Pergentino Holanda completa neste sábado 70 anos bem vividos, dos quais 50 foram inteiramente dedicados ao jornalismo de costumes, no seu caso popularizado como colunismo social. Qualquer jornalista que emplaque tal marca, independentemente do alcance da sua produção, desembarca no Olimpo de uma das profissões mais diferenciadas, ricas, glamorosas, festejadas, mas ao mesmo tempo solitárias e incompreendidas de todas as que tratam de pessoas, grupos, sociedade. PH – um codinome que virou marca – completa 18.250 dias de batente, ininterruptos, com jornada cotidiana raramente inferior a 12 horas, de Domingo a Domingo, que cumpre mesmo quando curte férias em Paris ou Nova Iorque, cidades nas quais transita com a intimidade com que se move, por exemplo, por São Luís, seu porto seguro e pelo qual nutre uma paixão que só aumenta com o passar do tempo. Com disciplina espartana e impulso jornalístico incomparável, tornou-se o cronista mais lido e mais sofisticado da imprensa maranhense em todos os tempos, fez-se o produtor lembrado pelas festas espetaculares, pelos blocos carnavalescos diferenciados e pelos animados arraiais juninos, e o observador que informou como poucos e armazenou a memória política, econômica e cultural deste meio século.
O PH que festeja hoje conquista tão espetacular em todos os sentidos é um jornalista incomum, dono de um talento excepcional, por meio do qual extrai a dimensão exata de uma informação aparentemente sem maior importância, transformando um evento social num acontecimento digno de registro e do conhecimento público. É o cronista de costumes, que consegue enxergar e traduzir a alma das pessoas e o espírito das coisas, e em cujos textos podem-se identificar facilmente traços do gênio detalhista de Balzac, da prosa sofisticada de Machado de Assis e do new journalism de Tom Wolfe, por exemplo. É o editor exigente, minucioso e criterioso, que raramente se conforma com o primeiro corte que faz numa fotografia. É o amante da beleza, que se esforça para exprimir nas suas colunas por meio de registros refinados de estética textual. É o poeta que muitas vezes transforma em versos períodos que em linguagem comum não teriam qualquer graça. É, enfim, o profissional de alma ateniense e disciplina espartana, extremamente dedicado e que é referência maior para jovens profissionais que pretendam se dedicar ao jornalismo como sacerdotes que vão traduzir o mundo pagão.
Exagero? Nem um pouco. Qualquer avaliação isenta que se fizer do jornalismo de Pergentino Holanda encontrará exatamente esse perfil, podendo certamente ampliá-lo e enxergá-lo muito maior. Nenhum exame honesto diminuirá o tamanho e a qualidade do profissional que há quase cinco décadas esculpe, com o mesmo padrão de excelência dos grandes artesãos, uma página diária no caderno Alternativo de O Estado do Maranhão, e que nos fins de semana brinda seus leitores com a PH Revista, em cujos espaços relata, em todas as formas e cores, os eventos mais badalados do Maranhão, sempre exaltando a beleza. E, via de regra, ancorada por uma crônica que nada fica a dever aos mais talentosos cronistas do País. Consegue a proeza de conciliar essa batalha com as teclas com uma boêmia incorrigível.
PH é, de fato, um fenômeno que já ganhou a condição de mito do jornalismo maranhense, respeitado por todos da sua categoria e pelos seus contemporâneos de área, como os mitológicos cronistas cariocas Ibrahim Sued e Zózimo Barroso do Amaral, com os quais se relacionou de igual para igual e cujas obras contribuíram para o refinamento do estilo que ele próprio criou e aperfeiçoou.
Para dimensionar e entender o PH não bastam observações superficiais de uma leitura cotidiana da sua coluna. É preciso se deter nos textos, na elaboração das notas, no tom por vezes duro, às vezes irreverente e aqui e ali irônico, mas sempre com um toque de seriedade e elegância que tornam a informação confiável, indiscutível. E esse estilo refinado não é fruto apenas do talento excepcional de um redator. Tudo isso é associado ao conhecimento acumulado por um devorador voraz da literatura – prosa e poesia – universal: tem memorizadas passagens da saga romântica de Proust, trás poemas de Verlaine, Drumond e Tribuzi prontos para recitar, e guarda trechos de peças de Shakespeare na ponta da língua. É um conhecedor surpreendente de artes plásticas e acumulou um acervo invejável para os padrões maranhenses. E vez por outra embarca para Nova Iorque para a estreia de um novo musical na Broadway e retornar no dia seguinte, ou a para Milão, para encantar-se com a primeira audição da nova versão de uma ópera qualquer de Verdi, ou ainda para Londres, para comover-se com um clássico do Royal Ballet.
Dono de uma memória prodigiosa, PH transformou-se ao longo desse período num arquivo vivo, com registro presencial de fatos e momentos de importância capital para a história recente do Maranhão. Íntimo do poder político, trás guardadas na memória informações sobre fatos decisivos e que, vindos à tona, estremeceriam o tabuleiro da política maranhense por muito tempo. Amigo de empresários, conhece como poucos o roteiro de grandes negócios entabulados no estado. Produtor cultural e incentivador das artes, transita sem fronteira na elite cultural de São Luís – foi diretor do Teatro Arthur Azevedo, por exemplo – e até hoje é considerado “o mais importante eleitor da Academia Maranhense de Letras depois de José Sarney”, sem dela fazer parte.
O Pergentino Holanda que festeja hoje sua longa permanência no Olimpo da profissão é também um sobrevivente raro cuja fórmula de forma e conteúdo desfia o tempo e as novas tecnologias. É, enfim, um vencedor, que vivenciou tudo o que um jornalista do seu quilate precisa vivenciar para chegar com toda Justiça à condição de mito.
PONTO & CONTRAPONTO
MP: eleito sem concorrente, Luiz Gonzaga é nomeado por Flávio Dino para novo mandato
Num dos processos mais rápidos e mais tranquilos dos últimos tempos na instituição basilar do sistema de Justiça do Maranhão, o procurador de Justiça Luiz Gonzaga Martins Coelho foi nomeado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) para um novo mandato de dois anos como procurador geral de Justiça, chefe do Ministério Público do Maranhão. Candidato único no pleito realizado no dia 14 de maio, Luiz Gonzaga foi reeleito para o biênio 2018-2020 com 318 votos, cerca de 94% do colégio eleitoral formado por procuradores de Justiça e promotores de Justiça. A nomeação aconteceu na noite de quinta-feira, 17, durante a solenidade de abertura do II Congresso de Defensores Públicos do Maranhão.
Vivenciado na batalha nas comarcas e no associativismo que move a classe, Luiz Gonzaga Martins Coelho soube conciliar as diferenças que apequenaram o Ministério Público maranhense anos atrás, quando a instituição foi mergulhada numa insana guerra de grupos. Durante seu primeiro mandato, o procurador geral de Justiça recolocou a instituição na rota na normalidade, evitando que novas tensões viessem à tona por conta de interesses políticos e pessoais. Além disso, Martins Coelho dinamizou a ação do MP, que voltou a atuar com a desenvoltura de antes, dando total apoio aos promotores e à máquina funcional que lhes dá suporte. Para tanto, contou com o eficiente trabalho da Corregedoria geral do Ministério Público, chefiada pelo procurador-corregedor Eduardo Nicolau, um dos mais experientes integrantes da instituição.
No mesmo evento em que foi nomeado, o procurador-geral de justiça recebeu do defensor público-geral do Estado do Maranhão, Werther de Moraes Lima Júnior, a Medalha Zilda Arns, concedida em reconhecimento ao seu trabalho em prol do fortalecimento da Defensoria Pública. Luiz Gonzaga Martins Coelho agradeceu a distinção e destacou o papel da Defensoria Pública, considerando-a essencial e afirmando que o MP vai continuar sendo seu parceiro.
Sobre a nomeação pelo governador Flpavio Dino, Luiz Gonzaga Coelho declarou: “Reafirmo aqui o meu compromisso com o Ministério Público e com toda a sociedade maranhense. Continuaremos trabalhando incansavelmente por cada cidadão”.
Que vá em frente.
Maura Jorge vai coligar o Podemos com o PRTB e o PSDC
A ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (Podemos), ganhou dois suportes para embalar a sua candidatura ao Governo do Estado: o PRTB, liderado por Márcio Coutinho – politicamente ligado ao senador Edison Lobão (MDB) e que, até onde se sabe, tentará uma vaga na Câmara Federal – e o PSDC, partido agora comandado por Pastor Bel – segundo suplente do senador Edison Lobão e que, pelo visto, vai perder a vaga e não sebe o que fará da vida. À frente de Ricardo Murad (PRP) na corrida ao Palácio dos Leões, com 1,8% das intenções de voto, Maura Jorge mostra que está viva com as adesões, mesmo sabendo que os dois partidos quase nada representam em termos políticos e eleitorais e na composição do tempo de TV.
São Luís, 18 de Maio de 2018.