Imperatriz: Rildo ganha o apoio de JP e Mariana vai “hospedar” Bolsonaro por três dias

Rildo Amaral e Mariana Carvalho
disputam o comando de Imperatriz

O cenário da disputa do segundo turno em Imperatriz, segundo maior e mais importante município do Maranhão, ganhou ontem desenho definitivo com a declaração de apoio do deputado federal Josivaldo JP (PSD), terceiro colocado, à candidatura do deputado estadual Rildo Amaral (PP), que tem como adversário Mariana Carvalho (Republicanos). A declaração de apoio abre um caminho natural para que a maior parte do 19% dos eleitores que votaram no parlamentar do PSD adiram à candidatura de Rildo Amaral, fortalecendo expressivamente o seu cacife eleitoral. Outro dado que conta a favor de Rildo Amaral foi a declaração de neutralidade do quarto colocado na corrida do primeiro turno, Nilson Takashi, mas com duras e graves crítica à direita que apoia a candidata do Republicanos.

À exemplo de todos os embates de segundo turno, a disputa pelo comando da Prefeitura da antiga Vila do Frei, hoje uma potência regional com PIB anual de R$ 8 bilhões, movimenta forças políticas do estado e ganha projeção nacional. Para começar, o candidato do PP tem como padrinho o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), e agora ganhou o suporte denso do governador Carlos Brandão (PSB), que está mobilizando forças aliadas em seu favor. Além do mais, o ex-deputado Marco Aurélio (PCdoB) e o PT, por intermédio do vice-governador Felipe Camarão, estão se incorporando à base de apoio do candidato do PP.

Como aconteceu no 1º turno, Rildo Amaral tem como conselheiro e um dos articuladores da sua campanha o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que conhece a fundo a natureza e os humores do eleitorado de Imperatriz. Ele tirou férias da Casa Civil para se dedicar à campanha do candidato do PP.

Na outra ponta da corda, Mariana Carvalho, que saiu do 1º turno em 2º lugar, tem como principal suporte o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que na primeira rodada passou dois dias em Imperatriz e agora avisa que permanecerá três dias na cidade em campanha a seu favor. Além disso, a candidata do Republicanos recebeu apoio de Josimar de Maranhãozinho (PL) e de Lahesio Bonfim (Novo). Todos eles encarnam um discurso ideológico de uma oposição de direita. Embalada por esses apoios, Mariana Carvalho preferiu o discurso agressivo contra o Governo do Estado e contra o Governo Federal. Isso significa dizer que, se eleita, será uma prefeita isolada, sem diálogo com o Palácio dos Leões e com o Palácio do Planalto. E até as barrancas do rio Tocantins sabem que uma cidade como Imperatriz, por mais rica que seja, sofre sem uma gestão municipal articulada com o a estadual e a federal.

A candidatura de Rildo Amaral tem um projeto bem claro: dar uma guinada na vida de Imperatriz, uma cidade que está saindo de um governo desastroso e que precisa urgentemente de uma gestão forte, ativa e que a retire do enorme buraco financeiro e administrativo em que foi colocada nos últimos oito anos. (Não foi sem razão que pesquisas recentes revelaram que o prefeito Assis Ramos (UB) é rejeitado por mais de 80% da população, situação que o obrigou a não interferir na corrida sucessória.)

O apoio do deputado federal Josivaldo JP ao candidato Rildo Amaral pode ser decisivo, uma vez que ele pode se traduzir efetivamente em votos, assim como o aval do governador Carlos Brandão. Vale lembrar que o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a Mariana Carvalho a colocou no 2º, mas não tirou um só voto de Rildo Amaral, que permaneceu na ponta e na ponta saiu das urnas. Além disso, o desenrolar da campanha pode ser decisivo para motivar o eleitorado, reduzindo a indecisão e a abstenção.

PONTO & CONTRAPONTO

Se cair nas armadilhas do poder, Douglas Pinto corre o risco de virar Celestino e Marcial

Douglas Pinto: sob risco de cair no canto
da sereia do poder, a exemplo de
Pedro celestino e Marcial Lima

Uma notícia veiculada ontem por alguns portais da blogosfera acendeu o sinal de alerta em relação ao vereador eleito Douglas Pinto (PSD), que saiu das urnas como o mais votado na história recente das eleições para a vereança da Capital, reconhecido pelo seu trabalho como jornalista militante na TV Mirante. De acordo com a informação, o prefeito Eduardo Braide (PSD) estaria pensando lançar Douglas Pinto para concorrer à presidência da Câmara Municipal.

A Coluna investigou e não encontrou base na informação, a começar pelo fato de que mais de 20 dos 31 vereadores eleitos já declararam apoio à candidatura do presidente e vereador reeleito Paulo Victor (PSB) para comandar a Casa no primeiro biênio da nova legislatura. Esse quadro é suficiente para desestimular qualquer candidatura, a não ser que se trate de uma espécie de anticandidata, destinada a apenas marcar presença. Douglas Pinto não precisa disso.

Mesmo assim, o jovem e politicamente inexperiente Douglas Pinto deve refletir profundamente antes de dar resposta a qualquer oferta que lhe seja feita para controlar o seu mandato e o poder de fogo que lhe deram mais de 16 mil votos. E os pontos de reflexão são dois ex-vereadores muito bem votados e que caíram no canto da sereia e se deram mal.

Em 1988, Pedro Celestino, então um jovem servidor público, negro e sem padrinho, candidato a vereador pelo então recém-nascido Partido Verde (PV), encantou o eleitorado com uma campanha baseada no slogan “Pedro Celestino, o pequeno que incomoda”, saindo das urnas como um dos mais votados.

Com a força do seu discurso, turbinado com críticas e cobranças, se ele tivesse mantido a coerência e atuado como um vereador sem amarras, como se mostrara e prometera na campanha, certamente sobreviveria. Mas, ao contrário, caiu no canto da sereia do Palácio de la Ravardière, aceitando o convite do prefeito Jackson Lago (PDT) para ser o líder do Governo. Sua atuação na liderança foi um desastre, porque ele arquivou o discurso que o levou ao mandato e perdeu completamente a força do “pequeno que incomodava”. Dois anos após iniciar o mandato, ele já era um vereador medíocre, sem brilho, e nunca mais se reelegeu.

Mais recentemente, esse passo em falso foi dado pelo vereador Marcial Lima (Podemos e depois PSB). Partidário do prefeito Eduardo Braide, caiu no canto da sereia se tornando líder do Governo. E foi exatamente por isso que saiu da posição de vereador independente, a voz da periferia em que se tornara na telinha da TV Mirante e nas ondas da Rádio Mirante AM, que o elegeu, e se tornou a voz do Governo municipal. Marcial Lima viu sufocada a independência e o senso crítico do vereador-jornalista e passou ser um vereador como qualquer outro, pagando por isso o preço da não reeleição.

Em resumo: se quiser se tornar um político de fato, Douglas Pinto só tem uma coisa a fazer: usar a coerência e manter o seu discurso de campanha, apoiando as coisas boas da gestão municipal, mas sendo um crítico severo das mazelas que penalizam a periferia da Capital.

Disputa na Famem vai medir os cacifes eleitorais de situação e oposição no estado

Roberto Costa e Belezinha devem
disputar o comando da Famem

Uma disputa forte ganha corpo no Maranhão no pós-eleições: a escolha do novo comando da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), que ocorrerá em janeiro. Pelo que está sendo rascunhado até aqui, de um lado estará o deputado Roberto Costa (MDB), prefeito eleito de Bacabal, com o apoio do governador Carlos Brandão (PSB), e de outro a prefeita Dulcilene Belezinha (PL), reeleita em Chapadinha, lançada com o apoio do chefe maior do seu partido, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho.

Nas contas de um político experiente, o resultado das eleições indica que, numa disputa para valer, o prefeito eleito de Bacabal sai com a vantagem de ter 37 votos do seu partido, somados aos 19 do PSB, os 29 do PP, os 26 do União Brasil, dos sete do PSDB, seis do PRD, três do Mobiliza e dois do PT, totalizando 129 votos, ou seja, 20 votos a mais que o mínimo (109) necessário para eleger o presidente da Famem.

Já a prefeita Belezinha entra com o potencial de 41 votos do PL, 19 do Republicanos, 18 do PDT, num total de 78 votos, 39 a menos do que o mínimo necessário (109) para eleger o presidente da Federação.

É claro que numa eleição dessa natureza, a situação eleitoral não pode ser tão cartesiana. Mas, sem desmerecer o cacife inicial da prefeita reeleita de Chapadinha, qualquer avaliação inicial certamente apontará vantagem para o deputado e prefeito eleito de Bacabal, Roberto Costa. Como se trata de uma disputa eminentemente política, não se trata de uma verdade absoluta, mas de uma tendência, no caso muito forte.

São Luís, 15 de Outubro de 2024.

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