
Geraldo Alckmin e João Campos. Foto 2: Ana Paula
entre Leandro Bello, Rodrigo Lago, Carlos Lula, Othelino
Neto, Ricardo Rios, Márcio Jerry e Fernando Braide
Consumada ontem, em Brasília, a mudança prevista no braço maranhense do PSB, com a refiliação da senadora Ana Paula Lobato ao partido e que, ato contínuo, assumiu a presidência da legenda. Com a volta da senadora à legenda, o governador Carlos Brandão deve deixar o partido e migrar com o seu grupo – oito deputados estaduais, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, mais de uma dezena de prefeitos e um grupo expressivo de vereadores. Com a posse da senadora Ana Paula Lobato na presidência, a agremiação socialista voltará a ser controlada pelo grupo dinista. A reviravolta levará o PSB a romper com a pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), ao Governo do Estado, devendo se posicionar na base da pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), que ontem teve sua pré-candidatura confirmada pelo presidente nacional do PT, Edinho Silva.
A mudança consumada ontem em Brasília já era esperada pelo governador Carlos Brandão, que trabalhou intensamente para manter o controle do PSB, mas a movimentação do grupo dinista, com o qual o comando nacional socialista é mais identificado, acabou prevalecendo. Nas reuniões que manteve com a direção nacional, o governador demonstrou que sob o seu comando a legenda se manteve um partido forte, mas os interesses da agremiação – que inclui reforçar sua bancada no Senado -, e a pressão da corrente dinista falaram mais alto.
A refiliação da senadora Ana Paula Lobato ao PSB e sua assunção à presidência do partido se deram em ato conduzido pelo presidente nacional da legenda, o prefeito de Recife, João Campos, e teve o aval do vice-presidente Geraldo Alckmin, hoje o quadro mais importante do partido, que saudou a volta da parlamentar. A mudança foi respaldada pela ala dissidente, formada pelos deputados Carlos Lula e Francisco Nagib, membros do partido, e seus aliados do PCdoB, que, segundo alguns rumores, poderão deixar o “partidão” e migrar para a legenda socialista, a começar pelo deputado federal Márcio Jerry, que preside o braço do comunista no estado, seguindo os passos do ex-senador Flávio Dino.
Com a mudança de controle e de comando, o braço maranhense do PSB se afastará do projeto de candidatura do secretário Orleans Brandão, do qual foi linha de frente até ontem por conta das declarações e movimentos do governador Carlos Brandão e pelas manifestações fortes e entusiasmadas da deputada Iracema Vale, todas respaldadas pela maioria dos deputados estaduais e prefeitos do partido. Por outro lado, o PSB maranhense, além de intensificar sua condição de oposição ao Governo Carlos Brandão, vai encampar a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão. Isso porque, dependendo do rumo que o PT vier a tomar, há quem diga que a direção nacional do Partido poderá intervir. Há quem diga até que, caso o PT não se mobilize integralmente em seu apoio, é possível uma medida dura de Brasília para enquadrar a dissidência.
A guinada dada no PSB do Maranhão com a filiação da senadora Ana Paula Lobato desencadeou imediatamente uma onda de especulações a respeito do futuro partidário do governador Carlos Brandão e do seu grupo mais próximo. Dois caminhos são cogitados nos bastidores. O primeiro é a migração para o MDB, partido forte, organizado, com estrutura, e hoje presidido pelo empresário Marcus Brandão, irmão do governador, e ao qual é filiado o secretário Orleans Brandão. O outro caminho partidário pode ser a filiação do governador e seu grupo no União Brasil, hoje controlado no Maranhão pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, lançado pré-candidato a senador.
Ontem à noite, uma fonte governista disse à Coluna ser quase certa a filiação do governador Carlos Brandão e seu grupo ao MDB. Ela praticamente descartou a opção pelo União Brasil.
PONTO & CONTRAPONTO
Camarão retorna de Brasília com pré-candidatura turbinada após conversa com o presidente do PT
O vice-governador Felipe Camarão (PT) retornou ontem de Brasília muito animado com o seu projeto de candidatura do Governo do Estado. Dois motivos turbinaram o estado de ânimo do vice-governador.
O primeiro foi a conversa que ele manteve com o presidente nacional do PT, Edinho Silva, de quem ele ouviu a confirmação de que o seu projeto de candidatura ao Governo do Estado é prioridade para o partido e tem o aval do presidente Lula da Silva (PT).
E o segundo foi a certeza de que, ao se filiar e assumir a presidência regional do PSB, a senadora Ana Paula Lobato conduzirá o partido no sentido de apoiar a sua pré-candidatura. O deputado estadual Carlos Lula, que será vice-presidente da agremiação socialista, declarou que a candidatura do vice-governador ao Palácio dos Leões será a prioridade do partido de agora por diante.
Na conversa com o presidente petista Edinho Silva, o vice-governador Felipe Camarão fez um relato do cenário político em relação à sucessão estadual, e no qual o PT ainda não está devidamente posicionado. O presidente Edinho Silva tranquilizou o vice-governador afirmando que a orientação definida é a de que o braço maranhense do PT tenha o seu projeto de candidatura como prioridade.
Presença de Fernando Braide no ato de mudança no PSB causou agito no meio político
Em meio ao turbilhão que envolveu a mudança de comando do PSB maranhense, a grande interrogação ficou por conta da presença do deputado Fernando Braide (PSD) no grupo de parlamentares dinistas que foi a Brasília participar do ato em que a senadora Ana Paula Lobato assumiu o comando da legenda no Maranhão.
Vale registrar que a sua presença na sede do PSB em Brasília não foi uma coincidência nem fruto de um convite a quem estava por acaso na Capital da República naquele momento. Não. Ele viajou com o grupo formado pelos deputados dinistas Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Júlio Mendonça (PCdoB), Ricardo Rios (PCdoB) e Leandro Bello (Podemos). E participou do evento com a desenvoltura maior do que a de um simples convidado.
Fernando Braide tem sido, na verdade, o elo seguro de uma relação que o grupo dinista vem construindo com o prefeito Eduardo Braide, que lidera as pesquisas para o Governo do Estado, mas até agora não disse uma só palavra sobre se será ou não candidato.
No meio político, as especulações vão desde a possível candidatura do prefeito de São Luís apoiado pelo grupo dinista ao apoio dele, Eduardo Braide, à candidatura do vice-governador Felipe Camarão no grande acordo em que indicaria o vice.
A mudança no PSB deve esclarecer em pouco tempo o objetivo dessa relação.
São Luís, 07 de Agosto de 2025.