Faltam ainda 16 meses para a desincompatibilização, 20 para as convenções partidárias e 22 para as eleições de 2026. Para muitos, o pleito ainda está muito distante, mas para quem está no jogo da disputa pelo voto, essa distância parece bem menor. É o caso dos candidatos a candidato a governador, senador, mandatos majoritários cuja conquista depende da formação de uma base, da ação de grupos bem articulados por meio de alianças partidárias bem forjadas.
No Maranhão, a contagem regressiva para a disputa pelo Palácio dos Leões e as duas cadeiras de senador começa agora. Nesse contexto, há projetos já bem delineados, como o do vice-governador Felipe Camarão (PT) para o Governo do Estado, havendo ainda projetos em formação, como o do secretário Orleans Brandão (MDB), ambos na seara governista, e os do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), do ex-senador Roberto Rocha (sem partido), do ex-prefeito de Santa Rita Hilton Gonçalo (Mobiliza), e o do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo), cogitando-se ainda uma improvável candidatura do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL). Serão todos candidatos? Provavelmente não, mas como a política é imprevisível, só o tempo e as circunstâncias políticas futuras dirão.
Uma avaliação fria certamente concluirá que o projeto mais consistente é o do vice-governador Felipe Camarão, se ele, claro, for apoiado pelo governador Carlos Brandão. Se o governador Carlos Brandão renunciar para disputar o Senado – e não há nada que justifique uma mudança nesse roteiro -, Felipe Camarão será governador a partir de abril de 2026 e, como aconteceu com Carlos Brandão, assumirá o Governo e será naturalmente candidato à reeleição, tendo o atual governador como companheiro de chapa para o Senado.
Orleans Brandão só será candidato na hipótese, muito remota, de, por alguma circunstância não prevista, Carlos Brandão decidir permanecer no cargo até o final do mandato. Se isso não acontecer, está construindo lastro que lhe garantirá uma cadeira na Câmara Federal.
Em relação ao Senado, o roteiro é ainda mais nítido. Se as lideranças seguirem a lógica – e não há nenhum motivo justo para fazerem o contrário -, as duas vagas serão disputadas pelo governador Carlos Brandão (PSB) e pelo ministro André Fufuca (PP) e pelos senadores Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT), que devem buscar a reeleição. Nesse caso, uma única dúvida envolve o senador Weverton Rocha, cujos aliados se dividem entre ele tentar a renovação do mandato ou investir tudo em nova tentativa de chegar ao Palácio dos Leões. Ele próprio já alimentou essa dúvida, mas ultimamente parece inclinado a tentar a reeleição.
Uma crise, cujo estopim ninguém consegue identificar com precisão, vem há tempos minando a aliança governista, praticamente causando o rompimento e dando origem a um grupo ligado ao hoje ministro Flávio Dino (STF), identificado como dinismo, e outro ligado ao governador Carlos Brandão, chamado brandonismo. Concentrado na Assembleia Legislativa, o “jogo de poder” chegou ao ápice no final do ano que passou, com a guerra pelo comando da Casa, cujo resultado foi judicializado e as duas correntes aguardam o desfecho.
Os ânimos serenaram na virada do ano, deixando no ar a impressão de que estão sendo criadas as condições para que a crise seja estancada e a aliança governista seja restaurada na sua plenitude. E nesse caso, o desdobramento mais lógico será uma chapa Felipe Camarão como governador buscando a reeleição em 2026 tendo Carlos Brandão como companheiro de chapa para o Senado. Assim, manterá uma tradição que começou com José Sarney (Arena) em 1970 e chegou a Flávio Dino (PSB) em 2022, e só interrompida em 1986, com a permanência do governador Luiz Rocha (PDS) no cargo até o fim do mandato, e em 2006, quando o governador José Reinaldo Tavares (PTB) decidiu cumprir seu mandato até o último dia em apoio à vitoriosa candidatura de Jackson Lago (PDT) ao Governo do Estado. Luiz Rocha e José Reinaldo Tavares pagaram preço político elevadíssimo por conta da decisão de permanecer no cargo.
Nada disso precisa acontecer. Basta vontade política de sentar, resolver diferenças e ajustar o curso.
PONTO & CONTRAPONTO
Discurso conciliador de Braide repercute no meio político
Repercutiu fortemente o discurso de posse do prefeito Eduardo Braide (PSD) para o segundo mandato, principalmente quando ele falou em união.
Inicialmente, pareceu um recado conciliador à Câmara Municipal, com o objetivo de evitar o confronto permanente que marcou o seu primeiro mandato, quando teve mais de dois terços dos vereadores numa dura oposição comandada pelo presidente Paulo Victor (PSB).
Uma leitura mais apurada da sua fala sugere, com nitidez, que o prefeito de São Luís falou de uma união mais ampla, de um projeto maior, entendido por alguns como o prenúncio de uma caminhada ao Governo do Estado em 2026.
Iracema vibra com a posse dos filhos em Barreirinhas e em Urbano Santos
A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB) não cabe em si com a posse dos seus filhos Vinícius Vale (MDB), que assumiu a Prefeitura de Barreirinhas, e Herlon Júnior (PSB), que é o novo vice-prefeito de Urbano Santos.
Ela aposta alto no desempenho administrativo de Vinícius Vale, que é engenheiro civil e, segundo fontes que o conhecem, sabe o que fazer para dar à Barreirinhas a sua verdadeira dimensão, que é ser o grande portal dos Lençóis.
Herlon Júnior, por sua vez, inicia seu aprendizado político como vice-prefeito de Urbano Santos, preparando-se para ser o sucessor do prefeito reeleito Clemilton Barros, que deve apoiá-lo na corrida sucessória de 2028.
O alto astral da chefe do parlamento maranhense deve se manter nas alturas se a Suprema Corte confirmar a sua eleição de presidente do Legislativo para o biênio 2025/2026.
São Luís, 03 de Janeiro de 2025.