Tudo aconteceu na nova Assembleia Legislativa exatamente de acordo com o script alinhavado pelas lideranças do bloco governista: a deputada Iracema Vale (PSB) foi eleita presidente do Poder Legislativo por unanimidade, assim como os demais membros da Mesa Diretora, integrantes de chapa única, montada por acordo partidário – o único desvio foi o voto do deputado Yglésio Moises (PSB) contra o deputado Rodrigo Lago (PCdoB) para 1º vice-presidente. Ao contrário dos mais recentes, o ato formal de posse dos deputados para a 20ª Legislatura (2023/2026) ganhou um diferencial importante, com forte simbologia e claro indicativo de que esse mandato do parlamento estadual pode seguir um roteiro menos previsível do que os anteriores.
O mais evidente ponto de referência para os ventos de mudanças que podem estar a caminho está exatamente na eleição da deputada Iracema Vale para comandar o Poder Legislativo, sendo ela uma das 12 mulheres que compõem o novo parlamento. E isso ficou claro no discurso com que ela inaugurou a sua presidência, no qual disse, com ênfase: “Somos independentes, mas não intransigentes. Temos que andar de mãos dadas com os demais poderes”. Uma visão institucional adequada para uma estreante na vida parlamentar.
Não há dúvida de que, por mais importantes e destacados que sejam os seus 41 colegas, o foco da sociedade sobre o parlamento maranhense terá na presidente Iracema Vale o alvo principal. Todos estão curiosos para saber como a primeira mulher, que é enfermeira de formação e tem no currículo político dois mandatos consecutivos e bem-sucedidos de prefeita de Urbano Santos, e que, agora, eleita chefe maior da Assembleia Legislativa, vai desempenhar as suas funções e encarar, com a determinação dos vencedores, os desafios que tem pela frente. Ela mesma deu a pista: “Eu tenho 30 anos de serviços prestados ao povo do Maranhão e plena consciência da responsabilidade que pesa sobre meus ombros. Nós faremos uma gestão pautada pela dedicação, integridade e transparência”.
Como que ciente das interrogações em relação à sua presidência, principalmente sucedendo uma gestão experimentada de cinco anos, comandada pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), a nova dirigente da Assembleia Legislativa responde: “Sem dúvida alguma, nós enfrentaremos todos os desafios com coragem e determinação”. A segurança com que falou deixou no ar uma forte dose de convicção e seriedade, passando também a nítida impressão de que a agora deputada-presidente sabe o que está fazendo, e sabe onde quer chegar.
Iracema Vale não alcançou a chefia do Poder Legislativo por acaso, nem pelo impulso de um simples projeto pessoal. Para começar, além da decisiva condição de mulher, ela emergiu das urnas com nada menos que 104 mil votos, votação jamais alcançada por um candidato a deputado estadual no Maranhão, lastro que a tornou uma militante política altamente credenciada. Ela somou esse cacife à aliança política com o governador Carlos Brandão, de cuja campanha participou na linha de frente, na sua região de atuação e fora dela – Urbano Santos, adjacências e grande parte da Região Leste do estado.
Sob a liderança da presidente Iracema Vale, o novo comando da Assembleia Legislativa produz algumas situações importantes. A primeira delas é que, mesmo não sendo subserviente ao Governo, como a própria presidente alertou, o governador Carlos Brandão não enfrentará problemas com a tramitação das pautas. Mais do que isso, terá na presidente uma interlocutora segura e confiável para a construção de uma convivência republicana com a Assembleia Legislativa. Os seus movimentos feitos até aqui mostraram que a deputada Iracema Vale sabe transitar com desenvoltura na delicada seara política, como ficou demonstrado durante sua eficiente campanha para ser presidente do Poder Legislativo.
E a julgar por tudo o que a parlamentar protagonizou desde a sua surpreendente eleição, é possível acreditar que a nova Assembleia Legislativa está em boas mãos e pode surpreender.
PONTO & CONTRAPONTO
Muitos municípios têm representações fortes na nova Assembleia Legislativa
A Assembleia Legislativa empossada ontem tem cores fortemente regionalizadas. Na sua composição estão parlamentares posicionados por regiões, a partir de cidades-polo, que dão a impressão de que essas regiões se destacam mais que as outras. Vários deputados, entre eles Iracema Vale (PSB), nasceram em São Luís, mas só três encarnam a condição de representante dos seus mais de 700 mil eleitores:
Roberto Costa (MDB), Renato Braide (PSD), Osmar Filho (PDT) e Guilherme Paz (Patriotas). Imperatriz, por sua vez, mandou uma represente assumida: Janaína Ramos (Republicanos), mulher do prefeito Assis Ramos, e renovou o mandato do deputado Antônio Pereira (PSB). Caxias tem duas representantes, as deputadas Daniella Gidão (PSB), que representa o grupo do prefeito Fábio Gentil (Republicanos), e Cláudia Coutinho (PDT), casada com o prefeito de Matões do Norte, Ferdinando Coutinho (PDT), mas que representas o grupo Coutinho na Princesa do Sertão. Balsas mandou duas representantes: Dra. Viviane (PDT), esposa do prefeito Eric Silva (PDT), e Andreia Rezende (PSB), que encarna a oposição naquele município. Barra do Corda, por sua vez se fará presente na Assembleia Legislativa pelas deputadas Abigail Cunha (PL), ligada ao prefeito Rigo Teles (PL), e pelo ex-prefeito Éric Costa (PDT). E Bacabal mandou dois deputados: Florêncio Neto (PSB), filho e sucessor do ex-deputado Carlinhos Florêncio (PCdoB), e Daniel Brandão (PSB), filho do prefeito Edvan Brandão.
E a casos de representante único, mas assumido: Timon tem o deputado Rafael Leitoa (PSB), Codó tem o deputado Francisco Nagib (PSB), Chapadinha é representada por Aloísio Santos (PL).
Empossados no Senado e na Câmara, respectivamente, Dino e Juscelino voltam hoje a ministérios
O agora senador licenciado Flávio Dino (PSB) retorna hoje ao comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e o deputado federal Juscelino Filho (UB) ao gabinete principal do Ministério das Comunicações. Ambos foram exonerados na terça-feira pelo presidente Lula da Silva, para que pudessem tomar posse nos seus novos mandatos. Hoje, tão logo suas licenças sejam formalizadas e eles sejam renomeados para as chefias ministeriais, os seus suplentes assumirão suas vagas.
Na vaga de Flávio Dino assumirá a 1ª suplente, a enfermeira Ana Paula Lobato (PSB), que já renunciou ao cargo de vice-prefeita de Pinheiro. Já na vaga de Juscelino Filho na Câmara Federal, será empossado o 1º suplente do União Brasil, Benjamin da Costa, um médico gaúcho que vive em Açailândia.
São Luís, 02 de Fevereiro de 2023.