“Este não é um projeto pessoal. É um projeto de um grupo e este grupo está unido e forte. Nosso grupo sabe o que quer e não vai ceder a pressões de quem quer que seja”. A declaração, enfática, foi feita ontem pelo senador Weverton Rocha (PDT), ao reunir, na sede do partido, um grupo de deputados, prefeitos e simpatizantes da sua pré-candidatura ao Governo do Estado. O senador pareceu estar reagindo a pressões contra a base do seu projeto de poder, mas não foi além, preferindo não revelar o autor(es) nem a origem de tal movimento. A preocupação de bater na tecla de que sua pré-candidatura não é um projeto pessoal decorre de uma avaliação cada vez mais frequente nessa direção, uma vez que ele também não tem sido muito claro quando afirma ser o projeto de um grupo. Ontem, além desses recados, o pré-candidato do PDT comandou reuniões, acompanhou filiações ao partido, e sempre que se expressou, foi incisivo na afirmação de que “o foguete continua subindo”.
O senador Weverton Rocha está trabalhando dura e intensamente para tirar a sua pré-candidatura do patamar dos 20% apontado por pelo menos uma dezena de pesquisas feitas nos últimos meses. E também pelo fato de as pesquisas mais recentes terem encontrado o seu principal concorrente, o vice-governador Carlos Brandão (a caminho do PSB), se movimentando numa linha ascendente, tendo inclusive passado à sua frente, de acordo com o levantamento mais recente, que não foi desmentido, apesar da polêmica formada em torno do método. O senador preferiu intensificar sua agenda de compromissos, demonstrando que está firme e que seu projeto vai se consolidando dentro do previsto.
– Temos o compromisso de construir um Maranhão Mais Feliz e de oportunidades, não só para os grandes, mas também para os pequenos. Não vamos aceitar jogo baixo e fake news. Nada disso nos amedronta. Muito pelo contrário. Tudo isso nos fortalece. Seguimos firmes, na certeza que estamos do lado certo, que é o lado do povo – disse ele aos prefeitos e apoiadores na reunião realizada na sede do partido. Ali ele ouviu manifestações de apoio de prefeitos já alinhados ao seu projeto de candidatura, como Ferdinando Coutinho (União Brasil), de Matões, e Dinair Veloso (PSB), de Timon. De acordo com uma fonte que participou do ato, cerca de 30 prefeitos, do PDT e de outros partidos, compareceram.
O senador Weverton Rocha é um candidato forte ao cargo de governador, mas tem consciência plena de que seu maior concorrente é muito forte e reúne condições bem mais favoráveis, a começar pelo fato de que assumirá o Governo do Estado daqui a menos de duas semanas, e que na verdade concorrerá à reeleição. Além disso, Carlos Brandão já lidera uma aliança com partidos fortes (PSB, PCdoB e PT, por exemplo), que estão mobilizados por um líder inconteste, o governador Flávio Dino (PSB). E partir do dia 1º de abril, após o fechamento da “janela partidária”, e com Carlos Brandão despachando no Palácio dos Leões, todas as cartas estarão definidas e serão colocadas à mesa.
Também a partir de abril as demais pré-candidaturas passarão por testes decisivos, que apontarão o futuro de cada uma delas. Edivaldo Holanda Jr. (PSD), Roberto Rocha (?) e Lahesio Bonfim (Agir36) estão no jogo, e Josimar de Maranhãozinho (PL), Simplício Araújo (SD) e Enilton Rodrigues (PSOL) devem continuar fazendo de conta de que também estão. Assim, à medida que abril avançar, se saberá, de fato, quem será quem no tabuleiro sucessório.
Nesse cenário em evolução, o senador Weverton Rocha está na linha de frente, medindo força com o vice-governador Carlos Brandão, numa polarização nítida, e atuando para inverter a tendência de queda.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão se filiará ao PSB junto com Alckmin; ambos deixam o PSDB
O vice-governador Carlos Brandão resolverá sua vida partidária de vez na próxima terça-feira (22) ao se filiar ao PSB, em Brasília, no ato em que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também se converterá ao socialismo democrático. Os dois deixam o PSDB, partido nos qual atuaram durante muito tempo, sendo que Geraldo Alckmin pertencer ao grupo fundador, juntamente com Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves e o maranhense Jaime Santana, que chegou a ser líder dos tucanos na Câmara Federal, tendo permanecido na agremiação até quando se afastou da política por questões de saúde. Carlos Brandão entrou no PSDB já no início do século, tendo sido eleito deputado federal em 2006 e reeleito em 2010 pelo PSDB, partido pelo qual se tornou vice-governador em 2014 e reeleito em 2018. Os dois cultivam relação de amizade, que foi mantida mesmo depois de os dois se afastarem no campo partidário.
Sarney Filho pode disputar a Câmara Federal por Brasília
Não é uma informação oficial, mas o sopro de uma fonte brasiliense: não será surpresa se o ex-deputado federal Sarney Filho vier a ser candidato à Câmara Federal pelo Distrito Federal, onde está radicado desde 2019, atuando no comando da Secretaria de Meio Ambiente do Governo de Ibaneis Rocha (MDB), de quem é um dos conselheiros políticos. Faz todo sentido, afinal, Sarney Filho mora em Brasília desde antes de entrar na política, tendo permanecido na Capital durante os 32 anos que ali atuou como deputado federal, período em que foi duas vezes ministro do Meio Ambiente, o que fez dele um autêntico candango, com uma ampla rede de relações e profundo conhecedor dos problemas do Distrito Federal.
São Luís, 19 de Março de 2022.