Tadeu Palácio ofende a memória de Jackson Lago e a maioria ludovicence ao pregar o golpismo em redes sociais

 

Charge golpista foi publicada por Tadeu Palácio

Causou surpresa e perplexidade no meio político a maneira como o ex-prefeito de São Luís, Tadeu Palácio (PSL), usou redes sociais para expressar seu apoio aos grupos que, a pretexto de pedir o fim do isolamento social contra o coronavírus, foram às ruas no domingo (19/04) pregar contra a democracia e a favor de um golpe militar com fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, a reedição do AI-5 e a transformação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em ditador. Como mensagem, o ex-prefeito da Capital do Maranhão postou uma charge cuja imagem é Jair Bolsonaro de costas, acompanhado de generais, acuando os integrantes do STF, com a frase: “Viemos aqui para lhes informar que acabou a farra”. Sustentando a charge, outra frase: “Muitos brasileiros estão sonhando com este dia”. E fechando, um texto de extremo mau gosto usando frases do Hino Nacional e atacando nominalmente o presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a mídia e o STF. A postagem não deixa dúvida: o ex-vereador e ex-prefeito de São Luís aninhou-se ideológica e politicamente na extrema direita e quer o Brasil sob o tacão de uma ditadura militar, com AI-5, direitos civis suprimidos, prisão, tortura e morte de adversários do regime com o qual sonha, em vão.

A Coluna tem por princípio respeitar opiniões políticas e ideológicas, por julgar que democracia plena é feita exatamente a partir do confronto de ideias e posições, desde que essas manifestações não coloquem em discussão o estado democrático de direito. Uma democracia, portanto, deve suportar governos de esquerda, de centro e de direita, que podem se manter ou serem trocados por eleições regulares, como acontece no Brasil. A postura do ex-prefeito Tadeu Palácio é um caso diferenciado. Ele não se manifestou política e ideologicamente num confronto de forças e tendências políticas, na saudável guerra que alimenta permanentemente os regimes democráticos em todo o planeta. Ele defendeu o desmantelamento das instituições, a supressão de dois dos três Poderes da República – Legislativo e Judiciário -, para a permanência de um só. Defendeu um país sem parlamento e sem Justiça, uma ditadura na qual um tirano e seus asseclas teria poder de vida e morte sobre o cidadão brasileiro. Logo, cometeu um crime previsto na Constituição da República

O espantoso na postura atual do prefeito Tadeu Palácio é que ele nega grosseiramente o seu passado político e insulta a memória   do ex-governador Jackson Lago, um dos mais ativos inimigos da ditadura militar, e que lhe deu a chance de ser prefeito de São Luís, cargo que não teria a menor chance de alcançar sem pertencer ao PDT nem cair nas graças do seu líder maior.

O médico oftalmologista Tadeu Palácio foi vereador duas vezes pelo PDT, à sombra de Jackson Lago. Em 2000, quando teve de escolher um candidato a vice – o então vice Domingos Dutra tinha se afastado do prefeito -, e para não abrir espaço para um vice indicado pela então governadora Roseana Sarney (PMDB), com quem vivia uma trégua, Jackson Lago, contrariando muitos pedetistas de proa, escolheu Tadeu Palácio para companheiro de chapa. Dono de um prestígio avassalador em São Luís, Jackson Lago foi reeleito tendo Tadeu Palácio como vice. Dois anos depois (2002), o líder pedetista renunciou ao mandato para se candidatar a governador, presenteando Tadeu Palácio com a Prefeitura de São Luís. E fez mais: em 2004, quando poderia voltar tranquilamente ao Palácio de la Ravardière ou eleger outro nome do PDT, Jackson Lago completou a obra: pegou o prefeito Tadeu Palácio pelo braço e o reelegeu em turno único.

O que aconteceu de lá para cá é conhecido: Tadeu Palácio rompeu com o PDT, murchou politicamente e desapareceu do mapa político por mais de uma década. Uma análise superficial da sua trajetória leva rapidamente a uma conclusão indiscutível: Tadeu Palácio só existiu politicamente enquanto esteve à sombra   de Jackson Lago, pois sem ela, sua existência política revelou-se tênue, frágil e inconsistente. E isso ficou cristalino agora, quando tentou voltar à cena política filiando-se ao PSL, pretendendo candidatar-se de novo à Prefeitura de São Luís, mas logo se dando conta de que sua memória política e eleitoral foi apagada.

Mesmo embarcado na direita bolsonarista, Tadeu Palácio poderia roteirizar sua ressurreição política com um discurso liberal, maduro, equilibrado, alinhavando propostas e reforçando o estado democrático, o que lhe daria, pelo menos, alguma credibilidade, e até mesmo um naco de votos. Preferiu o caminho inverso, pantanoso, apoiando o discurso golpista, atrasado, na contramão da esmagadora maioria da população – e do eleitorado – de São Luís. Parece que nada aprendeu com o exemplo de Jackson Lago.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Receita quer notificar Governo maranhense por transporte de respiradores; Dino diz não teme ameaça

Acima: O ATR 27-600 da Azul recebe a carga em Viracopos ‘(Campinas – SP); e embaixo: a aeronave é descarregada no Tirirical, em São Luís, após escala em Guarulhos

“A operação nada teve de ilegal. As mercadorias existem, foram compradas legalmente, pagas e transportadas em voos legais. Os respiradores estão sendo usados em um serviço inadiável, salvando vidas. Se a Receita deseja rever alguma formalidade burocrática, estamos à disposição. E não temos preocupação com ameaças de nenhum tipo, pois proteger vidas é a nossa missão”. Foi o que declarou ontem o governador Flávio Dino ao jornal Folha de S. Paulo, ao ser indagado sobre a afirmação da Receita Federal de que teria sido ilegal a operação arrojada por meio da qual o Governo do Maranhão conseguiu trazer da China 107 respiradores para equipar leitos de UTI para infectados com o novo coronavírus no Maranhão.

Por meio de uma empresa importadora e com o apoio de executivos da Vale, que conhecem as filigranas do comércio internacional, o Governo do Maranhão comprou e pagou as máquinas essenciais, transportando-as para o Brasil através da Etiópia, para evitar que elas fossem confiscadas, como acontecera duas vezes. De Adis Abeba, capital etíope, as máquinas voaram direto para Viracopos, em Campinas (SP) – o maior terminal de cargas internacionais do país -, seguindo imediatamente para Guarulhos (SP), e de lá para São Luís, agora num voo fretado da Azul. Só em São Luís houve os necessários procedimentos alfandegários, sem qualquer traço de ilegalidade. Se o transporte das máquinas tivesse seguido outra rota, a carga correria risco de ser confiscada por potências ou até mesmo pelo Governo Federal.

– Vamos continuar a fazer o que for necessário para cuidar a vida dos maranhenses. Lamento que a lógica bolsonarista, de criar confusão a todo momento, mais uma vez se manifeste”, completou Flávio Dino à Folha de S. Paulo.

 

Roseana Sarney quebra silêncio, lamenta a pandemia e prevê que crise “vai passar logo”

Roseana Sarney

A ex-governadora Roseana Sarney quebrou ontem o silêncio sobre a pandemia do coronavírus e seus desdobramentos no Maranhão. Em tom ameno e preocupado, a ex-governadora evitou o discurso político e defendeu o isolamento social como meio o principal remédio contra o novo coronavírus. Roseana Sarney afirmou que está “orando” pelos infectados e pelos profissionais de Saúde, e garantiu que está respeitando rigorosamente a quarentena, evitando reunião de qualquer natureza, e pediu que todos fiquem em casa, manifestando a convicção de que “essa crise vai passar logo”.

São Luís, 21 de Abril de 2020.

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