“Uma coisa o nosso grupo já tomou a decisão política: nós não vamos votar no Flávio Dino. Depois de tudo o que ele fez, e a forma agressiva, dura, difícil. Não tem como. Essa opção que ele tem, o caminho que ele procurou percorrer não é o nosso. Então, nós não temos como estar juntos. Agora, o candidato nós iremos discutindo”.
A declaração é do senador Weverton Rocha (PDT), feita em Caxias, ontem, onde realizou mais um ato de pré-campanha. A fala confirma todas as suspeitas de que a inconformação por não ter sido escolhido para ser o candidato da aliança governista ao Palácio dos Leões levaria o parlamentar a romper com o ex-governador. E, mais do que isso, a buscar alianças na seara adversária, incluindo aí a extrema direita bolsonarista, como o provável apoio à pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB), previsto por aliados seus. Uma mudança radical para quem participou, ainda que de má vontade, de um processo de escolha que durou todo o ano de 2021 e os primeiros meses de 2022, com reuniões, discussões abertas, conversas fechadas, posições francas e definição honesta, devidamente justificada.
Na sua declaração, o senador Weverton Rocha diz que o “nosso grupo” decidiu não votar em Flávio Dino para o Senado. Vale a indagação: a que grupo ele está se referindo? Um grupo partidário, que no caso seria o PDT, uma fatia do Republicanos liderada pelo deputado federal Cléber Verde, uma banda do União Brasil que segue o deputado federal Juscelino Filho, e o PROS, agora comandado pelo suplente de deputado estadual Marcos Caldas? Ou um grupo de aliados que gravitam em torno do seu projeto? Sim, porque até onde a visão alcança, os fatos registram que o seu lastro partidário e o seu suporte político encolheram drasticamente, com a perda do aval do PSDB e do Cidadania, e do apoio da senadora Eliziane Gama (Cidadania) e do deputado Othelino Neto (PCdoB).
Quando ele justifica a decisão de romper com Flávio Dino, alegando “tudo o que ele fez, e a forma agressiva, dura, difícil”, o senador Weverton Rocha deixa muitas indagações no ar. O que o então governador Flávio Dino fez foi optar pela candidatura do seu vice, Carlos Brandão, que durante sete anos atuou com dedicação e lealdade extremas, participou do Governo sem extrapolar um milímetro da sua condição de vice, criando assim as condições políticas para consolidar seu projeto. E o argumento do governador e das lideranças do grupo era o de que, ainda no meio de um mandato de senador, e levando em conta o fato de que, se eleito, Carlos Brandão cumprirá apenas um mandato, Weverton Rocha teria caminho livre para preparar terreno e se candidatar ao Governo em 2026. Mas ele entendeu que o governador Flávio Dino deveria escolhê-lo, e não o fazendo passaria a ser seu adversário.
Ao se posicionar dessa maneira e com essas escolhas, Weverton Rocha armou uma jogada política de altíssimo risco. Isso porque, além da natureza polêmica e frágil das suas alegações, a sua eleição para o Senado em 2018 joga por terra qualquer argumento. Naquele pleito, ainda que fosse um jovem líder em ascensão, candidato natural da aliança partidária para enfrentar adversários fragilizados pelo desgaste histórico, Weverton Rocha foi acatado e apoiado decisivamente pelo governador Flávio Dino, a exemplo do que acontecera com o senador Roberto Rocha em 2014. E curiosamente, faz agora o que Roberto Rocha fez depois de eleito no embalo do prestígio político e eleitoral de Flávio Dino. E o seu gesto se torna mais controverso à medida que o senador parte para o ataque no momento em que Flávio Dino vive a condição de militante político e pré-candidato a senador sem ter o suporte de um mandato, como é o seu caso.
Jovem, arrojado e com um horizonte largo pela frente, o senador Weverton Rocha pode estar dando um passo para chegar ao topo da carreira. Mas pode também estar tropeçando para sofrer um tombo monumental. Isso porque, depois das dessa declaração, dificilmente ele sairá desse processo político como entrou.
PONTO & CONTRAPONTO
Deputados e prefeitos se posicionam pelo desenvolvimento da região dos Lençóis
Todos os esforços devem ser somados para garantir que a Região dos Lençóis se consolide definitivamente como um polo turístico economicamente forte e sustentável. Essa mentalidade, que já se instalou na região, deve se transformar num modo de vida que alce todos os seus habitantes. Foi esse, de um modo geral, o tom dos pronunciamentos feitos ontem em Paulino Neves, durante a programação da sétima edição do Assembleia em Ação. A necessidade de que todos se movimentem para atrair recursos para a Região dos Lençóis, para que se façam investimentos associados à preservação dos seus recursos naturais, foi defendida inicialmente pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), no seu discurso de abertura.
– Que nós possamos fazer desse encontro um instrumento para a busca de políticas públicas voltadas à Região dos Lençóis, no intuito de melhorarmos a qualidade de vida da população. Para nós, deputados estaduais, quanto mais temos esse contato próximo com os municípios, melhor orientamos o nosso mandato – declarou Othelino Neto. Suas declarações foram aprovadas pelo prefeito de Paulino Neves, Raimundo Lídio (Republicanos), e Amilcar Rocha (PCdoB), de Barreirinhas, além de representantes de outros municípios da região.
Durante a programação, acatando a sugestão feita pelos deputados Marco Aurélio (PSB) e Socorro Waquim (PP), o presidente da Assembleia Legislativa anunciou a criação de uma comissão parlamentar levantar os problemas da região, a exemplo da falta de luz elétrica para comunidades mais isoladas do Parque Nacional dos Lençóis, e o conflito na comunidade pesque ira de Arpoador. E alternativas e ações para elevar, ainda mais, o potencial turístico e econômico da Região dos Lençóis. Os debates tiveram a participação dos deputados Zé Inácio (PT), Wellington do Curso (PSC), Ariston Ribeiro (PSB), Betel Gomes (MDB), Ricardo Rios (PCdoB) e Wendell Lages (PV).
O evento também foi bem-sucedido na execução da sua programação, que contou com as palestras ‘Processo Legislativo’, ministrada pelo consultor legislativo constitucional Anderson Rocha, e ‘Inovações do Direito Eleitoral’, proferida pelo diretor de Administração da Alema, Antino Noleto.
– Que nós possamos fazer desse encontro um instrumento para a busca de políticas públicas voltadas à região dos Lençóis, no intuito de melhorarmos a qualidade de vida da população. Para nós, deputados estaduais, quanto mais temos esse contato próximo com os municípios, melhor orientamos o nosso mandato – declarou o presidente Othelino Neto no encerramento.
Braide só deve escolher novo partido depois das eleições
Não será surpresa se o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, permanece sem partido até depois das eleições de outubro. Depois que deixou o Podemos, por não concordar com algumas orientações da cúpula nacional, o prefeito recebeu convite de vários partidos, mas preferiu deixar essa decisão para depois. Como não vai participar do processo eleitoral disputando voto, Eduardo Braide não tem pressa para fazer essa escolha. De acordo com uma fonte com trânsito no Palácio de la Ravardière, o prefeito deve permanecer sem partido até o final do ano, quando, diante do quadro que tiver saído das urnas, fará sua escolha partidária como base do seu projeto de reeleição em 2024.
São Luís, 30 de Abril de 2022.