“Não será uma gestão tutelada por parentes, pelo governador, por B ou C. Eu estarei na linha de frente, sendo o responsável”, “Serei o protagonista, sem delegar a responsabilidade”, “Me preparei a vida inteira para isso”. Foram declarações do deputado federal licenciado Rubens Júnior (PCdoB), atual secretário das Cidades, em entrevista ao Jornal Pequeno (15/03), na qual mostra que aos 35 anos é um político maduro, bem lastreado, que sabe onde pisa, conduz-se pela moderação, mas também por uma vontade férrea, e que está determinado a chegar à Prefeitura de São Luís. Nas suas respostas, nenhuma referência belicosa ou desrespeitosa a adversários, que considera legitimados, a não ser uma saudável provocação ao principal deles, Eduardo Braide, pré-candidato do (Podemos) e até aqui líder nas pesquisas que mediram as preferências do eleitorado na corrida ao comando da Capital. Ele respondeu sem titubear a todas as perguntas feitas pelo jornalista Manoel dos Santos Neto, mostrando que está de fato preparado para conduzir a sua própria campanha e, em caso de sucesso, assumir os destinos da administração ludovicense no período de 2021/2024.
Na entrevista, Rubens Júnior coloca ponto final em discussões diversas, como a da sua condição de “candidato do governador”, e a do pré-candidato que “ainda não decolou nas pesquisas”. Quanto à primeira questão, não tergiversou e jogou aberto: “Sempre tive lado”, afirma, para em seguida destrinchar a afirmação acrescentando: “Sempre estive ao lado do governador Flávio Dino, desde o tempo em que ele perdia eleições”. E aproveitando para estocar a quem interessar possa: “Agora é muito fácil ser aliado do governador, com ele reeleito”. E com relação ao desempenho nas pesquisas, faz uma previsão ousada, mas exibindo surpreendente segurança: “Não tenho preocupação com pesquisa, mas tenho convicção de que (…) eu sou o candidato que mais irá crescer daqui pra frente”.
Rubens Júnior exibe, sem exageros retóricos, típicos de pré-candidato, confiança no sucesso da sua candidatura. Primeiro porque acredita no seu próprio cacife, lembrando sua trajetória de dois mandatos de deputado estadual, um de deputado federal, reeleito, tendo se licenciado do segundo para participar do Governo Flávio Dino como secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano. E estoca o principal adversário, Eduardo Braide: “Eu fui deputado estadual com Eduardo Braide, fui gestor como ele, fui deputado federal com ele, e todos podem comparar qualquer atuação nesses campos para confirmar que meu desempenho foi melhor que o dele”. E certo de que a eleição será decidida num segundo turno, avalia, convicto, que será o adversário de Eduardo Braide no embate final: “Eu tenho um lado, tenho firmeza. Quem tem o perfil ideal para vencer a eleição do segundo turno sou eu”.
O tom de político com personalidade forte, que sabe onde quer chegar, Rubens Júnior exalta o apoio que já recebeu do Progressistas e do DC, mas quer também uma aliança com o PT, fazendo questão de explicar os motivos: sempre atuou alinhado ao PT, com participação direta e efetiva na defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff e no apoio a todos os movimentos em defesa do partido e do ex-presidente Lula da Silva. Isso além do fato de que a agremiação petista será importante na sua campanha, a começar pelo tempo que lhe dará na campanha no rádio e na TV. Ou seja, a relação com o PT tem sido de apoio mútuo, o que lhe dá autoridade política para reivindicar a participação do partido na base de apoio da sua candidatura.
Na entrevista ao JP, Rubens Júnior surpreende pelo grau de convicção que exibe em relação ao futuro da sua candidatura e com a certeza de que tem condições plenas de vencer a eleição. Quem não conhece o cenário político maranhense talvez aponte algum excesso de confiança no pré-candidato do PCdoB, mas uma avaliação mais atenta certamente mostrará que ele sabe o que diz e o que faz nesse campo pantanoso da pré-campanha.
PONTO & CONTRAPONTO
Para Dino, manifestações mostraram que Bolsonaro está perdendo condições de governar
Foi um fracasso retumbante a manifestação de bolsonaristas, domingo, na Praça do Pescador, na Avenida Litorânea. Pouco mais de 200 pessoas enfeitadas de verde e amarelo estiveram lá. O fracasso ficou evidenciado pelo desânimo que marcou os discursos, pela tímida animação e, finalmente, pela falta de líderes bolsonaristas, que preferem se esconder. É verdade que o novo corona vírus contribuiu fortemente para desestimular aglomerações, mas mesmo que tiverem comparecido. Mas é verdade também que, mesmo o número de participantes multiplicado várias vezes, ainda assim a manifestação seria um fracasso.
O governador Flávio Dino (PCdoB) avaliou com precisão, em postagem no twitter, a manifestação bolsonarista: “Vergonhosos ataques a Maia (presidente da Câmara Federal), Alcolumbre (presidente do Senado), Supremo (Tribunal Federal), Caiado (governador de Goiás), associados aos clamores por “AI 5” e intervenção militar, mostram o descontrole de uma pequena facção liderada por Bolsonaro. Este vai perdendo condições de governar, diante de uma grave crise econômica e sanitária”.
Benedito Buzar passa o bastão presidencial da AML para Carlos Gaspar
A Academia Maranhense de Letras mudou o seu comando. Saiu o jornalista e pesquisador Benedito Buzar, que a presidiu por nove anos ininterruptos, passando o bastão presidencial para o intelectual e empresário Carlos Gaspar
Benedito Buzar foi um gigante no comando da Casa de Antônio Lobo. Dedicou mais de 3.200 dias a intensos movimentos destinados a mantê-la de pé. Cobrou apoio de governos, buscou a boa vontade da classe empresarial e faz uma série de movimentos com o objetivo de alimentar e garantir a instituição cultural mais destacada do Maranhão. Não foram dias fáceis, pois sem a sua determinação e sua paixão, a AML dificilmente seria o que é hoje. Ao longo dos seus mandatos, Benedito Buzar levou a AML a todos os grandes eventos culturais realizados em São Luís. E apesar das dificuldades que enfrentou, conseguiu realizar uma série de eventos, dando à Academia uma dinâmica que ela não teve nas gestões mais recentes. Passou o bastão de comando da Casa com a consciência tranquila, certo de que, se desejasse, poderia emplacar mais um mandato.
Sob Carlos Gaspar, a AML poderá ganhar novo impulso, provavelmente numa ótica bem mais pragmática e com dinâmica empresarial. Vale aguardar.
São Luís, 17 de Março de 2020.