Das últimas pesquisas para apurar as preferências do eleitorado na corrida às urnas em curso no Maranhão, a que impactou mais fortemente as duas maiores coligações – “Maranhão para todos”, liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e “Maranhão quer mais”, comandada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB) – foi a Exata/JP sobre a disputa pelas duas cadeiras no Senado. Seus números confirmaram que as duas vagas estão sendo intensamente disputadas por Eliziane Gama (PPS), Edison Lobão (MDB), Weverton Rocha (PDT) e Sarney Filho (PV), sinalizando uma reviravolta favorável aos dois candidatos da aliança dinista e colocando em risco dois projetos essenciais para a sobrevivência do Grupo Sarney, que são as candidaturas do senador Edison Lobão à reeleição e a do deputado federal Sarney Filho. E com o ex-governdor José Reinaldo (PSDB) avisando que está na briga, enquanto Alexandre Almeida se mantém dignamente na disputa.
Desde o primeiro momento da corrida às urnas esta Coluna assinalou que a disputa pelas duas vagas senatoriais seria a mais renhida de todo o processo eleitoral. Primeiro porque no plano geral o confronto direto se dá entre os dois grupos que efetivamente disputam o poder, tendo de um lado Weverton Rocha e Eliziane Gama pela aliança dinista e Edison Lobão e Sarney Filho pela coligação sarneysista. O pedetista e a popular socialista representam a nova geração, ousada e voluntariosa, que tenta se firmar no poder, enquanto o emedebista e o verde encarnam a política tradicional, manhosa e tarimbada, que vem perdendo terreno. Os dois primeiros são liderados por um candidato forte ao Governo; os outros dois enfrentam dificuldades por causa da posição da sua candidata.
O fato é que, da mesma maneira com que estão encarando a disputa pelo Governo do Estado, as duas correntes vão jogar pesado pelas duas vagas no Senado. Tanto que o governador Flávio Dino já incorporou Weverton Rocha e Eliziane Gama ao seu discurso e às suas peças de campanha, numa clara demonstração de que aposta alto na vitória da sua chapa majoritária. Ao mesmo tempo, Roseana Sarney “adotou” a candidatura de Sarney Filho, demonstrando que a eleição dele é tão importante quanto a dela própria para o projeto de poder da família, enquanto Edison Lobão faz carreira solo com o seu próprio poder de fogo.
Mais do que qualquer outra mais recente, essa corrida senatorial é marcada por uma série de vieses e nuanças que tornam os resultados possíveis decisivos para o futuro político imediato do Maranhão. Nessa perspectiva, a reeleição de Flávio Dino e a eleição de Weverton Rocha e Eliziane Gama decretarão o fim da Era Sarney. Se, ao contrário, Roseana Sarney, Sarney Filho e Edison Lobão elegerem-se, o Grupo Sarney ganhará uma longa sobrevida, podendo até mesmo encontrar vias de renovação. Se, no entanto, Flávio Dino reeleger-se com Weverton ou Eliziane e Lobão renovar o mandato, a Era Sarney será igualmente encerrada, pois o senador emedebista não terá como dar-lhe sobrevida. Mas, se acontecer a reeleição de Flávio Dino com a eleição de Weverton ou Eliziane e a eleição de Sarney Filho, é lógico prevê que o ex-ministro tentará resgatar o sarneysismo como candidato a governador em 2022, podendo tornar-se um problema para a manutenção do projeto de poder do atual governador, que terá de encontrar uma solução consistente para a sua sucessão.
A entrada do governador Flávio Dino na corrida senatorial turbinando as candidaturas de Weverton Rocha e Eliziane Gama, assim como a de Roseana Sarney em favor de Sarney Filho, acontece num momento em que a campanha entra na sua fase decisiva. O objetivo maior é convencer os 32% de eleitores que, segundo o Exata, disseram que votarão nulo ou em branco, e os 34% que se mostraram indecisos, não sabendo ou não querendo responder. É esse contingente aparentemente desinteressado que vai definir essa parada com tantos desdobramentos possíveis.
PONTO & CONTRAPONTO
Pesquisa I
Nova pesquisa Interpreta aponta reeleição de Flávio Dino em turno único
Mais uma pesquisa para identificar as intenções de voto do eleitorado maranhense apurou que se a eleição para o Governo do Estado fosse hoje, o governador Flávio Dino (PCdoB) seria reeleito no 1º turno. Os números foram levantados em nova pesquisa do Instituto Interpreta, feita em parceria com o jornal Correio Popular, de Imperatriz, e informam que Flávio Dino tem 61,81% das intenções de voto, contra 29,57% de Roseana Sarney (MDB), 4,18% de Maura Jorge (PSL), 4,01% de Roberto Rocha (PSDB), 025% de Ramon Zapata (PSTU) e 0,17% de Odívio Neto (PSOL).
No seu relatório, o Interpreta lembra que na pesquisa anterior, divulgada há duas semanas, o governador Flávio Dino apareceu com 60.01% das intenções de voto, subindo quase dois pontos percentuais, enquanto Roseana Sarney tinha 33%, tendo perdido três pontos percentuais.
Em Tempo: O Interpreta ouviu 1.524 pessoas em 53 municípios do Maranhão entre os dias 8 e 10 de setembro, tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos e está registrada no TSE sob o nº MA-01920/2018.
Pesquisa II
Levantamento da CNT/MDA aponta polarização entre Bolsonaro e Haddad
Divulgada ontem, a mais nova pesquisa para medir a corrida presidencial, feita pela respeitada empresa MDA, contratada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), rascunhou um cenário que sugere uma polarização entre o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que aparece na liderança com 28,2% das intenções de voto, e o candidato do PT, Fernando Haddad, com 17,6%.
Na sequência aparecem os candidatos Ciro Gomes (PDT) com 10,8%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 6,1%, e Marina Silva (Rede) com 4,1%. João Amoêdo (Novo) tem 2,8%, Álvaro Dias (Podemos) tem 1,9%, e Henrique Meirelles (MDB) tem 1,7%.
Em Tempo: O levantamento da MDA foi realizado entre os dias 12 e 15 de setembro, ouviu 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 estados, e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Famem: preocupado com perdas no FPM, Djalma Melo recomenda a prefeitos que controlem gastos
Uma informação e uma recomendação colocaram os prefeitos maranhenses, principalmente os de municípios mais pobres, em estado de alerta máximo em relação a gastos. Trata-se do seguinte: o valor do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FMP) em Setembro será encolhido em R$ 12 milhões, por isso, os prefeitos devem apertar o controle no campo das despesas, para suportar o agravamento da penúria financeira que vem sufocando as prefeituras por conta da crise que afeta o País. O alerta foi dado na semana passada pelo prefeito de Arari, Djalma Melo (PTB), presidente em exercício da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), após a revelação de que o valor da primeira cota do mês, depositada no dia 10, foi reduzido em relação ao mês anterior.
Avaliado pela divisão entre 217 municípios, o valor parece não ter muita importância. Mas o alerta do presidente em exercício da Famem faz todo sentido, a começar pelo fato de que a crise econômica e fiscal que assolou o Brasil nos últimos tempos tem repercussão mais forte nos municípios, principalmente naqueles mais pobres, que têm no FPM a sua receita básica, às vezes a única. Qualquer redução no valor dessas transferências tem impacto forte, e muitas vezes devastador, nas administrações municipais. Situação que se torna mais grave à medida que a redução na primeira cota sinaliza que os outros dois repasses do mês seguirão a tendência de queda.Ao mesmo tempo, a queda da receita mergulha os prefeitos numa situação de incerteza, o que os obriga a administrar “no escuro”, sem ter a menor ideia do que vem pela frente.
Daí a preocupação da Famem, expressada pelo presidente em exercício Djalma Melo, um prefeito experiente e bem avaliado: “Registraremos, este mês, as maiores quedas de recursos provenientes do FPM. E não temos como prever como irão se comportar estas transferências até o fim do ano. Portanto, a orientação que estamos dando é para que os gestores se comportem utilizando da prudência visando manter os serviços essenciais e honrar o pagamento do funcionalismo público”.
Prudência, no caso, é controlar os parcos recursos disponíveis, evitar gastos não planejados, suspender temporariamente investimentos que podem aguardar e priorizar a folha de pagamento que, como é sabido, funciona como o oxigênio indispensável à vida econômica municipal.
São Luís, 17 de Setembro de 2018.