Entrada de Eliziane afeta Braide e pode mudar o cenário dentro do PSD

Eliziane Gama, Eduardo Braide, Fernando Braide e Josivaldo JP: diferentes visões ideológicas dentro do PSD

A guinada ideológica da senadora Eliziane Gama ao deixar o Cidadania, partido com linha de esquerda moderada, para ingressar no PSD, que seus líderes definem como centro-direita, mexeu com a legenda e deve causar mesmo uma redefinição da situação da agremiação no Maranhão. Essa possibilidade de alteração está no fato de que a filiação da senadora produziu um quadro de instabilidade no partido, que é o atual pouso partidário do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, e do seu irmão, o deputado Fernando Braide, ambos recém-chegados ao mesmo. Até onde se sabe, o braço do PSD no Maranhão é hoje controlado pelo prefeito de São Luís, embora a presidência ainda esteja com o ex-deputado federal Edilázio Jr., que deve repassá-lo ao deputado federal Josivaldo JP, que é quem de fato conta para os interesses do presidente do partido, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

O PSD maranhense se tornou uma salada ideológica. A senadora Eliziane Gama, que já foi filiada ao PT, tem hoje um perfil de esquerda moderada, com clara inclinação para o centro, posição identificada com a do deputado Eric Costa, que se elegeu prefeito de Barra do Corda pelo PCdoB em 2012, legenda que abandonou para se filiar ao PSD, pelo qual se elegeu para a Assembleia Legislativa. Na outra extremidade do partido estão o prefeito Eduardo Braide e seu irmão Fernando Braide, que têm postura e atuação de centro-direita, e o deputado federal Josivaldo JP, que é de direita e integra a ala bolsonarista do partido, caso do ex-deputado federal Edilázio Jr, bolsonarista assumido quando no exercício do mandato, tendo como bandeira uma forte ojeriza à esquerda.

Por mais concessões que esses líderes façam aos seus convivas partidários, é difícil imaginar a senadora Eliziane Gama apoiando a candidatura do prefeito Eduardo Braide à reeleição em 2024. Alinhada inteiramente ao campo criado pelo então governador Flávio Dino (PSB) e hoje comandado pelo governador Carlos Brandão (PSB), a senadora Eliziane Gama deixou o Cidadania por uma questão de sobrevivência partidária, uma vez que aquele partido está definhando e deixou de ser um porto seguro para um político em ascensão, como é o caso dela e do prefeito de São Luís. Será politicamente normal que a senadora vier a tentar levar o PSD para o campo governista, como também está bem claro e que o prefeito de São Luís faça o mesmo.

A convivência desses contrários dentro do PSD poderia ser mais prolongada se não houvesse as eleições municipais agendadas para 2024, sendo o atual prefeito Eduardo Braide candidato à reeleição. Pela lógica, a senadora Eliziane Gama apoiará em São Luís o candidato que for lançado pelo governador Carlos Brandão com o apoio do ministro Flávio Dino, que poderá ser o deputado federal Duarte Jr. (PSB), pré-candidato assumido, ou o presidente da Câmara Municipal da Capital, Paulo Victor (PCdoB), que também pensa mudar de partido. O que torna a situação menos complicada é o fato de a senadora Eliziane Gama, pelo menos até aqui, não haver sinalizado interesse em disputar a Prefeitura de São Luís nem manifestado preferência por algum dos pré-candidatos.

A chegada da senadora Eliziane Gama sacudiu violentamente o braço do PSD no Maranhão, mesmo que em matéria eleitoral o interesse dela esteja reservado para o grande embate de 2026, quando deve pleitear a renovação do mandato senatorial. Mas para chegar lá com respaldo, ela precisará de aliados em prefeituras importantes, sendo a de São Luís a mais destacada e influente delas. E não será nem um pouco confortável para ela própria e seus pares dentro do partido, se venha a permanecer no partido, mas apoiando e candidato de outra agremiação. Não faz sentido nem o prefeito Eduardo Braide aceitará.

O PSD do Maranhão, que tem dois deputados estaduais, um federal, uma senadora e o prefeito de São Luís, está correndo o risco de perder o prefeito Eduardo Braide e o deputado Fernando Braide. Mas há quem diga que isso será só a primeira de uma série de algumas surpresas que estão a caminho desse partido.  

PONTO & CONTRAPONTO    

Com forte DNA político, Rodrigo Lago define prioridades para o seu mandato

Rodrigo Lago: atento a tudo, mas com três prioridades

Com a experiência do advogado militante e do homem público que atuou em várias áreas no Governo Flávio Dino – criou e implantou a Secretariada Transparência e respondeu pelas pastas de Comunicação e Articulação Política e Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar -, o deputado Rodrigo Lago (PCdoB) chegou à Assembleia Legislativa preparado para debater qualquer tema social, econômico ou político dentro da atual realidade maranhense.

Ele, porém, definiu três áreas em que atuará mais fortemente. A primeira é a relacionada com a Justiça e a advocacia, com o objetivo de tornar mais fácil e eficiente a atuação de seus colegas advogados nesse campo. A segunda é a Educação, que na avaliação dele precisa ser cada vez mais melhorada, elevando o padrão educacional do Estado, pois vê no processo educativo o único caminho para o pleno desenvolvimento do Maranhão. E, finalmente, a agricultura familiar, que na sua avaliação precisa de apoio cada vez mais intenso e abrangente.

Com o DNA do pai, Aderson Lago, que foi um dos deputados mais atuantes e mais competentes nas últimas décadas, Rodrigo Lago está determinado a honrar o mandato.

Preço da carne no Maranhão é duramente criticado por Eric Costa

Eric Costa: preço da carne é manipulado por frigoríficos

Proteína indispensável no campo da alimentação, mas consumida por uma minoria cada vez menor no Maranhão e no País, a carne bovina foi tema de um interessante momento da sessão de ontem da Assembleia Legislativa, protagonizado pelo deputado Eric Costa (PSD), ex-prefeito de Barra do Corda.

Ele denunciou que o elevado preço da carne para o consumidor é uma grave distorção na cadeia que começa com o produtor, passa por frigoríficos – que são os atravessadores -, responsáveis diretos pelo preço elevado da carne no Estado. Ele explicou que o produtor, que está na base da cadeia produtiva, vinha amargando prejuízos com a alta dos insumos, o que tornou a carne mais cara. Só que os produtores foram à luta e conseguiram uma redução de 35% nos seus custos, percentual que foi aplicado no valor para os frigoríficos. Fazendo o papel de atravessadores, os frigoríficos não repassaram a redução de custos ao consumidor, que continua e pagando caro.

Resumo da opereta: os poucos frigoríficos maranhenses impõem preços baixos aos produtores, mas não repassa a redução dos custos para o consumidor, que é o elo mais prejudicado da cadeia produtiva da carne no Maranhão.

A denúncia do deputado Eric Costa obteve o apoio expresso dos deputados Arnaldo Melo (PP) – ele próprio um produtor -, Yglésio Moises (PSB), Júnior Cascaria (Podemos) e Wellington do Curso (PSC).

São Luís, 10 de Fevereiro de 2023.

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