Brandão fecha 2023 politicamente fortalecido e com governo produtivo

Carlos Brandão: fortalecimento no primeiro ano

Não se pode afirmar que 2023 foi “o ano da vida” do governador Carlos Brandão, mas pelo menos no plano político, se não foi, andou muito perto disso. Ele começou o ano tomando posse como um vencedor, reeleito que fora em um só turno, e fecha o 12º mês como chefe incontestável do PSB e da aliança de 13 partidos cujo comando vinha exercendo, mas que na prática dividia com o senador licenciado Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública. Em qualquer situação, o governador conta efetivamente com pelo menos 38 dos 42 deputados estaduais, sendo frequente propostas suas serem chanceladas com a unanimidade do parlamento estadual. Não tem o controle integral da bancada federal, mas conta nela com maioria segura de deputados federais e senadores. As relações com o Poder Judiciário têm os seus focos de tensão, mas nada que possa sequer sugerir a ideia de uma crise institucional. Não bastasse esse conforto político, essa estabilidade institucional, Carlos Brandão cultiva excelentes relações com o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios, o que lhe assegura acesso a recursos federais.

Desde a redemocratização, não há na crônica política maranhense registro de um Governo com esse suporte. Epitácio Cafeteira (1987/1990) obteve tudo o que pretendeu do presidente José Sarney, mas governou com oposição dura, tendo o deputado Ricardo Murad como contrapeso na presidência da Assembleia Legislativa. João Alberto (1990/1991), enfrentou oposição pesada no parlamento e fora dele. Edison Lobão (1991/1993) não teve o mesmo link com Brasília e fez um Governo sem muitas crises, mas com dura oposição. Roseana Sarney (1995/2002) conviveu bem com Brasília no seu primeiro Governo e até metade do segundo, e enfrentou oposição cerrada na Assembleia Legislativa. Jackson Lago (2007/2009) amargou má vontade de Brasília e oposição daninha no parlamento estadual. Nos seus dois últimos Governos, Roseana Sarney se deu bem em Brasília, mas teve de encarar uma oposição obstinada. Flávio Dino teve de conquistar o apoio de Dilma Rousseff e de conviver com o Michel Temer no primeiro mandato e enfrentar a hostilidade assumida do Governo Bolsonaro inteiro, além de um arremedo de oposição na Assembleia Legislativa. Ou seja, nenhum Governo pós-redemocratização viveu a estabilidade do Governo Brandão no início do mandato.

 Esse cenário não é um presente dos deuses nem um produto de mágica política. Ele é o resultado de uma construção tijolo a tijolo na qual o conflito ideológico perdeu espaço por conta de uma ação política que levou em conta todas as correntes. Essa linha de ação foi iniciada por Flávio Dino, que reuniu quase todas as correntes políticas em torno do seu Governo. E foi aperfeiçoada por Carlos Brandão, que puxou para a base as forças, entre elas o que restou do sarneysismo, que resistiram aos encantos dinistas. Hoje, somente o senador Weverton Rocha faz oposição ao Governo Brandão, mas é uma oposição isolada, quase pessoal, uma vez que os deputados estaduais do PDT integram ativamente a base do Governo. Não existe, pelo menos institucionalmente, qualquer movimento político no Maranhão o que possa ser identificado como oposição.

O governador Carlos Brandão faz uma gestão arrojada, mas com os pés calcados na realidade. Mantém programas sociais como o Restaurante Popular, com mais de 150 unidades espalhadas em todo o estado; vem ampliando cada vez mais a rede hospitalar, e consolidando a política educacional com foco na escola de tempo integral e na formação técnica de nível médio. Tem feito grande esforço para atrair investimentos nas diversas frentes da economia estadual, incluindo o turismo, com a valorização do potencial natural e cultural do Maranhão – Lençóis, São João e Carnaval, por exemplo. Enfim, faz um Governo ativo, que vai atrás, que criar as condições para atrair investimentos. Um exemplo recente foi o acesso rodoviário da praia de Aroaca, um paraíso litorâneo com enorme potencial para a indústria do turismo em todos os seus aspectos. No campo industrial, o desembarque da Inpasa em Balsas, para a produção de energia e proteína vegetal a partir da seja, é um ganho econômico real.

A relação com Brasília se manteve uma intensidade além do previsto, que pode ser medida com a vinda de 23 ministros ao Maranhão, incluindo o chefe da Casa Civil Rui Costa, e sem incluir Flávio Dino, André Fufuca (Esporte) e Juscelino Filho (Comunicações), que visitaram o estado com frequência.

Por contas de perdas tributárias, bombas de efeito retardado deixadas pelo Governo Bolsonaro, levaram o Governo do maranhão a enfrentar uma crise fiscal no segundo semestre, tendo o pico entre outubro e dezembro. O governador Carlos Brandão acionou os mecanismos de contenção de despesa, editou medida proibindo gastos, contratações e novos serviços, estimulando os demais Poderes a fazer mesmo. Deu certo. Conseguiu manter a situação sob controle, assegurou os salários e o custeio da máquina pública sem sobressalto, e pôde e alimentar, com um controle rígido, a pauta de investimentos, principalmente em São Luís.

O fato é que o governador Carlos Brandão fechou 2023 em sólida estabilidade política e plena normalidade administrativa.

PONTO & CONTRAPONTO

Felipe Camarão, o vice que atua para dar suporte ao governador

Felipe Camarão: o vice que soma

Desde que os governadores voltaram a ser escolhidos pelo voto direto, em 1982, o cargo de vice-governador foi, na maioria dos casos, fonte de problemas graves para os titulares. Dos oito governadores eleitos de lá para cá – Luiz Rocha, Epitácio Cafeteira, Edison Lobão, Roseana Sarney, José Reinaldo Tavares, Jackson Lago e Flávio Dino -, apenas Edison Lobão, Roseana Sarney, nos dois últimos mandatos, e Flávio Dino, nos seus dois mandatos consecutivos, não enfrentaram a conversão de vices em adversários incômodos. A tranquilidade com que Flávio Dino governou tendo Carlos Brandão (PSB) como vice é a mesma que ele, Carlos Brandão, encontra-se vivenciando tendo Felipe Camarão (PT) como o segundo na hierarquia do Governo.

Resultado da cuidadosa engenharia política concebida por Flávio Dino, a chapa Brandão/Camarão foi a equação perfeita naquele momento e que se revelou inteiramente acertada com a vitória da chapa em turno único. Felipe Camarão, um jovem advogado com sólida formação técnica, e que juntou no mesmo matulão preparo e competência, fartamente demonstrados como secretário de Estado da Educação ao longo dos Governos Dino, agora acrescenta um traço decisivo: habilidade política. No seu primeiro ano como vice-governador, Felipe Camarão foi o aliado integral. Primeiro permanecendo à frente da Secretaria de Educação, e depois como substituto eventual do governador, tendo cumprido as suas obrigações sem qualquer ato, gesto ou palavra que ferisse a aliança que une os seus partidos. Ao contrário, todos os seus movimentos têm sido no sentido de fortalecer a aliança.  

Como vice-governador, Felipe Camarão cumpriu rigorosamente toda a agenda que o levou várias vezes ao comando temporário do Governo, podendo-se dizer o mesmo do secretário de Estado da Educação. À frente do Governo, manteve o ritmo da máquina pública e tomou decisões que lhe couberam na interinidade. Além disso, encontra tempo para participar de reuniões partidárias, consolidando cada vez mais o espaço que conquistou na legenda desde que se converteu ao petismo e passou a ser peça-chave da equação que resultou na chapa Brandão/Camarão.

Ao longo de 2023, Felipe Camarão foi um dos suportes que garantiram estabilidade ao Governo Carlos Brandão.

Weverton é voz solitária de oposição ao Governo Brandão

Weverton Rocha: única voz
de oposição a Carlos Brandão

Desde que iniciou o novo mandato, em janeiro, o governador Carlos Brandão só tem um contraponto opositor, o senador Weverton Rocha (PDT), terceiro lugar da eleição de 2022. O senador, que é também o presidente do PDT no Maranhão, com forte influência na cúpula regional do partido, já esteve várias vezes – circunstancialmente, vale anotar -, com como governador, com quem conversou amistosamente, mas o fato real é que o senador Weverton Rocha faz questão de “lembrar”, aqui e ali, que não integra a base de apoio do atual Governo do Maranhão.

As razões para essa posição podem ser resumidas num único tema: ao ser reeleito deputado federal em 2014, Weverton Rocha montou o roteiro simples e direto para chegar ao Palácio dos Leões, primeiro sendo eleito senador, o que conseguiu em 2018, após ter combinado com governador Flávio Dino, e ser governador em 2022, com o apoio do grupo dinista, quando essa corrente e seus aliados já havia batido martelo em favor de Carlos Brandão, consumando uma construção que durou sete anos. Fez de tudo para reverter aquele projeto, e no mais primário erro político cometido no Maranhão nos últimos tempos, resolveu pagar para ver. Foi um desastre.

Jovem e impetuoso, com mais quatro anos como senador pela frente, cometeu o segundo erro primário: ao invés de aliar-se ao antigo aliado vitorioso, decidiu vestir a camiseta oposicionista. Os quatro deputados estaduais eleitos pelo PDT colocaram as cartas na mesa e avisaram quer não o seguiriam, preferindo apoiar o Governo.

Senador ativo, com bom nível de articulação na Casa, Weverton Rocha trabalha intensamente para fortalecer seu nome no cenário estadual. E pode ter encerrado 2023 cometendo o terceiro erro primário: escolher o governador Carlos Brandão como adversário na corrida ao Senado em 2026.

São Luís, 30 de Dezembro de 2023.

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