Intensa agenda de compromissos oficiais no interior, negociações com porta-vozes do governo da China, e, além disso, ampliação do espaço político vêm transformando o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) num pré-candidato a governador com lastro cada vez mais amplo e sólido, e mais do que isso, avalizado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) que, por sua vez, estimula a pré-candidatura do seu mais fiel aliado. Ontem, por exemplo, por articulação do vice-governador, o deputado Josimar de Maranhãozinho (PL) e o ex-deputado federal Júnior Marreca, pai do deputado Júnior Marreca Filho (Patriotas), foram recebidos pelo governador Flávio Dino, em audiência no Palácio dos Leões. Durante a conversa depois de ouvir o parlamentar do PL reafirmar seu projeto de disputar o Governo do Estado, o governador o estimulou a seguir em frente, mas fazendo a ressalva de que, na avaliação dele, Carlos Brandão será reeleito. A informação foi postada no Twitter pelo próprio Josimar de Maranhãozinho, que reafirmou seu projeto de candidatura, mas deixando no ar a impressão de que poderá apoiar o futuro governador.
Reuniões como a de ontem têm ocorrido com frequência no Palácio dos Leões. E aos poucos, sem fazer alarde, mas também sem esconder os seus movimentos, o vice-governador vai consolidando sua posição, dando forma definitiva ao seu projeto de candidatura. No final da semana que passou, vale lembrar, Carlos Brandão intermediou o reatamento da relação política do ex-governador José Reinaldo Tavares com o governador Flávio Dino, consolidando assim o retorno do PSDB à base política do Governo.
A reunião de ontem no Palácio dos Leões pode resultar no apoio de Josimar de Maranhãozinho e seus aliados à futura candidatura do vice-governador à reeleição, uma vez que ela será consolidada quando Carlos Brandão estiver no comando do Estado, após a desincompatibilização do governador Flávio Dino para disputar o Senado. Com esses movimentos, Carlos Brandão vem conseguindo se firmar diante do rolo-compressor em que se transformou o seu principal concorrente, o senador Weverton Rocha (PDT), que saiu das eleições municipais com mais de 40 prefeitos e, logo em seguida, garantiu a Famem como o eixo central de suporte à sua candidatura com a reeleição do presidente Erlânio Xavier (PDT), prefeito de Igarapé Grande e principal articulador do projeto de poder do líder pedetista. Carlos Brandão também mirou a Famem, jogou o que podia jogar para eleger o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), presidente da entidade municipalista, mas perdeu.
Agora, quando a corrida sucessória começa a ganhar corpo, com a etapa das montagens políticas ganhando intensidade, Weverton Rocha alimenta seu projeto de candidatura com os poderosos instrumentos do mandato senatorial, principalmente a milionária cota de emendas parlamentares. Por sua vez, Carlos Brandão, sem instrumentos semelhantes, joga com eficiência no campo da política, reforçando o seu projeto de candidatura com o retorno de aliados que haviam se afastado da aliança liderada pelo governador Flávio Dino, tendo o ex-governador José Reinaldo Tavares e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho como exemplos. O primeiro entra com o prestígio de quem já comandou o Estado e conhece o jogo como poucos. O segundo é dono de uma respeitável máquina política e partidária que pode fortalecer qualquer projeto de candidatura.
Tanto quanto os movimentos do senador Weverton Rocha são monitorados e balizam os passos do vice-governador Carlos Brandão, os movimentos do futuro governador causam impacto nas cidadelas do líder do PDT, deixando seus aliados em estado de alerta máximo. A declaração do governador Flávio Dino se referindo ao seu vice como futuro governador certamente levará o senador a fazer mais uma demonstração de força, como uma declaração de apoio por parte de um peso pesado da política, como fez a senadora Eliziane Gama (Cidadania) há duas semanas.
PONTO & CONTRAPONTO
Ultraesquerda vai se articular para as eleições do ano que vem
A ultraesquerda maranhense – que prefere ser reconhecida como “esquerda autêntica” – vai começar a se articular para as eleições gerais do ano que vem. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Unidade Popular (UP) já estão trocando figurinhas informalmente e deverão se reunir em breve para iniciar conversações para definir um rumo comum. Não há, ainda, evidência clara de qual será o rumo do trio partidário, mas a julgar pelo que aconteceu nas eleições municipais em São Luís, nas quais preferiu disputar com a candidatura do professor Franklin Douglas, o PSOL, que é o maior deles, tende a lançar candidato próprio a governador e a senador, além de uma chapa proporcional. Também levando em conta as eleições municipais, não será surpresa se PCB e UD se juntarem ao PSOL em aliança para a disputa majoritária, e lançando, cada um, seus candidatos a deputado estadual e a federal. Também integrante destacado da ultraesquerda, que tem em São Luís o seu núcleo mais ativo em todo o País, o PSTU ainda não deu sinais de como vai entrar na disputa de 2022 no Maranhão. Mas, assim como PSOL, PCB e UP, tende a lançar candidatos próprios às eleições majoritárias e proporcionais. Não se descarta, porém, a participação do PSTU na aliança com PSOL, PCB e UP, apesar nas diferenças abissais que separam as duas agremiações.
MDB vai disputar Câmara Federal e Assembleia, mas ainda não decidiu sobre Governo e Senado
O MDB já bateu martelo e participará das eleições do ano que vem com chapas fortes para deputado federal e deputado estadual. A chapa federal deve ser liderada pela ex-governadora Roseana Sarney, tendo os deputados João Marcelo e Hildo Rocha como candidatos fortes à reeleição. Já no que respeita à Assembleia Legislativa, a chapa emedebista será liderada pelo deputado Roberto Costa, vice-presidente do partido, tendo também como candidatos de peso os deputados Arnaldo Melo e Socorro Waquim, todos buscando a reeleição. No campo majoritário, já está definido que o partido não lançará candidato a governador nem a senador. Nessa seara, o MDB usará o seu poder de fogo, principalmente tempo de rádio e TV, para negociar com os aspirantes à sucessão do governador Flávio Dino. Em princípio, a cúpula do MDB administra um clima de tensão porque seus líderes estão divididos entre Carlos Brandão (PSDB), Weverton Rocha (PDT) e Roberto Rocha (ainda sem partido).
São Luís, 30 de Abril de 2021.