Em meio a tensões e expectativas para o turno decisivo da eleição presidencial, quando a poeira das eleições gerais continua no ar e vencedores e derrotados ainda procuram se acomodar nos seus novos espaços, o braço maranhense do PSB – que saiu das urnas robustecido com a reeleição do governador Carlos Brandão, a eleição do ex-governador Flávio Dino para o Senado, as conquistas de uma cadeira na Câmara Federal e uma dezena na Assembleia Legislativa – vira ambiente de uma pequena, mas incômoda, crise. O causador: deputado Yglésio Moyses, reeleito com as cores do PSB; a causa: a decisão do deputado Yglésio Moyses de agir como ovelha negra e declarar voto ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno e, de quebra, fazer duros ataques ao senador eleito Flávio Dino, acusando-o de perseguição. Ao declarar seu voto ao presidente Jair Bolsonaro, Yglésio Moyses chutou para o alto, com a violência possível, o fato de o PSB estar coligado com o PT e de ter o respeitado ex-governador paulista Geraldo Alckmin, hoje um dos seus membros mais destacados, como companheiro de chapa do ex-presidente Lula da Silva na corrida ao Palácio do Planalto.
Um dos quadros mais preparados e eficientes da nova geração de políticos que estão dando as cartas no parlamento estadual, o deputado Yglésio Moyses, que é médico por formação e também conhecido pela sua inteligência e cultura, tem no contrapeso, seu pavio curto e sua espantosa capacidade de usar a fala sem limite e dizer exatamente o que está pensando, independentemente de ferir alguém. O discurso de terça-feira na tribuna da Assembleia Legislativa, quando se colocou na contramão do seu partido anunciando voto no presidente Jair Bolsonaro e atacando duramente o ex-presidente Lula da Silva, mostrou Yglésio Moyses exatamente como ele é: desassombrado e curtidor de ser parte de uma controvérsia, não importa as consequências que ela possa gerar para ele ou para outrem.
O que chama a atenção na iniciativa do deputado Yglésio Moyses é que não há registro de que ele tenha se posicionado contra a coligação PSB/PT na convenção que a sacramentou, nem manifestado suas impressões sobre o ex-presidente Lula da Silva naquela ocasião. Da mesma maneira, não se teve conhecimento de alguma declaração sua nesse sentido durante a campanha eleitoral, ao longo da qual os candidatos do PSB, ele incluído, surfaram nas ondas do lulismo e do dinismo. O mesmo parece não ter acontecido em relação à candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Daí a surpresa de muitos com o anúncio de voto no presidente Jair Bolsonaro e com a metralha verbal que disparou contra o líder que chamou de incompetente, e o senador socialista eleito, a quem acusou de tê-lo perseguido.
Mais curioso ainda é o fato de o parlamentar haver feito tais declarações depois de resolvidas as eleições legislativas, de cujas urnas saiu reeleito. Isso sugere a pergunta: em quem ele votou para presidente e para senador no 1º turno?
Não se discute o direito do deputado Yglésio Moyses dizer o que pensa e divergir do seu partido nesse ou naquele ponto. Não se discute também o direito de membros do PSB, eleitos como ele, defenderem sua saída do partido. Isso porque resolver conflitos dessa natureza é parte da essência democrática que deve alimentar a existência de uma agremiação partidária. Mas, se o PSB ignorar as declarações do deputado Yglésio Moyses, dará uma temerária demonstração de fraqueza, que abrirá caminho para situações mais graves de infidelidade partidária. Ao mesmo tempo, mesmo tendo assegurado o direito à plena manifestação do pensamento, o deputado Yglésio Moyses tem clareza suficiente para compreender que perdeu as condições de permanecer filiado à legenda.
Por conta das declarações do deputado reeleito Yglésio Moyses, a crise que atinge o braço maranhense do PSB é assunto para a experiência e a paciência do governador reeleito Carlos Brandão resolverem.
PONTO & CONTRAPONTO
Apoiadores de Weverton mantêm Brandão sob ataque, mas ele não lhes dá atenção
A tropa de choque do senador Weverton Rocha (PDT) continua a postos e atuando. É que ele admitiu a derrota, despachou o núcleo duro da campanha, mas resolveu continuar no cenário se apresentando como oposição ao governador Carlos Brandão (PSB) e como adversária do senador eleito Flávio Dino (PSB). O problema é que, segundo uma fonte palaciana, nem o governador Carlos Brandão nem o senador eleito Flávio Dino estão interessado no que a rede de aliados fala deles. Empolgado com a reeleição, o governador Carlos Brandão decidiu dividir tempo só dando conta do que é essencial para sua administração estadual, agora sob seu comando direto, e administrar o que o que for possível para fortalecer a candidatura do presidente Lula da Silva.
Edivaldo Jr. busca aval de Cristo para resolver pendências
Muito se pergunta sobre o que levou o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD) a embarcar na aventura de disputar o Governo do Estado sem o suporte de um grupo político de expressão. E a resposta tem sido uma só: ele recebeu de Jesus Cristo sinal verde para ser candidato. Ninguém sabe com o isso acontece, mas é fato que o ex-prefeito de São Luís tem a capacidade de estabelecer uma linha direta com o filho do Criador. Se realmente ele foi aconselhado pelo chefe da cristandade, tem agora o direito de pedir-lhe para dar uma forcinha e consertar as coisas, que viraram pelo avesso com o resultado pífio da sua participação na corrida ao Palácio dos Leões. O problema é se ele vier a ser aconselhado pelo interlocutor divino para entrar na briga para a Prefeitura de São Luís.
São Luís, 13 de Outubro de 2022.