André Fufuca perde o controle do PP, mas se mantém forte no cenário político do Maranhão

Amanda Gentil vai comandar o PP no lugar de
André Fufuca, de quem é aliada de proa

Aconteceu o que poucos acreditavam: o deputado federal André Fufuca, atual ministro do Esporte, foi punido pelo comando do seu partido, o PP, por não cumprir a determinação de desembarcar do Governo do PT e voltar à Câmara Federal para integrar a bancada da Oposição. Ele foi afastado do cargo de vice-presidente nacional e de presidente da legenda no Maranhão, e lhe tirou o controle do partido no Maranhão nomeando a deputada federal Amanda Gentil para sucedê-lo. Sua reação foi curta e direta: não vai se desfiliar do partido nem deixar o Ministério do Esporte, onde pretende permanecer até janeiro do ano que vem, quando pretende começar de fato sua pré-campanha ao Senado ou à busca da sua reeleição para a Câmara Federal. A decisão de permanecer no comando da pasta do Esporte foi avalizada pelo presidente Lula da Silva, que avaliou como um erro e uma violência a medida do PP contra o ministro.

O ataque sem precedentes do PP contra o ministro André Fufuca expôs dois vieses da situação do partido. Primeiro, o comando pepista decidiu tirar o partido do equilíbrio do centro para arrasta-lo para a direita, aproximando-se da direita radical bolsonarista. Segundo, decidiu usar como exemplo um quadro jovem e expressivo do partido, que já foi presidente nacional por mais de um ano, sendo atualmente vice-presidente, tendo também sido vice-presidente e presidente da Câmara Federal em nome da agremiação. Ou seja, um pepista de proa, como poucos, com a vantagem de ser muito bem relacionado dentro e fora do partido. Sua ida para o Ministério do Esporte foi um misto de indicação partidária com as articulações feitas por ele próprio com o Palácio do Planalto.

Em princípio, nada muda no projeto de André Fufuca de disputar o Senado, ou, numa espécie de “plano b”, buscar a reeleição para a Câmara Federal. O projeto senatorial vem se consolidando, segundo as pesquisas mais recentes, nas quais aparece como favorito para uma das vagas, num cenário sem o governador Carlos Brandão (ainda no PSB). Parte desse avanço é fruto de um amplo e intenso programa de investimentos do Ministério do Esporte no Maranhão, com obras – ginásios, estádios e projetos de incentivo aos esportes nas escolas, por exemplo -, além de emendas parlamentares para obras de infraestrutura em muitos municípios.

Politicamente, o ministro André Fufuca saiu com cacife poderoso das eleições municipais de 2024. Sob seu comando direto, o PP elegeu duas dezenas de prefeitos, entre eles os pepistas Rildo Amaral, de Imperatriz, Gentil Neto, de Caxias, e Felipe dos Pneus, de Santa Inês, por exemplo. Suas articulações mais recentes atraíram vários líderes municipais fortes para a base da sua pré-candidatura ao Senado. Nesse contexto, ao decidir intervir no braço maranhense do partido, como anunciado, o comando nacional não teve outra opção que não a deputada federal Amanda Gentil, política jovem, que pertence a um grupo forte, que tem como base a prefeitura de Caxias. Estava claro que o comando partidário não entregaria controle do PP maranhense a um adversário do ministro do Esporte.

Não se discute que sem o aval do PP a sua situação no Governo fica relativamente fragilizada. Mas a decisão do presidente Lula da Silva de apoia-lo mantendo-o no cargo compensa, em certa medida, a perde do apoio partidário. Além disso, a programação do Ministério do Esporte está em franca evolução, não sendo interessante para o Palácio do Planalto trocar o ministro a essas alturas do campeonato. Esse conjunto de fatores favorecem André Fufuca, que tem habilidade política suficiente para não dar murro em ponta de faca. Se ele decidiu enfrentar a cúpula partidária e a punição, é porque avaliou bem a situação e concluiu que o enfrentamento é o melhor caminho.

É claro que todo embate político, principalmente os desse nível, que envolvem projetos eleitorais em curso, contém uma margem de risco. Um deles é que seus adversários na corrida senatorial possam explorar o caso na pré-campanha e na campanha do ano que vem. Mas, com o lastro de um mandato de deputado estadual, três de deputado federal e muita vivência n os bastidores da República, ao que se soma a sua reconhecida habilidade no jogo do poder, André Fufuca reúne as condições para se manter forte no cenário político, e com promissora agenda eleitoral.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão admite conversar com Lula sobre disputar ou não cadeira no Senado

Carlos Brandão e Lula da Silva terão uma
conversa de aliados, sem tensões

“Já sei mais ou menos o que o meu grupo pensa e a gente vai colocar isso para o presidente Lula, não numa forma impositiva, mas uma forma de diálogo. Sobre eu disputar o Senado, isso tudo vai fazer parte dessa conversa”.

A declaração, dada pelo governador Carlos Brandão (ainda no PSB) nesta semana, em entrevista à TV Difusora, abriu uma enorme janela no cenário fechado em que vinha se dando a corrida ao Governo do Estado e ao Senado.

O governador não recuou um milímetro na sua decisão de permanecer no Governo até o final do mandato e apoiar a pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB) à sua sucessão. Mas o simples fato de admitir conversar sobre eventual candidatura ao Senado pode ter zerado o jogo jogado até aqui.

Isso não significa dizer que o mandatário maranhense tenha revisto sua posição. Mas todos os sinais produzidos por sua declaração indicam que ele poderá rever o seu roteiro para 2026, podendo alterar radicalmente o cenário e entrar na corrida para o Senado.

O governador Carlos Brandão já sabe que o presidente Lula da Silva pedirá que ele se candidate ao Senado, pois enxerga nele um político de centro, longe do radicalismo e alinhado a um eventual quarto mandato seu na presidência da República.

O “X” da questão é quem será o candidato de consenso ao Governo do Estado. Sua renúncia implicará a ascensão automática do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao cargo, e pelo que vem sendo dito, se candidatando à reeleição.

E a pergunta que fica no ar é a seguinte: o governador Carlos Brandão concordará com essa fórmula? É possível que a resposta definitiva não seja dada nessa primeira conversa, mas é provável que a decisão de disputar ou não o Senado seja alinhavada no encontro.

O detalhe a ser levado em conta nessa conversa é que ela não se dará entre dois líderes tensos e em lados diferentes, tentando encontrar uma saída para um problema aparentemente sem solução. A conversa será travada entre dois aliados firmes, desarmados, e com um elevado nível de simpatia mútua.

PSB vai montar agenda visando se preparar para as eleições do ano que vem

Caros Lula quer movimentar o PSB

O vice-presidente estadual do PT, deputado Carlos Lula, avisa que vai começar a movimentar o partido na direção das eleições do ano que vem. Ele avalia que, com a mudança de direção, na qual o comando partidário no estado passou a ser exercido pela senadora Ana Paula Lobato, o PSB deverá se movimentar para consolidar a nova situação.

Carlos Lula não tem planos de fazer qualquer movimento em relação ao governador Carlos Brandão, à presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, e dos deputados hoje no PSB, mas que não seguem a nova linha partidária.

 O atual comando do partido entende que o governador Carlos Brandao pode permanecer no partido pelo tempo que entender. Já o grupo de deputados estaduais, liderado pela deputada Iracema Vale, permanecerá sem problemas na legenda até a janela partidária, a ser aberta em março, quando parlamentares poderão mudar de partido.

 Para o vice-presidente Carlos Lula, o importante é que o PSB tem nova direção e terá nova orientação, que terá como foco as eleições do ano que vem.

São Luís, 09 de Outubro de 2025.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *