O governador Flávio Dino (PCdoB) vai ter dois comportamentos nas quatro eleições por meio das quais serão escolhidos os novos prefeitos de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Ele se movimentará dentro da lógica segundo a qual onde seu partido tiver candidato, se posicionará a favor desse aspirante. E onde a disputa envolver um ou mais aliados, mesmo que seu partido apoie um deles, a posição será de completa neutralidade. Com esses posicionamentos, Flávio Dino espera participar do processo eleitoral de maneira coerente, pois assim evitará entrar em choque com aliados, não correndo a assim o risco de impor desgastes à base partidária que garante a sustentação do seu Governo e lhe assegura governabilidade sem tremores. Nesse xadrez eleitoral, a movimentação de peças mais complicada será mesmo a de São Luís, onde o PCdoB não terá candidato, mas apoiará um deles contra outros aliados do Governo, o que obrigará o governador a se manter distante dos palanques e do horário eleitoral durante a campanha.
A situação na Capital é complicada porque, além do prefeito Edivaldo Holanda Jr., que tentará a reeleição pelo PDT com o apoio do PCdoB, o que em princípio, resultaria no apoio efetivo e declarado do governador. Ocorre os deputados federais Eliziane Gama (Rede) e João Castelo (PSDB) e o deputado estadual licenciado Bira do Pindaré (PSB), todos aliados de primeira hora do governador Flávio Dino devem ser candidatos, o que impedirá o chefe do Executivo de escolher um candidato, ainda que não seja segredo para ninguém que entre os quatro ele ficará com prefeito, a começar pelo fato de que Edivaldo Jr. se elegeu com o seu apoio e o apoiou ostensivamente na sua corrida ao Palácio dos Leões. Se, em vez de assumir a neutralidade ele assumisse apoiar o projeto de reeleição do prefeito de São Luís, o governador estaria correndo o risco de entrar em rota de colisão com Eliziane, Pindaré e Castelo, o que não faz sentido para o seu projeto político. Portanto, se o cenário incluir esses três candidatos além do prefeito, ou mesmo dois que seja, o governador não entrará na briga.
Em São José de Ribamar, o segundo maior colégio eleitoral da Ilha e um dos cinco maiores do Maranhão, o governador Flávio Dino também deverá assistir de longe a corrida para a Prefeitura. E a explicação é também partidária. Ali, o ex-prefeito Luis Fernando Silva será candidato pelo PSDB, partido que integra a base de apoio do Governo do Estado e que é comandado pelo vice-governador Carlos Brandão. Só que o adversário de Luis Fernando será o vereador Arnaldo Colaço, que disputará a Prefeitura pelo PSB, que também é parte da base de sustentação do governo, tendo como vozes de peso o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares e o senador Roberto Rocha. Além disso, o PCdoB tem representantes no município e terá de ouvi-los. Isso significa dizer que o governador Flávio Dino vai acompanhar de longe a corrida eleitoral na Cidade do Padroeiro.
Já em Paço do Lumiar e em Raposa o governador Flávio Dino deverá participar da campanha eleitoral, pois o PCdoB tem candidato a prefeito nas duas unidades municipais. Em Paço do Lumiar o candidato do PCdoB será o ex-deputado Domingos Dutra, que deixou o PT e se filiou ao partido governista. A situação não é tão fácil porque o prefeito Josemar, que deve tentar a reeleição, pertence a um partido da base governista, o PSDB. Mas como o PCdoB tem candidato, o resto fica em segundo plano. Situação idêntica acontecerá em Raposa, onde o PCdoB tem candidato: Talita Laci, que concorreu em 2012 pelo PCdoB, ficou em segundo lugar, e agora vai para a briga em condições bem mais favoráveis, já que embalada pelo sopro político do Palácio dos Leões, do que na última eleição.
Esse duplo procedimento não evitará as cobranças nem as eventuais mágoas de aliados que se sentirem relegados em favor de candidatos do PCdoB da simpatia do chefe do Poder Executivo. Ele próprio tem falado pouco sobre o assunto, mas o que disse até agora foi suficiente para confirmar o que já prega também o agora secretário de Assuntos Políticos e Comunicação e presidente do PCdoB, Márcio Jerry.
PONTO & CONTRAPONTO
Se vier a nascer, a CPI de Pedrinhas será arquivada
A declaração do ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, advogado e presidente do PSOL Luis Pedrosa, afirmando que a pacificação de Pedrinhas e alguns ganhos da Polícia no combate à criminalidade seriam frutos de um acordo do Governo com facções criminosas repercutiram largamente, principalmente nas redes sociais. E levou a oposição a pensar na possibilidade de propor a instalação de uma CPI para apurar o que foi dito. Nos bastidores da Assembleia Legislativa, no entanto, nenhum deputado além dos quatro que representam efetivamente o Grupo Sarney acredita no projeto dos deputados Adriano Sarney (PV) e Andrea Murad (PMDB). A opinião geral é que eles não conseguirão o número mínimo de assinaturas para formalizar a proposta, e mesmo se isso acontecer, a tal CPI terá o mesmo destino da CPI da Saúde, que com o aval da maioria foi parar no arquivo morto.
Reforma ainda será formalmente consumada
Os secretários Márcio Jerry, Felipe Camarão, Márcio Honaiser e Diego Galdino ainda não assumiram para valer as novas pastas resultantes da fusão e que lhe foram entregues pelo governador Flávio Dino. O motivo é simples: a Medida Provisória que as criou está pronta para ser encaminhada à Assembleia Legislativa, para que a reforma seja efetivamente consumada. Para lembrar: secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry será agora secretário de Articulação Política e Comunicação; Márcio Honaiser comandará agora a Secretaria de Agricultura e Pesca; Felipe Camarão ganhou uma pasta nova em folha, a Secretaria de Governo. Mas quem se deu bem mesmo foi Diego Galdino, que era adjunto da Secretaria de Cultura e ascendeu para o comando de uma pasta mais poderosa: a Secretaria de Cultura e Turismo.
São Luís, 21 de Janeiro de 2016.
Sobre a questão da CPI do Sistema Carcerário acreditamos que é de extrema necessidade porque envolve um setor que não está correspondendo com as expectativas da população. E a proposta liderada pelo deputado Adriano Sarney e pelos demais oposicionistas visa esclarecer determinadas situações que colocam o governo numa situação complicada. Como por exemplo, o suposto acordo com as facções. Acredito que este tema tem o apoio da população e os deputados devem ficar atentos, pois perderão um grande oportunidade de demonstrar o compromisso da Casa com a maioria da população que vive amedrontada pelo caos na Segurança Pública.