O senador Roberto Rocha (PTB) deve ser candidato à reeleição. Ele sinalizou sua decisão em entrevista, ontem, tendo avisado que o anúncio oficial será feito brevemente em evento partidário. Ao decidir por esse caminho, o senador escolheu o objetivo que tinha de fato em mente, e que foi expressado em diferentes momentos, já que lhe faltaram as condições para tentar o seu grande sonho, ser governador do Maranhão. Ele será o adversário do ex-governador Flávio Dino (PSB), de quem já foi aliado, mas de quem se tornou inimigo político. Tanto que, segundo informações saídas de fontes a ele ligadas, sua pré-candidatura poderá contar com o apoio do senador Weverton Rocha (PDT), que se elegeu em 2018 com apoio total do então governador Flávio Dino, e Edivaldo Holanda Jr. (PSD), eleito e reeleito prefeito de São Luís na esteira do apoio da aliança dinista. Por conta do seu alinhamento total ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Roberto Rocha definiu seu destino eleitoral depois de uma verdadeira corrida de obstáculos para encontrar um partido, saindo do PSDB, uma agremiação de centro, fazendo uma romaria em busca de uma legenda e terminando por desembarcar no PTB, o que há de mais radical na extrema-direita do conjunto partidário nacional, provavelmente a última das suas opções.
Depois de uma carreira com altos e baixos – deputado estadual, deputado federal e vice-prefeito de São Luís, tendo nesse período amargado dois fracassos em disputas para governador, em 2002 e 2018 -, Roberto Rocha chegou ao Senado em 2014 no embalo avassalador da grande aliança construída por Flávio Dino, o que lhe deu força eleitoral suficiente para derrotar o então deputado federal Gastão Vieira (MDB). Seria a voz do Governo estadual no Senado, mas em pouco tempo, num processo que surpreendeu a todos, exatamente por não se sustentar num só argumento lógico, iniciou um agressivo processo de afastamento da aliança governista, rompeu com todos os que o apoiaram, e tentou ser o grande adversário do governador Flávio Dino na disputa pelo Governo em 2018. Saiu das urnas com pouco mais de 2% dos votos.
Roberto Rocha deu prosseguimento no seu mandato senatorial, mas logo se aproximou do presidente Jair Bolsonaro, tornando-se, mesmo filiado ao PSDB, uma das mais ativas vozes do bolsonarismo no Senado. Nesses sete anos como senador foi líder do PSDB, foi relator do fracassado projeto de reforma tributária, integra várias comissões importantes, é o atual corregedor-geral da Casa, e tem o projeto Zona Franca de São Luís como carro-chefe da sua atuação parlamentar. Por outro lado, nesta semana, reportagem do jornal Folha de S. Paulo o colocou em situação complicada em relação às obras do Camelódromo e da Ceasa de Imperatriz, financiadas pela Codevasf com recursos “apadrinhados” pelo senador, mas que são “elefantes brancos”.
Nos últimos dois anos, emitiu todos os sinais de que estava se preparando politicamente para disputar o Governo do Estado, sendo para tanto incentivado pelo próprio presidente da República, que tentou montar uma estratégia de lançar candidatos fortes a governos estaduais, principalmente no Nordeste, o que não funcionou no Maranhão. Nesse contexto, Roberto Rocha começou a enfrentar problemas partidários, já que, devido ao seu vínculo político com o bolsonarismo, sua permanência no PSDB se tornou inviável. Ele tentou entrar no PL, partido escolhido por Jair Bolsonaro, mas encontrou forte resistência por parte do chefe local da legenda, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que se declarou pré-candidato ao Governo.
O senador tentou outras opções, como uma aliança com Lahesio Bonfim, pré-candidato do PSC, mas não conseguiu, acabando por desembarcar no PTB, o partido de centro-esquerda fundado por Getúlio Vargas, mas que sob o atual presidente, Roberto Jefferson, se tornou uma agremiação politicamente retrógrada, expressão maior da extrema-direita.
Mesmo que venha a ter o PDT do senador Weverton Rocha e o PSC do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. como aliados na campanha, e atue como a voz bolsonarista na corrida eleitoral, o senador Roberto Rocha sabe que o desafio de disputar a cadeira com o ex-governador Flávio Dino, será, de longe, o maior e mais difícil da sua carreira. Mesmo levando em conta o elevado grau de imprevisibilidade dos resultados eleitorais.
PONTO & CONTRAPONTO
Situação de Josimar de Maranhãozinho é complicada
Não é confortável a situação do chefe do PL deputado federal Josimar de Maranhãozinho (foto). Ele integra uma lista de mais de uma dezena de deputados federais denunciados por corrupção, cujos mandatos estão passíveis de cassação. Encaminhada pela Justiça, a lista dos denunciados chegou ao Conselho de Ética da Câmara Federal, onde cada caso deve ser analisado e cujos pareceres devem ser encaminhados ao plenário. O caso de Josimar de Maranhãozinho é cabeludo. Ele é acusado de liderar um grande esquema de desvio de recursos de emendas federais destinadas às áreas de educação e saúde. De acordo com a denúncia, a suposta quadrilha já teria desviado mais de R$ 100 milhões em esquemas com prefeituras, notadamente algumas controladas por aliados de Josimar de Maranhãozinho. Ele se esforça agora para procrastinar ao máximo as reuniões do Conselho de Ética. Se perder o mandato, sua carreira política será sepultada. Se não ficar inelegível, será candidato a deputado estadual, mandando a sua mulher, a deputada estadual Detinha (PL), para a Câmara Federal, onde não mais encontra ambiente para atuar.
O afastamento de Felipe dos Pneus em Santa Inês chocou a nova geração de políticos
O afastamento do prefeito Felipe dos Pneus (Republicanos) do comando da Prefeitura de Santa Inês foi chocante e colocou a nova geração de políticos sob uma enorme lupa. Primeiro por ser ele um político jovem, da novíssima geração, com boa formação e família abastada por conta de negócios lícitos. Segundo, por ter se elegido para comandar uma das maiores e mais importantes cidades do Maranhão com um discurso de renovação e promessa de transformar o município numa referência com uma gestão eficiente e transparente. Terceiro, por conta do que diz o relatório das investigações sobre a roubalheira de recursos destinados à Saúde, em volume que alcançaria cerca de R$ 30 milhões. Quarto, o argumento de que deu andamento a licitação feita na gestão anterior agrava ainda mais a situação, de vez que deu continuidade ao vício, permitindo que a roubalheira continuasse.
É mais ou menos a situação do prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), que foi denunciado, afastado do cargo, mas conseguiu retornar por uma decisão liminar da Justiça.
O problema é que os dois estão carimbados como suspeitos, o que pode significar fim de carreira ou uma carreira pedregosa.
São Luís, 29 de Abril de 2022.