Imperatriz foi o grande palco da largada dos dois principais candidatos na corrida oficial às urnas na disputa pelo Governo do Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB), que busca a reeleição pela coligação “O Maranhão não pode parar”, tendo o ex-governador Flávio Dino (PSB) como candidato ao Senado, e o senador Weverton Rocha (PDT), que lidera a coligação “Maranhão mais feliz”, cujo candidato ao Senado é o senador Roberto Rocha (PTB). Weverton Rocha, acompanhado de Roberto Rocha, fez uma caminhada no meio da manhã pela área comercial, passando pelo shopping a céu aberto, construído no Governo Flávio Dino, à frente de um expressivo grupo de apoiadores, muitos com bandeiras e gritando slogan da campanha. Carlos Brandão, tendo ao lado Flávio Dino, encabeçou uma multidão em caminhada na avenida Getúlio Vargas e outras ruas do centro, coa participação de 18 prefeitos da região. Os dois movimentos de campanha valorizaram a importância econômica e política de Princesa do Tocantins, o segundo maior e mais rico município do Maranhão, e com grande peso eleitoral, uma vez que se trata do maior colégio eleitoral do estado depois da Capital.
Segundo colocado na última pesquisa, mas bem atrás do governador Carlos Brandão, que lidera com folga, Weverton Rocha enfrenta um incômodo e perigoso empate técnico com o candidato do PSC, Lahesio Bomfim, que está em terceiro, mas com forte viés de crescimento, podendo até alcançar e ultrapassar o candidato social-cristão nos próximos dias. Ao buscar Imperatriz como “base de lançamento”, por ser sua cidade-natal, por estar à frente nas pesquisas de intenção de voto, o senador pedetista que sua posição na disputa é muito delicada. A escolha de Imperatriz vem do fato de que, além de ser uma região econômica e politicamente importante, a cidade é sua terra natal. Além disso, pesquisas feitas na região indicaram, pelo menos até ontem, o senador liderava a corrida aos Leões na cidade tocantina. Weverton Rocha e seus apoiadores avaliam como fundamental e decisiva para ele uma vitoriana cidade. Sem perder tempo, após sua caminhada em Imperatriz, Weverton Rocha seguiu para São Luís, onde fez outra caminhada.
E foi exatamente atrás de reverter essa situação que o governador Carlos Brandão decidiu começar por Imperatriz, tendo iniciado na verdade horas antes em Amarante, onde liderou uma grande carreata. Apoiado ali pelo ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que além de ser o chefe da Casa Civil do seu Governo é hoje o seu principal coordenador da sua campanha, o chefe do Poder Executivo estadual vem trabalhando duro politicamente para conseguir a maioria dos 182 mil eleitores imperatrizenses. Assim como o senador Weverton Rocha, o governador Carlos Brandão tem uma vitória em Imperatriz um dado de grande importância na sua estratégia de campanha. Tanto que ontem ele poderia ter ido à Brasília para a posse do ministro Alexandre de Moraes na residência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas preferiu cumprimentar o ministro por telefone e cumprir a agenda de campanha na cidade tocantina. “Eu senti o cheiro da vitória com essa energia no coração das pessoas. Eu senti também que o Maranhão deve continuar avançando. Em Imperatriz nós trabalhamos, fizemos obras, atendemos às pessoas. E este é só o começo. Vamos voltar aqui – declarou o governador Carlos Brandão ao final da caminhada.
A Coluna ouviu duas fontes tocantinas honestas e desinteressadas sobre o que aconteceu ontem em Imperatriz. Ambas avaliaram que os dois eventos foram expressivos, mas foram categóricas em afirmar que a caminhada liderada pelo governador Carlos Brandão e pelo ex-governador Flávio Dino foi bem maior e mais animada, chamando atenção também pelo entusiasmo dos apoiadores. Ontem à noite, aliados do senador Weverton Rocha contiveram o ânimo sobre a caminhada por ele lideradas depois que tomaram conhecimento do tamanho do evento comandado pelo governador.
A julgar pelo que aconteceu ontem em Imperatriz, a corrida dos candidatos majoritário às urnas será animada.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto faz “adesivaço” para uma campanha forte
A noite de segunda-feira, véspera do início da campanha eleitoral, várias praças e espaços de São Luís foram palcos de intensa movimentação por conta dos chamados “adesivaços”, ação por meio da qual candidatos adesivam com suas propagandas veículos cujos proprietários concordem em participar das suas campanhas, transformando automóveis em pequenos, mas eficientes, outdoors. Um dos mais movimentados aconteceu na Avenida Beira-Mar, em frente à Praça das Mercês, sob o comando do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que usou a estratégia como parte da programação de lançamento da sua campanha forte à reeleição. O deputado Othelino Neto vive um momento especial da sua carreira, resultado de um conjunto de fatores que ele, com rara habilidade, pragmatismo e jogo franco. Nesse ambiente, ele saiu de uma posição confortável, com a previsão de uma reeleição tranquila, para o epicentro do redemoinho político como um dos homens fortes da aliança da aliança que embala as candidaturas do governador Carlos Brandão (PSB) à reeleição e à do ex-governador Flávio Dino (PSB) ao Senado, depois de ter se posicionado inicialmente perla candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, tendo avaliado até migrar para as hostes pedetistas. Nesse tabuleiro cujos espaços são ferrenhamente disputados, Othelino Neto conseguiu ocupar um lote amplo: decidiu permanecer no PCdoB, emplacou a vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato na vaga de candidato a primeiro suplente na chapa de Flávio Dino e ainda recebeu do ex-governador a importante tarefa de coordenar politicamente a sua campanha ao Senado. No “adesivaço” em que largou de vez rumo às urnas, o presidente da Assembleia Legislativa era a imagem de quem aprendeu o caminho das pedras.
Simplício Araújo e Hertz Dias: discursos ideológicos distantes
A programação de sabatinas e entrevistas do Sistema Mirante registrou ontem a expressão de dois extremos do amplo painel ideológico que compõe o quadro de candidatos ao Governo do Maranhão. De um lado, o professor Hertz Dias, candidato do PSTU, entrevistado no telejornal matutino da emissora; de outro, o empresário Simplício Araújo, candidato do Solidariedade, sabatinado no portal imirante.com.
Militante radical de esquerda, inteiramente afinado com a linha ideológica do seu partido, Hertz Dias repetiu o discurso de sempre: o Brasil só resolverá seus problemas se o poder for tomado pela classe trabalhadora. Ou seja, numa época em que as experiências comunistas estão hoje resumidas à China, onde o PC mantém o poder, mas comanda hoje uma economia capitalista agressiva, a Coreia do Norte, cujo regime ditatorial é mantido à base de fuzilamentos, e Cuba, que fez tudo certo, mas enfrenta há seis décadas um cruel, absurdo e inaceitável boicote econômico dos EUA e alguns parceiros. Baseado na ditadura do proletariado, segundo o qual “a propriedade é um roubo”, o discurso do PSTU incorporado por Hertz Dias não faz concessões e chega a parecer ingênuo nos dias atuais.
No contraponto, Simplício Araújo, que comanda o braço regional do Solidariedade, um partido forjado na central trabalhista Força Sindical para ser o contrapeso do PT no mundo sindical, prega exatamente o contrário: a economia aberta, de viés liberal, cuja base é a relação sempre complicada entre capital e trabalho. Empresário, e com a experiência de secretário de Indústria, Comércio e Energia do Governo Flávio Dino, Simplício Araújo aposta na industrialização, na dinamização do comércio, na atração de investimentos, ou seja, uma economia montada nas bases do capitalismo, no qual capital e trabalho medem forças, mas hoje em processo fortemente regulamentado, com direitos e obrigações bem definidas para ambos os lados. E o que mais importante: num regime democrático, que não tolera ditadura de qualquer natureza.
É enorme a distância que separa os dois discursos.
São Luís, 17 de Agosto de 2022.