Arquivos mensais: dezembro 2024

Iracema fecha 2024 com mensagem em que diz buscar “a paz pelo diálogo e entendimento”

Iracema Vale fez na sua mensagem de Ano Novo
uma proposta de conciliação política

Agitado por uma escalada surpreendente de tensão, o mundo político do Maranhão fecha o ano atingido por um apelo de paz. Essa manifestação, feita de maneira inteligente, foi acomodada no bojo de uma mensagem de virada de ano feita pela presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), ela própria posicionada no epicentro de um terremoto que atingiu a base governista no dia 13 de novembro, na realização da eleição da Mesa Diretora do parlamento para o biênio 2025/2026. Reeleita num processo questionado pelo seu adversário, o deputado Othelino Neto (Solidariedade), a presidente do Poder Legislativo gravou duas mensagens, uma em que carreou o espírito natalino para deputadas e deputados, e outra despachando o ano velho e anunciando o ano novo fazendo um apelo por “paz e entendimento”, alertando que “o Maranhão precisa de paz”.

A mensagem natalina trouxe todos os elementos das manifestações típicas da época: nascimento de Cristo, tempo de esperança, pedido de bênção a Deus, etc., mas literalmente a presidente já introduz um toque político quando propaga que no universo parlamentar “os melhores presentes nem sempre vêm embrulhados em papel. Eles vêm com um sorriso, com um abraço. E deixam em nós, deputados e deputadas, a felicidade de saber que estamos contribuindo para um Maranhão melhor para todos”. E garante que “é isso que nos (os deputados) move todos os dias, fazer o melhor por você e sua família”. Na sua mensagem natalina, apresentada com segurança e empatia, a presidente da Alema conseguiu falar em seu nome e no dos outros 41 deputados.

A mensagem de virada de ano, por sua vez, ganhou uma dimensão muito maior pelo conteúdo político que trouxe. Iracema Vale diz que “chegamos ao final de mais um ano, de muita luta, trabalho e conquistas”. Segue reforçando o tom político ao declarar que “refletindo sobre o atual momento, o Maranhão tem grandes perspectivas de investimentos que abrem oportunidades de empregos para nossa gente”. E dá um passo corajoso ao alertar que, “para alcançarmos essa prosperidade, é preciso muita responsabilidade”. Ou seja, no seu discurso, quem não perceber as condições para alcançar a prosperidade, não estará sendo responsável para com o estado.

O trecho mais surpreendente e forte da mensagem da presidente do parlamento maranhense está numa declaração essencialmente política e de largo alcance: “Meu compromisso é buscar a paz, pelo diálogo e entendimento. O Maranhão precisa de paz”.

Como os maranhenses não estão conflagrados, a falta de paz, diálogo e entendimento está exatamente nas relações que movem a classe política. E mais especificamente na base governista, que representa as maiores e mais importantes forças políticas e partidárias do Maranhão, mas que está em processo de rompimento, produzindo um clima de tensão pouco visto no tabuleiro político estadual em tempos recentes. Quando se propõe buscar a paz pela via do diálogo e do entendimento, a presidente da Assembleia Legislativa faz uma proposta concreta para uma consertação entre as forças em conflito – segmentos políticos que integram a corrente formadas em torno do ex-governador Flávio Dino, e os grupos alinhados ao governador Carlos Brandão (PSB), ao qual ela pertence.

E como não poderia deixar de ser, a mensagem é concluída com o clássico “Que 2025 seja um grande ano para todos os maranhenses”.

Com a sua mensagem de virada de ano, a presidente da Assembleia Legislativa reforça a imagem que construiu nestes dois anos como uma política hábil e carismática, que sabe jogar no tabuleiro da política estadual, e por isso vem há dois anos driblando obstáculos e crises. E tudo isso sem alterar a voz nem usar palavras agressivas nos contra-ataques, tornando os embates mais suaves, mas não menos duros.

Não foi exatamente uma inovação, mas não há dúvida de que foi um gesto político ousado e oportuno.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane apoia decisões de Dino sobre emendas

Eliziane Gama e Flávio Dino: parceria e amizade

A senadora Eliziane Gama (PSD) fechou 2024 com um posicionamento corajoso em defesa das decisões tomadas pelo ministro Flávio Dino (STF) em relação ao pagamento de emendas.

Eliziane Gama escreveu nas suas redes sociais: “Todo e qualquer recurso público, do povo, deve obedecer ao princípio da transparência. O rigor do ministro Flávio Dino na definição das emendas parlamentares de comissões segue nessa direção. Os Poderes da República não podem fugir desse imperativo ético”.

A parlamentar maranhense se manifesta nesse tom exatamente no momento em que a grande maioria dos 513 deputados federais e dos 81 senadores esbravejam pelos cantos, insatisfeitos com o enquadramento feito pelo ministro da Suprema Corte no processo de liberação de emendas.

E não vale acusar a senadora de oportunismo. Quem conhece a sua trajetória como jornalista, deputada estadual, deputada federal e senadora sabe que Eliziane Gama não compactua com o que está errado, especialmente em relação à aplicação de recursos públicos, não havendo qualquer “porém” em relação a ela.

Um bom fecho para 2024.

Vereadores de São Luís elegerão amanhã Mesa presidida por Paulo Victor

Paulo Victor deve ganhar novo mandato presidencial

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador reeleito Paulo Victor (PSB), se despede de 2024 em clima de contagem regressiva para ganhar mais um mandato presidencial.

A contagem mais recente confirmou que ele terá o voto de 29 dos 31 vereadores ludovicenses, incluindo ele próprio. É o resultado de uma articulação intensa iniciada imediatamente após o anúncio dos eleitos pela Justiça Eleitoral, na noite do dia 6 outubro.

Além do presidente Paulo Victor, a nova Câmara elegerá a seguinte composição para a mesa Diretora: 1º vice-presidente: Concita Pinto (PSB), 2º vice-presidente: Beto Castro (PSB), 3º Vice-Presidente: Raimundo Penha (PDT), 1º Secretário: Aldir Junior (PL), 2º Secretário: Thyago Freitas (PRD), 3º secretário: Daniel Oliveira (PSD), 4º Secretário: Clara Gomes (PSD) e 5º Secretário: Cleber Filho (MDB).

Até ontem à noite, somente os vereadores Douglas Pinto (PSD), que foi o mais votado, tendo recebido nas urnas mais de 16 mil votos, e Flávia Berthier (PL), bolsonarista roxa, não haviam se posicionado em relação à chapa liderada por Paulo Victor.

A eleição da Mesa Diretora do parlamento municipal ocorrerá amanhã à tarde, no Auditório Alberto Abdalla, na Fiema.

Em Tempo: A Coluna deseja um próspero ano novo aos seus leitores e a todos os maranhenses.

São Luís, 31 de Dezembro de 2024.

Leões: Divergências e tensões na base governista produziram indefinições na corrida sucessória

Felipe Camarão, Orleans Brandão, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Lahesio Bonfim e
Weverton Rocha foram apontados em 2024 para disputar o Palácio dos Leões em 2026

Se 2024 foi um ano de disputas e confrontos, rachas e rompimentos, com poucas tentativas de conciliação, num processo de demarcação de espaços políticos, 2025, o ano que começa nesta quarta-feira, será ainda um período de muitas tensões e refregas, mas será também um tempo em que os grupos começarão a se ajustar para a grande e decisiva guerra política e eleitoral, na qual estarão em jogo o Palácio dos Leões e duas cadeiras no Senado da República, e, no plano maior, a Presidência da República. O ano que termina foi uma espécie de prévia para definição de candidaturas à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB), cujo roteiro inicial dentro da aliança governista foi alterado, o que abriu caminho para o surgimento de projetos sucessórios diferenciados. Esse ambiente de conflito, que rachou a base governista, manteve a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) e criou o projeto de candidatura do atual secretário de Relações Municipais Orleans Brandão (MDB), e no campo oposicionista foram apontados nomes como o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Yglésio Moises (Novo).

Não surpreendeu que os olhares se voltassem para os dois nomes do campo governista. Isso porque, no que diz respeito a Felipe Camarão, candidato natural da chamada corrente dinista, o seu partido, o PT é parte importante da aliança que dá sustentação ao governador Carlos Brandão, e pode vir a ter o aval declarado do presidente Lula da Silva. No contrapeso, Orleans Brandão se consolidou como o principal articulador e porta-voz do governador Carlos Brandão na seara municipalista. Em meio as divergências entre as duas correntes governistas, a banda dinista pressiona para consolidar o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão, enquanto a chamada corrente brandonista, vem apostando cada vez mais alto no projeto de candidatura de Orleans Brandão, embora ele próprio já tenha declarado que o seu projeto é ser deputado federal.

O distanciamento das duas correntes governistas abriu a possibilidade de, em caso de rompimento irreversível, o governador Carlos Brandão abrir mão de disputar uma cadeira no Senado e permanecer no cargo até o último dia, o que lhe dará as condições de lançar um candidato competitivo, inviabilizando a candidatura de Felipe Camarão. A permanência no cargo até o final do mandato foi várias vezes admitida pelo governador Carlos Brandão ao longo do ano, com larga repercussão no meio político e até fora dele. Por sua vez, a corrente dinista atuou fortemente no sentido de obter do governador a declaração de que apoiará a candidatura do vice-governador, como a dele foi apoiada pelo governador Flávio Dino. O problema é que essas tentativas de fortalecer o projeto de Felipe Camarão foram acompanhadas de posições e declarações duras da corrente dinista em relação ao governador e ao Governo Carlos Brandão, além de ações judiciais extemporâneas, que colocaram o Palácio dos Leões na defensiva, tolheram a possibilidade de diálogo e incentivou o clima de confronto.

Em meio ao bombardeio, o vice-governador Felipe Camarão tem trabalhado ultimamente para encontrar um discurso de conciliação, declarando que o governador Carlos Brandão é o seu candidato a senador. Na mesma linha, embora não declarando que Carlos Brandão permanecerá no Governo até o final, aliados do governador continuam propagando o projeto de candidatura de Orleans Brandão.

O novo ano chega com animação para criar as condições de um grande acordo, como também com uma dose de disposição de levar a aliança governista a um racha definitivo, produzindo, nesse caso, um cenário de imprevisibilidade sem paralelo.

No campo oposicionista propriamente dito, a grande novidade foi a reeleição do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, e com ela uma forte expectativa quanto ao que ele pensa sobre a disputa governamental de 2026. Nas contas feitas por todos, Eduardo Braide ganhou estatura para, se quiser, deixar a prefeitura para disputar o Governo em 2026, iniciando a corrida com um forte cacife em São Luís. Os seus movimentos – como sua ida à Imperatriz para apoiar a candidatura de Mariana Carvalho (Republicanos) e, mais recentemente, encontros com a banda dinista que se opõe ao governador Carlos Brandão – não deixaram dúvidas de que ele considera seriamente entrar na disputa, desde que se sinta cacifado para competir para valer.

Num outro quadrado desse campo está o ex-senador Roberto Rocha, que lançou a sua pré-candidatura sem sequer ter um partido. Numa esteira de fracassos retumbantes, o ex-senador é parte dos grupos que disseminam o bolsonarismo no Maranhão, embora não tenha recebido ainda qualquer sinal do ex-presidente em relação ao seu projeto de candidatura. Na mesma linha, só que mais moderado em relação ao bolsonarismo, mas pelo segundo lugar na eleição de 2022, quando bateu o senador Weverton Rocha, o ex-prefeito Lahesio Bonfim passou o ano anunciando sua pré-candidatura ao Governo.

Por fim, o senador Weverton Rocha entrou na lista pelas vozes de vários aliados, mas ele próprio tem se comportado como candidato à reeleição. O ano que chega vai leva-lo a uma definição.

Como se vê, está tudo armado para que 2025 seja um ano politicamente movimentado.

PONTO & CONTRAPONTO

As montagens para o Senado dependem da decisão de Brandão

Carlos Brandão, André Fufuca, Eliziane Gama e Weverton Rocha devem disputar o Senado

A corrida para o Senado teve duas definições muito claras, as pré-candidaturas da senadora Eliziane Gama, que declarou que buscará a reeleição, e o projeto de candidatura do deputado federal e ministro do Esporte André Fufuca (PP), que ainda não fez uma declaração formal sobre o assunto, mas não escondeu, em nenhum momento, que é esse o seu objetivo.

A grande dúvida – que resistiu surpreendentemente ao longo de 2024 – é a posição do governador Carlos Brandão, que no epicentro do jogo sucessório, falou mais da possibilidade de permanecer no cargo do que sair para concorrer a uma das cadeiras de senador.

Nesse caso, a equação é simples. Se o governador Carlos Brandão resolver disputar o Senado, será um candidato fortíssimo, que dificilmente será batido. Nessa hipótese – que é ainda a mais plausível -, os dois senadores que buscam a reeleição e o ministro do Esporte travarão uma guerra sem trégua por uma vaga. Foi esse o cenário desenhado em 2024. E se decidir ser senador, o governador Carlos Brandão terá em 2025 tempo suficiente para formatar a sua candidatura, costurar as alianças e torna-la um projeto viável, mais forte, porque, no caso, fará dobradinha com o governador Felipe Camarão, que disputará reeleição.

Portanto, com o governador concorrendo, a disputa para as duas vagas no Senado será francamente favorável ao chefe do Executivo e ao seu companheiro de chapa, muito provavelmente o ministro do Esporte, tendo a senadora Eliziane Gama como segunda opção.

Madeira atuou na interlocução e na articulação do Governo ao longo do ano

Sebastião Madeira

Em meio a secretários que pontificaram em 2024, como Orleans Brandão (Ralações Municipais), Luzia Waquim (Governo), Aparício Bandeira (Infraestrutura), Bira do Pindaré (Agricultura Familiar), José Reinaldo Tavares (Projetos Especiais) entre outros, o secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, foi um dos mais ativos articuladores do núcleo duro que dá suporte ao governador Carlos Brandão.

Com a experiência de quatro mandatos de deputado federal, dois de prefeito de Imperatriz e uma longa vivência partidária como tucano raiz, Sebastião Madeira foi um ativo interlocutor, que atuou com a mesma eficiência no campo político e partidário, nas relações institucionais do Palácio dos Leões com outros Poderes, ajudou a consertar aspectos pouco visíveis da gestão pública, tendo sido também um ativo conselheiro do chefe do Executivo.

Respirando política todos os dias, Sebastião Madeira trabalhou pela manutenção da aliança, atuando como fio condutor entre os líderes da base governista -Carlos Brandão e Flávio Dino, conseguindo a proeza de, no auge da crise, junta-los como padrinhos na festa do seu casamento. Além do mais, tirou o PSDB do limbo, dando ao partido a visibilidade possível.

Tirou férias nos últimos dez dias do ano e certamente retornará ao posto para continuar em 2025 o trabalho de articulação e interlocução que o tornou peça importante na equipe palaciana.

São Luís, 30 de Dezembro de 2024.

Dino dobra caciques do Congresso e encerra 2024 como personalidade destacada na República

Flávio Dino chega ao final de 2024 como
personalidade destacada na República

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então candidato a presidente da República, Lula da Silva (PT), fez escala em São Luís, e num grande comício na Praça Pedro II, em frente ao Palácio dos Leões, ao lado do governador Carlos Brandão (PSB), candidato à reeleição, e do ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato a senador, foi ovacionado por milhares de seguidores e simpatizantes, e no seu discurso, disse que, se voltasse ao Palácio do Planalto, Flávio Dino seria seu ministro. Começava ali uma das trajetórias mais destacadas de um político no Brasil pós-ditadura.  Os três foram vitoriosos nas urnas: Carlos Brandão deu início ao seu próprio Governo e Flávio Dino assumiu o mandato de senador e foi convocado pelo presidente Lula da Silva para ser ministro da Justiça e Segurança Pública.

Os desdobramentos desse roteiro de vida real surpreenderam os maranhenses e os brasileiros em geral por conta do desempenho do senador maranhense à frente de uma das pastas mais nobres, desafiadoras e complexas do ministério, que cuida de direitos e deveres dos brasileiros, segurança interna, direitos do consumidor, administrando várias instituições, sendo a Polícia Federal a mais importante.

Antes de assumir o Ministério da Justiça, ainda nos estertores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), quando as manifestações golpistas estavam se sucedendo em Brasília, Flávio Dino teve papel decisivo no desmonte das manobras da turma bolsonarista com o intuito de desestabilizar o País e impedir a posse do presidente Lula da Silva. Esse processo culminou uma semana depois da posse, com a invasão das sedes dos três Poderes, que seria a senha para o golpe, que só não aconteceu por dois motivos: os comandantes das Forças Armadas refugaram e, sob o comando do ministro Flávio Dino, o Governo reagiu, decretou intervenção em Brasília e sufocou a manobra no que entrou para a História como o 8 de Janeiro.

Em novembro de 2023, Flávio Dino foi indicado para o Supremo Tribunal Federal, tendo sido aprovado pelo Senado ainda naquele ano. Em fevereiro deste ano, Flávio Dino renunciou ao mandato de senador e foi nomeado ministro da Corte Suprema, iniciando ali um novo momento da trajetória que vem surpreendendo até mesmo os que já o conheciam. Em apenas dez meses, o novo ministro do STF, lastreado pela experiência de 12 anos como juiz federal e professor universitário, um mandato de deputado federal e dois mandatos como governador do Maranhão, Flávio Dino assumiu um protagonismo que nenhum outro quadro da sua geração, magistrado ou político, alcançou.

Nos seus cerca de 300 dias na condição de ministro da Corte Suprema, Flávio Dino conseguiu, em parte, conter as investidas da extrema-direita de fragilizar aquela instituição, por meio de pressões, ameaça e, em alguns casos, desrespeitando decisões. O ponto culminante dessa reviravolta aconteceu ainda em outubro, quando ele deu o primeiro passo para desmontar no Congresso Nacional o maior esquema de corrupção na área pública do País: o orçamento secreto e todo o esquema de emendas usado por deputados e senadores sem regras respeitáveis, o que permitiu o desvio de bilhões e bilhões de reais ao longo das últimas décadas. A decisão do ministro de bloquear o pagamento de emendas pelo velho sistema camuflado, sem qualquer rastreabilidade, até a adoção de regras claras e transparentes, de modo a tornar rastreável o uso desses recursos públicos, obrigou o Congresso a extinguir o orçamento secreto e a aprovar regras mais transparentes, assegurando que emendas agora tenham autor, destino e projeto, para que o dinheiro seja aplicado devidamente, sem risco de ser desviado.

Nas três últimas semanas, o Brasil assistiu, com atenção máxima, a queda de braço entre o ministro Flávio Dino e os coronéis do Congresso Nacional, capitaneados pelo deputado-presidente Arthur Lira (PP-AL), que tentaram burlar as regras para liberar R$ 4,2 bilhões de afogadilho ainda neste ano. O ministro apontou irregularidades no processo e manteve o bloqueio, dando 24 horas para que a Câmara Federal se explicasse. A resposta do parlamento chegou às suas mãos no final da tarde de sexta-feira, e até ontem ele estava examinando o quadro, deixando bem claro que, caso haja alguma irregularidade, o bloqueio dos R$ 4,2 bi será mantido, doe em quem doer.

O ministro Flávio Dino fecha 2024 como uma das personalidades mais destacadas da República.

PONTO & CONTRAPONTO

Fora dos cargos, Fábio Gentil e Hilton Gonçalo continuarão politicamente fortes

Fábio Gentil e Hilton Gonçalo: sem mandato,
mas no jogo politicamente fortes

Dois prefeitos se tornarão ex-prefeitos à meia-noite desta terça-feira (31/12) reconhecidos pelas suas gestões e por sua força política e iniciarão uma caminhada que deverá terminar nas urnas de 2026, muito provavelmente bem-sucedidos.

São eles: Fábio Gentil (PP), que comandou Caxias pelos últimos oito anos e deixa um sobrinho, Gentil Neto (PP) como sucessor, e Hilton Gonçalo (Mobiliza), que encerrará seu quarto mandato à frente de Santa Rita, e deixa no comando da cidade um sobrinho.

Fábio Gentil é um dos políticos cinquentões com maior influência na região onde atua, comandando uma força política que reúne o seu sucessor Gentil Neto, a deputada federal Amanda Gentil (PP), sua filha, e a deputada estadual Daniella Gidão (PSB), sua mulher e parceira política. Nas rodas de conversa sobre política, Fábio Gentil é visto como dono de cacife para ser deputado estadual, deputado federal, suplente de senador e até mês o vice-governador. Ele próprio ainda não disse o que fará depois de deixar a Prefeitura da Princesa do Sertão.

Com poder de fogo que levou o sobrinho Milton Gonçalo (Mobiliza) a ser seu sucessor, Hilton Gonçalo é reconhecido como um político competente, o que explica o tamanho da sua influência na região polarizada por Santa Rita. Começa com o fato de que já é um político experiente, que sai do poder junto com a mulher, Daniella Gonçalo, prefeita de Bacabeira, que também elegeu uma sobrinha, Naila Gonçalo (Mobiliza), para sucedê-la. Não muito afeito a mandatos legislativos, Hilton Gonçalo não esconde de ninguém que seu projeto de poder é chegar ao Palácio dos Leões.

É muito provável que os dois sejam personagens muito comentadas no meio político nos próximos meses.

Josimar de Maranhãozinho fechou 2024 derrotando ninguém menos que Jair Bolsonaro

Josimar de Maranhãozinho levou a melhor
na peleja contra Jair Bolsonaro

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho encerra 2024 como vencedor de uma das guerras mais complicadas da sua carreira: a queda de braço com o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo controle do PL no Maranhão.

O ex-presidente da República e candidato fracassado a ditador dedicou boa parte da sua agenda pós-eleição a ações que tinham como alvo o cacife político de Josimar de Maranhãozinho e sua mulher, a deputada federal Detinha, e também atingindo de raspão os deputados federais Pastor Gil e Júnior Lourenço.

Jair Bolsonaro esbravejou, xingou e fez acusações graves ao líder e seus seguidores, mas não conseguiu um levante dentro do partido que embalasse seu projeto de expulsar o grupo, que não se abalou com as investidas e, para indignação do ex-presidente, permanece firme e forte.

A derrota de Jair Bolsonaro foi consumada quando o presidente do PL, Waldemar Costa Neto, esteve em São Luís no início deste mês e numa coletiva de imprensa foi taxativo: o PL do Maranhão permanece com Josimar de Maranhãozinho, e fim de conversa.

Com a martelada de Waldemar Costa Neto encerrando o assunto, Jair Bolsonaro teve de abandonar o projeto de entregar o PL maranhense a um aliado dele no estado, que por prudência ele não chegou a identificar.

E para que a derrota não fosse completa e humilhante, Waldemar Costa Neto convenceu Josimar de Maranhãozinho a concordar em entregar o PL Mulher, que era comandado por Detinha, à vereadora eleita em São Luís Flávia Berthier, que nada sabe sobre a política maranhense além do Tirirical.

São Luís, 29 de Dezembro de 2024.

Brandão fecha 2024 aprovado por ampla maioria, apesar das tentativas de desgastá-lo

Carlos Brandão: avaliação alta em duas pesquisas

Depois de amplamente vitorioso nas eleições municipais, nas quais seus aliados ganharam cerca de 150 prefeituras – incluídas as de Imperatriz, Timon, Caxias, Bacabal, Barreirinhas, Pedreiras e Coroatá -, e de, no contrapeso, enfrentar fortes pressões de adversários, que vêm tentando desgastá-lo com ações no Supremo Tribunal Federal, e com uma articulação subterrânea que minou a base de apoio do Governo na Assembleia Legislativa, o governador Carlos Brandão (PSB) fecha o ano virando o jogo na esteira de uma aprovação histórica, segundo duas pesquisas feitas recentemente.

O instituto Opinião, do Paraná, ouviu 22.650 eleitores nos 217 municípios maranhenses e encontrou nada menos que 61% de aprovação, 25% de desaprovação e 14% que preferiram não opinar. Depurado o resultado, com a exclusão dos indecisos e os que não responderam, o percentual de aprovação do governador Carlos Brandão alcança estratosféricos 71,9%. Mais do que isso, para 42,3% dos entrevistados, o Maranhão de agora é melhor do que o de dois anos atrás; para 36,9%, o estado continua como estava, e para 15,2%, o Maranhão piorou. E mais, a margem de erro da pesquisa Opinião é de apenas 1%.

Já o instituto Econométrica, o mais respeitado do Maranhão pelo acerto dos seus levantamentos, ouviu 1.355 cidadãos entre os dias 15 e 18 em 50 municípios, incluindo São Luís, Imperatriz, Caxias e Timon, e o resultado foi igualmente positivo: o governador Carlos Brandão é aprovado por nada menos que 62%. E com o diferencial de que nos grandes centros sua aprovação alcança surpreendentes 90%. Por ser um levantamento menos abrangente, mas estatisticamente consistente, a margem de erro é de 2,7%.

Por mais que seus adversários tentem mostra-lo numa versão contrária, Carlos Brandão faz um governo técnico e eficiente, e que atua nos mais diversos campos, respeitando as ações do seu antecessor, Flávio Dino, e cravando as do seu próprio Governo. Os exemplos estão aí para serem conferidos. Milhares de maranhenses e visitantes passam a virada do Ano na praia de Araoca, na baixada ocidental, graças ao investimento rodoviário feito pelo Governo estadual, que também ampliou em mais de 50 a rede de restaurantes populares. Há três dias, o governador e o secretário de Saúde, Tiago Fernandes, anunciou que o Hospital Dr. Carlos Macieira está credenciado para fazer transplante de fígado e rim, um avanço excepcional. E não fosse a articulação feita pelo próprio governador, o complexo industrial da Inpasa em Balsas, um investimento de U$ 2,5 bilhões para a produção de proteínas e combustíveis vegetais, não estaria de pé e já caminhando para iniciar a produção.

Esses números dão ao governador Carlos Brandão argumentos consistentes para levar em frente o seu plano de Governo e o seu projeto político. Eventuais fragilidades em áreas do Governo são amplamente compensadas pelo todo que vem sendo trabalhado, apesar da má vontade dos adversários, o que é absolutamente normal em política.  

Nenhum chefe de Governo alcança uma aprovação nesse patamar com embromação e conversa fiada. E nenhum instituto de pesquisa vai arriscar o seu prestígio e seu registro distorcendo números numa era em que percentuais são informações decisivas em qualquer campo. Nos dias atuais, qualquer desvio nesse campo é imediatamente identificado e denunciado, como foi o caso de algumas pesquisas eleitorais em Imperatriz, Caxias e até mesmo em São Luís, que forçaram a barra e foram desmascaradas pelo o resultado das urnas. Além do mais, a Econométrica, por exemplo, tem lastro técnico e autoridade empresarial para sustentar os números que apura.

Mesmo em meio a investidas pesadas de adversários, todas visando a corrida às urnas em 2026, o governador Carlos Brandão mostra que, ao contrário do que alguns tentam mostrar, ele e seu Governo têm o aval de pelo menos dois terços dos maranhenses para seguir em frente. São ainda quinze meses até a hora de decidir se vai concorrer a uma vaga no Senado, segundo a lógica e a tradição, ou continuar até o último dia do seu Governo, o que, para muitos, não faz sentido.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema ganha reforço do PSB, que defende sua eleição e diz que contestação do SD é descabida

Iracema recebe o apoio de Carlos Siqueira,
presidente nacional do PSB

O que eram manifestações isoladas de alguns dos seus quadros e de aliados se transformou numa posição do comando nacional do PSB, que ontem divulgou nota declarando total e incondicional apoio à eleição da deputada Iracema Vale para novo mandato de presidente da Assembleia Legislativa, questionada pelo seu concorrente, deputado Othelino Neto, através do braço estadual do seu partido, o Solidariedade, no Supremo tribunal Federal. Na nota, assinada pelo seu presidente nacional, Carlos Siqueira, o PSB não tergiversa e vai direto ao ponto, declarando “total apoio à reeleição da deputada Iracema Vale (PSB-MA) à presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão, reafirmando a legitimidade e a constitucionalidade do processo conduzido conforme o Regimento Interno daquela Casa Legislativa”.

A agremiação socialista rebate a alegação do Solidariedade sobre o critério da maior idade, que definiu a eleição diante do empate de 21 a 21. Iracema Vale foi declarada eleita por ter mais idade, conforme reza o regimento Interno do parlamento maranhense há pelo menos três décadas.

No documento, o presidente do PSB argumenta: “Destacamos que o critério de desempate adotado — prevalência da idade em caso de empate de votos — encontra respaldo na prática legislativa nacional e na Constituição Federal. Tal regra está em sintonia com os princípios de autonomia organizacional das casas legislativas, consagrados no artigo 51, inciso IV, e no artigo 52 da Carta Magna, que asseguram à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, respectivamente, competência para definir suas normas de funcionamento, incluindo critérios de desempate. Além disso, enfatizamos que o mesmo princípio é utilizado em outras esferas do Poder Legislativo, como no Senado Federal, evidenciando a coerência e a razoabilidade de tal critério, bem como o respeito às tradições democráticas”.

A manifestação do PSB continua argumentando que “a tentativa de questionar judicialmente essa decisão representa uma ingerência inadequada em matéria interna corporis, que compete exclusivamente ao Legislativo. O Supremo Tribunal Federal já consolidou o entendimento de que não cabe ao Judiciário interferir em questões que envolvam a interpretação de regimentos internos legislativos, salvo quando há flagrante violação à Constituição — o que não é o caso em tela”.

E conclui: “Reiteramos nossa confiança na consolidação da vitória da presidente Iracema Vale, cuja eleição reflete a vontade democrática dos parlamentares e está em conformidade com os preceitos constitucionais. O PSB seguirá firme na defesa do respeito às instituições e da soberania das decisões parlamentares”.

Em contato com a presidente Iracema Vale, Carlos Siqueira teria dito que o partido está à disposição dela para e reforçar sua defesa na Suprema Corte.

Pedido de cassação de Othelino feito por Zé Inácio será examinado pelo Conselho de Ética da Alema

Zé Inácio quer a cassação de Othelino Neto

O suplemente de deputado estadual Zé Inácio (PT) contou com o aval das direções regional e nacional do partido para ingressar no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa com uma ação pedindo a cassação do mandato do deputado Othelino Neto (Solidariedade), acusando-o de tentar desestabilizar a instituição legislativa questionando uma eleição fundamentada no Regimento Interno da Casa.

Para lastrear sua ação, o petista Zé Inácio pediu informações a respeito do líder do Solidariedade junto à Procuradoria-Geral do Estado do Maranhão (PGE-MA), à Procuradoria Geral de Justiça (Ministério Público), à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA).

A iniciativa do suplente Zé Inácio entorna mais o caldo na relação do deputado Othelino Neto com o Poder Executivo e o coloca numa situação incômoda dentro da Assembleia Legislativa, uma vez que os integrantes do Conselho de Ética terão de se posicionar em relação ao pleito do petista. Isso só acontecerá em fevereiro, quando o parlamento voltar do recesso e a nova Mesa estiver empossada.

Um detalhe da ação de Zé Inácio é que, se Othelino Neto vier a perder o mandato por cassação, a vaga a ser aberta será ocupada pelo petista, que é 1º suplente na Federação que reúne o PT, o PCdoB e o PV. Isso porque Othelino Neto se elegeu pelo PCdoB.

Uma fonte próxima de Othelino Neto disse à Coluna que o pedido de cassação feito por Zé Inácio teria o objetivo de “inibir” o ex-presidente da Assembleia Legislativa, mas que ele está seguro das suas ações e não vai recuar.

São Luís, 28 de Dezembro de 2024.

Ilha continua oposicionista e Braide ganha estatura para tentar Governo em 26 ou em 30

Eduardo Braide, Júlio Matos e Eudes Barros são de
oposição; Fred Campos atua na base governista

Muitos apostaram que as eleições municipais de 2024 resultariam no enquadramento político da Ilha de Upaon Açu, alinhando seus quatro municípios, que reúnem cerca de 1,6 milhão de habitantes, ao campo político que comanda o Governo do Estado. Os que apostaram erraram, porque apenas Paço do Lumiar, o terceiro maior deles, se manteve governista com a eleição do advogado Fred Campos (PSB). Nessa região de domínio oposicionista, encarando candidatos governistas, Eudes Barros (PL) se reelegeu em Raposa, Júlio Matos (Podemos) renovou o mandato em São José de Ribamar e Eduardo Braide (PSD) precisou de apenas um turno para ganhar mais quatro anos no comando de São Luís, a maior e mais importante Prefeitura do Maranhão, tornando-se um dos quadros políticos mais influentes do Maranhão.

Mesmo não fazendo oposição cerrada ao Palácio dos Leões, mas também não abrindo a guarda para o poder de fogo governista, Eudes Barros, Júlio Matos e Eduardo Braide não dão sinais de alinhamento com a aliança governista. O prefeito reeleito de Raposa emite seguidos sinais de que não quer briga, preferindo manter uma relação institucional produtiva com Governo estadual, enxergando a possibilidade de um passo mais largo no futuro. Já o de São José de Ribamar, que parece não ter outras pretensões além de passar mais quatro anos dedicados a atender aos reclames dos seus 180 mil habitantes. O prefeito eleito de Paço do Lumiar reforça a todo momento a sua posição governista, a começar pelo fato de que é gigantesca a tarefa de colocar em ordem uma máquina maltratada e saqueada.

Dos três oposicionistas, o que detém, de fato, cacife político é o prefeito da Capital, Eduardo Braide, cuja reeleição, alcançada em turno único, o catapultou para o epicentro da política estadual, de modo que ele encerra 2024 como nome a ser considerado nas próximas disputas para o Governo do Estado. E ele não esconde que tem um projeto nesse sentido, e mostrou isso quando assumiu de vez a sua condição de militante de direita, já reeleito, desembarcou em Imperatriz para dar suporte à candidata da direita à Prefeitura de lá, numa clara sinalização de que está no jogo, podendo disputar o Governo do Estado em 2026 ou em 2030.

Com o lastro que acumulou como deputado estadual (dois mandatos), deputado federal (meio mandato) e a quatro anos como prefeito da Capital, reeleito para mais quatro logo no 1º turno, Eduardo Braide vem investindo, cada vez mais enfaticamente, na sua imagem de gestor eficiente. Obras como a reorganização do trânsito de São Luís, por exemplo, se tornaram uma espécie de portfólio por meio do qual vai ampliando o seu espaço político, que hoje é considerável. Esses movimentos fizeram com que o prefeito de São Luís fosse incluído na lista de nomes que podem entrar na briga já pela sucessão do governador Carlos Brandão. Ele nada declarou ainda sobre o assunto, mas a julgar pela desenvoltura com que tem comandado a administração da Capital, quase ninguém, no meio político ou fora dele, acredita que ele ficará de fora das eleições de 2026.

No início de dezembro, Eduardo Braide recebeu em seu gabinete, no Palácio de la Ravardière, a surpreendente visita do deputado Othelino Neto (Solidariedade) e da senadora Ana Paula Lobato (PDT), causando rumores e especulações as mais diversas. Tais reações foram reforçadas com a sua presença numa confraternização natalina fechada dos oito deputados que integram o chamado grupo dinista, que eram governistas e hoje estão na oposição. Nos bastidores, já dizem até que se ele for candidato a alguma coisa, o prefeito de São José de Ribamar, Júlio Matos, o apoiará.

O fato é que três dos quatro prefeitos da Ilha de Upaon Açu encerram o exercício reeleitos e, ao que todo indicam, querem mostrar força nas urnas em 2026, tendo o de São Luís como dono do maior cacife.

PONTO & CONTRAPONTO

Paulo Victor deve ser presidente pela terceira vez consecutiva e entrar para a história

Paulo Victor deve ser eleito

Se não acontecer nenhum imprevisto, uma reviravolta qualquer, o vereador Paulo Victor (PSB), após ser empossado para o seu terceiro mandato, será eleito mais uma vez presidente da Câmara Municipal de São Luís na tarde do dia 1º de janeiro de 2025. E se a contagem feita até agora estiver certa, ele será eleito com nada menos que 29 – incluindo o seu próprio – dos 31 votos da nova composição do parlamento ludovicense.

Já convocada via Diário Oficial do Município, a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal poderá se dar em chapa única, uma vez que só a liderada por Paulo Victor foi registrada. Os dois vereadores que não lhe declararam apoio, Douglas Pinto (PSD) e Flávia Berthier (PL), poderão se inscrever e disputar a presidência isoladamente, o que é improvável no contexto criado com a força avassaladora do atual presidente.

A se confirmar o que está escrito nas estrelas, Paulo Victor entrará para os anais do parlamento de São Luís como um dos poucos que conseguiram isso ao longo da história da secular Casa de Simão Estácio da Silveira. Ele foi eleito presidente em 2021 por aclamação e reeleito em 2023 quase na mesma condição, podendo até mesmo repetir o feito daqui a uma semana, no 1º dia de 2025.

A julgar pela sua capacidade de articulação, Paulo Victor pode vir a ser aclamado, bem como seus parceiros de chapa: 1º vice-presidente: Concita Pinto (PSB), 2º vice-presidente: Beto Castro (PSB), 3º Vice-Presidente: Raimundo Penha (PDT), 1º Secretário: Aldir Junior (PL), 2º Secretário: Thyago Freitas (PRD), 3º secretário: Daniel Oliveira (PSD), 4º Secretária: Clara Gomes (PSD) e 5º Secretário: Cleber Filho (MDB).

Rildo Amaral monta equipe com nomes da esquerda e na extrema-direita

Rildo Amaral com Clayton Noleto e com Ricardo Seidel

O prefeito eleito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), está montando uma equipe sem qualquer preocupação com a sempre delicada questão ideológica.

Político de centro, que parece bem ajustado ao PP, Rildo Amaral convidou para a Secretaria de Governo, que, tudo indica, será o braço coordenador das ações da Prefeitura, Clayton Noleto, que foi o eficiente secretário de Infraestrutura nos sete anos do Governo Flávio Dino. Administrador por formação, Clayton Noleto foi militante do PCdoB e atualmente preside o PSB em Imperatriz.

Na outra ponta da linha, o prefeito Rildo Amaral escolheu para a Secretaria de Segurança Pública o suplente de deputado estadual Ricardo Seidel (PL), que passou uma temporada na Assembleia Legislativa, onde se revelou um político de extrema-direita, bolsonarista de carteirinha. A julgar pelos discursos que fez na condição de deputado temporário, Ricardo Seidel é defensor da tese segundo a qual “bandido bom é bandido morto”.

Se conseguir administrar as diferenças, o prefeito Rildo Amaral poderá fazer uma gestão com força para surpreender meio mundo.

São Luís, 27 de Dezembro de 2024.

Senadores atuaram forte na esfera parlamentar e tiveram altos e baixos no campo político

Eliziane Gama, Ana Paula Lobato e Weverton Rocha:
atuações diferentes no Senado ao longo de 2024

Os três senadores maranhenses – Eliziane Gama (PSD), Ana Paula Lobato (PDT) e Weverton Rocha (PDT – não agiram exatamente como uma bancada ao longo de 2024. Também não se comportaram como adversários, mas se dividiram em dois blocos no que respeita à relação com o Governo do Estado. Embora muito envolvida com articulações no Congresso Nacional e empenhada na reconquista de apoios decisivos no meio evangélico, Eliziane Gama atuou efetivamente como um quadro governista no plano nacional, apoiando integralmente o presidente Lula da Silva (PT), e na seara estadual, se movimentando em sintonia com o governador Carlos Brandão (PSB). Ana Paula Lobato migrou do PSB para o PDT e rompeu com o governador Carlos Brandão, mas dedicando seu apoio ao Governo Lula. E Weverton fez gestos, mas depois consolidou sua posição de adversário do governador Carlos Brandão.

Ao contrário de Ana Paula Lobato, que exerceu apenas dois dos oito anos do seu mandato, não sofrendo a pressão por reeleição em 2026, Eliziane Gama e Weverton Rocha vivem tal situação, mergulhados na contagem regressiva e dominados pelo clima de incerteza em relação à disputa senatorial. Os dois estão em final de mandato e têm pela frente o rascunho de um cenário em que podem ter como concorrentes o governador Carlos Brandão atual ministro do Esporte, André Fufuca (PP), o que torna os seus projetos de reeleição muito complicados.

A senadora Eliziane Gama teve um ano muito agitado como congressista. Apresentou várias proposições, foi relatora de um grande número de PLs, propôs a instalação de uma CPI para investigar os jogos de aposta eletrônicos (bets), como também para investigar o tráfico de cigarros eletrônicos que invadiu o País, além de outra para investigar as causas mais comuns de violência doméstica. Propôs atualizações para a Lei Maria da Penha, bem como a segurança alimentar dos brasileiros mais pobres. Liderou a “Caravana Fome e Sede de Justiça”, como aval de 14 parceiros, entre eles o Governo do Estado e igrejas evangélicas, que levou assistência médica, jurídica e cultural a comunidades em várias regiões do Maranhão. Não participou com muita ênfase da corrida às prefeituras, e viu seu colega de partido, Eduardo Braide (PSD) – a quem não apoiou -, se reeleger em turno único em São Luís. Com prestígio em alta em Brasília, Eliziane Gama se lançou candidata à presidência do Senado, mas semanas depois a retirou, a pedido do comando nacional do PSD, que decidiu apoiar o senador Davi Alcolumbre (UB-AP). Na semana passada, Eliziane Gama reuniu a imprensa para um almoço, ao longo do qual fez um balanço do seu mandato e reafirmou que é candidata à reeleição.

Na condição de titular desde fevereiro, quando o titular Flávio Dino renunciou para se tornar ministro do STF, a senadora Ana Paula teve em 2024 um ano parlamentar bem mais consistente do que 2023, quando atuou como suplente do senador Flávio Dino (PSB), que foi para o Ministério da Justiça. Neste ano, ela teve uma atuação parlamentar mais forte e intensa, focando boa parte do seu trabalho na defesa da mulher. Ao mesmo tempo, se mostrou mais ativa no campo político, tendo se tornado líder do PDT no Senado, e alinhando-se ao deputado Othelino Neto (Solidariedade), seu marido, como oposição ao governador Carlos Brandão. Atuou na disputa pela Prefeitura de Pinheiro apoiando André da RalpNet (Podemos), mas viu seu partido, o PDT, perder força em todo o estado. Mais recentemente, se movimentou nos bastidores pela candidatura de Othelino Neto à presidência da Assembleia Legislativa, respaldando também a tentativa dele de virar o jogo na Suprema Corte. Tudo leva a crer que em 2025, com mais experiência, Ana Paula Lobato terá atuação legislativa e política mais intensa e visível, ainda sem a pressão por reeleição, que só baterá à sua porta em 2030.

O senador Weverton Rocha manteve a equação que vem marcando seu mandato: muita atuação nos bastidores e no plenário do Senado, ora apoiando o Governo, ora operando fora da curva, mas sempre afirmando ser aliado incondicional do presidente Lulas da Silva (PT). Sua produção legislativa tem sido intensa, como autor e relator de projetos importantes votados pela Casa, tendo também mantido posição de alinhamento do Palácio do Planalto, como o principal fiador da presença do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, no Ministério da Previdência. Se foi bem nas atividades parlamentares e nas relações em Brasília, o senador pedetista perdeu muita força política com o fraco desempenho do seu partido nas eleições municipais. Em meio às especulações sobre o seu futuro político, o senador Werverton Rocha evitou declarar com clareza se tentará a reeleição ou disputará o Governo do Estado. Mais recentemente, ele sinalizou, sem muita precisão, que tentará a reeleição, ciente que o fará provavelmente disputando com disputando a colega Eliziane Gama, o governador Carlos Brandão e o ministro André Fufuca. Nas conversas reservadas, ele e seus aliados garantem que o projeto de renovar o mandato tem o aval do presidente Lula e da cúpula do PT.

Os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha fecham 2024, portanto, se preparando para a contagem regressiva para as eleições gerais de 2026, que definirão os seus futuros na seara políticas. Já a senadora Ana Paula Lobato deverá continuar se aprofundando nas atividades senatoriais sem se preocupar com as urnas, uma vez que essa preocupação só desembarcará no seu gabinete em 2029, ano preparatório para o embate de 2030.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane e Weverton dizem ter o apoio de Lula. E se Brandão e Fufuca forem candidatos?

Lula da Silva: dificuldade para apoiar candidatos ao Senado nas eleições de 2026

Quando o assunto são as eleições de 2026, os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha, candidatos à reeleição, têm pelo menos um, ponto em comum: ambos passam em frente a afirmação de que têm o apoio do presidente Lula da Silva. Ela por todo o apoio que vem dando ao Governo e ele pela mesma razão, acrescentando que cultiva boa relação com o presidente Lula da Silva.

Uma avaliação mais aberta da corrida ao Senado desbota um pouco o senário mostrado pelos dois senadores. Primeiro porque se o governador Carlos Brandão for candidato a senador, como está no roteiro original, é quase certo que terá o apoio do presidente Lula da Silva. O governador e o presidente cultivam boas relações institucionais, políticas e pessoais, não havendo como ambos seguirem rumos diferentes.

Ao mesmo tempo, se a candidatura do deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP) ao Senado for confirmada, dificilmente o presidente Lula deixará de apoiá-la. Além de ministro do Esporte bem avaliado, André Fufuca é um dos garantidores do apoio do PP ao Governo. Corre nos bastidores que o presidente Lula da Silva simpatiza com seu projeto senatorial.

O que fica claro é que dificilmente o presidente da República declarará apoio às quatro candidaturas. Resta esperar para saber a quem ele apoiará.

Não há dúvida: a União é a responsável pelo desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek

A responsabilidade é da União, que não cuidou da manutenção de uma ponte de 60 anos

Algumas vozes estão tentando colocar o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, na fronteira do Maranhão com o Tocantins, em Estreito, na conta do governador Carlos Brandão (PSB), pegando como gancho o desabafo de familiares dos mortos na tragédia, que têm todo o direito de externar sua indignação com o que aconteceu e cobrar punição para os responsáveis. E não há dúvidas de que o grande responsável por tudo é o poder público federal.

Vale chamar a atenção para o fato de que a ponte é parte da BR-226, exatamente na divisa dos dois estados. Em todos estão cansados de saber que o Governo do Estado não pode se envolver com obra do Governo Federal, que não delega essa prerrogativa. Assim, se a Ponte Juscelino Kubitschek estava fatigada e desgastada, com risco de desabamento, a responsabilidade por isso era do DNIT, braço do Ministério dos Transportes nessa seara.

Se houvesse responsabilidade e culpabilidade estadual nesse caso, elas, primeiro, deveriam ser igualmente divididas entre Maranhão e Tocantins, que eram beneficiários, cada um com metade da estrutura viária que desabou e matou, tudo indica, 16 pessoas por conta da irresponsabilidade do poder público federal.

Antes de apontar o dedo para os governos estaduais, o governo federal tem de explicar, detalhadamente, porque uma ponte de concreto de 533 metros, ou seja, meio quilômetro, de mais de 60 anos, não estava sendo vistoriada e reparada com a necessária frequência.

Parte da culpa federal pela tragédia está no fato de que o Governo da União não aceita compartilhar responsabilidades nesse campo. O Governo do Estado, por exemplo, não pode assumir uma obra federal. A fiscalização e a manutenção de obras rodoviárias federais ficam a cargo do DNIT, não podendo os governos estaduais e municipais sequer dar pitacos no que está feito.

Durante seus governos, Roseana Sarney (MDB), Flávio Dino (PSB) e o próprio Carlos Brandão tentaram compartilhar responsabilidades por obras federais.  A União bancaria e o Estado realizaria, com o acompanhamento do DNIT. Mas suas propostas foram rechaçadas com o velho “cada um na sua”.

Se a União permitisse o compartilhamento, provavelmente a realidade seria outra. Mas como isso não existe, o caminho mais fácil é apontar o dedo para quem estás mais próximo, no caso os Governos do Maranhão e do Tocantins, num justiçamento capenga. Até porque, o que cabe aos governos estaduais nesse caso está sendo feto: o apoio às buscas.

São Luís, 26 de Dezembro de 2024.

Com dois ministros e muito poder, bancada na Câmara Federal teve algumas atuações destacadas

André Fufuca e Juscelino Filho firmes nos ministério, e Rubens Jr., Pedro Lucas
e Duarte Jr. atuaram de maneira destacada na Câmara Federal

Mesmo quando deputados maranhenses ocuparam a presidência da Câmara Federal, como Waldir Maranhão (PP) em 2016, no conturbado período que marcou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), e André Fufuca (PP), no ano seguinte, em circunstância menos traumática, em nenhum momento da sua história recente a bancada maranhense ocupou espaço de poder tão largo como agora, com dois dos seus membros trabalhando na Esplanada dos Ministérios: André Fufuca, como ministro do Esporte, e Juscelino Filho (UB), como  ministro das Comunicações. O fato de as suas indicações nada terem a ver com arranjos da política maranhense, mas serem frutos de decisões internas dos seus partidos, valoriza ainda mais a estatura política dos dois parlamentares. Além dos ministros, foram destaques ao longo de 2024 os deputados Rubens Jr. (PT), Pedro Lucas Fernandes (UB) e Duarte Jr. (PSB), tendo os demais feito a sua parte, ainda que de maneira mais discreta.

Aos 35 anos, e já com um lastro de quatro mandatos parlamentares – um de deputado estadual e três de deputado federal – e um ano no cargo ministerial, o deputado federal André Fufuca foi, de longe, o nome mais destacado da bancada. Ao longo do ano, ele foi um ministro ativo, entrando de cabeça na complexa e disputada seara esportiva nacional, tendo inclusive participado das Olimpíadas de Paris como chefe da delegação brasileira. André Fufuca tem atuado em todas as áreas dos esportes no Brasil, do futebol ao atletismo, implantando programas de incentivo à prática dos esportes. Um desses programas é a implantação de arenas esportivas nos municípios, destinadas à prática de esportes por crianças. O seu desempenho na função ministerial tem agradado ao presidente Lula da Silva (PT), que vê no auxiliar um dos que têm atuação aprovada. No campo político, André Fufuca, que tem trabalhado em sintonia com o governador Carlos Brandão, mantendo-se distante da crise que vem afetando a base governista, foi um dos líderes partidários mais vitoriosos, tendo o seu partido elegido 29 prefeitos, entre eles o de Imperatriz, Rildo Amaral, e o de Caxias, Gentil Neto. O seu desempenho político o transformou num dos nomes mais fortes para disputar uma das vagas de senador em 2026, projeto que está sendo delineado, devendo ser confirmado ao longo do próximo ano.

O ministro Juscelino Filho, que comanda a pasta das Comunicações, responsável pelo controle do sistema nacional de comunicações – telefonia, transmissões de TV, internet, etc. – teve uma trajetória conturbada, com a volta à tona de denúncias contra ele relacionadas com o destino de emendas parlamentares. O ministro encarou os fatos, negou com veemência as acusações, teve o apoio do seu partido e ganhou a confiança do presidente Lula da Silva, que decidiu mantê-lo na equipe. Como ministro, trouxe vários programas para o Maranhão, entre eles o que vai melhorar a conectividade da internet em todas as regiões do estado. Politicamente, Juscelino Filho protagonizou uma das disputas municipais que mais chamaram a atenção, a de Vitorino Freire, sua principal base eleitoral, onde o candidato dele e da irmã, a prefeita Luanna Rezende (UB), impôs uma derrota fragorosa ao candidato apoiado pelo candidato do tio, ex-deputado Stênio Rezende (PSB). Além disso, o seu partido elegeu 26 prefeitos, que o torna um forte candidato à reeleição.

Atuando na bancada propriamente dita, o deputado mais destacado foi Rubens Jr., que mergulhou nas articulações, participando dos debates em plenário, defendendo as propostas do Governo Lula, assim como nas comissões técnicas, especialmente a de Constituição e Justiça, da qual é membro titular. Foi relator de diversas matérias importantes. Mais recentemente, entrou forte no jogo político estadual, defendo, como advogado constitucionalista, a eleição da presidente Iracema Vale, da Assembleia Legislativa, contrapondo-se à ação do Solidariedade, que tenta anulá-la.

O deputado Pedro Lucas Fernandes revê uma atuação muito produtiva. A sua ação mais destacada foi a criação da Frente de defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial, colocando-se em confronto com o Ministério do Meio Ambiente, que é contra. Ele conseguiu transformar sua iniciativa num movimento que ganhou o apoio da maioria dos membros do Governo Federal. Pedro Lucas Fernandes foi muito atuante na corrida eleitoral nos municípios, tendo sido responsável por boa parte dos prefeitos eleitos pelo seu partido, o União Brasil. Tem defendido com firmeza a reeleição da presidente da Assembleia Legislativa. Há quem diga que sua reeleição será tranquila.

O deputado Duarte Jr. dividiu o seu ano político com atuações fortes na Câmara Federal e como candidato para a Prefeitura de São Luís. Na Câmara, defendeu vários projetos importantes, inclusive na área de Educação, que tem defendido com veemência. Mais recentemente, se colocou contra algumas medidas propostas pelo Governo no pacote fiscal, e entrou na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa apoiando enfaticamente a validade da eleição da presidente Iracema Vale.

Os demais deputados federais atuaram de maneira mais discreta.

PONTO & CONTRAPONTO

A tragédia no Rio Tocantins estava anunciada, mas o Ministério dos Transportes não viu

Ponte Juscelino Kubitschek: desgaste
visível antes e após a tragédia

O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, sobre o Rio Tocantins, que liga o Maranhão ao Tocantins, que resultou no desaparecimento – até ontem – de 16 pessoas e interrompeu uma via muito importante para a economia dos dois estados e do próprio Brasil como um todo, é um caso típico da incapacidade que o Poder Público federal brasileiro vem demonstrando de manter em pleno funcionamento a já precária infraestrutura rodoviária do País.

Não precisa ser engenheiro civil para perceber que o desabamento tem uma causa óbvia: a falta de manutenção. As imagens do que sobrou da estrutura nos dois lados revelam isso com clareza solar. Elas mostram que as bases de concreto armado ruíram por causa do desgaste de uma estrutura por onde passam dezenas, centenas de caminhões trucados transportando grãos produzidos pelo chamado “agro”, que lucra bilhões e pouco ou nada faz para manter a malha viária em forma.

Há segmentos interessados em culpar os governadores do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), e do Tocantins, Wanderlei Barbosa, pela tragédia. Mas na verdade, o grande responsável é o Governo da União, que por razões diversas não cuida bem da infraestrutura rodoviária do País, e a classe política em geral, que não faz a pressão necessária sobre a máquina federal para resolver problemas como esse.

Vale lembrar, por exemplo, que quando foi deputado federal, Carlos Brandão foi uma das vozes mais insistentes na para a duplicação da BR-135. Ele e o então deputado federal Pedro Fernandes (PTB), atual prefeito de Estreito, batalharam intensamente para solução do problema, colocando a então direção do DNIT contra a parede. A pressão acabou mobilizando toda a bancada federal, que atuou uníssona.

Outro exemplo de pressão foi dado em 2012 pelo então deputado estadual Carlos Alberto Milhomem. Ao sair de São Luís para uma incursão política no interior, ele “deu um estalo” e resolveu “dar” uma olhada” na velha ponte de concreto do Estreito dos Mosquitos – a nova estava sendo construída em câmara lenta – e percebeu rachaduras que certamente levariam ao desabamento em pouco tempo. Carlos Alberto Milhomem chamou a imprensa e denunciou a situação em tom de escândalo, fazendo com que horas depois o então ministro dos Transportes desembarcasse de em São Luís e fosse ao Estreito dos Mosquitos ver a situação de perto. Lá mesmo, anunciou obras de manutenção para a ponte velha e a agilização da ponte nova. E assim foi evitada uma tragédia semelhante à de segunda-feira em Estreito.

Ontem, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou uma perícia técnica para identificar as causas do desabamento e os responsáveis. Ele, porém, já sabe qual foi a causa e quem é o culpado.

São Luís, 24 de Dezembro de 2024.

Alema viveu confrontos e mudanças em 2024, foi dividida para o recesso e deve retornar com novo perfil

Iracema Vale foi o centro do poder num ano em que
Roberto Costa, Antônio Pereira e Neto Evangelista foram
os articuladores da base governista; Othelino Neto, Carlos
Lula e Rodrigo Lago conduziram a dissidência; Arnaldo
Melo foi moderador, e Yglésio Moises fez a agitação

2024 foi um ano atípico, traumático, produtivo, portanto especial para a Assembleia Legislativa do Maranhão. Ao longo do período, os deputados aprovaram e rejeitaram postulações, ampliaram o painel de leis do estado, travaram embates em plenário, mergulharam na campanha para as eleições municipais, desfizeram uma eleição antecipada da Mesa, realizaram uma nova, cujo resultado surpreendeu o mundo político com um empate inesperado (21 a 21), desempatado pelo critério da maior idade, mas com a formação de uma oposição que já vinha ganhando corpo há tempos. Aquele 13 de novembro virou um marco na história do parlamento estadual, com desdobramentos imprevisíveis.

Nesse ambiente, a presidente Iracema Vale (PSB) foi a personagem central, comandando uma instituição política com serenidade, sem perder a linha, em que pesem os fortes ataques que sofreu em sua posição. Ela viu o surgimento e o agravamento da crise que rachou a base governista, tentou contornar situações críticas, trabalhou para que a corrente dinista não levasse adiante a posição de crítica ao Governo, mas em nenhum momento usou o poder presidencial – que é enorme – para tentar sufocar o movimento dissidente. Viu também a tomada de posição do deputado Othelino Neto (Solidariedade), que se transformou no mais atuante adversário do governador Carlos Brandão (PSB), e dela própria.

A crise política na Alema colocou em lados diferentes articuladores experimentados como os deputados Roberto Costa (MDB) e Antônio Pereira (PSB), o líder do Governo, deputado Neto Evangelista (UB) e Rafael Brito (PSB), atuando como defensores do Governo e da aliança governista, e de outro, além de Othelino Neto, os estreantes Carlos Lula (PSB) e Rodrigo Lago (PCdoB), dissidentes da aliança governista e caminhando firmes para a oposição ao Palácio dos Leões. E algumas vozes moderadoras, como a do deputado decano Arnaldo Melo (PP), e vozes fora da curva, como a do deputado Yglésio Moises (PRTB), que dedica sua energia política ao processo de migração do centro-esquerda para a extrema direita, mas com o cuidado de se manter alinhado ao governador Carlos Brandão.

Aliada de proa do governador Carlos Brandão, a presidente Iracema Vale vem sendo alvejada pelas vozes oposicionistas, que encontraram, no processo de tira-la da presidência do parlamento, o caminho mais fácil e perigoso para minar o poder do governador. E o meio mais eficaz têm sido as ações judiciais, iniciado com o questionamento das regras de eleição para o Tribunal de Contas do Estado (até agora emperrado), a invalidação da eleição antecipada da Mesa Diretora para o biênio 2025/2026, a decisão da Suprema Corte de mandar demitir parentes de autoridades no Legislativo, no Executivo e no Judiciário – feitiço que em alguns casos acabou alcançando o feiticeiro -, o retardamento da votação do Orçamento por conta de emendas, que acabaram sendo impostas liminarmente pelo Supremo, e agora o rumoroso questionamento da eleição da Mesa Diretora da Alema.

Em todas essas ações, que minaram fortemente o poder do grupo hegemônico, a presidente Iracema Vale se comportou com a coerência própria de uma política experiente e que tem os pés firmes no chão. Rebateu todas as ações judiciais no campo jurídico, evitando, ao máximo, politizar e fulanizar, preferindo o discurso moderado, mas firme, de posicionamento na linha de ação do governador Carlos Brandão. Todas as suas decisões judiciais e políticas foram tomadas com apoio dos seus colegas de Mesa, em especial Antônio Pereira e Roberto Costa, respectivamente 1º e 4º secretários da Mesa Diretora da Casa. E foi nessa linha que ela manteve a Assembleia Legislativa sob controle, evitando conflitos e situações dramáticas.

Na seara dissidente, ganhou status de oposição, o deputado mais ativo – Othelino Neto, que tem na conta a experiência de quem presidiu o Poder por cinco anos, e contou com o apoio, às vezes declarado e às vezes discreto, das vozes dinistas mais estridentes, ousadas e atacando com acidez o governador Carlos Brandão. Junto com ele, mais moderados, mas igualmente incisivos, os deputados Carlos Lula e Rodrigo Lago, considerados os mais próximos do ministro Flávio Dino e que agora atuam articulados com Othelino Neto, Júlio Mendonça (PCdoB), Ricardo Rios (PCdoB), Leandro Bello (Podemos), Francisco Nagib (PSB) – filho do prefeito eleito de Codó, Chiquinho da FC (PT) e Fernando Braide (PSD), irmão do prefeito de São Luís Eduardo Braide. É esse o núcleo considerado de oposição.

A eleição da Mesa ora contestada fez surgir na Assembleia Legislativa uma versão do fenômeno parlamentar que domina a Câmara Federal, o “Centrão”, um grupo de pelo menos 12 deputados, que não se identifica como tal, mas que joga de acordo com a maré. E é esse grupo que pode decidir conflitos no parlamento estadual, como aconteceu na eleição da Mesa, quando ele apareceu de repente.

Independentemente do que vier a acontecer em relação à eleição da Mesa Diretora, a Assembleia Legislativa que voltará em fevereiro terá um perfil político bem diferente do atual.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane avisa que buscará a reeleição e prevê reconciliação na base governista e unidade para 2026

Eliziane Gama anunciou candidatura à reeleição

A senadora Eliziane Gama (PSD) reafirmou que será candidata à reeleição, que tem o apoio do presidente Lula da Silva (PT), e previu que a bandeira branca poderá ser levantada no campo de batalha onde se batem, de um lado, aliados do ministro Flávio Dino (STF), chamados “dinistas”, e, de outro, aliados do governador Carlos Brandão (PSB), identificados por alguns como “brandonistas”, que poderão selar um acordo de paz e construir a reunificação da aliança criada em 2014 e que se manteve até as eleições de 2022.

A manifestação da senadora, que conhece esse cenário a fundo, se deu durante almoço de confraternização com jornalistas no sábado, e coincide com alguns movimentos aparentemente desconectados, mas que, se observados com atenção, produziram sinais de que a possibilidade de um freio na escalada do processo de rompimento é possível.

– Não é só uma questão de otimismo meu, mas vai acontecer. Tenho sentindo isso nos últimos dias. O grupo estará unido – disse a senadora ao bem informado blog de John Cutrim.

Nesse contexto, pode se incluir a declaração da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), antes de encerrar a sessão extraordinária de sexta-feira, quando os deputados aprovaram o Orçamento do Governo do Estado para 2024:

– O governador Carlos Brandão é um governador conciliador. Eu sempre digo: só briga com o governador quem quer mesmo.

Presidente do Supremo nega urgência no caso da eleição da Alema; relatora tem três caminhos

Luís Roberto Barroso negou
urgência ao pleito do Solidariedade

A decisão do plantonista do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, que, aliás, é o seu presidente, de negar urgência para decidir sobre o pedido do Solidariedade para tornar in constitucional o critério de desempate na eleição de presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, foi um balde de água fria nas pretensões do partido comandado pelo deputado Othelino Neto, que foi candidato a presidente, conseguiu um empate, e aposta que eventual nova eleição levará a melhor.

O pedido de urgência ao plantonista da Corte Suprema, adicionado a outro feito à relatoria da ADIN, ministra Cármen Lúcia, que também não o acatou, confirma o entendimento de que a questão não é urgente e que dá para resolver quando o Poder Judiciário retornar do recesso, no dia 7 de janeiro. Isso porque a posse da presidente eleita em novembro está marcada para o dia 1º de fevereiro, ou seja, três semanas para que tudo seja resolvido.

Vale registrar que existem três hipóteses de decisão da Corte Suprema:

A primeira: a relatora Cármen Lúcia acata o pedido do Solidariedade, aponta como inconstitucional o critério da maior idade para desempate e manda realizar nova eleição com um critério novo.

A segunda: Cármen Lúcia nega o pedido do Solidariedade, confirma a legalidade do critério de desempate, reconhecendo tratar-se de matéria de foro interno da Alema, e considera legítima a eleição da deputada Iracema Vale.

E a terceira: Cármen Lúcia atende o pedido do Solidariedade, manda mudar o critério de desempate, mas determina que essa mudança só valerá para as próximas eleições, já que a eleição da presidente Iracema foi um ato jurídico perfeito, feita com base no critério previsto no Regimento Interno da Assembleia Legislativa.

Só resta aguardar.

São Luís, 22 de Dezembro de 2024.

Assembleia aprova Orçamento, derruba veto por acordo e vai para o recesso dividida

A sessão de ontem foi marcada pelo formalismo, mas
também pela descontração após o anúncio do
início do recesso pela presidente Iracema Vale

Depois de duas semanas de medição de forças no plano judicial por causa de emendas, a Assembleia Legislativa aprovou ontem o Orçamento do Governo do Estado para 2025, que prevê uma movimentação financeira de R$ 33,05 bilhões. A última sessão plenária do ano foi marcada por algumas provocações e escaramuças bem reveladoras do clima que a cada dia distancia mais o chamado grupo dinista da base governista no parlamento estadual. Mais do que a aprovação da Lei Orçamentária, a derrubada de um veto a Projeto de Lei do deputado Yglésio Moises (PRTB), mas que vota alinhado ao Governo e combate a oposição ao governador Carlos Brandão, mostrou que os dois grupos continuam armados, aparentemente sem chance de conciliação.

O Orçamento para 2025 fora colocado em pauta havia duas semanas, mas sua tramitação foi suspensa por ordem judicial. É que o desembargador Gervásio Protásio acolheu uma ação movida pelo deputado Othelino Neto (Solidariedade) e concedeu liminar determinando que as emendas parlamentares são impositivas e representarão 2% da receita corrente líquida do Governo do Maranhão. Houve recurso, mas em outra frente o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, confirmou a regra. Só então o Projeto da Lei Orçamentária foi ajustado e voltou a tramitar, tendo sido votado ontem, em sessão extraordinária, após a qual a presidente Iracema Vale anunciou o início do recesso legislativo.

A derrubada, por unanimidade, do veto aplicado pelo governador Carlos Brandão se deu por um acordo articulado ao longo da tarde de quinta-feira, pela presidente do parlamento estadual. Aconteceu o seguinte: Yglésio Moises conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa um PL determinando a “aceitação de requisições médicas de exames e terapias feitas por profissionais da rede particular nas centrais de marcação de consultas e serviços do Sistema Público do Estado do Maranhão”. O projeto foi vetado integralmente pelo governador e devolvido à Alema para a apreciação do veto.

Na sessão de quinta-feira, com o veto na pauta, o deputado Yglésio Moises, que é bolsonarista ranzinza, mas é aliado do Palácio dos Leões, fez, na tribuna, um duro discurso de protesto contra o veto, conseguindo inclusive sensibilizar boa parte dos deputados. Com muita habilidade, a presidente Iracema Vale (PSB) suspendeu a votação e promoveu uma forte articulação entre o deputado Yglésio Moises e o Palácio dos Leões, obtendo do governador Carlos Brandão o reconhecimento da importância da proposta e autorizou que o veto fosse derrubado, assumindo inclusive o compromisso de sancionar a lei. E assim aconteceu: o veto foi derrubado ontem por unanimidade.

Em meio à votação em que o veto foi derrubado, o deputado Othelino Neto usou seu senso de oportunidade para dizer que a decisão de rever o veto só foi tomada porque o deputado Yglésio Moises “falou grosso” no dia anterior, avaliando que o veto foi “uma decisão equivocada” do governador. Além disso, a derrubada do veto estava empoderando a Assembleia Legislativa. Só que em seguida o deputado Yglésio Moises agradeceu o apoio de Othelino Neto, mas admitiu que “passou do limite” na sua fala, pediu desculpas pelo excesso e reconheceu a capacidade do governador Carlos Brandão de dialogar. “Ele é uma pessoa aberta ao diálogo”, declarou Yglésio Moises.

Atenta aos movimentos e declarações feitos no plenário, a presidente Iracema Vale pegou o gancho de Yglésio Moises e disparou, obviamente rebatendo as críticas de Othelino Neto ao governador Carlos Brandão e mandando um recado aberto a quem interessasse: “Quero registrar que (a derrubada do veto) não foi pelo protesto que o senhor foi atendido, deputado. Foi porque obviamente houve um acordo entre o deputado, as lideranças do Governo e o governador Carlos Brandão, que é um governador conciliador”. E fechou sua fala declarando: “Eu sempre digo: só briga com o governador quem quer brigar mesmo”.

E encerrou a sessão desejando a todos um feliz Natal e boas festas, após um dos anos mais difíceis vividos no parlamento maranhense nos últimos anos.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane Gama reúne a imprensa hoje para falar do seu futuro

Eliziane Gama continua alinhada
ao governador Carlos Brandão

A senadora Eliziane Gama (PSD) reúne hoje a imprensa para um almoço de confraternização. Durante o evento, ela provavelmente fará um balanço das suas atividades, que foram muitas e intensas.

Parlamentar de proa na base do Governo Federal, tendo sido vice-líder do Governo no Congresso Nacional, a senadora chegou a lançar sua candidatura à presidência do Senado, mas um acordo promovido pela cúpula do PSD fez com que ela retirasse o pleito.

Uma das líderes mais destacadas ba bancada feminina no Congresso Nacional, é provável que Eliziane Gama ocupe uma cadeira na Mesa Diretora, que será eleita em fevereiro.

Em meio a especulações sobre o seu projeto para 2026, a senadora maranhense muito provavelmente confirmará o que declarou recentemente: será candidata à reeleição.

Duarte Jr. mantém a linha e continua a dizer o que pensa

Com destemor, Duarte Jr.
sempre diz o que pensa
na Câmara federal

O deputado federal Duarte Jr. (PSB) continua confirmando a sua condição de político fora, que forma juízo próprios sobre fatos e situações, às vezes na contramão do grupo político a que pertence, no caso o ligado ao governador Carlos Brandão (PSB) e o presidente Lula da Silva (PT).

Dois exemplos recentes ilustram bem a visão política do deputado socialista, que saiu há pouco de uma dura derrota na guerra para a Prefeitura de São Luís.

O primeiro foi a sua manifestação zangada em relação a pontos da reforça fiscal, por meio da qual o presidente da República busca o equilíbrio das finanças públicas cortando gastos. Ele bateu forte contra cortes na Educação e na Saúde, e participou de movimentos de deputados e senadores que tinham a mesma posição. Ganhou em alguns casos e perdeu em outros.

No início desta semana, ele endereçou críticas ácidas  ao deputado Othelino Neto (Solidariedade) no caso da ação contra a eleição da presidente Iracema Vale na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa no biênio 2025/2026. Ele defendeu a eleição da presidência e disse que o ex-presidente Othelino Nato está se comportando como “um menino birrento”.

Como se vê, Duarte Jr. continua o Duarte Jr. de sempre, aguerrido e disposto a dizer o que pensa.

Em Tempo: a partir de amanhã e até o dia 31 deste ano, a Coluna dedicará seu espaço à avaliação do desempenho dos quadros da política maranhense.

São Luís, 21 de Dezembro de 2024.

Roberto Costa se despede da AL reconhecido como um dos políticos mais atuantes da sua geração

Roberto Costa se despede da vida parlamentar reconhecido como um dos grandes da sua geração

A partir do dia 1º de janeiro de 2025, a Assembleia Legislativa vai perder um dos seus principais articuladores; ao mesmo tempo, Bacabal, um dos dez mais importantes municípios do Maranhão, ganhará um prefeito com muita vivência política e com uma rede de relações institucionais que vai daquela cidade à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, passando, é claro, pelo palácio dos Leões. Foi esse o tom dos 27 apartes que enriqueceram o discurso de despedida do deputado Roberto Costa (MDB) que interrompe o seu quarto mandato parlamentar para assumir o cargo de prefeito de Bacabal, para o qual foi eleito em outubro. A fala do líder emedebista, mais do que um momento de emoção, foi a escrita de uma trajetória política iniciada no Movimento Estudantil Secundarista, sempre no MDB, que agora culmina com a chegada à Prefeitura de Bacabal, um objetivo conquistado.

Roberto Costa repassou a Alema desde a sua chegada ali, primeiro como suplente, e em 2011como deputado eleito. Lembrou as dificuldades dos primeiros momentos e citou, um a um, os parlamentares com quem conviveu e aprendeu. Destacou a sua convivência e o seu aprendizado com sua maior referência, o ex-senador João Alberto, e assinalou também a relação com o ex-presidente José Sarney, de quem tem recebido muitos ensinamentos. Destacou os dirigentes da Casa com os quais conviveu, ora como deputado da situação, ora como de oposição, observando que de toda essa convivência tirou lições que embasaram a sua atuação como parlamentar e articulador político.

– O que determina o prestígio de um deputado não é o seu poder no Governo, mas a construção das relações com seus pares – disse Roberto Costa, acrescentando que é a “experiência (obtida nessas relações) que dá a compreensão necessária para que um político atue com equilíbrio”.

Aí está a receita que o tornou uma espécie de unanimidade no parlamento estadual no que diz respeito à sua maneira de conviver com aliados e adversários, sem deixar que mágoas ou rancores interfiram nas relações políticas.

O parlamentar emedebista relatou partes da sua trajetória política, e fez questão de citar momentos decisivos na vida do Maranhão, entre eles o fato de ter participado da campanha que elegeu Roseana Sarney como a primeira mulher a governar um estado no Brasil, e a da presidente Iracema Vale, a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa. “Tenho orgulho disso porque daqui a 500 anos, a História vai contar essas duas conquistas da política do Maranhão, das quais participei com muito orgulho”, assinalou.

Roberto Costa concedeu nada menos que 27 apartes, e em todos eles o deputado aparteante o apontou como um parlamentar diferenciado, que sabe cultivar relações. Além disso, esses colegas, tanto da situação quanto oposicionistas, relataram episódios em que, de alguma maneira, foram beneficiados pela interferência de Roberto Costa como articulador. A deputada Andreia Rezende (PSB), que ficou paraplégica num acidente rodoviário durante a campanha em 2018, revelou que foi muito apoiada por Roberto Costa ao se adaptar à vida parlamentar. No contraponto, o deputado Carlos Lula (PSB) revelou que Roberto Costa foi “o adversário mais difícil” que já enfrentou, mas que os embates foram civilizados, só aumentando o respeito mútuo. Já o deputado Yglésio Moises (PRTB) disse que, pela trajetória que construiu, Roberto Costa pode ser um grande prefeito de Bacabal e alçar voos mais altos depois.

Sobre deixar a Assembleia Legislativa para ser prefeito de Bacabal, Roberto Costa foi claro: a Prefeitura de Bacabal era um sonho, agora alcançado, e fazer uma boa gestão é um objetivo de vida: “Tenho com Bacabal uma relação de 30 anos. Aquela cidade me acolheu como um filho. Vou assumir um mandato que muito me orgulha. E o farei com o compromisso de tratar as pessoas como uma família, como irmãos. Tenho noção do tamanho da responsabilidade que vou assumir. A Assembleia Legislativa me preparou para essa missão”.

Nos últimos dias, enquanto se preparava para assumir a Prefeitura de Bacabal, o deputado Roberto Costa participou de intensa articulação para superar a crise política que vem travando o funcionando do parlamento estadual. 2º secretário da Mesa Diretora, ele participará hoje da última sessão do biênio, quando será votado o Orçamento do Estado para 2025.

PONTO & CONTRAPONTO

André Fufuca reforça posição de Iracema defendendo a legalidade da sua reeleição

André Fufuca no vídeo em que declara
apoio à ´presidente Iracema Vale

A manifestação do deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP) reforçou consideravelmente a posição da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), em relação à eleição dela para um novo mandato presidencial, vencida em desempate pelo critério da maior idade. E ele deixou claro que sua posição nada tem a ver com lado A ou lado B, mas apenas com o respeito à regra regimental.

Em vídeo, o ministro diz não ter dúvida quanto à legitimidade da reeleição da presidente, ocorrida sem intercorrências em novembro passado, porque o critério usado para o desempate está previsto no Regimento Interno da Assembleia Legislativa desde 1994. E assinala que a inclusão desse dispositivo se deu numa grande reforma do Regimento Interno, da qual ele participou quanto exercia o seu primeiro mandato parlamentar. Eis a íntegra da manifestação do ministro André Fufuca:

“Minha gente amiga do Maranhão.

Eu hoje ocupo o meu quarto mandato eleito como deputado. E em todas as eleições, antes as regras estavam postas na mesa.

É assim em vários cenários da nossa vida. É assim nos jogos de futebol, nos jogos de basquete, em inúmeras ações que praticamos diariamente.

As regras são estabelecidas antes que nós possamos atuar. E na Assembleia Legislativa do Maranhão não é diferente.

Eu já tive a oportunidade de ser deputado naquela Casa. E tanto a Constituição do Estado quanto o Regimento Interno daquela Casa preservam que, em caso de empate, o vitorioso é o que tem mais idade, o mais idoso.

Isso desde 1994, quando foi feita uma grande reforma no Regimento Interno daquela Casa.

Por isso, eu faço esse vídeo para prestar solidariedade à deputada Iracema.

Não estou falando aqui de lado A ou lado B. Estou falando aqui o que zela a nossa Constituição e o Regimento da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão.

Duas Cartas importantíssimas na condução, tanto das leis daquela Casa quanto das leis do Estado do Maranhão”.

Rildo Amaral deixa a AL para ser prefeito de Imperatriz

Rildo Amaral vai assumir a Prefeitura de Imperatriz

“Deixo esta Assembleia com um misto de saudade e dever cumprido. Saudade de tudo que vivi aqui, das amizades que construí e do trabalho que realizamos em prol do povo do Maranhão, e o dever cumprido de ter honrado cada voto que recebi, sempre trabalhando com amor e responsabilidade. Agora, inicio um novo ciclo como prefeito de Imperatriz, minha amada cidade”.

Com essas palavras, o deputado Rildo Amaral (PP) se despediu ontem da Assembleia Legislativa, para assumir o maior desafio da sua vida política: a Prefeitura de Imperatriz. Ele foi eleito em outubro, após vencer quatro concorrentes e alguns adversários, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi à Princesa do Tocantins fazer campanha para Mariana Carvalho, a candidata do Republicanos, com quem disputou o segundo turno e venceu a eleição por larga margem.

Rildo Amaral, que está no meio do segundo mandato no Legislativo estadual, foi também três vezes vereador em Imperatriz. Ele conhece bem a cidade que vai comandar a partir de 1º de janeiro, cultivando uma boa relação com a população.

– Fui vereador do município de Imperatriz. Daí, fui eleito deputado por duas vezes, pelo que agradeço a Deus, ao povo de Imperatriz, e ao povo da Região Tocantina, muito especialmente à minha família, hoje representada aqui pela minha esposa Perla. Toda a minha convivência com este Parlamento, que me deixa lições, amizades, mas, principalmente, o respeito ao povo de todo o Estado – declarou o parlamentar progressista.

Aparteado por vários colegas – entre eles Roberto Costa, que logo em seguida se despediria para assumir a Prefeitura de Bacabal, e Antônio Pereira (PSB), que é da Região Tocantina -, todos lhe desejando sucesso na nova empreitada, Rildo Amaral agradeceu as manifestações dizendo que vai corresponder a esse carinho trabalhando por Imperatriz.

São Luís, 20 de Dezembro de 2024.