A fase de definição dos grupos políticos formados em torno dos pré-candidatos ao Palácio dos Leões revelou algumas personalidades que surpreenderam pela capacidade de se movimentar em cenário complicado, construindo pontes sem destruir as já construídas na relação com outros grupos. São políticos pautados pelo pragmatismo e pela capacidade de mudar de maneira inteligente, jogando abertamente, não dando margem para que seus movimentos sejam interpretados como escorregões éticos ou atos de oportunismo barato. Uma dessas personalidade é o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). Na terça-feira, Othelino Neto esteve no Palácio dos Leões, onde conversou com o governador Carlos Brandão (PSB) sobre as bases do relacionamento do novo Governo com a Assembleia Legislativa, devendo também ter conversado sobre os rumos da pré-campanha.
Othelino Neto foi o principal avalista do projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT), numa relação que se tornou estreita já nas eleições municipais de 2020. Atuou na contramão do seu partido, o PCdoB, mas com o cuidado de não criar qualquer embaraço político que estremecesse sua relação com o partido, com o governador Flávio Dino (PSB) ou com o próprio Carlos Brandão. Manteve sua aliança com Weverton Rocha desde que o senador anunciou sua pré-candidatura ao Governo do Estado já no início de 2021, no primeiro movimento organizado pelo governador Flávio Dino para escolher o candidato à sua sucessão na eleição de 2022. Naquele momento, Weverton Rocha e Carlos Brandão anunciaram suas pré-candidaturas, abrindo o tenso sucessório.
Othelino Neto se manteve ao lado de Weverton Rocha e integrou o núcleo do projeto de candidatura do chefe pedetista em todas as fases do processo, incluindo a reunião de 30 de novembro daquele ano, quando o governador Flávio Dino sugeriu o vice-governador Carlos Brandão para a avaliação pelo grupo, causando reação negativa do presidente e pré-candidato do PDT. Permaneceu no núcleo de sustentação da pré-candidatura até no início de março, decidido inclusive a migrar para o PDT na “janela” partidária de março, quando o martelo da maioria do grupo foi batido em favor de Carlos Brandão. Weverton Rocha não aceitou a escolha e decidiu manter sua pré-candidatura, deixando de lado os acordos em vigência ano após ano.
A política, principalmente quando o que está em jogo é uma disputa eleitoral de grande dimensão, a abre caminho para redefinições. Diante do aumento crescente da base política de Carlos Brandão e do encolhimento do suporte político mobilizado pelo senador Weverton Rocha, o presidente da Assembleia Legislativa fez uma leitura pragmática do cenário e decidiu que o melhor caminho para ele seria ficar no PCdoB e apoiar o seu pré-candidato a governador, no caso Carlos Brandão, compreendendo, portanto, que o racha poderia ser danoso para o grupo. Antes de formalizar sua posição, tentou, sem êxito, convencer o senador Weverton Rocha a reavaliar o seu projeto de candidatura. Se reincorporou ao seu núcleo político e partidário, e com seu cacife reforçado indicando a sua mulher, Ana Paula Lobato, vice-prefeitas de Pinheiro, para a vaga de candidato a primeiro suplente de senador na chapa encabeçada pelo ex-governador Flávio Dino.
Othelino Neto jogou como um político maduro e com os pés fincados no chão. Deve ser reeleito deputado estadual e, muito provavelmente, vendo Ana Paula Lobato sair das urnas como suplente de senador.
PONTO & CONTRAPONTO
Bira acredita que se Weverton sair, Brandão pode vencer no primeiro turno
O PSB e seus aliados farão um grande esforço para que o governador Carlos Brandão seja reeleito já no primeiro turno, e se houver segundo turno é provável que o governador dispute com um candidato do campo bolsonarista. A possibilidade de reeleição em turno único aumentará se o senador Weverton Rocha vier a abrir mão do seu projeto e apoie o governador.
Esse leque de possibilidades foi rascunhado ontem pelo deputado federal Bira do Pindaré, presidente regional do PSB, em entrevista à rádio Mirante AM. Para ele, o ideal é reunir o grupo e isso significa dizer que o senador Weverton Rocha é a parte solta da aliança articulada pelo governador Flávio Dino e que definiu Carlos Brandão como candidato à sua sucessão.
Bira do Pindaré preferiu não fazer previsões a respeito do futuro da pré-candidatura do senador pedetista, mas disse acreditar que o governador Carlos Brandão caminha para a reeleição.
Imperatriz: Weverton lidera, mas Brandão vem ganhando força
Após ler a última edição, que tratou da medição de força entre o governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha em Timon e em Caxias, um leitor fiel da Coluna fez a seguinte indagação: “E em Imperatriz?!”
A resposta é simples. Ali, depois de um longo domínio de preferência pelo senador Weverton Rocha, que é filho da terra, a roda começou a girar e Carlos Brandão já começa a dar sinais de que pode virar o jogo. Os deputados estaduais Marco Aurélio (PSB) e Rildo Amaral (Solidariedade), o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), o ex-prefeito Sebastião Madeira – que finalmente chegou ao poder estadual no poderoso e influente cargo de chefe da Casa Civil – o ex-prefeito Ildon Marques se movimentam, cada um ao seu modo, candidatura de Carlos Brandão. Com Weverton Rocha está agora o prefeito Assis Ramos (União Brasil), cujo prestígio está em baixa. Uma pesquisa feita agora certamente apontará Weverton Rocha na liderança, mas pr0vavelmente mostrará também Carlos Brandão em ascensão.
São Luís, 16 de Abril de 2022.