Se não houver algum contratempo e a agenda do presidente Michel Temer (PMDB) for cumprida à risca, com seu embarque para uma viagem de sete dias à China, com passagem em Portugal, o deputado federal maranhense André Fufuca (PP-MA) será alçado à condição de ocupante do segundo cargo mais importante na estrutura do Poder em Brasília. Aos 29 anos, completados no domingo (27), será presidente interino da Câmara Federal, já que o presidente titular, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumirá a presidência da República, enquanto o 1º vice-presidente da Câmara Federal, Fábio Ramalho (PMDB-MG), integra a comitiva do presidente Michel Temer. Na sua interinidade, André Fufuca terá sobre sua mesa de trabalho o desafio de comandar sessões e votações tensas, que exigirão dele firmeza, equilíbrio e diplomacia no enfrentamento às “feras” da Câmara Baixa, principalmente na votação das PECs da Reforma Política, nas quais se encontram itens explosivos, como Distritão e o Fundo Eleitoral bilionário, além das cláusulas de barreira, entre outras.
André Fufuca sabe que ao sentar-se na cadeira principal da Mesa em sessão plenária terá colocado sobre seus ombros todo o peso de decisões que podem mudar o perfil político-partidário do País. Tem consciência também que decisões erradas e outras derrapagens, como, por exemplo, se deixar intimidar pela malandragem das “raposas” da Casa, podem resultar num fracasso retumbante, e como consequência venha ele ser marcado como o carimbo do despreparo. Terá ali o apoio de parlamentares tarimbados como o pemedebista catarinense André Perondi, vice-líder do Governo e que acha que o jovem deputado maranhense tem “lucidez e firmeza”. Mas terá também a torcida contrária de adversários como o tucano mineiro Tarcísio Delgado, que arrogantemente o vê como um deputado “despreparado” para lidar com “questões tão complexas”.
Presidir a Câmara dos Deputados nesse momento, quando ali estão tramitando várias matérias que estão dividindo o mundo político e a sociedade, pois terão impacto profundo no futuro imediato do País, como a Reforma da Previdência, por exemplo. A realidade e as circunstâncias exigem que o presidente da Casa esteja turbinado com doses extras de serenidade, paciência, tolerância e habilidade para administrar os conflitos que ali são visíveis e se mostram a cada discurso e votação. Tais recursos e talentos estão sendo vistos com frequências no presidente Rodrigo Maia em momentos de tensão que estremeceram a Câmara Baixa em tempos recentes.
Ao contrário do que muitos estão supondo, o deputado André Fufuca não é um parlamentar ingênuo largado à própria sorte numa arena política num momento em que correntes ideológicas e programáticas encontram-se em conflito aberto. Apesar da pouca idade, tem personalidade forte, sabe se posicionar em situações complicadas e conta com a retaguarda do pemedebista mato-grossense Carlos Marum, políticos hábeis assumiram de frente a defesa do presidente Michel Temer e saíram ilesos daquele embate, contando também, se precisar e quiser, com a orientação de falcões da política, como os senadores João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB, e, dependendo das circunstâncias, até mesmo o ex-presidente José Sarney (PMDB). E para completar, o titular da Câmara Federal estará ali ao lado, no Palácio do Planalto, podendo ser informalmente consultado a qualquer momento. Isso sem contar com os conselhos do pai, prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Fufuca Dantas (PP), que sabe tudo a respeito de como sobreviver na política. Quem imaginar que André Fufuca vai cumprir a interinidade desarmado e sujeito a manipulações, pode estar muito enganado e correndo o risco de quebrar a cara.
Com dois anos de Câmara Federal e tendo o início do seu aprendizado no convívio raposas tarimbadas, a começar pelo próprio Eduardo Cunha, André Fufuca é hoje um político ao esmo tempo sóbrio e ousado, que sabe onde quer chegar e está aprendendo rápido o caminho das pedras. Os próximos sete dias poderão ser decisivos para os passos que ele pretende dar na consolidação da sua trajetória.
PONTO & CONTRAPONTO
Líderes petistas tentam criar clima de festa para a visita de Lula a São Luís na próxima semana
O braço maranhense do PT está se mobilizando como nunca para tornar visita do ex-presidente Lula da Silva, na próxima semana, como o fato político mais importante do Maranhão nos últimos tempos. Todo tempo disponível pelo partido no rádio e na TV está sendo usado pelos novos dirigentes e outros líderes da agremiação para criticar duramente o Governo do presidente Michel Temer e anunciar a caravana de Lula como o prenúncio de retorno dele ao comando do País. O presidente do partido no estado, Lobato, o ex-presidente Raimundo Monteiro, o secretário de Mobilização Henrique Sousa e o secretário de Estado de Esportes, Márcio Jardim têm se desdobrado para galvanizar os petistas maranhenses e os simpatizantes do ex-presidente, que tem reunido milhares em atos políticos por onde passa. Ao mesmo tempo, o governador Flávio Dino (PCdoB) e seus auxiliares e colaboradores políticos mais próximos vêm trabalhando para minar as armadilhas que seus adversários têm preparado para desestabilizar o clima de otimismo e euforia gerado pela iminente visita do ex-presidente da República. A ordem no PT criar uma situação em que Lula seja recebido em São Luís como o grande líder que, apesar de todos os revezes que tem amargado, continua sendo o maior líder político do País e que está fazendo o caminho de volta para a Presidência da República.
Denúncias contra Sarney podem ser arquivadas por falta de consistência
Todos os sinais indicam que a denúncia feita pelo ainda procurador geral da República, Rodrigo Junot, acusando o ex-presidente José Sarney (PMDB) de tramar contra a Operação Lava Jato e tentar obstruir a ação está sendo empurrada para o brejo. De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, as investigações feitas até agoira frustraram as expectativas dos acusadores. A Polícia federal, por exemplo, concluiu que o teor das conversas de José Sarney com os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, ambos do PMDB, gravadas pelo ex-presidente da Petrus, o ex-senador cearense Sérgio Machado, não passaram de “meras conjecturas”, não sendo, portanto, suficientes para configurar crise de construção da Justiça nem caracterizam uma trama para prejudicar a Operação Lava Jato. Quanto à denúncia protocolada no Supremo Tribunal Federal por Rodrigo Janot, na semana passada, acusando o ex-presidente da República e três senadores pemedebistas de “corrupção passiva” e “lavagem de dinheiro”, foi bombardeada pelo advogado de defesa Antônio Carlos Almeida Castro como “inconsistentes” e desprovidas de provas que lhes dê sustentação. O criminalista acredita que o Supremo não acolherá a denúncia contra José Sarney será arquivada por falta de provas. O provável destino das denúncias reforçam duas marcas da trajetória do líder político José Sarney: ele não foi pilhado em ato explícito e confirmado de corrupção, e não existe uma só acusação ou suspeita de que ele tenha usado violência para alcançar os seus objetivos.
São Luís, 28 de Agosto de 2017.
Primeiramente para o Maranhão ,será um marco para a politica nacional mais um maranhense se sobressaindo num período de mudanças e reformas . Para o deputado André,será uma oportunidade de demonstrar sua capacidade e limpar a péssima imagem deixada pelo deputado Valdir Maranhão.