O Maranhão foi de novo alvo de uma pancada forte desferida involuntariamente pelo trabalho estatístico do IBGE. Pesquisa anunciada ontem informou que o estado ficou situado na rabeira da Federação como o detentor da menor renda domiciliar per capita ao longo do ano de 2023: R$ 945,00. E para mostrar o tamanho dessa distorção socioeconômica, o portal de notícias da Folha de S. Paulo maltratou com a seguinte manchete: “Renda no Maranhão é menos de 30% da registrada no DF”, que no ano passado foi de R$ 3.357,00. Vale esclarecer que o rendimento domiciliar per capita representa a razão entre o total das rendas domiciliares e o número de moradores.
Além de ter sido o último do ranking, o Maranhão foi o único dos 27 entes federativos em que a renda familiar per capita foi inferior a R$ 1 mil, uma vez que estado imediatamente situado à sua frente, o distante e remoto Acre, conseguiu renda média de R$ 1.095,00, ou seja, alcançou R$ 60,00 a mais. O Maranhão perdeu feio para Alagoas, que apareceu no ranking com R$ renda per capita de R$ 1.110,00.
Mesmo que entre os sete últimos do ranking estejam estados como Amazonas (R$ 1.172,00), Ceará (R$ 1.166,00), Bahia (R$ 1.139), Pernambuco (R$ 1.113,00), Alagoas (R$ 1.110,00) e Acre (R$ 1.095,00), todos com rendas per capita chinfrim, se comparadas à do Distrito Federal – que não produz um só caroço de arroz -, o fato de aparecer situado na última posição sinaliza com clareza que o Maranhão continua um estado que se arrasta no campo do desenvolvimento e, por isso, estigmatizado pelos indicadores sociais e econômicos.
Tal situação é atenuada aqui e ali por levantamentos periódicos relacionados com a geração de empregos, mas parece que são apenas picos sazonais e não uma média de crescimento consistente.
Com 7,5 milhões de habitantes espalhados em 308 mil quilômetros quadrados, com seu território situado entre o oceano Atlântico, com uma costa gigantesca e diversa, onde se situam os Lençóis e uma fauna marinha; é parte da Amazônia, região potencialmente rica; e do Nordeste e quase Sudeste, onde recebe a onda incontrolável do agronegócio, ao que se acrescenta o gás natural que já está sendo explorado. Isso sem citar São Luís, que é uma joia tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, com enorme potencial, principalmente tendo ao lado o futuro desenhado pela Base Espacial de Alcântara.
Os milhares de vagões da Vale não param de abarrotar navios com minério de ferro, os campos de produção de soja, milho e algodão aumentam de tamanho a cada safra, as festas populares como Carnaval e São João atraem multidões e lotam hotéis, enquanto caravanas não param de fazer o périplo São Luís/Barreirinhas, e por após vai, enquanto a Alumar continua o produzindo alumínio e alumina e a Suzano não para de produzir celulose e já avança na produção de papel propriamente dito. Isso tudo tendo como base e referência o complexo portuário do Itaqui, um dos maiores do País.
Tudo isso leva inevitavelmente à pergunta: por que não dá certo? Não se pode dizer que o Maranhão estagnou. Não faz sentido. O estado recebeu um grande volume de investimentos durante o mandato presidencial de José Sarney, que coincidiu com o Governo Epitácio Cafeteira (87/90), ao que se seguiram os Governos Edison Lobão (91/95), Roseana Sarney (95/99 e 99/2002), José Reinaldo Tavares (2002/2007), Jackson Lago (2007/2009), Roseana Sarney (2009/2010 e 2011/2014), Flávio Dino (2015/2028 e 2019/2022). Todos encerraram fazendo balanços alentados no que diz respeito ao desenvolvimento econômico do estado.
A bola está com o governador Carlos Brandão (PSB), que tem sido incansável na corrida em busca de investimentos, dentro e fora do Brasil, numa maratona sem descanso entre São Luís e Brasília, às vezes passando por São Paulo, Minas e outros estados onde existem empresas dispostas a apostar, como a Inpasa, o complexo de produção de proteínas vegetais, que está a caminho de Balsas, fruto dessa garimpagem persistente.
PONTO & CONTRAPONTO
Disputa pelo TCE segue com Flávio Costa quase eleito e Carlos Lula mantendo candidatura
Não houve alteração no quadro da disputa para a vaga do Tribunal de Contas aberta com a aposentadoria do conselheiro Washington Oliveira. Lançado candidato com o apoio do governador Carlos Brandão e seu grupo, o advogado Flávio Costa consolidou sua posição com 35 assinaturas de apoio. Já o deputado Carlos Lula, que se lançou candidato na terça-feira, apontando irregularidades no processo de escolha, teria conseguido seis assinaturas.
Pelas regras em vigor, que a Mesa da Assembleia avalia como inteiramente regulares, o advogado Flávio Costa caminha para ser candidato único, condição garantida pelas 35 assinaturas de apoio à sua candidatura. A regra diz que para ser candidato, o pretendente deve contar com o mínimo de 14 assinaturas de apoio, podendo ter quantas forem possíveis, e que um deputado não pode apoiar duas candidaturas. E como Flávio Costa já teria 35, Carlos Lula não poderá mais alcançar o mínimo de 14.
Em resumo: se não houver uma reviravolta radical até segunda-feira, quando termina o prazo de inscrição, Flávio Costa será conselheiro do TCE provavelmente na sessão de quarta-feira da semana que vem. Só correndo o risco da judicialização prometida pelo deputado Carlos Lula.
Deputado dispara chumbo grosso contra gestão de Imperatriz
O deputado estadual Ricardo Seidel (PSD) resolveu jogar pesado contra o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (Republicanos). Ontem, momentos após a deputada Janaína Ramos (Republicanos), que é a primeira-dama daquela cidade, haver ocupado a tribuna para comemorar o sucesso que foi o Lava-Pratos do carnaval da Princesa do Tocantins, o parlamentar fez um discurso de uma dureza surpreendente no ataque à atual gestão municipal.
Durante sua fala, Ricardo Seidel mostrou imagens de avenidas praticamente desmanchadas por conta das chuvas, e denunciou que que é dramática a situação de muitas escolas e hospitais municipais do município, além do “grave problema” das contas públicas, que segundo ele, estão em total desequilíbrio. Ricardo Seidel afirmou, em tom enfático, que Imperatriz é hoje uma prefeitura com problemas gigantesco, a começar pelas dívidas.
Chamou a atenção o fato de que nenhum deputado se manifestou contra ao duro e agressivo discurso do deputado Ricardo Seidel. Nem a deputada Janaina Ramos, que preferiu não responder ao ataque virulento do deputado em exercício, que é vereador por Imperatriz.
São Luís, 29 de Fevereiro de 2024.