Rocha e Madeira se movimentam em busca de reforços para viabilizar o projeto da “terceira via”

 

Roberto Rocha e Sebastião Madeira conversam com nomes  como Hilton Gonçalo e Ricardo Murad para o OSDB
Roberto Rocha e Sebastião Madeira conversam com nomes como Hilton Gonçalo e Ricardo Murad para o OSDB

Enquanto o governador Flávio Dino (PCdoB) opera no sentido de fortalecer a base partidária que sustentará sua candidatura à reeleição, e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) trabalha para dar musculatura política e partidária ao seu projeto de candidatura, a chamada “terceira via”, que tem por base a candidatura do senador Roberto Rocha (PSDB) a governador, atua para montar uma chapa majoritária e dar forma a um projeto minimamente viável que a leve às eleições de outubro. O movimento dos tucanos se intensificou em dezembro e já abriu uma frente de conversa com o ex-deputado Ricardo Murad (PRP), que já se lançou candidato ao Governo do Estado, e agora tenta atrair prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB), considerado uma espécie de coringa para compor uma chapa ao Senado. Em princípio acanhada, e por isso mesmo subestimada por alguns observadores apressados, a movimentação dos tucanos aparenta informalidade, mas na verdade a movimentação dos chefes tucanos acendeu sinal de alerta nos gabinetes políticos do Palácio dos Leões.

Aparentemente sem a preocupação com a acusação de serem “regra três” do Grupo Sarney, os tucanos resolveram partir para o ataque em busca de alianças viáveis. E a tarefa abrir portas e entabular conversas tem sido cumprida pelo tarimbado ex-prefeito de Imperatriz e secretário geral do PSDB Sebastião Madeira. Na semana que passou, Madeira conversou com o ex-deputado Ricardo Murad, candidato a governador pelo PRP, com o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB) e trocou dedos de proza com a ex-governadora Roseana Sarney. Seus encontros não terminaram em acordos, as conversas não chegaram ao nível de negociação, mas os fatos em si agitaram os bastidores partidários e atiçaram as especulações sobre a corrida eleitoral.

Das três conversas, a que gerou mais disse-não-disse foi a que teve como interlocutor o prefeito santarritense Hilton Gonçalo, um político independente, bom de voto e muito respeitado entre os políticos de todos os níveis e em quem muitos veem um nome de peso para disputar, por exemplo, uma vaga no Senado. Numa conversa informal no ato em que o senador Roberto Rocha reuniu prefeitos de municípios situados ao longo da Ferrovia Carajás, Sebastião Madeira abriu as portas do PSDB para Hilton Gonçalo, admitindo a possibilidade de ele ser candidato a senador pelo partido. Gonçalo, que anda insatisfeito com o PCdoB – com o qual não tem qualquer afinidade, não disse nem sim nem não, mas deixou campo aberto para novas conversas. Diante da movimentação dos tucanos na direção do prefeito de Santa Rita, o governador em exercício, Carlos Brandão, recém saído do PSDB, foi a Santa Rita visitar Hilton Gonçalo, com quem conversou sobre o cenário político  onde conversou com o prefeito sobre filiação partidária e  Brandão vai se filiar ao PRB. E no sábado, Sebastião Madeira conversou com a ex-governadora Roseana Sarney, com quem trocou figurinhas sobre o cenário que está sendo montado para a corrida às urnas.

Roberto Rocha, que é candidato a governador, e Sebastião Madeira, cujo projeto é ser de novo deputado federal, são políticos experientes e sabem que não irão a lugar algum se ficarem fechados na redoma do seu partido à espera de um milagre, fenômeno que não existe, principalmente no meio político. Indagado sobre o que há de concreto nesse flerte com chefes do Grupo Sarney de um lado, e expoentes da aliança governistas de outro, o ex-prefeito Sebastião Madeira diz tratar-se tão somente de um cuidado de deixar janelas abertas em todas as direções. Garante, de pés juntos, que toda a sua movimentação é no sentido de viabilizar a caminhada do senador Roberto Rocha ao Palácio dos Leões e a do candidato presidencial tucano – ainda a ser definido – ao Palácio do Planalto.

Os tucanos se movem nesse contexto tentando atrair apoios, venham eles da direta ou da esquerda, cientes de que no seu arraial liberal há espaço para insatisfeitos de todas as tribos. Trata-se de uma lógica simples e direta, e que pode produzir bons frutos, como, por exemplo, converter o “comunista” Hilton Gonçalo ao tucanato e lança-lo candidato ao Senado. Seria uma tacada e tanto para impulsionar a “terceira via”

 

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão deve fechar com PRB e Neto Evangelista ainda não decidiu novo partido

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Carlos Brandão já saiu do PSDB, e Neto Evangelista deve seguir o mesmo rumo

A guinada do PSDB continua desmontando situações que pareciam definitivamente ajustadas. Duas delas são emblemáticas, porque mexem com o círculo que envolve o governador Flávio Dino.

A primeira é a situação do vice-governador Carlos Brandão, que deixou o PSDB na tsunami que sacudiu o partido em todo o País e que no Maranhão o seu controle foi entregue ao senador Roberto Rocha. Depois de avaliar algumas possibilidades, Brandão estacionou no PRB, para negociar com o deputado federal Cléber verde o ingresso dele e mais pelo menos 20 dos 29 prefeitos eleitos pelo partido em 2016. O problema é que ao desembarcar no partido com esse poder de fogo, a tendência natural é uma disputa, cedo ou tarde, pelo comando do partido. Político hábil e muito sagaz, Cléber Verde está estudando a melhor maneira de acomodar o grupo sem gerar tremores internos nem ameaçar o seu sólido comando. Se não houver um contratempo, a migração de Carlos Brandão e dos prefeitos deve acontecer em fevereiro.

A outra situação partidária delicada está vivendo o deputado Neto Evangelista, hoje secretário estadual de Desenvolvimento Social. Filiado ao PSDB, ele terá de optar por continuar no partido e romper com o governador Flávio Dino ou romper com o ninho dos tucanos para ingressar numa legenda da base aliada do governador. Desde que assumiu a secretaria, Neto Evangelista vem enfrentando dificuldades para permanecer no PSDB. Primeiro foi a candidatura da deputada Eliziane Gama (PPS), que tinha o apoio da cúpula nacional do PSDB à Prefeitura de São Luís. Ele foi obrigado a apoiá-la contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), apoiado pelo govenador Flávio Dino. Agora, encontra-se num imbróglio cuja única solução é deixar o partido, a menos que rompa com o governador Flávio Dino para apoiar a candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo. Deve deixar o PSDB em fevereiro ou março, assim que encontrar sua futura morada partidária.

 

Futuro de Lula definirá posição de ala do PT para as eleições no Maranhão

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Julgamento de Lula vai definir postura do PT maranhense para a corrida eleitoral

Nas contas de um integrante do círculo de ferro do governador Flávio Dino, o braço maranhense do PT vai continuar sinalizando divisão até o dia 24, quando a Justiça Federal do Paraná julgar o recurso do ex-presidente Lula da Silva contra a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a nove anos e meio de prisão. Se a sentença cair e Lula ficar livre para ser candidato a presidente em outubro, a banda do PT que participou ativamente do Governo de Roseana Sarney (PMDB) vai pressionar fortemente para que o partido tenha a vaga de candidato a vice-governador ou, numa hipótese mais remota, uma das vagas de candidato a senador. Se a condenação do ex-presidente for mantida e ele não puder ser candidato ou conseguir sê-lo pendurado em liminares precárias, a corrente petista comandada por Raimundo Monteiro baixará a bola e engrossará as fileiras da aliança comandada por Flávio Dino. Vale aguardar.

São Luís, 08 de Janeiro de 2018.

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