Arquivos mensais: outubro 2016

Desfecho da guerra entre Edivaldo Jr. e Eduardo Braide pode consolidar ou por em xeque projeto de poder de Flávio Dino

 

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Edivaldo Jr. e Eduardo Braide: candidatos travam guerra pelo poder em São Luís

 

É verdade que numa disputa eleitoral, cujo troféu é o poder, quem dela participa está sujeito receber pancadas de maneira inclemente. Tem sido assim ao longo da História, e não poderia ser diferente nesta corrida para a Prefeitura de São Luís, principalmente porque há muito em jogo, tudo diretamente relacionado com a estabilidade do projeto de poder concebido pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Mas não há como não registrar que a guerra em curso é desigual. De um lado, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que busca a reeleição, liderando uma megaestrutura formada por 12 partidos, todos com as suas estruturas em ação, um ativo exército de blogueiros, a simpatia inegável do segundo maior grupo de comunicação eletrônica da cidade, as militâncias do PDT, do PCdoB e PT, entre outras menos expressivas, além da movimentação intensa da máquina municipal e do aval político do governador Flávio Dino (PCdoB). De outro o deputado estadual Eduardo Braide, candidato do PMN, com uma estrutura muito menor, sem alianças partidárias, sem uma militância política ou pessoal, sem muitos blogueiros alinhados ou fiéis, tocando a campanha com inteligência, principalmente nas intervenções. Pode-se daí fazer analogias como a luta de Davi contra Golias, a campanha do tostão contra o milhão, um exército de centenas contra um exército de um homem só.

Edivaldo Jr. joga com as armas diretas e indiretas que tem e explora todo o potencial do seu arsenal com o objetivo de conter a escalada de Eduardo Braide, um adversário eficiente e hábil, que teve apenas seis segundos diários na TV, mas que só precisou de dois debates para tirar da frente sete concorrentes e desembarcar no 2º turno como uma ameaça concreta e enfática ao projeto de reeleição. O candidato do PDT, claro, acionou toda a sua poderosa retaguarda para arrastar, com as artimanhas que a guerra política comporta, o candidato do PMN e seus parcos recursos para pelejar no charco, onde só cabe o jogo bruto, com o objetivo de desqualificá-lo e triturá-lo, se possível varrê-lo do mapa político.

A guerra que a superestrutura do prefeito Edivaldo Jr. declarou ao deputado Eduardo Braide objetiva muito mais do que a simples derrota eleitoral nessa disputa. São fortes as evidências de que num cenário de poucas lideranças políticas de futuro, a eleição de um político do porte e da competência de Eduardo Braide para a Prefeitura de São Luís, nas circunstâncias em que ascendeu, e derrotando uma das estrelas do time da nova geração que está no comando político do Estado, certamente o colocará no epicentro do cenário político do Maranhão como uma espécie de quarta via. O governador Flávio Dino e seu grupo com certeza não querem mais um político jovem, talentoso e ousado procurando ocupar um espaço, como fez o senador Roberto Rocha (PSB), que por sua ousadia e sem cometer nenhum pecado capital, é hoje satanizado pela falange do grupo que está no poder.

O prefeito Edivaldo Jr. joga pesado contra Eduardo Braide porque sabe que se renovar o mandato se consolida, ao lado do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB) e do secretário de Articulação Política e Comunicação, na linha de frente do projeto de poder do governador Flávio Dino, ao passo que uma derrota significará um revés desastroso na sua até aqui vitoriosa carreira política. Derrotar Eduardo Braide é para o prefeito Edivaldo Jr., mais do que uma simples vitória eleitoral e de uma questão de sobrevivência, é a garantia de que poderá alçar voos mais altos nos próximos pleitos.

O diferencial dessa disputa é que os dois são políticos de boa formação, com noção exata do que estão fazendo e sem máculas nos seus currículos. E aí reside a dificuldade que a falange de Edivaldo Jr. se desdobra, sem sucesso, para destruir a reputação de Eduardo Braide, e os comandados do deputado fazerem o mesmo com o prefeito na guerra subterrânea em que tudo o que apareceu contra o prefeito foi uma denúncia fajuta sobre contratações no Isec, um órgão municipal, e contra uma acusação sobre emendas destinadas a Anajatuba, que também não se sustenta.

Os próximos oito dias de campanha e o debate da TV Mirante no dia 28 serão decisivos. E com uma expectativa que poderá se confirmar: a guerra subterrânea vai dar em nada.

PONTO & CONTRAPONTO

Adriano Sarney corrige discurso e nega apoio a Edivaldo Jr.
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Adriano Sarney ajustou discurso contra Braide

Provavelmente por ter se dado conta de que seu pronunciamento de terça-feira, no qual acusou o candidato do PMN, Eduardo Braide, de não falar a verdade, deixou no ar a suspeita de que seu gesto foi um presente para a tropa de choque de Edivaldo Jr. (PDT), o que levantou a suspeita de que estaria sendo parte de uma estratégia do Palácio dos Leões a favor do prefeito, o deitado Adriano Sarney (PV) voltou ontem à tribuna da Assembleia Legislativa para minimizar a clara parcialidade da sua iniciativa. Sua fala evidenciou que ele próprio se carimbou de como aliado do prefeito e, ao contrário da sua expectativa, acabou beneficiando a Eduardo Braide.

Adriano Sarney disse ontem que só se posicionou contra Eduardo Braide por dois motivos: propor mais transparência (?) na disputa eleitoral e defender o seu nome, o nome da sua família de ataques do candidato do PMN (?). E foi enfático ao dizer que “jamais” apoiaria o prefeito Edivaldo Jr., como também “jamais” apoiará qualquer projeto político que envolva “o governador comunista” Flávio Dino. Os aliados de Edivaldo Jr., notadamente os deputados Bira do Pindaré (PSB) e Othelino Neto (PCdoB), que na terça-feira rasgaram elogios ao gesto de Adriano Sarney, simplesmente ignoraram o seu discurso reparador, numa clara atitude de reprovação.

Nas conversas paralelas, a opinião dominante foi a de que o discurso inicial, além de não causar o estrago pretendido no projeto eleitoral de Braide, simplesmente o fortaleceu. A começar pelo fato de que na sua nota, Eduardo Braide manifestou estranheza com a atitude de Adriano Sarney e afirmou que nunca escondeu que conversou com muitas lideranças políticas, o que é uma prática normal numa articulação pré-eleitoral. Além disso, ficou claro que Adriano Sarney exagerou no ataque, já que não há qualquer registro mostrando Eduardo Braide atacando família Sarney, salvo quando disse que não é sarneysista e quando disse que não tem o apoio do PMDB. Quando à alegada necessidade de mais transparência na campanha eleitoral, a cobrança só faria sentido se se tratasse de dúvidas relacionadas com a postura moral e ética.

Resumo da opereta: o discurso de ontem não tirou o impacto do de terça-feira, não corrigiu a derrapada e não eliminou a impressão de que o parlamentar teria tentado favorecer a Edivaldo Jr., mas acabou favorecendo Eduardo Braide.

 Projeto da Uema Sul estimula debate de alto nível na Assembleia
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César Pires e Marco Aurélio: bom debate sobre Uema Sul

A Assembleia Legislativa viveu ontem um bom momento da sua natureza parlamentar. Por conta do projeto do governador Flávio Dino criando a Uema Sul, sediada em Imperatriz e abrangendo toda a região com vários campi – Imperatriz, Açailândia, Balsas, Barra do Corda, Grajaú, entre outros -, os deputados César Pires (PEN) e Marco Aurélio (PCdoB) travaram um embate verbal de alto nível. César Pires, que já foi reitor da Uema e Gerente Regional de Imperatriz, criticou duramente a urgência com que o Governo quer o projeto aprovado. Na sua crítica, ele não se colocou contra o projeto em si, mas, com base na sua experiência, elencou uma série de itens sem os quais a organização a ser criada no projeto não poderá se tornar universidade no sentido amplo. O deputado do PEN classificou de “absurda” a urgência proposta pelo Governo, argumentando que não haverá como a nova universidade ser implantada em janeiro de 2017. Cobrou que o projeto seja amplamente debatido pelos deputados, para que sejam corrigidos problemas que, segundo ele, maculam o projeto do Governo. No contraponto entrou o deputado Marco Aurélio, renomado professor tocantino, de longe o principal defensor do projeto que cria a Uema Sul. Ele contestou os argumentos de César Pires, começando por afirmar que o projeto da universidade é uma aspiração antiga região, principalmente de Imperatriz, exibindo um documento em que representantes da sociedade tocantina assinam um abaixo-assinado em favor da criação. Marco Aurélio demonstrou que a futura universidade já tem as condições – professores com qualificação adequada e infraestrutura física suficiente para iniciar a virada, que na sua avaliação terá papel fundamental no desenvolvimento da região, o que não acontecerá se tudo ali continuar como uma representação da Uema. O parlamentar tocantino prosseguiu com sua defesa do projeto enfatizando que ganhando autonomia como uma instituição regional, a Uema Sul proposta pelo governador Flávio Dino prestará serviços relevantes à região. O requerimento de urgência foi aprovado e a aprovação do projeto é ponto pacífico na bancada governista.

 

São Luís, 19 de Outubro de 2016.

Embate entre Edivaldo Jr. X Eduardo Braide sai do campo das ideias e entra no terreno pantanoso da troca de acusação

 

 

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Edivaldo Jr. e Eduardo Braide: agora na troca de acusações 

Aconteceu o que observadores mais atentos já esperavam: o embate entre Edivaldo Jr. (PDT) e Eduardo Braide (PMN) na etapa final da disputa para a Prefeitura de São Luís sai do saudável campo das ideias e das propostas para entrar no pantanoso ambiente das acusações, onde, via de regra, são produzidos factóides. O assunto dominante agora é quem está apoiando quem, com Edivaldo Jr. afirmando que permanece no lado em que sempre esteve e Eduardo Braide enfatizando que faz uma caminhada do lado dele próprio, sem o apoio de ninguém, nem no 1º turno nem agora. E a pólvora que faltava para incendiar o cenário sucessório da Capital foi generosamente ofertada ontem pelo deputado Adriano Sarney (PV), que, num discurso extra pauta na Assembleia Legislativa, acusou o candidato do PMN de não falar a verdade quando afirma que não teve o apoio do Grupo Sarney no 1º turno. Braide reagiu dizendo que nunca escondeu que conversou com lideranças naquela etapa da eleição, mas que não fez acordo com ninguém. Na plateia, aliados de Edivaldo Jr., como os deputados Bira do Pindaré (PSB) e Othelino Neto (PCdoB) vibraram, rasgando elogios a Adriano Sarney.

Num movimento esquisito – a começar pelo fato de que Eduardo Braide estava ausente -, feito a pretexto de defender sua família e o PMDB, partido ao qual não pertence e cujo candidato não apoiou no 1º turno, Adriano Sarney fez o papel de advogado do diabo, acusando Eduardo Braide de “faltar com a verdade”, presenteou os aliados de Edivaldo Jr. ofereceu munição para que organizassem um ataque em bloco contra o candidato do PMN, insinuando que ele mentiu. A fala de Adriano Sarney foi tão bem recebida por aliados do candidato do PDT, que ganhou as redes sociais em alta velocidade e se espalhou como se se tratasse da injeção de ânimo que o poderoso e bem estruturado “Exército do 12” estava precisando para amenizar a pressão que o 33 vem fazendo sobre ele.

A origem do discurso do deputado Adriano Sarney está numa pergunta que Eduardo Braide respondeu em seu programa no horário eleitoral: “Você é sarneysista?” Ao que ele respondeu na bucha, sem pestanejar: “Não, não sou”. Isso incomodou a cúpula do Grupo Sarney, que saiu de posição aparentemente neutra na disputa. Em outra circunstância, perguntaram novamente a Braide sobre esses supostos pedidos de apoio. Ele respondeu que não tem apoio de ninguém, nem do PMDB nem do Grupo Sarney. A cúpula do partido não gostou. A consequência foi o discurso do deputado Adriano Sarney, que garantiu que o candidato do PMN o procurou; fora ao PMDB e se avistou com o senador João Alberto, e esteve na mansão do Calhau e conversara com a ex-governadora Roseana Sarney – tudo isso nas articulações para o 1º turno.

O resultado dessas investidas foi o seguinte: de Adriano Sarney, Braide ouviu um não, pois o partido, depois de esnobar o projeto da vereadora Rose Sales, decidiu apoiar a candidatura da deputada federal Eliziane Gama (PPS); do senador João Alberto, Braide ouviu que o PMDB já tinha um candidato, Fábio Câmara, que acabou em quito lugar; e da ex-governadora Roseana Sarney, nem um naco de apoio. O candidato do PMN seguiu seu caminho e, sem esses apoios, chegou aonde chegou, contrariando todas as expectativas. O fato de ter conversado com esses líderes não alterou sua relação com o sarneysismo. Se o Grupo lhe tivesse apoiado ele teria se tornado um sarneysista? Não. Eliziane Gama se tornou sarneysista por ter sido apoiada por Adriano Sarney e o PV? Não.

Até onde se sabe, a conversa é a base das relações políticas. Um exemplo: no final dos anos 90 do século passado, o então prefeito Jackson Lago e a então governadora Roseana Sarney construíram uma boa relação institucional, sem que ele tivesse aderido ao sarneysismo ou ela  embarcado no brizolismo.

O surpreendente discurso do deputado Adriano Sarney pareceu parte de uma ação bem articulada, Edivaldo Jr. abriu seu programa de ontem reagindo à afirmação de Braide de que ele estaria sendo apoiado pelo que Eduardo Braide o acusou de estar recebendo o apoio do Grupo Sarney por meio de um grupo de ex-candidatos a vereador pelo PMDB, ninguém de expressão no partido. E mostrou que tem um lado, que está com o governador Flávio Dino (PCdoB) e tem se dedicado “a combater o Grupo Sarney”.

A conclusão óbvia é, motivados pelas pesquisas do fim de semana que passou, que os dois candidatos tentam agora fragilizar um ao outro antes do debate do dia 28 na TV Mirante. Com uma diferença visível: Edivaldo Jr. conta com aliados que reagem por ele, como aconteceu ontem na Assembleia Legislativa, e com um bem treinado exército eletrônico, enquanto Eduardo Braide reage como se fosse um exército de um homem só, mantendo o discurso de que é independente.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Reação no ato

Ao tomar conhecimento do discurso do deputado Adriano Sarney, Eduardo Braide reagiu no ato, divulgando a seguinte nota:

Fico surpreso a cada dia com as tentativas de me atacarem politicamente. Nunca escondi de ninguém que conversei com lideranças políticas de São Luís do Estado. Isso faz parte da política, até porque um bom gestor precisa ter bons relacionamentos com quem pode ajudar a nossa cidade.

Ao fazer pronunciamento hoje na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Adriano Sarney poderia ter usado a mesma verdade para declarar o seu apoio ao meu adversário, fato já conhecido no meio político.

A postura do parlamentar só reforça que não fiz acordos ou conchavos para disputar a Prefeitura de São Luís desde o primeiro turno das eleições, quando tive somente 10 segundos de tempo de propaganda no Rádio e na TV. Reafirmo que sou independente e que a minha única aliança é com o povo, que espera essa postura no jeito de fazer politica.

Eduardo Braide

Candidato a prefeito de São Luís

 

Declaração de guerra

Mais tarde, no horário eleitoral na TV, o prefeito Edivaldo Jr. abriu seu programa com a seguinte declaração de guerra:

Dizem que na guerra e nas eleições a primeira vítima é a verdade.

Veja a que ponto o meu adversário chegou. Ele agora me acusa de ser apoiado pelo Grupo Sarney.

Faço um desafio a ele. Diga onde ele estava em 2014, quando eu apoiei o governador Flávio Dino contra o Grupo Sarney. Diga o que fez na Assembleia defendendo o Governo Roseana, quando eu não tinha nenhuma parceria com o Governo do Estado.

Eduardo, não ofenda a inteligência do eleitor. Você pode até não lembrar, mas a população não esqueceu.

 

São Luís, 18 de Outubro de 2016.

Assembleia vive momento de tensão, com troca de acusações e agressões verbais entre Andrea Murad e Marcos Caldas

 

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Andrea Murad, oposição, e Marcos Caldas, situação: acusações, agressões verbais, ameaças e muita tensão no plenário da Assembléia Legislativa

Foi um dos momentos mais tensos da Assembleia Legislativa nos últimos tempos. Em meio ao rescaldo do processo eleitoral, que vem inflamando os ânimos no plenário do Poder Legislativo, aonde os resultados das urnas vêm repercutindo intensamente, colocando adversários em clima de confronto, a deputada Andrea Murad (PMDB) e o deputado Marcos Caldas (PSDB) travaram ontem uma guerra de palavras ofensivas sem paralelo na Casa na atual legislatura. A deputada usou adjetivos como “pau mandado”, “covarde”, “assassino”, “corrupto”, “bandido”, “mentiroso” para definir o colega, que por sua vez não ficou atrás e contra-atacou no mesmo tom e nível: “mentirosa”, “corrupta”, “filha de corrupto”, chegando ao extremo de apelidá-la de “cara de cavalo”, numa ofensa fora de todas as medidas. Diante de tantas agressões verbais de parte a parte, o presidente da Assembleia, deputado Humberto Coutinho (PDT), usou toda paciência e toda tolerância para que os dois deputados moderassem seus impulsos, e como não foi atendido, suspendeu a sessão e deixou o plenário acompanhado da maioria dos deputados.

Natural e até compreensível a posição da deputada Andrea Murad, que ainda está assimilando a fragorosa derrota que seus pais sofreram na disputa para a Prefeitura de Coroatá, onde sua mãe, prefeita Tereza Murad (PMDB), tentou a reeleição e perdeu feio. Não bastasse a perda de Coroatá para Luiz da Amovelar Filho (PCdoB), um jovem de pouco mais de 20 anos fortemente apoiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que, havia muito, vinha tentando, sem sucesso, enquadrar a deputada e o ex-secretário de Estado de Saúde, seu pai. Pai e filha dedicaram a bater forte no Governo e no governador desde a sua posse, há 22 meses, implicando principalmente com a política de saúde que Dino e sua equipe implantaram e que, na avaliação geral está dando certo, em que pesem um tropeço aqui, um problema ali e um escorregão acolá.

A defesa do Governo e do governador era feita pelo líder governista Rogério Cafeteira (PSB), pelo líder da maioria, deputado Levi Pontes (PCdoB) e outros integrantes da base situacionista. Houve embates duros, troca de acusações, momentos tensos, mas nada que se comparasse aos ocorridos em plenário desde que ali desembarcou o tucano Marcos Caldas, suplente que assumiu na vaga de Alexandre Almeida (PSD), que se licenciou por quatro meses. Não se sabe se ele foi escalado pelo Palácio dos Leões ou se auto-escalou por livre e espontânea vontade para o posto de defensor do Governo, mas o fato é que Caldas chegou à Casa com uma faca nos dentes, e desde então tem sido uma espécie de contrapeso  da deputada pemedebista. Suas reações aos ataques de Andrea Murad têm sido duras, com acusações graves, feitas em linguagem agressiva para classificar a deputada e o pai dela. Ontem, ao insinuar que Ricardo Murad desviou dinheiro da Saúde “até para fazer a feira de sua casa” e “criou um pomar de laranjas”, Marcos Caldas ouviu da deputada: “Talvez seja a comida que tu comias quando se sentava à mesa na nossa casa para bajular Ricardo Murad”. E por aí foi.

O presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho, fez inúmeros apelos para que os deputados mantivessem confronto num nível aceitável para um plenário, tentou várias vezes conter os ânimos. Mas como não foi atendido, usou da sua autoridade e, com base no Regimento Interno da Casa, encerrou a sessão. Na tribuna, Marcos Caldas assistia à saída da deputada Andrea Murad aos gritos, acusando-o de assassinato, de ser agiota e pedófilo. Os deputados continuaram trocando xingamentos em voz alta, num espetáculo de mau gosto sem paralelo em tempos recentes.

Deputada atuante como oposição ao Governo Flávio Dino, Andrea Murad vez por outra perde o equilíbrio quando é provocada sobre a gestão do seu pai na Secretaria de Estado da Saúde no Governo Roseana Sarney (PMDB). Traz a provocação política para o campo pessoal, como se o controvertido período de Ricardo Murad na Secretaria de Saúde fosse algo intocável, cristalino e acima de qualquer suspeita, o que é um equívoco. Por sua vez, Marcos Caldas assumiu, sem qualquer explicação plausível, a condição de defensor-mor do Governo na Assembleia Legislativa, e assim vem fazendo o contraponto às investidas da parlamentar. Tudo indica que o episódio de ontem terá desdobramentos hoje, e provavelmente nas semanas que ainda durar a interinidade parlamentar de Marcos Caldas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Especial

José Antonio Almeida Silva, magistrado íntegro que teve a oportunidade de ser governador subtraída por casuísmo político
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Almeida Silva: integridade

Homem discreto, mas elegante e afável, e magistrado eficiente e com sólida formação jurídica, José Antonio Almeida Silva construiu uma bem sucedida carreira na Justiça, galgando, por mérito, dedicação e integridade todos os patamares da Justiça estadual até alcançar merecida aposentadoria na década de 1990 do século passado.

Na presidência do TJ, Almeida Silva foi um dos protagonistas de um episódio político ocorrido em 1982 e que produziu muitos desdobramentos das décadas futuras no cenário político estadual. Naquele momento, estando ainda o Brasil sob a ditadura militar, o Maranhão vivia intensa movimentação política por causa da sucessão do governador João Castelo (Arena), que se daria pela primeira vez em eleição direta depois de da eleição de José Sarney em 1965. Político nascido na seara sarneysista, o governador João Castelo (Arena), que fizera um governo de muitas obras e outras realizações, julgou-se politicamente forte o suficiente para rebelar-se contra o então senador José Sarney (Arena).

Com a morte do seu vice, general Arthur Carvalho (Arena), mais de um ano antes, João Castelo projetara ser candidato a senador, mas não queria passar o Governo para o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Albérico Ferreira (Arena), tio de José Sarney.  Havia no Grupo Sarney três pré-candidatos a governador – os deputados federais Luiz Rocha e Edison Lobão e o senador Alexandre Costa, todos da Arena. Sarney articulou a favor de Luiz Rocha, que, porém, não tinha a simpatia de João Castelo.

Embalado pelo poder que desfrutava naquele momento, João Castelo impôs a Sarney uma condição para apoiar Luiz Rocha: tirar seu tio Albérico Ferreira da presidência da Assembleia Legislativa, para que assumisse o 1º vice-presidente, deputado Ivar Saldanha (Arena), que naquela condição seria o seu substituto no Palácio dos Leões. O caso mexeu com os bastidores do Tribunal de Justiça, já que o então presidente José Antonio Almeida Silva era o terceiro na linha sucessória e deveria assumir o Governo do Estado se Albérico Ferreira renunciasse, porque essa era a regra. O argumento mais forte era que se Albérico Carneiro renunciasse à presidência do Poder Legislativa, teria de haver eleição para a escolha do novo presidente, pois como 1º vice-presidente Ivar Saldanha não poderia assumir ascender à presidência. Uma eleição para o presidente da Assembleia Legislativa poderia desencadear uma crise monumental e de difícil controle.

Mas diante do impasse criado por João Castelo, que ameaçava permanecer no Governo e apoiar o candidato da oposição, Renato Archer (MDB), caso Albérico Ferreira permanecesse na presidência do Legislativo, Sarney montou uma operação: a maioria da Assembleia modificou o Regimento, permitindo que com a renúncia do presidente o 1º vice assumiria a presidência. A “solução” caiu como uma bomba dentro do Tribunal de Justiça, onde várias vozes reagiram indignadas com o casuísmo que tiraria a oportunidade de o presidente da Corte, José Antonio Almeida Silva, se tornasse governador do Estado por quase um ano. O clima ficou muito tenso entre o Judiciário, o Legislativo e o Executivo. Os protestos e o mal-estar não foram, por suficientes para reverter a situação. O próprio presidente do Judiciário formalizou seu protesto numa ação contra a mudança casuística no Regimento do Legislativo.

Assim, no final da tarde do dia 7 de Maio de 1982, por meio de um ofício de apenas três linhas, o deputado Albérico Ferreira renunciou à presidência da Assembleia Legislativa, passando o comando ao deputado Ivar Saldanha, que com a modificação do Regimento Interno da Casa se tornou o 1º da linha sucessória do Governo do Estado como exigiu o governador João Castelo. No dia 8 de Maio, por meio de uma longa nota lida pelo então secretário de Comunicação, jornalista Arimatéia Ataíde, em ato no palácio dos Leões, o governador João Castelo – que não compareceu alegando estar “adoentado” – declarou apoio à candidatura do deputado Luiz Rocha ao Governo do Estado. E usando e abusando da força política que detinha naquele moimento, fez outra imposição: indicou o cunhado João Rodolfo, que fora o todo-poderoso secretário de Obras do seu Governo, como candidato a vice-governador.

Uma avaliação fria e isenta hoje conclui sem esforço que o desembargador José Antonio Almeida Silva teve surrupiado por um ardil montado pelo senador José Sarney para evitar uma crise catastrófica com sua criatura rebelada. O magistrado reagiu na medida da sua possibilidade e no limite da ação institucional, entrando para a História com vítima de um casuísmo, mas com o diferencial: manteve sua integridade de magistrado e sua dignidade pessoal, que nunca foram questionadas ou afetadas.

José Antonio Almeida Silva era casado com a procuradora de Justiça Elimar Figueiredo Almeida Silva, que por duas vezes comandou o Ministério Público do Maranhão, certamente tendo o prazer acompanhar à distância a brilhante carreira do filho José Antonio Figueiredo Almeida Silva   na advocacia, justamente como especialista em Direito Eleitoral.

 

São Luís, 17 de Outubro de 2016.

Cinco pesquisas, dois beneficiários e um quadro claro de indefinição na corrida para a Prefeitura de São Luís

 

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Eduardo Braide e Edivaldo Jr. em atos de campanha embalado por cinco pesquisas que mostram números diferentes na corrida para a Prefeitura

Escutec: Braide 44,3% X Edivaldo 40,1%; Ibope: Braide 51% X Edivaldo Jr. 43%; Econométrica: Edivaldo Jr. 47,1% X Braide 43%; Data M: Edivaldo 53,7% X Braide 42,7% e Prever: Braide 46,4% X Edivaldo Jr. 44,6%. Os levantamentos, realizados nesta semana, apontam para um ambiente de rigorosa incerteza no cenário da disputa do 2º turno para a Prefeitura de São Luís. Tal ambiente de indefinição é indiscutível, pois que entre as cinco pesquisas, duas mostram ventos soprando favoravelmente ao candidato do PDT, Edivaldo Jr, e três embalando o candidato do PMN, Eduardo Braide. Tal cenário, no entanto, não garante o grito antecipado de vitória a nenhum dos dois candidatos. Tanto é verdade que o clima no QG do prefeito é de forte tensão, com os líderes da coligação, principalmente os do PDT e os do PCdoB, se movimentando para arregimentar todos os recursos de militância e de estratégia para embalar ainda mais a corrida do candidato. O clima no comando da campanha do candidato do PMN é o mesmo, com a diferença de que ali o ânimo é de euforia. No campo de Edivaldo Jr. há muito em jogo, a começar pelo prestígio político do governador Flávio Dino (PCdoB). Na seara de Eduardo Braide tudo é lucro político, mesmo que o resultado final não lhe seja favorável.

O fato é que São Luís vive a mais intensa disputa eleitoral desde que em 1985 a carismática Gardênia Ribeiro Gonçalves, mulher do então senador João Castelo, contrariando todas as expectativas, pesquisas e previsões, deu uma espetacular “surra” de votos no todo-poderoso candidato Jaime Santana, apoiado pelo então presidente José Sarney e embalado pelo intimidador codinome “Força Total”. O prefeito Edivaldo Jr. chegou ao 2º turno como uma locomotiva empurrada pela força de 240 mil votos (45,6%), enquanto Eduardo Braide saiu de 2%, atropelou sete outros concorrentes e desembarcou no turno final com 112 mil votos (24,2%) dos votos. Há quem faça contas e sugere a conclusão segundo a qual o que acontece neste momento em São Luís é uma corrida ombro a ombro, com os dois candidatos separados por pequenas vantagens.

Diante do surpreendente painel de percentuais dos candidatos, os dois principais partidos da base do prefeito Edivaldo Jr. resolveram mobilizar todos os meios ao seu alcance para reforçar sua campanha. O presidente do PDT, Weverton Rocha, convocou a cúpula para uma reunião na tarde do sábado, na sede do partido, para uma avaliação do processo em São Luís e a definição de providências, sendo a principal delas a mobilização da militância pedetista, de longe a maior e mais ativa da Capital, remanescente do grande movimento organizado e liderado por Jackson Lago na segunda metade da década de 1980.  Por sua vez, o governador Flávio Dino determinou também a mobilização dos recursos do PCdoB em São Luís e o apoio do partido em Paço Lumiar, onde elegeu Domingos Dutra, e em Raposa, onde venceu Talita Laci. A ordem é concentrar informalmente essas forças em São Luís em apoio a Edivaldo Jr.. E o argumento dos líderes é simples: se não intensificar a campanha, perderá a eleição.

No comando de campanha de Eduardo Braide a ordem é intensificar a briga pelo voto, mesmo sem os recursos materiais que dão volume à campanha. O clima é de euforia e o ânimo é de astral nas alturas. E a explicação para isso é simples: como planejou desde abril, quando bateu martelo e tornou irreversível decisão de se candidatar, Braide vem cumprindo um cronograma minucioso e bem elaborado, festejando a cada etapa a confirmação do que foi planejado com o objetivo de chegar ao 2º turno. Agora, já com a avaliação de que chegar até aqui foi um ganho político gigantesco, avançar e vencer a eleição, se acontecer, será um desfecho espetacular para um projeto iniciado aparentemente sem a menor chance de vingar.

Juntas, as cinco pesquisas não conseguiram estabelecer um cenário que contribua para a formação de uma convicção a respeito de quem sairá vencedor nesta corrida à Prefeitura de São Luís. Com números expressivos, sugerindo definição mesmo, três apontam a vitória de Eduardo Braide e duas indicam que o vitorioso será Edivaldo Jr.. A recomendação mais sensata é a de que o mais prudente é aguardar novos lances da campanha, como os debates – um no dia 20 na TV Guará e um no dia 28 na TV Mirante.

PONTO & CONTRAPONTO

 

Graziela, o trunfo simpático de Braide
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Graziela Braide ganha espaço na campanha apresentando o quadro “Palavra de Mulher” no programa eleitoral do marido na disputa para a Prefeitura de São Luís

Além de uma boa concepção, como o “fórum” onde ele respondeu a diversas perguntas de jovens e adultos, Eduardo Braide tirou do colete um trunfo que certamente reforçará sua briga pelo voto: a esposa Graziela Braide. Médica, especializada em ginecologia, pouco mais de 30 anos, bonita, é dona de um sorriso largo e franco e com um quê da determinação de quem sabe exatamente o que está fazendo. Ela já vinha se destacando ao lado do marido, acompanhando-o em eventos sociais e atos de campanha, mas ganhou a simpatia de muitos no dia da votação, quando somou com o candidato levando os filhos, passando ao eleitorado a imagem verdadeira de uma família de bem e bem sucedida. Entrou para o primeiro plano da campanha no dia 11, quando ocupou parte do programa do candidato do PMN, numa espécie de coluna eletrônica chamada “Palavra de Mulher”, com um pronunciamento lúcido e oportuno, e feito com serenidade e firmeza convincentes. Com simpatia e desenvoltura, Graziela Braide tem sido um suporte fundamental na guerra quase solitária que o marido vem travando desde que decidiu ser candidato a prefeito de São Luís.

Braide encara incômodo na TV Difusora e sai por cima
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Eduardoi Braide no estúdio da TV Difusora ao ser entrevistado por jornalistas da casa .

Emissora com candidato, equipe “armada” e entrevistado com os pés no chão e plenamente equilibrado. Foram esses os ingredientes que transformaram a edição de sábado do programa de entrevista “Resenha”, da TV Difusora, que entrevistou o candidato do PMN à Prefeitura de São Luís, Eduardo Braide, num caso clássico de interferência do poder político na atividade jornalística, e de como um ataque acabou fortalecendo o atacado e colocando o atacante na defensiva. Eduardo Braide entrou para a entrevista como um candidato forte e dela saiu como sua musculatura reforçada, deixando para trás uma equipe com a credibilidade discutida, o que sugere uma reavaliação da linha editorial da emissora – o que, todos sabem, não vai acontecer, pois o projeto é muito maior do que um episódio de campanha que logo será esquecido. Na avaliação de alguns observadores, a entrevista pode ter dado a Eduardo Braide um reforço eleitoral bem maior do que ele pretendeu quando aceitou ser entrevistado.

 

São Luís, 15 de Outubro de 2016.

 

Candidatos derrotados e ex-prefeitos não se envolvem na disputa entre de Edivaldo Jr. e Eduardo Braide no 2º turno

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Rose Sales (PMB),, ao lado de Graziela Braide, foi a única candidata derrotada no 1º turno que se posicionou no 2º turno e fez a opção pelo projeto de Eduardo Braide
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Os es-prefeitos João Castelo, Gasdênia Gonçalves, Conceição Andrade e Tadeu Palácio estão distanciados do cenário da disputa pela Prefeitura de São Luís 
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Wellington do Curso, Eliziane Gama, Fábio Câmara, Waldeny barros, Zéluis Lago e Claudia Durans: todos fora do 2º turno da disputa pelo comando de SaoLupis

 

A experiência tem mostrado que, pelo menos em tempos recentes, ex-prefeitos e ex-candidatos a prefeito de São Luís, por razões que não revelam, parecem romper com a atividade política e não mais se interessar pelos destinos da cidade. No caso atual, nove candidatos disputaram o comando da Prefeitura da Capital, dois passaram para o 2º turno e estão na corrida, e dos sete que não passaram do 1º turno, somente a vereadora Rose Sales (PMB) superou o incômodo da derrota e continuou na luta aliando-se a Eduardo Braide (PMN). Provavelmente decepcionados ou inconformados com o fracasso dos seus projetos eleitorais, Wellington do Curso (PP), Eliziane Gama (PPS), Fábio Câmara (PMDB), Cláudia Durans (PSTU), Valdeny Barros (PSOL) e Zéluiz Lago (PPL) mergulharam nos seus mundos decididos a não mover mais uma só palha no processo de escolha do prefeito da cidade. O mais curioso é a ausência total e inexplicável de ex-prefeitos, principalmente políticos da dimensão do casal João e Gardênia Castelo (PSDB), Conceição Andrade e Tadeu Palácio.

Wellington do Curso encerrou sua participação no processo eleitoral quando as urnas o informaram que, mesmo com 103 mil votos, ele não mais poderia continuar. Retomou sua correta e eficiente rotina de deputado estadual, fez três discursos nos quais falou ora bem, ora mau da disputa eleitoral, e em seguida mandou para o espaço a oportunidade de continuar indiretamente no processo sugerindo um norte para os eleitores que apostaram no seu futuro. Quis demonstrar que está preservando sua independência, mas na verdade revelou certo amadorismo político. A mesma situação se reflete na decisão da deputada federal Eliziane Gama de se mudar para Brasília depois do monumental tropeço nas urnas. É compreensível até a perplexidade que deve tê-lo atingido e, também, a necessidade de se afastar um pouco do cenário da disputa, mas não há como assimilar que não tenha vindo a público se posicionar para a nova e última etapa da disputa para dar satisfação aos seus 40 mil eleitores.

Não é todo surpreendente a ausência do vereador Fábio Câmara da segunda volta da disputa em São Luís. Mesmo sendo um dos vereadores mais atuantes, ele representa o PMDB, partido cuja identificação integral com o Grupo Sarney é esnobado tanto por Edivaldo Jr. quanto por Eduardo Braide. Tal qual o pemedebista Fabio Câmara, Zéluiz Lago, candidato do PPL e que foi o menos votado, submergiu e nada disse a respeito do 2º turno.

A ultraesquerda, por sua vez, que é muito criticada pelo discurso zangado, atuou de maneira politicamente correta ao anunciar a não participação no 2º turno e expondo o motivo da decisão. Cláudia Durans, que disputou a Prefeitura pelo PSTU, desapareceu do cenário político no dia da eleição. No dia seguinte ao anúncio do resultado do 1º turno, o seu partido veio a público e, por meio de uma nota politicamente dura, criticou o resultado e recomendou o voto nulo. O mesmo caminho tomou o candidato do PSOL, Valdeny Barros, que por meio do seu partido, deixou claro que não se aliaria a nenhum dos candidatos, por considerá-los afinados com a direita e com a selvageria do capitalismo.

Surpreende, finalmente, que ex-prefeitos não tenham se manifestado – pelo menos até aqui – em relação a essa disputa. O ex-prefeito João Castelo (PSDB), que governou a cidade entre 2009 e 2012 e cujo peso político em São Luís não é desprezível, apoiou Eliziane Gama, à distância e por questão partidária, se afastou de vez na etapa final. O mesmo se verifica com a ex-prefeita Gardênia Gonçalves, que comandou a cidade entre 1985 e 1988, personalidade benquista e carismática. Há quem indague o motivo pelo qual Tadeu Palácio, prefeito entre 2002 e 2008, que sucedeu a ao lendário Jackson Lago e se reelegeu para mais quatro no 1º turno, não se posicione abertamente numa disputa dessa importância. A mesma indagação se faz em relação à Conceição Andrade, que dirigiu os destinos da cidade no período de 2003 a 2006. É como se tivessem lavado as mãos, quando a verdade é que, pelo menos do ponto de vista da História, elas têm tudo a ver com a disputa que está em curso.

Numa avaliação fria, o não posicionamento dos candidatos derrotados e a ausência da “cadeia sucessória” tornam Edivaldo Jr. e Eduardo Braide senhores absolutos do desse importante momento de decisão.

PONTO & CONTRAPONTO

PCdoB silencia sobre “traição” de Hilton Gonçalo
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Apoio de Hilton Gonçalo a Eduardo Braide repercutiu no meio político

No mínimo curioso o silêncio do comando do PCdoB em relação à decisão do prefeito eleito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, membro do partido, de apoiar a candidatura de Eduardo Braide (PMN) na disputa do 2º turno para a Prefeitura de São Luís. O gesto de Gonçalo repercutiu fortemente nos bastidores da política estadual, com algumas vozes demorando a crer na veracidade da informação. A expectativa inicial era a de que a cúpula do PCdoB reagiria criticando o prefeito eleito de Santa Rita e cobrando uma mudança de posição. Nada, porém, aconteceu diante do fato de Hilton Gonçalo ter visitado Eduardo Braide e lhe declarado apoio, por ver nele um perfil adequado para ser prefeito de São Luís. A Coluna ouviu alguns políticos experientes sobre o assunto e ouviu uma só explicação: mesmo filiado ao PCdoB e aliado de primeira linha do governador Flávio Dino (PCdoB), Hilton Gonçalo é um político independente, que soube construir um sólido lastro empresarial, sem misturar as duas coisas, e por isso é muito respeitado. Tanto que será prefeito de Santa Rita pela segunda vez, tendo saído das urnas com 83% dos votos, o que o inclui entre os campeões de voto nestas eleições em todo o país. Seu prestígio é tamanho que elegeu a mulher, Fernanda Gonçalo, prefeita de Bacabeira pelo PMN, fato inédito na história eleitoral do Maranhão.

 

Especial

Outubro Rosa: Governo intensifica guerra contra o câncer

Em meio à guerra pelo voto em São Luís, a Coluna abre espaço para outra guerra, esta santa, que mobiliza a todos contra um dos maiores e mais cruéis inimigos do ser humano, o câncer.

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O governador Flávio Dino em diversos momentos do ato de entrega da carreta-hospital que será o carro-chefe da luta contra o câncer no interior no interior do estado

Prevenir e tratar o câncer é um grande desafio para a saúde pública. A doença avança e são necessárias medidas firmes para evitar o sofrimento de outras tantas pessoas. Por isso, o Governo do Estado anunciou ontem,   sexta-feira (14), um pacote de ações que visa combater o câncer no Maranhão. O governador Flávio Dino entregou uma carreta itinerante para realização de consultas e exames para detecção do câncer de mama, colo de útero e de boca que percorrerá todo o estado. Além disso, assinou convênio com a Fundação Antônio Dino para ampliação do serviço de radioterapia.

São medidas, que se somam a outras já em execução, firmadas a partir de importante parcerias que deverão ter grande impacto na prevenção e cura do câncer. “Apesar de termos aberto um serviço também na cidade de Imperatriz, infelizmente a demanda é crescente, de modo que, com essas parcerias, estamos ampliando a rede de atendimento, nos casos de câncer, desde a atenção básica, na dimensão preventiva, até a dimensão curativa, no enfretamento dos casos de doença mediante o tratamento da radioterapia. Nós estamos felizes porque há um conjunto de políticas em curso, como a transformação do Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho efetivamente em um hospital do câncer, meta esta que nós vamos cumprir ainda este ano. E informo a população que temos um trabalho continuo, determinado para obter índices melhores no tocante a tão grave doença”, explicou o governador Flávio Dino.

O secretário de Estado de Saúde, Carlos Lula, explicou que as medidas deverão fortalecer o atendimento oncológico no Maranhão. “A gente traz aqui duas atividades que são complementares. A carreta vai percorrer nosso estado todo com exames preventivos para evitar a ocorrência do câncer, inclusive equipada com laboratório próprio. Além disso, vamos ratificar convenio com a Fundação Antônio Dino. A gente quer evitar que maranhenses tenham que procurar outros estados na busca pelo tratamento”, pontuou Carlos Lula.

Parceria – Em funcionamento a partir de segunda-feira (17), a aquisição da carreta é resultado da parceria entre o Governo do Maranhão, através da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o Hospital de Câncer de Barretos/SP, a Vale, a Fundação Vale e a Fundação Pio XII. Com atendimento de cerca de 500 pessoas ao dia e realização de mais de 400 exames, a unidade móvel oferece mamógrafo, sala para atendimento odontológico, sala de coleta de sangue, ultrassonografia e laboratório químico. Tudo isso acompanhado por profissionais de saúde, que realizarão triagem para avaliar, entre outros critérios, históricos de câncer na família. As mulheres terão a oportunidade de realizar exames preventivos com laudo assinado por um profissional do Hospital de Barretos, referência no tratamento de câncer no país.

O apoio da a Vale e sua fundação é importante para auxiliar o Estado na missão de ampliar o processo de diagnóstico precoce de câncer. “O governador nos procurou, com essa sensibilidade dele com relação a necessidade de melhorar o atendimento e prevenção do câncer no estado, e nós fizemos um estudo conjuntamente, fizemos uma parceria e hoje estamos concretizando essa parceria. As parcerias são muito importantes, porque trazem desenvolvimento social, faz com que haja prosperidade para toda essa gente que tem uma carência muito grande e a saúde é um pilar fundamental. Nós já estamos fazendo outras ações e hoje é um coroamento com a entrega desta unidade, certamente vai beneficiar muita gente”, relatou o diretor de Operações e Logística da Vale no Maranhão, Zenaldo Oliveira.

Já o Hospital de Barretos agrega ao estado a experiência no combate ao câncer. Referência na área, foi graças Unidade de Customização de Carretas de Diagnóstico Precoce do Câncer do Hospital de Barretos a feitura da carreta que chegou ao Maranhão. Ainda ficou por conta do Hospital a capacitação de profissionais da SES, realizada em Barretos, para atuar na unidade móvel e também a avaliação de 15 mil laudos.

Convênio – Na oportunidade, o governador assinou convencido com a Fundação Antônio Dino que permitirá a ampliação do serviço de radioterapia para tratamento de pacientes oncológicos no Maranhão. O convênio, com investimento de R$ 5 milhões do Governo do Estado, possibilita a aquisição do equipamento acelerador linear, que será instalado no Hospital Aldenora Bello.

“Este convênio vai permitir a comprar de um acelerador linear novo, que é um dos principais equipamentos do tratamento do câncer hoje no estado. Só para ter uma ideia, para esse equipamento, como o que foi viabilizado pelo governador Flávio Dino, existe uma demanda, uma fila, para esse tratamento, hoje, de seis meses. A gente não tem como dizer para um paciente que está com câncer para ele esperar mais seis meses pelo tratamento. Esse convênio visa a compra de mais um equipamento, que vai diminuir essa fila”, explicou Antônio Dino, vice-presidente da Fundação Antônio Dino, que há 40 anos atua no tratamento do paciente oncológico no Maranhão.

 

São Luís, 14 de Outubro de 2016.

Sem espaço na campanha de Braide nem na de Holanda Jr., PMDB caminha para desaparecer em São Luís em janeiro de 2017

 

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Braide recebe o apoio de Hilton Gonçalo (PCdoB),liderança de peso da base governista e prefeito eleito de Santa Rita; Edivaldi Jr. intensifica atos nos bairros

Uma das maiores forças partidárias do Maranhão, situação que vive hoje depois de ter perdido posição hegemônica em 2014 e encolhido ainda mais nas eleições realizadas há menos de duas semanas, o PMDB assiste à corrida o 2º turno para a Prefeitura de São Luís isolado pelos dois candidatos, que esnobaram o apoio do partido por saberem que os votos dados ao candidato Fábio Câmara não lhe pertence. Edivaldo Jr. (PDT) e Eduardo Braide (PMN) mantêm posturas diferentes em relação apoio no 2º turno. O candidato do PDT tenta a reeleição embalado por uma base partidária gigantesca, mostrando que seu projeto é ação de um grupo com várias correntes, sendo a mais importante delas a liderada pelo Governador Flávio Dino, que tem o PCdoB como carro-chefe. E por isso descarta qualquer aproximação com o PMDB. O candidato do PMN avança fazendo exatamente o contrário, deixando claro que seu projeto é fruto das suas convicções e que nele não há lugar para segmentos como o PMDB, que no Maranhão é a expressão do sarneysismo, ou para qualquer outro partido interessado em fatiar o poder. E nesse contexto, o presidente do PMDB, senador João Alberto, bate martelo: o partido está fora da disputa em São Luís.

Nos dois casos, o PMDB paga o preço elevado por ter a cara e a alma do sarneysismo. Na avaliação de líderes políticos tarimbados, no caso de Edivaldo Jr., a rejeição ao PMDB é parte da sua ação política, pois não há como um candidato do PDT em São Luís compor com o a agremiação pemedebista quando ainda está fresca na memória coletiva a lembrança da deposição do governador Jackson Lago numa guerra judicial vencida pelo PMDB sob a liderança de José Sarney. Além do mais, o líder atual dessa corrente, Flávio Dino, chegou ao comando do Estado exatamente declarando e vencendo guerra contra as forças sarneysista expressadas no PMDB. E nesse caso, vale destacar que o prefeito Edivaldo Jr., mesmo não tendo um discurso radical, em nenhum momento sequer admitiu sequer a possibilidade de ter o PMDB na sua coligação; ao contrário, declarou várias vezes que não aceitaria essa aliança, enfatizando essa posição em meados de maio, quando vozes pemedebistas sinalizaram conversas para entrar na coligação.

Eduardo Braide construiu o seu projeto de candidatura dentro do seu próprio partido, sem depender do suporte de qualquer outra agremiação partidária. Compreendeu, desde logo, que faria uma marcha solitária e sustentada apenas pela sua capacidade de se comunicar como eleitorado. E como era um candidato solitário, não despertou também o interesse de partidos mais fortes, como o PMDB. Quando surpreendeu meio mundo e desembarcou no 2º com chances reais de ser eleito prefeito, alguns líderes partidários se assanharam para embarcar na sua campanha, mas foram pelo aviso enfático do candidato do PMN: não aceitará qualquer manifestação de apoio que estiver condicionada ao rateio de cargos em caso de eleição. É bem verdade que o PMDB não se açodou, mas também não recebeu qualquer sinalização de que poderia ser uma exceção. Além disso, declarou não ser sarneysista, o que funcionou também como um recado ao PMDB.

O fato é que, sem o poder de fogo de antes, o PMDB perdeu muito espaço no mapa político estadual, a começar por São Luís, onde lançou um candidato que não queria lançar, fez uma campanha equivocada e saiu das urnas em quinto lugar na disputa para a prefeitura e não elegeu nenhum vereador. E só ocupou esse espaço por conta da ação obstinada e diuturna do seu presidente, senador João Alberto, que mantém o partido como uma máquina azeitada e bem organizada, ainda que para isso não conte qualquer apoio de outros graúdos da cúpula da agremiação. Em resumo: a partir de janeiro de 2017, o PMDB não mais existirá em São Luís, pois perderá os dois atuais vereadores – Fábio Câmara e Helena Duailibe -, tendo o seu futuro depositado nos 21 prefeitos elegeu, entre eles Assis Ramos (Imperatriz), da decisão judicial sobrea situação do deputado Roberto Costa na disputa pela Prefeitura de Bacabal e na ação dos seus deputados e seus dois senadores, ambos em fim de mandato.

PONTO & CONTRAPONTO

Candidatos melhoram o nível da campanha na TV
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Edivaldo Jr. acena para eleItores,  o mesmo faz  Braide

O aviso estridente da pesquisa Escutec mostrando o candidato do PMN, Eduardo Braide, com quatro pontos na dianteira, fez com que o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) desse uma turbinada na sua campanha na TV, mostrando-se menos garoto propaganda e mais o gestor ativo explicando o que realizou. Ontem, o prefeito conseguiu fazer uma campanha de igual para igual com seu concorrente. Continuou na linha de mostrar obras, mas evoluiu para uma nova perspectiva e com um discurso politicamente bem mais forte do que o de mero apresentador que vinha usando. Por seu turno, Eduardo Braide manteve a linha de enfocar um tema específico – ontem foi saúde – e mostrar que as soluções estão previstas no seu plano de ação com 33 pontos programados para o primeiro ano da sua gestão, se eleito for. Não é precipitado prever que a partir de agora os dois candidatos aumentem o tom das suas manifestações na TV, podendo até mesmo antecipar o clima embate direto programado para o dia 29, na TV Mirante. Nos bastidores corre que tanto Edivaldo Jr. quanto Eduardo Braide estão municiados para reagir a eventuais ataques. Estariam, no entanto, sendo aconselhados a manter elevado nível da disputa, sob o argumento de que a fase de medir os candidatos pelo “critério” de limpeza e sujeira moral e ética já passou, e que agora o que vale é avaliá-los pelo que eles apresentarem de competência e capacidade de gestão para melhorar a vida numa cidade com 1,2 milhão de habitantes e com muitos problemas cobrando solução.

 

A volta eufórica do “Nota 10”
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Magno Bacelar: euforia com a eleição

Poucos eleitos estão tão felizes e entusiasmados com o resultado das urnas como o ex-prefeito e ex-deputado estadual Magno Bacelar, vitorioso na disputa pela Prefeitura de Chapadinha. Um dos sete prefeitos eleitos pelo PV, partido que no Maranhão representa uma das novas correntes do Grupo Sarney, Magno Bacelar não se cansa de relatar os lances da campanha na qual conseguiu derrotar a prefeita Belezinha, candidata à reeleição. “Foi a campanha do tostão contra o milhão. Eu sem dinheiro e ela endinheirada, gastando milhões e com o apoio dos mais ricos da cidade. Mas eu fui para a luta, falei o que tinha de falar e o povo de Chapadinha entendeu e me elegeu”, diz, sempre em tom elevado pelo entusiasmo. Magno Bacelar, que quando governou Chapadinha se tornou conhecido como “Nota 10”, afirma que não apresentou um programa de governo especial para enfrentar a prefeita: “Eu só disse para o povo que faria tudo de novo se fosse eleito. Bastou, porque o povo se lembrou do meu trabalho e meu elegeu. Isso aconteceu porque eu fui um bom prefeito”. E garante que será muito melhor agora, que é mais experiente.

Em tempo: os demais prefeitos eleitos pelo PV foram Cláudio Cunha (Apicum Açu), Luciene Costa (Bom Lugar), Margarete Ribeiro (Guimarães), Iracy Weba (Nova Olinda do Maranhão), Dulcinha (Satubinha) e Umbelino Ribeiro (Turiaçu).

 

São Luís, 13 Outubro de 2016.

 

Pesquisa Escutec sinaliza virada pró-Braide, acirra a disputa e cobra reação de Edivaldo Jr.

 

 

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Momentos de Eduardo Braide e Edivaldo Jr. durante a campanha para o 2º turno

A pesquisa feita pelo instituto Escutec publicada na edição de fim de semana de O Estado do Maranhão mostrando o candidato do PMN, Eduardo Braide (44,27%), com quatro pontos percentuais à frente do candidato do PDT, Edivaldo Jr. (40,09%) sinaliza uma das maiores reviravoltas numa disputa eleitoral recente no Maranhão. Primeiro porque, ao contrário de outros segundos turnos, esse trouxe para o primeiro plano da disputa um candidato antes tido por muitos como sem futuro, e depois porque confirmou a regra de que segundo turno é uma nova eleição. Braide saiu de meros 2%, quando chegou a ser o quinto colocado, e foi catapultado para o segundo lugar, com 24%, numa primeira volta em que tudo parecia favas contadas. E agora, na etapa final, a primeira pesquisa diz que, em tese, há um empate técnico se levada em conta a margem de erro no seu limite, mas que qualquer avaliação dirá que tal empata é uma hipótese muito remota e que o que está valendo mesmo é que o candidato do PMN saiu na frente.

Os números do Escutec – cuja correção não foi até agora colocada em cheque -, pegou o prefeito Edivaldo Jr. no contrapé, tirando-o da condição de líder inconteste no 1º turno e colocando-o agora na posição secundária. E disparou com estridência o alarme vermelho no Palácio dos Leões, que certamente enxerga na pesquisa o rascunho de uma derrota de custo elevado para o projeto de poder do governador Flávio Dino, no qual o prefeito Edivaldo Jr. é parte importante.

Mas vale a indagação: já é uma tragédia consumada para o prefeito Edivaldo Jr.? Não. A eleição está decidida por um mandato para Eduardo Braide? Não. Mas não há como não destacar o fato que há uma virada em curso, e a um passo de ser consolidada. A pesquisa indica que a maioria dos 103 mil votos dados Wellington do Curso (PP), os 32 mil recebidos por Eliziane Gama (PPS) e os 19 mil de Fábio Câmara (PMDB) migraram para Eduardo Braide, e que essa migração tirou votos até do prefeito Edivaldo Jr.. As consequências são graves para o projeto de reeleição do candidato do PDT, porque quando se trata do eleitorado de São Luís, um ponto percentual equivale a seis mil votos, o que significa dizer que quando se fala de uma vantagem de quatro pontos percentuais fala-se de uma massa de 24 mil eleitores, uma massa de eleitores muito superior aos eleitorados de pelo menos 40% dos municípios maranhenses.

As diferenças que separam os dois candidatos vão muito além das eventuais semelhanças, como serem dois jovens, o que, por si só, torna saudável essa disputa. Os dois estão preparados para exercer o mandato de prefeito de São Luís, disso ninguém duvida. Mas o que está sendo avaliado nessa corrida é se o prefeito Edivaldo Jr. tem condições de encantar metade mais um dos eleitores com o que fez e com o que vem dizendo que vai fazer e parceria com o governador Flávio Dino (PCdoB), a quem está ligado política e administrativamente. O eleitorado também avalia se o deputado Eduardo Braide reúne as condições de tornar factível nos primeiros momentos de uma eventual gestão o plano de ação que elaborou com 33 pontos. Nesse primeiro espelho de consulta feita pelo Escutec surgiu a indicação de que a maioria dos eleitores ludovicenses está inclinada a testar as habilidades administrativas e políticas do candidato do PMN. E o faz porque ele tem sabido pedir a oportunidade.

O prefeito Edivaldo Jr. certamente não ficará de braços cruzados assistindo ao descarrilamento do trem que lhe deu 240 mil votos no 1º turno. Deve reagir dinamizando sua campanha, intensificando seus atos de rua, inovando nos programa no rádio e na TV e se preparando para o debate na TV Mirante, que será decisivo. Sim, porque Eduardo Braide vem fazendo uma campanha competente na TV, tem aumentado o volume de seus atos de rua e, todos já sabem, é muito preparado para o embate verbal.

A partir de agora, cada passo dos dois candidatos será decisivo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

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Com a filha no braço e ao lado da mulher Camila, Edivaldo Jr. confraterniza com crianças

Edivaldo Jr. vai às ruas e festeja com crianças

Sob o impacto da pesquisa Escutec, que mostra Eduardo Braide (PMN) na frente, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), candidato à reeleição, não cruzou os braços e foi às ruas em busca de votos. Fez uma caminhada à tarde no Cruzeiro do Anil, onde aproveitou para saudar as crianças ludovicenses pela comemoração do Dia da Criança. Ele recebeu este ano da Fundação Abrinq o título de “Prefeito Amigo da Criança”. Como tem sido comum em qualquer ato de campanha do qual participa, Edivaldo foi cercado pelos moradores – homens, mulheres e, principalmente crianças – do bairro do Cruzeiro do Anil e áreas adjacentes. Ao lado do candidato a vice-prefeito, Júlio Pinheiro (PCdoB), ele comentou a premiação da Abrinq que è concedido para poucos gestores municipais em todo o Brasil. “Com muito orgulho recebi, em junho deste ano, da Fundação Abrinq, o criterioso título de Prefeito Amigo da Criança. O reconhecimento nacional mostra que estamos no caminho certo e reforça minha convicção de que cuidar das nossas crianças é cuidar do futuro da nossa cidade”, afirmou Edivaldo, que festejado por muitos moradores do Cruzeiro do Anil. Participaram da caminhada os vereadores eleitos Afonso Manoel (PRP), Pedro Lucas (PTB), Marcelo Poeta (PCdoB), Osmar Filho (PDT), Concita Pinto (PEN) Pintando o 12. Antes de ir para caminhada, Edivaldo esteve na Lagoa da Jansen, no evento em homenagem ao Dia da Criança “Pintando o 12”, no Parquinho da Lagoa.

 

Weverton mobiliza o PDT para reverter números do Escutec
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Weverton Rocha mobiliza o PDT

A pesquisa Escutec provocou intensa movimentação na base partidária que dá sustentação à candidatura do prefeito Edivaldo Jr.. A reação mais forte teria partido do presidente do PDT, deputado federal Weverton Rocha, um dos principais articuladores e avalista do projeto de reeleição do prefeito de São Luís. Rocha teria convocado as lideranças do PDT nas mais diversas regiões da cidade para fazer uma grande mobilização para fortalecer a campanha do prefeito. Depois do humilhante fiasco da pedetista Rosângela Curado em Imperatriz, onde se elegeu o pemedebista Assis Ramos, que as pesquisas sempre apontaram em terceiro lugar, o líder pedetista não aceita sequer pensar na possibilidade de um desastre em São Luís. Weverton Rocha sabe que, assim como a derrota de  Imperatriz, um tropeço monumental em São Luís certamente será debitado na sua conta política pelo Palácio dos Leões. Além disso, o líder pedetista sabe que uma derrota na Capital reduzirá drasticamente o tamanho do seu cacife político, comprometendo seriamente os seus planos para 2018 e além. Sob forte pressão, portanto, Weverton Rocha vai se desdobrar para reverter o quadro que a pesquisa rascunhou.

 

São Luís, 13 de Outubro de 2016.

 

 

 

Braide descarta ser sarneysista e Edivaldo Jr. defende continuidade da sua gestão em São Luís

 

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 Braide renegando o sarneysismo; Edivaldo Jr. defendendo  governo

O candidato do PMN, Eduardo Braide, fez ontem a mais importante declaração política neste início de campanha para o 2º turno da eleição para a Prefeitura de São Luís. Ao ser indagado por um eleitor jovem faz parte do Grupo Sarney, ele respondeu na bucha: “Não, não sou sarneysista”. Por outro lado, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) não fez qualquer declaração política bombástica, orientando sua campanha para intensificar a exposição das obras que estão em curso na cidade, reforçadas com um discurso otimista, prometendo fazer mais se reeleito for. Na sequência, Eduardo Braide assumiu uma série de compromissos, entre eles o de trabalhar fortemente, desde o primeiro dia, para melhorar, por exemplo, o Sistema Municipal de Saúde, enfatizando que fará parcerias, uma delas com a Santa Casa. Já Edivaldo Jr. pediu ao eleitorado que lhe dê mais um mandato, garantindo que contrapartida será muito trabalho para melhorar a cidade nos próximos quatro anos.

Ao se declaração “não sarneysista”, contrariando a expectativa de alguns que apostariam que ele ficaria inibido diante da indagação, Braide deu uma demonstração de firmeza, reafirmando a boa impressão geral em relação à sua personalidade política. A não ligação assumida com o Grupo Sarney deu ao candidato do PMN os primeiros traços de uma identidade que poderá levá-lo a despontar no cenário político estadual como uma espécie de via independente, algo como o senador Roberto Rocha (PSB), que não aceita ser um “general” do staf do governador Flávio Dino, e por isso hoje desenha e trilha o seu próprio caminho.

Carlos Braide surgiu na corrida para a Prefeitura de São Luís como uma ave solitária. Não fez coligação, escolheu o próprio candidato à vice, traçou toda a sua estratégia de campanha sem ouvir a opinião de figuras da velha guarda da política municipal. Inicialmente, a impressão que passou foi a de alguém que estava apenas querendo ocupar um espaço e se manter em evidência, quem sabe tentando facilitar a reeleição para a Assembleia Legislativa. Mas avaliando suas declarações iniciais e avaliações, Repórter Tempo previu que, ao entrar na corrida eleitoral na Capital, o jovem deputado, de excelente produção legislativa e parlamentar, elevaria o nível da campanha, podendo até mudar o curso da disputa pela cadeira principal do Palácio de la Ravardière. A Coluna acertou na mosca.

A declaração, claro, caiu como uma bomba no meio político e fora dele, onde muitos tinham o candidato do PMN como uma espécie de terceira via do sarneysismo, o que agora não faz sentido algum. Talvez nem ele próprio tenha, no primeiro momento, avaliado a extensão e nível de abrangência dessa declaração, mas o fato é que ela repercutiu intensamente. Sarneysistas de proa certamente não gostaram de ver o candidato do PMN esnobar o sarneysismo. Mas certamente já se deram conta de que essa pergunta foi estrategicamente feita para que o candidato definisse com clareza sua posição no cenário político estadual.

Nesse contexto, enquanto o prefeito Edivaldo Jr. faz uma campanha propositiva, mas limitada à esfera de São Luís, com suas ações voltadas exclusivamente para mudar cidade e melhorar a vida dos seus habitantes. Braide tem o mesmo propósito, mas acrescenta ao jogo de encantamento do eleitorado mensagens bem interessantes a respeito de como deverá ser o cenário político do Maranhão nos próximos tempos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

TRE confirma inelegibilidade de Zé Vieira, mas não confirma eleição de Roberto Costa
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Roberto Costa pode ser confirmado prefeito eleito de Bacabal, e Zé Vieira deve ser inelegível, segundo o TRE

Por seis votos a zero, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE- MA), em sessão presidida pelo desembargador-presidente Lourival Serejo, confirmou decisão do juiz da 13ª Zona Eleitoral que indeferiu o registro da candidatura do ex-prefeito José Vieira Lins, o Zé Vieira (PP), à Prefeitura de Bacabal, fundamentando sua decisão no fato de ele ser condenado em três processos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que o tornou inelegível, segundo o denso e consistente voto do relator, desembargador Raimundo Barros.  Em princípio, a decisão deveria anular os mais de 20 mil votos recebidos pelo candidato do PP na votação do dia 2, e estabelecer assim a eleição do segundo colocado, deputado estadual Roberto Costa (PMDB), que obteve mais de 18 mil sufrágios. No entanto, o que deveria ser uma decisão para resolver em definitivo a pendência em relação à escolha do futuro dirigente de Bacabal, a sentença do TRE-MA ganhou a forma de um grande conflito de opiniões e interpretações, e tudo indica que a martelada final será dada pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE).

O julgamento do recurso interposto pelos advogados de Zé Vieira – entre eles Marcos Vinícius, ex-presidente nacional da OAB – abriu uma ampla discussão envolvendo o caso, que só deverá ser resolvida quando o TSE  analisar recurso que certamente será protocolado pelo candidato Zé Vieira. De um lado estão os que interpretam que, de acordo com o artigo 224 do Código Eleitoral, se Zé Vieira for de fato ficha suja, os seus votos serão considerados inválidos, e Roberto Costa será confirmado como prefeito eleito de Bacabal. Mas há, por outro lado, os que interpretam o caso afirmando que se o TSE confirmar a inelegibilidade de Zé Vieira, e a soma dos seus votos superar metade mais um, o pleito será anulado e a Justiça Eleitoral marcará nova eleição para prefeito de Bacabal, sem a participação de Zé Vieira.

O advogado do PMDB, Carlos Couto, que fez uma intervenção tecnicamente correta e eficiente, defende que, independente de qual seja a manifestação do TSE, o deputado Roberto Costa será diplomado prefeito de Bacabal.

 

Assembleia: jogo de cena, mão firme e projetos aprovados
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Adriano Sarney e Othelino Neto: embate no plenário por causa de votação na Assembleia

Numa sessão tensa, durante a qual o deputado Adriano Sarney (PV) fez de tudo para desativar a pauta, a Assembleia Legislativa aprovou ontem projeto que autoriza o Governo do Estado a contratar empréstimo com a Caixa no Valor de R$ 60 milhões para investir nas obras de prolongamento da Avenida Litorânea. Mesmo sabendo que não teria condições para barrar a aprovação, e alegando falta de transparência nas, o  iniciativas do Governo. Com o aval do colega de bancada Edilázio Jr. (PV), e dos colegas de grupo Andrea Murad (PMDB) e Souza Neto (PTN), o vice-líder do PV usou de todos os regimentais para retardar a votação do projeto. Ele não que a Mesa, então presidida pelo deputado sereno mas seja duro deputado Othelino Neto (PCdoB) e vice-presidente da Corte Souza Neto, colocasse o projeto em votação, alegando que queria discuti-lo estava determinada a não cair nas “armadilhas” da procrastinação. Houve muito bate-boca, críticas de ambos os lados. Na segunda-feira, o parlamento já havia aprovado outro projeto autorizando o Governo estadual a contratar empréstimo de R$ milhões junto ao Banco Mundial para a agricultura familiar  que o governo queria com tramitação rápida. Da mesma maneira foi aberto o jogo da conciliação.

 

São Luís, 11 de Outubro de 2016.

Edivaldo Jr. X Eduardo Braide: começa hoje a campanha no rádio e na TV, com tempos iguais, propostas e “faca nos dentes”

 

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Edivaldo Jr. e Eduardo Braide começam hoje a etapa decisiva da campanha eleitoral no rádio e na televisã

Edivaldo Jr. (PDT) e Eduardo Braide (PMN) chegam agora ao confronto direto. Eles iniciam hoje, no rádio e na TV, a etapa decisiva do 2º turno da corrida para a Prefeitura de São Luís. E o farão com o mérito de ter, por consciência e consenso e contrariando a lógica, aberto mão de 10 preciosos minutos diários de propaganda na telinha, por considerar que igual tempo, com duas parcelas diárias de cinco minutos – cinco às 13h e cinco às 20h30 – são suficientes para cada um dar o seu recado e suas bordoadas. Os dois candidatos a prefeito da maior e mais importante cidade do Maranhão vão para a batalha final perfeitamente conscientes de que devem estar preparados para dar as respostas que lhes serão cobradas e de que qualquer erro pode ser fatal. Os dois estão nas ruas desde a semana passada, realizando caminhadas, carreatas e reuniões, procurando extrair o máximo de apoio de cada movimento destinado a reforçar seus cacifes eleitorais. Os dois já se mediram o suficiente na primeira etapa e agora partirão para o embate franco, no qual não haverá segunda chance. Nesta etapa, o confronto pode ser de alto nível ou descer para as caneladas.

Com maior tempo de TV – três minutos -, o que lhe garantiu vender o seu peixe no 1º turno, e assegurar ampla vantagem sobre os demais candidatos, Edivaldo Jr. se esforçou para evitar o confronto direto na primeira volta, pois sabia que nesse tipo de embate com oito candidatos seria o alvo preferencial de todos, situação extremamente delicada para um prefeito candidato à reeleição. Os indícios são os de que, do alto dos 239 mil votos que recebeu no primeiro turno, vai se manter na linha da defesa do seu governo e na apresentação de propostas. Sabe que dificilmente esse rumo inibirá o adversário, por isso mesmo está sendo preparado para reagir em tom elevado provocação, acusação ou denúncia, seja no horário gratuito na TV, seja no debate do dia 27, na TV Mirante.

Com pouco tempo para se mostrar na TV na primeira volta, Eduardo Braide, ao contrário, tentou de todas as maneiras entrar no embate direto, tendo recorrido até à Justiça para entrar no debate da TV Difusora, pois sabia que só teria alguma chance se tivesse tempo para de expor seus planos, o que acabou conseguindo nos debates da TV Guará e da TV Mirante. Braide tem sinalizado que quer fazer uma campanha propositiva, mas tem avaliado também que essa linha não vai levá-lo muito longe. O candidato do PMN tem demonstrado disposição para o embate. Primeiro porque quer se mostrar, e segundo porque sabe que se não tentar descontruir a imagem politicamente correta que Edivaldo Jr. vem conseguindo passar com relativo sucesso ao longo da campanha. O candidato do PMN decidiu também colocar a faca nos dentes para o confronto que está em curso.

Edivaldo Jr. até aqui tem sido ele só. Mas nessa etapa, ele deverá mostrar que não está sozinho, e tudo indica que o fará abrindo espaço no seu programa para o governador Flávio Dino (PCdoB), que deverá reforçar a relação política do Governo municipal com o Governo estadual, que, todos reconhecem, tem produzido resultados consideráveis. “Quem acha que pode governar sem parcerias não conhece a gestão pública”disse, alfinetando o concorrente.

Por seu turno, Eduardo Braide não tem parcerias para mostrar, mas tenta compensar essa vantagem do prefeito mostrando-se preparado para comandar, ele próprio, a máquina que deve cuidar bem de 1,1 milhão de ludovicenses, dispensando qualquer manifestação de apoio que tenha por trás a expectativa de uma relação de troca. E devolve a alfinetada: “No meu Governo quem vai decidir sou eu, e mais ninguém”.

Muitos acreditam que essa disputa será decidida à ultima hora, no debate da TV Mirante. Pode ser, mas não devem descartar os efeitos positivos da campanha de rua, das caminhadas, das carreatas, dos bandeiraços, das reuniões abertas, ações que nenhum candidato, por mais forte que seja, pode relaxar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Oposição age, mas Assembleia empréstimo com o FIDA
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Adriano Sarney obstruiu, mas Othelino Neto usou o Regimento e garantiu a votação

Num jogo de plenário destinado única e exclusivamente retardar a votação de projetos de interesses do Governo, a oposição, cuja força numérica é irrisória diante do poder de fogo da bancada governista, conseguiu adiar para hoje a votação de um projeto que autoriza o governador Flávio Dino a contrair empréstimo junto à Caixa para investimentos na área social. O processo foi o mesmo por meio do qual o grupo oposicionista liderado pelo deputado Adriano Sarney (PV) conseguiu segurar até ontem a votação de outro projeto que autoriza o governador Flávio Dino contrair empréstimo junto ao Fundo  Internacional para Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), no valor de 14 milhões 313 mil SDR, uma moeda usada em operações do FMI e cujo valor em reais ninguém soube converte. A tática da oposição tem sido usar o mecanismo parlamentar da obstrução e uma série de pequenas manobras que acabam mesmo retardando a votação, já que a bancada governista só age depois que os oposicionistas criam a situação de embaraço. E o  empréstimo do FIDA só não ficou para hoje porque o presidente da sessão, deputado Othelino Neto (PCdoB), jogou pesado e garantiu a votação.

Josimar de Maranhãozinho protesta contra ação da polícia nas eleições
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Josimar de Maranhãozinho protestou contra a ação da polícia em Centro Novo 

O Governo do Estado tem sido fortemente criticado por suposto uso político e nada republicano da Polícia Militar em alguns municípios onde a disputa envolveu o PCdoB . Ontem, o deputado Josimar de Maranhãozinho (PR), líder do Bloco União Parlamentar na Assembleia Legislativa, que está em pé de guerra com o Palácio dos Leões, foi à tribuna e bateu forte. Disse que em alguns municípios o partido governista se deu bem nas urnas, não por mérito dos candidatos, mas do Palácio dos Leões. O líder do Bloco União Parlamentar apresentou sua versão para prisão do candidato do seu partido, o PR, em Centro Novo, por suposto crime eleitoral, na sexta-feira, antevéspera  das eleições, e que, mesmo tendo pago uma fianças de R$ 26 mil arbitrada pela Justiça, foi mantido atrás das grades até no dia da votação, o que comprometeu seu desempenho nas urnas. “A Polícia foi usada para mudar o resultado da eleição. A máquina administrativa foi usada; lá não só foi usada a máquina, como foi usado de força bruta”, protestou. Reclamou também da ação policial em Maracaçumé, que na sua avaliação, só serviu para ajudar o candidato do Governo. “Isso não pode acontecer mais no Maranhão”, pregou. Também o prefeito de Mirinzal, Amaury Almeida (PDT), que foi preso na véspera da eleição acusado também de cometer crime eleitoral, divulgou ontem nota em que afirma, com todas as letras, que sua prisão foi armada para que ele não ganhasse a eleição, o que de fato acabou acontecendo, pois venceu Joadilson (PSB), que estava atrás, segundo pesquisas. O prefeito foi também acusado de truculência com eleitores do grupo que lhe faz oposição. Amaury tinha sua reeleição como certa, mas acabou tropeçando em conflitos isolados com adversários, que resultou na sua prisão, que ele afirma ser arbitrária e que tudo não passou de uma ação orquestrada para lhe tirar a reeleição. Líderes governistas não deram importância à enfática reclamação de Josimar de Maranhãozinho nem à nota do prefeito de Mirinzal.

 

São Luís, 10 de Outubro de 2016.

 

Edivaldo Jr. e Eduardo Braide devem fazer campanhas propositivas, mas podem também travar um embate duro

 

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Edivaldo Jr. afagando eleitores em caminhada por bairro de SL; Eduardo Braide em caminhada apoiado pelo deputado Ricardo Rios (SD)

Os candidatos Edivaldo Jr. (PDT) e Eduardo Braide (PMN) já estão nas ruas, atuando para aumentar o volume das suas campanhas e atrair o máximo do eleitorado flutuante – de aproximadamente 300 mil votos, se levado em conta os votos dos demais candidatos, a abstenção e votos brancos e nulos -, que será necessário para fechar a disputa e apontar o ocupante do gabinete principal do Palácio de la Ravardière a partir de 1º de janeiro de 2017.  O embate do 2º turno deve ir muito além do que se costuma ver nesse tipo de eleição. Isso porque, agora sim, o poder municipal está sendo disputado por dois representantes da nova geração de políticos maranhenses, iniciando, em definitivo, um novo ciclo no cenário político da Capital do Maranhão. São dois advogados de formação, ambos com menos de 40 anos, já iniciados na vida pública pela voz das urnas, portanto devidamente credenciados para encarar o eleitor e pedir-lhe o voto sem o risco de ter como resposta nada além de um “sim” um “não”. A campanha alcançará amplitude máxima na terça-feira (11), quando chegará à TV, com tempos iguais, e chegará à plenitude no debate do dia 28, na TV Mirante.

Os dois candidatos a prefeito de São Luís têm cacifes e instrumentos completamente diferentes, e isso se reflete obviamente nos seus discursos. Para começar, Edivaldo Jr. parece disposto a atrair os candidatos que ficaram no 1º turno – Wellington do Curso (PP), Eliziane Gama (PPS), Fábio Câmara (PMDB), Rose Sales (PMB) e Zéluiz Lago (PPL), já que Valdeny Barros (PSOL) e Cláudia Durans (PSTU) já se manifestaram recomendando o voto nulo -, sinalizando que, se reeleito, pode manter a linha de governo participativo, composto com representantes partidários. Eduardo Braide, por seu turno, não descarta apoio de ninguém – já recebeu o de Rose Sales, mas foi iniciativa dela -, mas deixa claro que não fará qualquer acordo que envolva o fatiamento da máquina administrativa, sinalizando que pretende, se eleito, fazer um governo seu, sob seu comando e sem fazer qualquer tipo de concessão a qualquer aliado de última hora. Edivaldo Jr. admite o reforço político e partidário da sua já musculosa candidatura – tem o apoio formal de 13 partidos -, ciente de que pertence a um grupo, este liderado pelo governador Flávio Dino, com quem se dá muito bem. Eduardo Braide concebeu o projeto de chegar à Prefeitura solitariamente, sem nenhum grupo ou figurão político a lhe guiar, acompanhado apenas do seu vice, seus candidatos a vereador e simpatizantes, situação que o autoriza a dispensar alianças agora, mas com a consciência de que se eleito terá que negociar para montar uma base na Câmara Municipal.

No plano da disputa propriamente dita, Edivaldo Jr. joga primeiramente com os resultados da sua administração, apresentando o que conseguiu realizar em meio “à maior crise na a História do Brasil”, ressaltando a parceria com o governador Flávio Dino, que tem destacado essa relação, assinalando a lisura da sua gestão, a sua correção política e integridade pessoal, coerência religiosa e harmonia familiar. Eduardo Braide entrou e continua na disputa com argumentos igualmente fortes, a começar afirmação de que não tem “padrinho” nem grupo embalando sua candidatura, sobre a sua produtiva atuação em dois mandatos de deputado estadual, sua eficiência como presidente da Caema, sua postura política até agora sem mancha, sua visão administrativa, sua vida pessoal, religiosa e familiar marcadas também por integridade e coerência.

Em que pesem todos esses pressupostos que embalam as duas candidaturas, não há, porém, nenhuma garantia de que essa etapa da campanha seja marcada por um embate civilizado e restrito ao campo das ideias. Já no “the day after” à votação do 1º turno, aliados e adversários de ambos deflagraram nas redes sociais uma guerra frenética de informações duvidosas e maldosas com o objetivo de desestabilizar as candidaturas. Aliados de Edivaldo Jr. começaram a veicular supostas manchas na trajetória de Eduardo Braide, destinadas a inibir, ou até mesmo inviabilizar sua campanha. O mesmo têm feito partidários de Eduardo Braide, com o mesmo objetivo.

Os dois candidatos a prefeito de São Luís garantem que são limpos, que mas sabem que aqui e ali terão de usar seus preciosos tempos rebater agressões. Mas não devem esquecer, em nenhum momentos dos próximos 20 dias, que tanto quanto candidatos íntegros, São Luís precisa é de gestores com ideias, vontade política e determinação franciscana para enfrentar os seus problemas.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Wellington do Curso deve ficar neutro no 2º turno
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Wellington do Curso pode ficar neutro no 2º turno em São Luís

O deputado Wellington do Curso (PP) ainda não escolheu quem apoiará no 2º turno da corrida para a Prefeitura de São Luís. Do alto dos seus 103 mil votos, que o levaram ao 3º melhor desempenho entre os nove candidatos que disputaram o Palácio de la Ravardière, o parlamentar pepista, ao que tudo indica, não fará opção entre o prefeito Edivaldo Jr. e Eduardo Braide, preferindo subir no muro da neutralidade na fase final da disputa. A verdade é que um posicionamento agora de nada valeria, pois não lhe renderia qualquer ganho político. Primeiro porque sabe que os votos que recebeu representaram uma fatia flutuante do eleitorado, sem dono, sem cabresto, e que nesse pleito buscou um projeto diferente, inusitado, mas que não vingou; e isso significa que o agora ex-candidato Wellington do Curso não tem qualquer poder para conduzir esses eleitores para um ou outro candidato. Depois, ficou claro que além da frustração de ter acreditado que iria para a segunda volta, Wellington do Curso saiu da disputa magoado com Edivaldo Jr. e com Eduardo Braide,  atribuiu aos dois o jogo pesado das denúncias que o tiraram da vice-liderança e o mandaram para casa. Nos dois discursos que fez na Assembleia Legislativa avaliando a campanha e o seu desempenho, o deputado do PP externou claramente sua mágoa com os dois candidatos, mesmo sem fazer acusações diretas e específicas a um e a outro. Em conversa informal com jornalista, previu que se posicionaria na quarta-feira (5), mas não fez nem falou mais no assunto. É verdade que em política muitos gestos costumam surpreender, mas uma avaliação superficial do caso conclui naturalmente que passou da hora de o ex-candidato do PP se posicionar. E se vier a fazê-lo, poderá se colocar numa situação política delicada.  Se decidir marchar com Edivaldo Jr., será mais um numa plêiade que começa com o governador Flávio Dino, passa pelo super-secretário Márcio Jerry, e por aí vai. Se optar por apoiar Eduardo Braide, terá de fazê-lo da maneira mais espontânea possível, sem qualquer interesse de se envolver com o projeto de governo a ser referendado ou não nas urnas. Portanto, se tiver faro político, seu caminho mais sensato é permanecer onde está, curtindo a possibilidade de atrair a massa eleitoral em 2018.

Roberto Rocha faz movimento que surpreendem seus críticos
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Rocha com Assis Ramos, com Domingos Dutra e com Dr, Erick no seu gabinete em seu gabitete senatorial em Brasília

Pode perder feio quem aposta que, por não ter emplacado aliados em prefeituras importantes como Imperatriz – onde apoiou a candidatura do ex-prefeito Ildon Marques (PSB) – e Balsas – onde seu candidato, o ex-prefeito Chico Coelho (PR), perdeu -, o senador Roberto Rocha (PSB) foi levado ao estaleiro dos derrotados. Ao contrário, o senador tem feito movimentos rápidos e certeiros, por meio dos quais vem demonstrando que está, sim, dentro do jogo, e pelo visto com muita desenvoltura e pontes para construir. Menos de uma semana depois das eleições, Rocha recebeu em Brasília ninguém menos que o delegado Assis Ramos, eleito prefeito de Imperatriz pelo PMDB; o médico Dr. Erick, eleito prefeito de Balsas pelo PDT; e o ex-deputado federal Domingos Dutra, eleito prefeito de Paço do Lumiar pelo PCdoB. Com esses movimentos, Roberto Rocha produz mais evidências de que é um político pragmático, que faz política com o cérebro e não com o fígado, que não vê obstáculos construir vias de entendimento nos mais diversos segmentos da política estadual, e que o que conta, na verdade, é ignorar a pancadaria que sofre e seguir em frente. E pelo que é possível observar, o que aconteceu até agora é apenas um  mero ensaio do que está por vir.

 

São Luís, 08 de Outubro de 2016.