Repercutiu a derrapagem feia do pré-candidato ao Governo do Estado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC), ao afirmar, em tom categórico, num programa de rádio, que só existe um frigorífico no Maranhão, e mais ainda a reação do ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo (SD), também pré-candidato ao Palácio dos Leões, passando-lhe um “sabão”, mostrando o contrário e chamando-o de desinformado, “que não conhece o Maranhão”.
O “errou-levou” do pré-candidato do SD no pré-candidato do PSC chama a atenção por dois aspectos. O primeiro: foi a primeira vez que um pré-candidato a governador disparou verbalmente contra um oponente desde que as pré-candidaturas começaram a ganhar forma. E segundo: o disparo verbal foi feito por um pré-candidato aparentemente sem chance na corrida contra um pré-candidato situado num bloco intermediário de candidatos que se situam na faixa dos 10 pontos percentuais de intenção de voto. Ou seja, Simplício Araújo chamou Lahesio Bonfim para a briga num esforço inteligente para sair da rabeira, onde se encontram também os pré-candidatos da esquerda radical, Enilton Rodrigues (PSOL) e Hertz Dias (PSTU), e ganhar gás para sair da zona dos inviáveis e chegar num patamar onde possa vislumbrar alguma chance de crescer na corrida.
Até aqui, a pré-campanha vinha morna, com muita movimentação dos pré-candidatos, mas todos cuidando de seguir em frente evitando ao máximo confrontar com adversários. À frente de um Governo aprovado para dar prosseguimento, e com uma maratona de inaugurações para cumprir em todas as regiões, o que vale por um bom programa de campanha, o governador Carlos Brandão (PSB) segue em clima de pré-campanha sem demonstrar qualquer interesse pelo estão dizendo ou fazendo os demais pré-candidatos. O mesmo tem feito o senador Weverton Rocha (PDT), que parece candidato único, se apresentando como “o cara”, mas trilhando na cautela com o discurso prometendo que, se eleito, fará um “Maranhão mais feliz”, demonstrando, portando, claro desinteresse pelo embate.
O ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PSD) corre o Maranhão com o discurso de gestor “bem-sucedido” durante oito anos no comando da Capital, prometendo usar essa experiência e sua juventude para melhorar o Maranhão, mas sem ainda dizer exatamente como e com quais condições. Sabe que, se partir para o confronto, sua até aqui preservada e até elogiada gestão será rapidamente transformada num fracasso monumental.
Lahesio Bonfim renunciou ao cargo de prefeito de São Pedro dos Crentes – um pequeno município de 4,5 mil habitantes, em sua maioria pacatos cidadãos evangélicos – disposto a jogar pesado para chegar ao Palácio dos Leões, ânimo que aumentou quando apareceu bem situado nas pesquisas. Conhecido por falar muito, às vezes falar demais, dizendo coisas fora do contexto e prometendo o que não pode cumprir, o pré-candidato do PSC tropeçou com a declaração sobre frigoríficos no Maranhão. Encontrou pela frente Simplício Araújo, um político bem informado, que hoje tem o mapa econômico do Maranhão na ponta da língua, com a vantagem de que sabe o que está dizendo e que suas informações são muito difíceis de serem contestadas. Uma eventual tréplica de Lahesio Bonfim seria oportuna.
O “embate” entre Simplício Araújo e Lahesio Bonfim pode ter sido o sinal verde para o confronto de ideias para fazer com que o Maranhão não saia do embalo em que se encontra, após sete anos de um Governo correto, sem mácula, politicamente ativo e voltado para o social. Se avaliados com honestidade política – o que é quase impossível numa guerra sucessória -, não haverá como negar os avanços nas áreas de educação, saúde, desenvolvimento social e segurança. E nesse o governador Carlos Brandão tem o que defender, uma vez que ele foi parte ativa desse processo.
O “embate” Simplício Araújo/Lahesio Bonfim pode ser o indicador de que a mudança no tom dos discursos está a caminho.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton quase acertou o próprio pé com declaração sobre presidente
No afã de se posicionar, o senador Weverton Rocha (PDT) provavelmente não se deu conta de que estava mirando o próprio pé quando fez a infeliz declaração dizendo que, se eleito, não quer nem saber quem será o próximo presidente da República; seja quem for, ele estará lá defendendo os interesses do Maranhão.
Depois de ter feito um grande esforço para atrair o apoio do ex-presidente Lula da Silva (PT) e de esnobar ostensivamente o pré-candidato do seu partido, Ciro Gomes, o pré-candidato pedetista deu mais uma demonstração de que o único projeto no qual está focado é o da sua própria candidatura, não lhe interessando quem vier a ser o próximo presidente, admitindo até mesmo sentar com o presidente Jair Bolsonaro (PL), se ele vier a ser reeleito.
Sem discutir a inteligência e o arrojo políticos que o movem, alguém precisa alertar o senador Weverton Rocha de que a cautela e a prudência fazem parte do jogo eleitoral.
Professores de São Luís jogaram errado e agora podem ficar sem salário
O sindicato dos professores da rede de ensino de São Luís jogou mal quando recusou a proposta de aumento salarial de 10,06% proposto pelo prefeito Eduardo Braide, preferindo esticar a corda em vez de fechar o acordo deixando a porta aberta para futuros entendimentos. Para começar, na fase inicial do movimento, o prefeito apelou para que não houvesse paralização, mas os professores não atenderam e cruzaram os braços. O prefeito mostrou, em publicidade na TV, que, ao contrário do que disseram os líderes sindicais, a Prefeitura está cuidando da restauração das escolas. O sindicato rebateu tentando desmentir o prefeito, mas o resultado foi que a Justiça declarou a greve ilegal. Os professores, porém, decidiram endurecer o jogo, declarando greve geral, mas ontem foram surpreendidos com a decisão da Justiça autorizando o prefeito a descontar no contracheque os dias parados.
São Luís, 26 de Abril de 2022.