os projetos que afetam diretamente o setor produtivo sejam discutidos e analisados na Casa mediante essa interlocução com a Fiema e seus sindicatos. E concluiu: “Quem ganha com isso é o Maranhão”.
O posicionamento lúcido e propositivo do presidente da Assembleia Legislativa impressionou o presidente Edilson Baldez, que reafirmou ser fundamental a uma parceria inteligente e madura entre a Fiema e o Legislativo Estadual. “Foi muito importante esta visita de cortesia, porque tivemos a oportunidade de reafirmar o nosso interesse em manter o diálogo com a Assembleia Legislativa de nosso Estado e dizer da nossa disposição em contribuir para a discussão e o debate dos temas de interesse maior do setor produtivo do Maranhão”, afirmou Edilson Baldez.
O presidente da entidade que congrega o setor industrial do Maranhão destacou que o empresariado, mesmo com todas as dificuldades, busca sempre avançar na luta por melhores indicadores econômicos, que se refletem, também, na melhoria dos indicadores sociais.
– Os empresários dedicam-se à implementação de seus negócios, que são iniciativas que promovem a geração de mais renda e mais emprego para a nossa população. Daí o empenho para que possamos diminuir o nível de importação em nosso Estado. A nossa luta é para que os nossos produtos sejam cada vez mais competitivos e o Maranhão, cada vez mais, possa importar menos e exportar mais”, frisou o presidente da Fiema.
Em Tempo: Edilson Baldez estava acompanhado do empresário Luiz Fernando Renner, membro do Conselho Consultivo da Fiema; os presidentes do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão, Cláudio Donizete Azevedo; do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Luís, Pedro Robson Holanda da Costa; e do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Óleos Vegetais e de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Maranhão, Raimundo Nonato Pinheiro Gaspar, e do diretor de Relações Institucionais da Fiema, Roberto Bastos.
Ministério da Segurança de Michel Temer foi projeto de proa da pré-candidata presidencial Roseana Sarney em 2001/2.
É provável que a decisão do presidente Michel Temer (MDB) de criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública tenha passado pelo crivo do ex-presidente José Sarney (MDB) e até mesmo da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), ambos muito influentes no Palácio do Planalto. Explica-se: em 2001, quando pontificou na etapa prévia como nome forte na corrida presidencial, a então governadora Roseana Sarney chegou a liderar pesquisas, aparecendo à frente de Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). E seu prestígio de pré-candidata chegou ao auge quando ela anunciou que um dos seus projetos prioritários seria a criação do Ministério da Segurança Pública. A ideia ganhou tanto apoio que a pré-candidata pemedebista definiu logo o ministro para a pasta: o cearense Morone Torgan, delegado da Polícia Federal, conhecido pelos seus feitos policiais e que acabara de entrar na vida política como deputado federal pelo PFL. Moroni Torgan chegou a acompanhar Roseana Sarney em vários programas de entrevista, ganhando em todos eles espaço para explicar como funcionaria o futuro ministério. Mas o projeto de candidatura presidencial, e com ele o plano ministerial, foram levados pelo tsunami causado pela Operação Lunus, obrigando-a a disputar uma cadeira no Senado.
São Luís, 26 de Fevereiro de 2018.
“Respaldado a arrancada política de FD”, “avalista mor” é economia de conceito. Zé Reinaldo foi o pai, padrinho, mestre, consultor do atual governador, e foi vitimado pela própria cria. Cria esta que alguns dizem ser um homem inteligente, mas que faz política como se jogasse dama. Lembra-me uma frase bíblica: “A soberba precede a queda”.
Nestes tempos em que humildade é confundida com subserviência a soberba, a vaidade e a ingratidão prevalecem