Há mais de uma semana, rumores dão conta de que a frente formada por PDT/PL/PTB estaria correndo o risco de desmanche, e que o senador Weverton Rocha, candidato do PDT ao Governo do Estado, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) – que banca o candidato a vice-governador, o deputado estadual Hélio Soares (PL) -, e o senador Roberto Rocha (PTB), candidato à reeleição, se reuniram no domingo para avaliar o cenário e traçar estratégias para continuarem juntos. Eles estão agora cientes de que a aliança, comandada pelo governador Carlos Brandão (PSB), que concorre à reeleição com o vice do PT, Felipe Camarão, e pelo ex-governador Flávio Dino (PSB), é sólida política e eleitoralmente, e está ganhando volume a cada dia. As reações a esse cenário estão deixando no ar a impressão de que o projeto de poder que une os chefes do PDT, PTB e PL perdeu densidade, o que fragiliza os candidatos majoritários. A pesquisa IPEC/TV Mirante contribuiu para preocupar ainda mais o QG desse grupo oposicionista.
Weverton Rocha, Roberto Rocha e Josimar de Maranhãozinho sabem que a vitória nas urnas os colocará no centro do poder no Maranhão, situação que os deixará muito mais fortes se esse eventual resultado for completado com a eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por outro lado, uma derrota nas urnas, como está se desenhando, será, para eles, muito mais do que um simples tombo eleitoral. Os três chefes partidários estão plenamente cientes de que a derrota em outubro será um desastre monumental para as suas carreiras, e com gravidade multiplicada se a possível vitória da chapa Carlos Brandão/Felipe Camarão/Flávio Dino vier acompanhada também da provável volta do ex-presidente Lula da Silva (PT) ao comando da República.
Para o senador Weverton Rocha, a sua vitória significará a chegada antecipada e definitiva ao poder, a abertura de uma longa estrada, uma vez que os instrumentos políticos do Governo lhe darão os meios para se manter no comando do Estado por, pelo menos, duas temporadas. O fracasso nas urnas significará um golpe devastador na base do seu projeto de poder, com consequências sombrias para sua trajetória como político, a começar pelo fato de que sairá politicamente bem menor do que entrou. Nesse caso, dificilmente chegará em 2026 com poder de fogo para tentar mais uma vez chegar ao Palácio dos Leões, e provavelmente bem menos poderoso para brigar pela reeleição de senador.
Por sua vez, o senador Roberto Rocha se movimenta sabendo que a renovação do mandato lhe garantirá sobrevivência política, e numa situação excepcional, se sua eventual reeleição coincidir com a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O fracasso na tentativa de reeleger-se significará muito mais do que uma derrota ocasional, como as que ele já conheceu. A não reeleição será um desastre sem tamanho, que o mandará para casa sem mandato e sem um naco de poder. Nesse contexto, só ganhará sobrevida política se o presidente Jair Bolsonaro conseguir renovar o mandato, o que no momento parece improvável.
O deputado federal Josimar de Maranhãozinho muito provavelmente renovará seu mandato, mas corre o risco de sair das urnas bem menor se o senador Weverton Rocha não alcançar o Palácio dos Leões, uma vez que isso significará também a derrota do seu vice, o deputado Hélio Soares, homem de confiança do chefe do PL, que corre o sério risco de ficar sem mandato. Sua situação se complicará se o presidente Jair Bolsonaro for derrotado pelo presidente Lula da Silva. Se o desfecho das eleições for o inverso, ele terá poder de fogo para dar as cartas no Governo por meio do vice que indicou.
Os três chefes da frente de oposição se reuniram para dar uma demonstração de unidade diante dos rumores de que Josimar de Maranhãozinho estaria se distanciando de Weverton Rocha e também de Roberto Rocha. O objetivo seria também reforçar a impressão de que seus projetos estão de pé e são viáveis, traçando novos rumos para as suas campanhas. Há quem veja futuro nas ações do trio, mas há também quem não enxergue o desfecho no qual eles acreditam.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha pode ter de assumir a candidatura de Roberto Jefferson no Maranhão
O senador Roberto Rocha está vivendo um momento de forte expectativa em relação à confirmação ou não da candidatura do presidente do seu partido, o PTB, ex-deputado federal Roberto Jefferson, bolsonarista que vive em prisão domiciliar, com a canela adornada por uma tornozeleira eletrônica, fruto de uma condenação por corrupção passiva. Apontado hoje como um dos quadros, mais agressivos da extrema-direita do Brasil, Roberto Jefferson regrediu de deputado federal brilhante para se transformar num pregador antidemocrático doentio, chegando ao ponto de gravar vídeos ensinando técnicas de guerrilha urbana para derrubar governos e implantar ditadura. Roberto Jefferson decidiu se candidatar a presidente da República, criando uma situação de constrangimento para muitos candidatos do PTB em todo o País. Se a sua candidatura do chefe petebista for formalizada, o senador Roberto Rocha, que é soldado linha de frente do projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), terá dois caminhos: assumir a condição de porta-voz de Roberto Jefferson no Maranhão, ou ignorar a existência dele, como faz o senador Weverton Rocha em relação a Ciro Gomes, candidato do PDT ao Palácio do Planalto.
Em Tempo: Há quem diga que Roberto Jefferson entrou na corrida presidencial para atuar como laranja do presidente Jair Bolsonaro nos ataques ao ex-presidente Lula da Silva.
Joás garante que não deu calote no CNPq e que manterá candidatura
Joás Moraes, candidato a governador pelo Democracia Cristã (DC), iniciou uma corrida contra o tempo para livrar-se da pecha de ficha suja e, assim, salvar a sua candidatura, que na avaliação do Ministério Público Eleitoral está “bichada”. O candidato do DC integra a lista de mais de 10 mil nomes considerados inelegíveis pelo Tribunal de Contas da União por pendências com a União. No caso, Joás Moraes, que é professor universitário, tem uma pendência no Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), por não haver prestado contas dos recursos (R$ 118 mil) que recebera como bolsista há cerca de 15 anos, situação que, segundo o TCU, o torna inelegível. O candidato do DC jura que não deu calote no CNPq e que tem condições de resolver o problema, manifestando convicção de que não deve e concorrerá normalmente. Que assim seja.
São Luís, 25 de Agosto de 2022.