Se Bolsonaro vier a apoiar Lahesio, Maranhãozinho irá junto e não fará acordo com Weverton

 

 

Alla Garcez especula que Jair Bolsonaro deve apoiar Lahesio Bonfim e levar Josimar de Maranhãozinho junto

Os braços bolsonaristas no leque partidário maranhense, que já vinham em clima de agitação, se agitaram mais ainda, ontem, depois de o médico Allan Garcez, que aqui e ali atua como porta-voz não autorizado do Palácio do Planalto, ter especulado que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “deve declarar apoio” à pré-candidatura do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC), ao Governo do Estado. Apoiador estridente da candidatura de Jair Bolsonaro em São Luís, e que sonhou ser ministro da Saúde, mas acabou perambulando em cargos pouco relevantes daquela pasta, o dr. Allan Garcez tenta se mostrar um bolsonarista importante para viabilizar sua candidatura à Câmara Federal pelo PP. Para tanto, parece haver alinhavado uma estratégia controversa e de alto risco, como dar palpite na posição do braço maranhense do PP, comandado pelo deputado federal André Fufuca, por exemplo. Isso ficou evidente na entrevista que ele concedeu ontem ao programa Ponto Continuando, da Rádio 92.3 FM, comandado pelo jornalista Clodoaldo Corrêa e seus parceiros Rogério Silva e Glaucio Ericeira.

Faz sentido a possibilidade que ele levantou de o presidente Jair Bolsonaro declarar apoio à pré-candidatura de Lahesio Bonfim. Por vários motivos, sendo o primeiro deles o fato, cada vez mais confirmado, de o deputado federal Josimar de Maranhãozinho haver arquivado o seu projeto de disputar o Palácio dos Leões, depois de alvejado por duras denúncias de corrupção e de entrar na linha de tiro no Conselho de Ética da Câmara Federal. E depois, Lahesio Bonfim, depois de entrar e sair do PSL, do PTB, do Agir36, finalmente desembarcou no PSC, partido controlado no Maranhão pelo deputado federal Aluísio Mendes, um dos parlamentares mais próximos do presidente, tendo inclusive sido brindado com o posto de vice-líder do Governo na Câmara Baixa. Sem opções depois que o senador Roberto Rocha (PTB) decidiu tentar a reeleição e Josimar de Maranhãozinho puxou o feio de mão da sua pré-candidatura aos Leões, a tendência de Jair Bolsonaro pode ser mesmo ungir Lahesio Bonfim seu candidato a governador no Maranhão.

Se esse cenário vier a se confirmar, algumas articulações em andamento serão interrompidas e alguns acordos já alinhavados, desmanchados. É o caso, por exemplo, da aliança informal de Josimar de Maranhãozinho com o senador Weverton Rocha, pré-candidato ao PDT ao Governo do Estado, cujo anúncio estava sendo aguardado por esses dias. Isso porque dificilmente o comando nacional do PL e a turma do Palácio do Planalto permitirão que o chefe do partido do presidente da República no Maranhão apoie outro candidato que não o que ele vier a apoiar. Será mais um golpe duro no projeto de poder do senador pedetista, que parecia contar com a aliança, mesmo informal, com Josimar de Maranhãozinho, firmada em torno da pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição. E como é sabido, mesmo não sendo “bons amigos”, Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho dificilmente resistirão um ao outro na corrida eleitoral se o presidente Jair Bolsonaro resolver o papel de cupido nessa relação.

Todas as evidências indicam a cúpula nacional do bolsonarismo está armando uma situação que, pelo menos, melhore a posição do presidente Jair Bolsonaro no Maranhão, onde as pesquisas apontam que ele pode sofrer uma surra histórica do líder petista Lula da Silva nas urnas. Além de investir na melhoria da sua imagem, veiculando filmetes pouco convincentes nas TVs maranhenses, Jair Bolsonaro tenta criar uma situação que de alguma maneira crie pelo menos situações embaraçosas ao ex-governador Flávio Dino (PSB), líder isolado nas intenções de voto para o Senado. Não é segredo para ninguém que o presidente não quer a eleição do ex-governador para o Senado, principalmente pelo fato de que se ambos saírem vitoriosos nas urnas, o maranhense será uma voz implacável de oposição ao seu governo.

Já as declarações do dr. Allan Garcez sobre uma improvável mudança de rota do PP, que segundo ele pode deixar a base de apoio da pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, para apoiar a pré-candidatura de Lahesio Bonfim, tem todas as características de um factoide mal engendrado. O deputado federal André Fufuca, comandante do braço do PP no Maranhão, não esconde de ninguém que segue a linha partidária no plano nacional, mas no plano regional manterá o partido na aliança articulada por Flávio Dino desde 2014. Mesmo levando em conta as imprevisibilidades da política, não há qualquer evidência de que essa mudança possa acontecer. Logo, a possibilidade de o factóide do dr. Allan Garcez ganhar forma pode ser igual a zero.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Assembleia homenageia irmãos desembargadores

Da direita para a esquerda: Eduardo Nicolau, José Joaquim Figueiredo dos Anjos, Othelino Neto, José Jorge Figueiredo dos Anjos e Ângela Salazar

Os desembargadores José Joaquim Figueiredo dos Anjos, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MA), e José Jorge Figueiredo dos Anjos, presidente da Escola Superior da Magistratura do Maranhão, foram laureados ontem com a Medalha do Mérito Manoel Beckman, a maior honraria da Assembleia Legislativa. A concessão foi iniciativa do presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), e a entrega se deu em sessão solene, com a presenta de familiares, amigos, colegas e autoridades representativas dos três poderes. O aspecto a ser destacado é que os magistrados são irmãos, sendo que um deles, José Joaquim Figueiredo dos Anjos, é pai do deputado Pará Figueiredo (PL), que agradeceu a homenagem.

– Na verdade, esta é uma homenagem que a Assembleia presta a todo o Poder Judiciário do Maranhão em reconhecimento aos serviços prestados ao povo maranhense. É um ato que simboliza o respeito que esta Casa nutre pelo Judiciário, ao mesmo tempo, reafirma a relação harmônica entre os poderes constituídos do Estado do Maranhão. Nós temos convicção de que as instituições necessitam ser fortalecidas e que os poderes precisam estabelecer uma relação harmônica, pois quem ganha com isso é a sociedade – declarou o presidente Othelino Neto.

O desembargador José Jorge agradeceu a comenda declarando: “Ela provém do reconhecimento do Parlamento Estadual pelos longínquos serviços prestados aos maranhenses. Agradeço à Assembleia pelo reconhecimento de nosso trabalho. Esta comenda impõe a responsabilidade de ontem e de todo sempre de conduzir-me com respeito e ética, mantendo-me sempre digno de tamanha honraria”.

Já o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos, que já presidiu o Poder Judiciário, expressou assim sua gratidão: “Ser agraciado com a Medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman muito me orgulha e é paradoxal, uma vez que todas as minhas atitudes sempre tiveram uma conotação impessoal, motivada pela defesa intransigente dos princípios constitucionais e de preceitos de caráter universal. Receber essa comenda implica dizer que estou trilhando o caminho correto. Agradeço a Assembleia a concessão dessa honraria, que me provoca orgulho e gratidão”.

 

PSOL ameniza crise, mas tensão interna continua

Enilton Rodrigues e Franklin Douglas

Há sinais de que a crise que se instalou no braço maranhense do PSOL por causa da sucessão estadual está sendo superada: a candidatura do presidente Enilton Rodrigues ao Governo do Estado está mantida e consolidada, como também a candidatura da professora Coriongo ao Senado. O fato de o partido não haver lançado candidato a presidente da República, para apoiar a candidatura do ex-presidente Lulas da Silva (PT), causou uma grande onda de insatisfação interna, principalmente por grupos mais à esquerda. No Maranhão, o movimento de reação é liderado pelo professor Franklin Douglas, para quem o PSOL é um partido com posições ideológicas e programáticas firmes, que não se adequam a projetos mais moderados. Daí defender sempre projetos próprios, sem alianças que comprometam esse perfil. Para esse grupo, o partido tinha de ter lançado candidato presidencial e candidatos a governador e a senador em todos os estados. Mesmo tendo lançado chapa majoritária no Maranhão, o PSOL foi sacudido pela insatisfação desse grupo, que não aceita qualquer relação com outras candidaturas. O clima lá já esteve mais tenso, mas a paz integral ainda não retornou.

São Luís, 14 de Maio de 2022.

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