Candidatura de Haddad fortalece aliança PT/PCdoB, dá mais força a Dino e recrudesce ataques do Grupo Sarney

 

Fernando Haddad (tendo ao lado a mulher Ana Estala Haddad), Flávio Dino e a vice Manuela D`Ávila: unirão forças para atrair o eleitor de Lula para o petista

Martelo batido: com o aval do ex-presidente Lula da Silva, que assim sai da caça ao voto, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é o candidato do PT à presidência da República, tendo a deputada gaúcha Manuela D`Ávila (PCdoB) como vice. A decisão, tomada ontem em Curitiba, deve provocar alterações fortes nessa corrida após o choque causado pelo esfaqueamento do líder nas pesquisas Jair Bolsonaro (PSL). O novo cenário, referendado pela cúpula do PT com o aval do comando do PCdoB, envolve diretamente o governador Flávio Dino (PCdoB), que foi um dos principais articuladores da aliança PT/PCdoB. Ele vai intensificar sua campanha em todo o estado, agora levando junto Fernando Haddad, de modo a torná-lo o mais conhecido possível como “o candidato do Lula”, tarefa gigantesca para a qual deve contar com o apoio do braço maranhense do PT, que agora ganha um norte.

Por conta da sua relação pessoal e politicamente afinada com o ex-presidente Lula, Flávio Dino fez o que esteve ao seu alcance, no campo político, para viabilizar a candidatura do líder petista, mesmo sabendo, como ex-juiz federal, que ele estava irremediavelmente privado dos seus direitos políticos, portanto inelegível. O governador se expôs, colocou-se contra a condenação, defendeu os recursos, mesmo sendo eles protelatórios, articulou movimento de governadores em defesa do ex-presidente e visitou-o na prisão em Curitiba, tornando-se reconhecido como uma das vozes mais elevadas em favor do direito de o líder petista ser candidato a presidente. Ao mesmo tempo, Flávio Dino teve participação decisiva na decisão do PCdoB de manter a aliança com o PT e na indicação da deputada Manuela D`Ávila, que era a candidata comunista a presidente, a tornar-se a representante do seu partido na chapa liderada por Fernando Haddad.

Agora, superadas as dificuldades formais e tomadas as decisões políticas, Flávio Dino vai encarar o desafio de levar o nome de Fernando Haddad a todos os rincões do Maranhão onde estão os milhares e milhares de eleitores de Lula da Silva ainda não familiarizados com a situação e a substituição. O ex-prefeito de São Paulo, que já viveu a delícia de vencer e o amargor de perder uma eleição, tem plena consciência do desafio gigantesco que é transformar-se num candidato viável, e por isso deve entrar de cabeça na campanha, recebendo o apoio do governador e seu grupo e dando a contrapartida, que é o apoio integral do PT ao aliado. Os dois líderes sabem que as dificuldades são enormes – como a “onda” Jair Bolsonaro, por exemplo. Mas avaliam também que é perfeitamente possível vencê-las e transferir para o presidenciável petista pelo menos a grande maioria dos mais de 70% das intenções de voto em Lula no Maranhão, o que pode representar, grosso modo, algo em torno de 1,5 milhão de sufrágios.

Todas as avaliações descompromissadas e isentas que chegaram até agora o conhecimento da Coluna apontam para uma aliança destinada a ser bem sucedida nas urnas. Mas anotam, em tom de alerta, que não será um “passeio” sem percalços. A começar pelo fato de que, com a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) enfrentando dificuldades para repetir as performances de outros tempos e sem contar com uma referência incentivadora na corrida presidencial, o Grupo Sarney tende a recrudescer seus ataques ao governador Flávio Dino, como deixou bem claro na entrevista de ontem na TV Mirante, com o evidente objetivo de fragilizá-lo diante do candidato petista. Muito provavelmente concebida pela astúcia tarimbada do ex-presidente José Sarney, que não engole perder o controle do filé eleitoral lulista no estado, a estratégia de tentar desconstruir Flávio Dino é meta. O problema é que o governador fincou bases sólidas na política maranhense, é um combatente inteligente, acreditado e tenaz, difícil, portanto, de ser abatido.

O fato é que a definição da candidatura de Fernando Haddad a presidente da República e sua aliança entusiasmada com o governador Flávio Dino terá forte repercussão na corrida eleitoral no Maranhão. Reforçará, sem dúvida, o poder de fogo do governador na busca da reeleição, mas aumentará consideravelmente a determinação dos adversários de minar sua caminhada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Desempenho de Ciro Gomes entusiasma pedetista e pode reagrupar a aguerrida militância brizolista

Ciro Gomes. com Weverton Rocha,pode restaurar a força da militância pedetista

A pesquisa do Ibope divulgada ontem pela Rede Globo alimentou o entusiasmo do comando estadual do PDT com a candidatura presidencial do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes. Mesmo embolado com Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes tem demonstrado fôlego e disposição para enfrentar Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, que parece ser até aqui a única certeza dessa corrida ao Palácio do Planalto. Pedetistas que a princípio não demonstravam muito entusiasmo com a candidatura do ex-governador do Ceará, principalmente por conta da sua proverbial incapacidade de controlar a língua e seu gênio explosivo, agora se mostram animados com a possibilidade concreta de o candidato do PDT chegar ao Palácio do Planalto dando uma surra de votos em Jair Bolsonaro na “segunda volta” como dizem os portugueses, conforme apontam todas as pesquisas feitas recentemente. Há até quem aposte numa remota, mas possível, mobilização de pedetistas maranhenses da velha guarda, que se afastaram do partido após a morte do líder Jackson Lago em 2012, em torno do presidenciável. A evolução da campanha e os percentuais das pesquisas poderão mesmo reagrupar a grande e aguerrida militância da versão maranhense do brizolismo, que tem feito muita falta na política do Maranhão, especialmente em São Luís.

 

Listas já indicam favoritos para a reeleição na Assembleia Legislativa

Othelino Neto lidera o time dos favoritos, que incui Roberto Costa, Adriano Sarney e Marco Aurélio

Já são várias as listas de favoritos para a Assembleia Legislativa, e em todas elas alguns nomes aparecem como certos. Entre os que estão em busca de reeleição, o presidente Othelino Neto (PCdoB) é até aqui o mais destacado, seguido de Roberto Costa (MDB), Fábio Macedo (PDT), Marco Aurélio (PCdoB), Ana do Gás (PCdoB), Wellington do Curso (PSB), Adriano Sarney (PV), Rogério Cafeteira (DEM), Rigo Teles (PV), César Pires (PV), Edivaldo Holanda (PTC), Glaubert Cutrim (PDT) e Leo Cunha (PSC) são tidos como nomes certos. É claro que há nomes de peso, como Antonio Pereira (DEM), Neto Evangelista (DEM), Valéria Macedo (PDT), Levi Pontes (PCdoB), Rafael Leitoa (PDT) e Fábio Braga (SD), que podem figurar em qualquer lista, mas os do primeiro time de nomes têm frequência maior nas tais listas, o que para observadores são indicativos de que eles estão politica e eleitoralmente mais bem calçados.

São Luís, 11 de Setembro de 2018.

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