Candidatura virou “rolo-compressor” e Ivo Rezende pode ser candidato único na Famem

Ivo Rezende pode vir a ser candidato único à presidência da Famem com o apoio de Carlos Brandão

Poucas vezes uma articulação para a definição de uma candidatura forte e difícil de ser batida aconteceu de maneira tão rápida e avassaladora como a do prefeito de São Mateus, Ivo Rezende (PSB), para a presidência da Federação dos Municípios do Maranhão – Famem. Delineada durante as últimas semanas da campanha eleitoral e consolidada tão logo foi anunciado o resultado do 1º turno das eleições gerais, com a reeleição do governador Carlos Brandão (PSB) e a eleição do ex-governador Flávio Dino (PSB) para o Senado, a candidatura de Ivo Rezende foi confirmada na noite de terça-feira (08) numa casa de festas em São Luís, onde recebeu o apoio declarado de nada menos que 123 prefeitos de corpo presente. O lançamento foi prestigiado pelo vice-governador eleito Felipe Camarão (PT), e – acredite se quiser – avalizado em mensagem de vídeo pelo atual presidente, o prefeito de Igarapé Grande Erlânio Xavier (PDT), homem forte do esquema político do senador Weverton Rocha (PDT).

Apoiado pelo seu padrinho político, o ex-prefeito são-mateuense Milton Aragão (PSB), um dos mais ativos chefes políticos da base do governador Carlos Brandão, Ivo Rezende fez um intenso, mas discreto, trabalho prévio de articulação. Quando as urnas do 1º turno confirmaram a reeleição do governador Carlos Brandão, ele obteve sinal verde e colocou seu projeto na rua, já contando com forte apoio entre seus colegas prefeitos, e com o incentivo do tarimbado núcleo político do Palácio dos Leões. A eficiente preparação não deixou espaço para outros aspirantes, tendo neutralizado também alguns movimentos entre aliados e adversários, que, a exemplo do aliado Bruno Silva (PP), de Coelho Neto, preferiram apoiá-lo.

Com o incentivo do governador Carlos Brandão, Ivo Rezende conseguiu o importante aliança com dois outros potenciais adversários nessa corrida: o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), que saiu forte das urnas com a eleição da filha para a Câmara Federal e vinha se preparando para ser candidato, e o de Pinheiro, Luciano Genésio (PDT), cujo projeto de candidatura à Famem foi arquivado com o fracasso da candidatura da irmã, Luciana Genésio (PDT), na corrida à Câmara Federal e, principalmente, pelo resultado da candidatura do senador pedetista ao Governo do Estado.

O sucesso da sua articulação se deveu, em grande medida, ao fato de pertencer ao PSB, portando, à base do governador Carlos Brandão. Isso porque, mesmo não sendo, por natureza, uma entidade partidariamente posicionada, a Famem pode ser um foco de pressão e um instrumento de ação política quando presidida com esse objetivo, como é o caso da gestão do atual presidente, que a usou abertamente como instrumento de fortalecimento eleitoral. Para o governador Carlos Brandão, que conhece em profundidade essa relação, ter um aliado no seu comando a imuniza do viés político e pode torná-la uma parceira produtiva na relação com os municípios.

Vale lembrar que Ivo Rezende será candidato por um longo período de dois meses, tempo em que pode evoluir para a consagração como candidato único, o que será um fato politicamente excepcional, se vier a ocorrer. Ou poderá vir a ser surpreendido também por um candidato outsider, imprevisto, saído de algum bolsão oposicionista. Não há, em princípio, previsão de uma coisa nem de outra, mas vale sempre lembrar a margem de imprevisibilidade que a política guarda no seu DNA.

O fato é que, pelas razões já relacionadas – boa articulação prévia e aval do governador Carlos Brandão e do senador eleito Flávio Dino (PSB), por exemplo – o prefeito de São Mateus caminha firme para se tornar presidente da Famem a partir de meados de janeiro. E tem afirmado que seu objetivo de recolocar a entidade nos trilhos do municipalismo, de onde ela andou sendo afastada nos últimos tempos.

Em Tempo: a Coluna revelou a movimentação do prefeito Ivo Rezende como candidato a presidente da Famem na edição de 20/10, quando sua candidatura não era cogitada nos meios de comunicação. Houve até quem desdenhasse. Mas o fato é quede lá para cá se transformou no rolo-compressor que ganhou forma na noite de terça-feira.

PONTO & CONTRAPONTO   

Gastão tem credenciais para participar da transição e do Governo Lula na área de Educação

Gastão Vieira participa da transição com credenciais para vir a ocupar função relevante no Governo do presidente Lula da Silva

Houve quem se surpreendesse com o convite do presidente eleito Lula da Silva para o suplente de deputado federal Gastão Vieira integrar a equipe de transição na área educacional. Esses certamente desconhecem a trajetória ao longo da qual o advogado e economista de foi sempre apontado como um dos especialistas do Congresso Nacional no campo da Educação.

Seu prestígio nessa área começou quando foi deputado estadual constituinte (PMDB), tendo sido um dos responsáveis por essa área na elaboração da Constituição do Maranhão de 1989. Avançou nessa seara como secretário de Educação no Governo Roseana Sarney (PMDB), ainda nos anos 90 do século passado e no seu último governo. Nos seus mandatos de deputado federal, Gastão Vieira foi reconhecido pelos seus conhecimentos na área, atuando como uma referência no Congresso Nacional, tendo presidido a Comissão de Educação da Câmara Federal, atuando também como relator de vários projetos importantes nessa área. Foi presidente do importante Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), nomeado pela presidente Dilma Rousseff (PT) e mantido pelo presidente Michel Temer (MDB). Além da sua reconhecida competência na área educacional, contou também para sua convocação o fato de ele hoje ser filiado ao PT, pelo qual concorreu a uma cadeira à Câmara Federal.

A participação na transição não é garantia de que Gastão Vieira venha a integrar o Governo do presidente Lula da Silva. Mas o seu especialismo e sua condição de petista são fortes credenciais para que venha a ocupar, sem favor, um cargo de relevância no Ministério da Educação.

Pedetistas querem definição do partido em relação ao Governo Brandão

Weverton Rocha: sob pressão

O senador Weverton Rocha tem uma equação para resolver dentro do braço maranhense do PDT. É que muitos quadros do partido dependem de empregos no Governo do Estado para sobreviver. Esses pedetistas se desdobraram pela sua candidatura e agora encontram-se em situação delicada, que pode se agravar se o partido vier declarar oposição ao Governo Carlos Brandão. Segundo um pedetista de proa, hoje, mais da metade do partido quer a volta do PDT à aliança governista. O senador estaria ciente do problema e estaria maturando uma solução, sendo a mais provável o realinhamento à base governista, o que seria visto com naturalidade por todos.

São Luís, 10 de Novembro de 2022.  

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